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Aviação agrícola cresce no Brasil, mas enfrenta mitos e pressão política e externa

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A aviação agrícola brasileira vive um momento de crescimento, acompanhando o avanço do agronegócio nacional. Com uma frota de aproximadamente 2,5 mil aeronaves em operação no país — sendo 749 delas apenas em Mato Grosso — o setor segue em expansão e deve ultrapassar as três mil unidades nos próximos dois anos, segundo projeções do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag).

Apesar disso, o setor enfrenta uma série de desafios, desde o desconhecimento da sociedade sobre a atividade até o impacto de taxações internacionais e projetos de restrição da atividade.

“Hoje nós estamos com uma frota de 2,5 mil aeronaves em todo o país. E a maior frota está concentrada no estado de Mato Grosso. Só aqui no estado nós contamos com 749 aeronaves”, destaca a presidente do Sindag, Hoana Almeida Santos, entrevistada deste sábado (19) do programa Estúdio Rural.

Ela explica que a aviação agrícola é responsável por aplicações em mais de 15 culturas, com destaque para arroz, soja, milho e algodão.

Investimento em tecnologia, qualificação e mitos

Além do papel fundamental na segurança alimentar, a aviação agrícola também tem investido fortemente em tecnologia e qualificação profissional.

“Hoje nós contamos com [equipamentos] altamente tecnológicos. Com GPS de ponta, onde demarcam os polígonos. Vai tudo programado ali. O piloto simplesmente vai conduzir a aeronave, fazer as manobras e escolher as melhores condições climáticas para que aqueles produtos não sejam dispersados”, salienta Hoana ao programa do Canal Rural Mato Grosso.

Ainda assim, o setor enfrenta forte resistência baseada em desinformação. Mitos como o de que “70% das aplicações se dispersam” ainda circulam, segundo Hoana.

“As pessoas não têm noção de quanto custa cada produto aplicado. Como que o produtor vai utilizar uma ferramenta que despreza 70% daquele produto que deveria ir ao alvo? Ele não teria a produtividade que espera se esse produto realmente se dispersasse”.

A presidente do Sindag ressalta que a atividade é altamente regulamentada e exige rigor técnico e operacional. “Não é simplesmente chegar e fazer uma aplicação. É muito burocrático para você hoje abrir uma empresa de aviação agrícola, para fazer tudo conforme manda a legislação”.

Entre os obstáculos, Hoana também menciona os constantes projetos de lei que tentam proibir ou restringir a aviação agrícola com base em argumentos ideológicos. “Tem feito como se fosse um retrocesso no setor. Ao invés de estarmos preocupados em aumentar nossa tecnologia, estamos gastando um tempo para provar que a atividade realmente é segura”.

A atuação política tem sido uma das frentes do Sindag, que representa 90% das empresas do setor — tanto de aeronaves tripuladas quanto de drones. “Nós temos trabalhado muito forte em Brasília, na parte institucional e política, visitando os parlamentares, o Senado, e até mesmo os próprios ministros. Em 2023, fizemos uma audiência pública na Câmara Federal que foi importantíssima, onde diversas entidades do agro puderam falar da eficiência da aviação agrícola”.

Foto: Canal Rural Mato Grosso

Taxações dos EUA preocupam

Outro ponto de preocupação são as recentes taxações internacionais, como a anunciada pelo presidente americano Donald Trump, que impactam diretamente os custos do setor.

“Todas as nossas peças também de aeronaves são dolarizadas. Segundo os fabricantes, só no ano passado entraram mais de 100 aeronaves importadas aqui no Brasil. Essa taxação vai incidir sobre essas aeronaves e você tem que repassar esses custos”, alerta.

Diante desse cenário, a presidente do Sindag reforça a importância da união do setor e da comunicação com a sociedade.

“Esse é o nosso trabalho como instituição: representar, fortalecer, manter o setor unido. Uma aeronave gera diretamente cinco empregos. Nós temos um impacto muito grande em caso de proibição, não só na questão dos empregos, mas na cadeia produtiva como um todo”.

Congresso de Aviação em Mato Grosso

Entre os dias 19 e 21 de agosto ocorrerá em Mato Grosso o Congresso da Aviação Agrícola do Brasil 2025. O evento será realizado no Aeroporto Executivo Santo Antônio, em Santo Antônio de Leverger.

A expectativa, conforme a presidente do Sindag, é que mais de seis mil pessoas passem pelo evento.

“Nós já temos mais de 180 marcas confirmadas há menos de um mês dele. Ele cresceu 10% em relação ao ano passado. Teremos muitas palestras, demonstrações práticas de aplicação área, de combate a incêndio. Teremos um show acrobático, teremos um congresso científico, sem falar nas diversas palestras”, frisa.

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Ceará registra foco de gripe aviária em criação doméstica

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O Ceará registrou o primeiro caso de gripe aviária do tipo H5N1 em aves domésticas. O registro ocorreu numa criação de subsistência, em que as aves são produzidas para consumo próprio, em Quixeramobim, no sertão central do estado.

Por meio de nota, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) informou que a propriedade foi isolada e que as aves foram mortas na manhã desta sexta-feira (18). A criação passará pelo protocolo de saneamento previsto pelo Plano Nacional de Contingência de Influenza Aviária, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

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Embora o caso só tenha sido divulgado neste sábado (19), o Laboratório Federal de Defesa Agropecuário (LFDA), em Campinas (SP), confirmou a ocorrência de H5N1 após analisar amostras encaminhadas no último dia 8. A Adagri também investiga as propriedades num raio de 10 quilômetros do foco para verificar o possível vínculo com outras criações.

A agência reforça que o consumo de carne de aves e ovos armazenados em casa ou em pontos de venda é seguro, porque a doença não é transmitida por meio do consumo. O órgão reitera que há nenhuma restrição quanto ao consumo.

Estatísticas

Desde 2023, o Brasil registra focos de gripe aviária em criações domésticas. De lá para cá, foram detectados 181 casos de influenza aviária, sendo 172 casos em aves silvestres, oito em aves de subsistência e um em aves comerciais, todos controlados.

O único caso em granja comercial foi registrado em Montenegro (RS) em maio. Após a desinfecção do local e o cumprimento de 28 dias sem novos registros em criações comerciais, o Ministério da Agricultura e Pecuária declarou o Brasil livre da gripe aviária em 18 de junho, o que permitiu a retomada das exportações de frango.

No mês passado, o país registrou focos domésticos de H5N1 em Goiás e no Mato Grosso do Sul. Também houve um foco de gripe aviária silvestre no zoológico de Brasília.

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Planta que ‘come’ metal pode ser solução para solos contaminados

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Nos últimos anos um grupo de pesquisadores vinculados ao Departamento de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife, tem percorrido áreas de preservação ambiental de mineradoras e também os principais herbários do país buscando identificar espécies de plantas raras e de alto interesse econômico.

As hiperacumuladoras de metais, espécies de plantas que absorvem níquel, zinco, cobre, manganês e outros minérios de alto valor comercial do solo em concentrações centenas ou milhares de vezes maiores em comparação com outras.

Em razão dessa capacidade, elas têm sido utilizadas para promover a chamada agromineração: o uso de plantas para extrair metais de ambientes contaminados e comercializá-los, atendendo aos preceitos da economia circular.

“O trabalho de identificar essas plantas é como tentar encontrar agulha no palheiro”, comparou Clístenes Williams Araújo do Nascimento, professor da UFRPE.

“Mas já encontramos algumas espécies de plantas hiperacumuladoras de níquel, zinco e manganês no país, incluindo algumas novas, que eram desconhecidas”, afirmou Nascimento, engenheiro agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba.

Plantas raras

De acordo com Nascimento, estima-se que as hiperacumuladoras de metais representem apenas 0,2% de todas as plantas conhecidas atualmente, um universo de 350 mil a 400 mil espécies catalogadas. Duas delas, como a Pycnandra acuminata, já são usadas comercialmente para a agromineração em países como Albânia, Malásia e Indonésia.

“Essas espécies são adaptadas ao clima temperado e tropical. No Brasil ainda não identificamos uma hiperacumuladora ideal e estamos promovendo uma verdadeira caça por todo o país, que tem grande potencial para essa área porque tem a maior biodiversidade de plantas do planeta”, disse Nascimento.

As plantas hiperacumuladoras ideais são aquelas que apresentam alto poder de bioconcentração, ou seja, são capazes de reter níquel, por exemplo, em teor comparável ao encontrado no solo. Além disso, precisam ter alta capacidade de translocação dos metais para a parte aérea (caule, folhas, flores e frutos) e alta produção de biomassa para serem incineradas, o minério é extraído de suas cinzas.

“Não adianta uma planta concentrar muito metal mas ser pequena. No caso do níquel, para ser considerada eficiente para agromineração, uma espécie de planta candidata precisa permitir produzir 10 toneladas por hectare”, ressaltou Nascimento.

Caça às hiperacumuladoras

A fim de tentar identificar candidatas a hiperacumuladoras de metais ideais no Brasil, os pesquisadores têm feito parcerias com as principais mineradoras do país para realização de estudos em campo em áreas de mineração e em outros lugares onde são encontrados os chamados solos ultramáficos.

De acordo com o pesquisador, esse tipo de solo ocupa entre 1% e 3% da superfície terrestre, tem baixos teores de nutrientes essenciais para as plantas, como nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio, e alta relação de magnésio. 

“Para um solo ser viável para a agricultura ele precisa, geralmente, ter mais cálcio do que magnésio. No caso dos solos ultramáficos, essa relação é inversa: têm maiores proporções de magnésio do que cálcio”, explicou o pesquisador.

Para ser considerada hiperacumuladora, uma espécie de planta precisa apresentar a capacidade de absorver mais de 100 microgramas por grama de cádmio, ou mais de 300 de cobalto, mais de mil de níquel, 3 mil de zinco e 10 mil de manganês, apontou Nascimento.

“Algumas teorias sobre as razões de essas plantas terem desenvolvido a capacidade de hiperacumulação de metais focam a proteção do ataque de pragas ou a ocupação de nichos ambientais. Poderia ser uma vantagem para elas crescerem em um ambiente onde outras espécies não resistiriam”, detalhou o agrônomo.

O trabalho deve ganhar maior impulso com a recente aprovação pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) da criação do Instituto Nacional de Biotecnologias para o Setor Mineral (Inabim).

Um dos objetivos do Inabim é buscar soluções para desafios nacionais, como a recuperação de áreas degradadas pela mineração, o aproveitamento de resíduos e a produção de novos materiais.

*Sob supervisão de Victor Faverin

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Avicultura integrada transforma a vida de técnico agrícola em Minas

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A história de Silvano Cherobin é um exemplo de como a avicultura integrada pode mudar os planos de vida. Natural de Quilombo (SC), ele cresceu na roça e se formou técnico agrícola em 1999. Após experiências em lavouras no Mato Grosso, projetos ambientais e até frigoríficos e inspeção federal, foi a irmã, que já atuava no setor, quem o incentivou a tentar algo novo: a avicultura em Minas Gerais.

Em 2020, Silvano se mudou para o Triângulo Mineiro. Diante da impossibilidade de construir uma granja do zero, buscou opções de arrendamento. Com apoio da integradora e recursos próprios, reformou a primeira estrutura. O início foi difícil — culturalmente e financeiramente — mas o sonho saiu do papel. O primeiro alojamento ocorreu em dezembro de 2021.

“Foi tudo muito novo. Deixei família, filho, amigos. Mas quando vi os pintinhos chegando, senti que estava no caminho certo”, conta Silvano.

Dedicação que gera resultados

Foto: Interligados – Vida no Campo.

Silvano começou sozinho, cuidando de tudo na granja. A rotina começava antes das 5h da manhã e envolvia manejo, administração e atenção total às aves. Com o tempo, conquistou espaço e hoje comanda três granjas.

“Ser avicultor é ter orgulho do que faço. Eu crio minha rotina, vejo o resultado do meu esforço, e isso me motiva todos os dias”.

Silvano Cherobin, avicultor integrado de Uberaba (MG).

Visão empreendedora no campo

Para Silvano, o segredo da avicultura integrada está no empenho e na atenção aos detalhes. O manejo exige foco diário, monitoramento das condições do aviário e resposta rápida às necessidades das aves.  E deixa um conselho para quem está começando ou tem interesse: “Se tivesse começado antes, já estaria muito mais longe. Hoje, o jovem do campo tem mais oportunidade do que nunca.”

Vida no Campo: Toda sexta-feira, às 11h30 da manhã, tem episódio novo no Interligados

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