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No Dia do Agricultor, produtores rurais mostram que o campo é feito de trabalho, paixão e inovação

Há três anos, Raimundo Ferreira deixou o sul do Tocantins rumo ao oeste da Bahia em busca de uma vida melhor no campo. Criado em meio à pecuária, ele agora se dedica integralmente à agricultura. “Eu trabalhava mais pros outros do que pra gente. A gente trabalhava como funcionário. Então, é pra ter o sustento”, conta Raimundo.
Hoje, próximo às águas calmas do Rio Branco, Raimundo sustenta a família com uma produção diversificada, que também ajuda a alimentar a sociedade. Grande parte do que colhe abastece o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que atende municípios da região. Só na primeira quinzena de julho, ele e a Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Rio Branco entregaram mais de 1.500 pés de alface.
“Produzimos peixe, temos criação de abelhas, hortaliças, alface, cheiro verde, feijão, milho, mandioca, batata… O que der, a gente planta”, resume o agricultor com orgulho.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, a Bahia é o segundo estado brasileiro com maior número de pessoas acima de 14 anos ocupadas na agricultura, são 910 mil trabalhadores. O estado fica atrás apenas de Minas Gerais, que lidera o ranking com mais de 1 milhão de pessoas no setor.
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Para Raimundo, trabalhar na roça é mais do que sustento: “É uma grande satisfação. Um legado deixado pelos nossos pais, e que a gente está dando continuidade. Trabalho não falta. Fazenda é fazenda, né? Mesmo que seja só um sítio, o serviço não para”.
Ao todo, considerando também a pecuária, a produção florestal, a pesca e a aquicultura, o Brasil soma cerca de 7,9 milhões de trabalhadores rurais, segundo os dados de 2024.
Nova geração
Do outro lado do país, no Rio Grande do Sul, a produtora Cássia Augsten, de Gramado, representa uma nova geração que tem assumido os negócios no campo com inovação e dedicação. Filha de agricultores, ela decidiu permanecer na propriedade da família e seguir cultivando morangos, mantendo viva uma tradição de quatro décadas.
“Nos morangos, faço de tudo um pouco: plantar, colher, entregar, comercializar e cuidar da pós-venda, que hoje é muito importante na propriedade”, explica Cássia. Ao todo, são 12 estufas e 25 mil plantas cultivadas com atenção aos detalhes e ao sabor.
Cássia transformou a produção em uma agroindústria familiar e encontrou uma solução sustentável para frutas fora do padrão de venda in natura: passou a produzir geleias artesanais com sabor de infância. “Queremos que o cliente tenha aquela lembrança da geleia que a nona ou a vó produziam. Não usamos conservantes, química ou espessantes. Tudo é natural.”
Além da comercialização em Gramado, os produtos seguem para o varejo em outros estados. Parte do sucesso também se deve à experiência rural que a família oferece na propriedade: uma casa de 60 anos recebe turistas para conhecer a produção e provar as delícias locais.
No Rio Grande do Sul, cerca de 90% das propriedades são classificadas como de agricultura familiar, segundo dados oficiais. O perfil das lideranças está mudando: cada vez mais jovens e mulheres assumem o protagonismo no campo, levando gestão moderna, novas ideias e paixão pela terra.
“Eu trabalho com o que amo. Sou apaixonada pela agricultura. Sempre digo que a vida é boa. Não tem um dia que eu não acorde feliz para trabalhar. Isso é o principal na vida da gente: fazer o que gosta”, afirma Cássia.
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Crédito rural em queda reforça busca por soluções de longo prazo

A liberação de crédito rural caiu 12% nos primeiros três meses do Plano Safra 2025/26, com retração mais acentuada entre grandes produtores. No período, foram acessados R$ 156 bilhões em financiamentos tradicionais e por meio da Cédula de Produto Rural (CPR), conforme balanço preliminar do Ministério da Agricultura (Mapa).
A redução já vinha sendo observada desde o ano passado e reflete principalmente restrições bancárias e aumento da inadimplência. Segundo David Télio, diretor de Novas Estruturas Financeiras da TerraMagna, há muitos produtores com dívidas de safras anteriores, o que impede novos financiamentos.
“Produtores assim ficam fora das condições de elegibilidade para o novo Plano Safra 2025/26. Muitos ainda têm pendências de safras anteriores, não conseguem quitar e, portanto, não têm acesso a novos créditos”, explica.
Restrição de crédito e novas exigências
Um dos principais motivos, de acordo com Télio, é o endurecimento dos critérios de risco adotados pelos bancos e pelo mercado de capitais. Após perdas com grandes contas, instituições financeiras passaram a pulverizar as carteiras, priorizando pequenos e médios produtores. Além disso, a exigência de garantias aumentou.
“Até 2022, muitos bancos operavam apenas com CPR. Agora, pedem também hipoteca ou alienação fiduciária da área”, diz o especialista. As mudanças seguem orientações do Banco Central, que determinou provisões maiores para operações de risco.
Outro fator é o impacto das restrições socioambientais. Télio explica que desde 2023, produtores com embargos não podem acessar recursos controlados do Plano Safra. “Identificamos uma quantidade relevante de produtores nessa condição. Até então, poucos se preocupavam com isso”, ressalta.
Orçamento limitado e crédito privado em alta
A liberação fracionada dos recursos do Plano Safra 2025/26 também pressiona o fluxo. Parte dos valores só estará disponível a partir de janeiro de 2026, uma novidade neste ciclo. O orçamento, porém, pesa. “O governo subsidia a diferença de juros entre o mercado e o Plano Safra, mas o orçamento está muito apertado. Há risco de falta de espaço para novos subsídios no próximo ano”, afirma Télio.
Com isso, o crédito privado vem ganhando espaço, mas com custos altos. “Não é uma opção, é a única solução. Como os juros subsidiados são insuficientes, o produtor recorre a taxas de mais altas no mercado”, explica.
Alongar prazos e renegociar dívidas
Para os produtores que enfrentam dificuldades, Télio destaca que a saída é negociar e buscar fôlego por um período mais longo. “É hora de conversar com os credores e apontar soluções de médio e longo prazo. Não é o momento de buscar lucro, e sim de continuar respirando, plantando e mantendo o negócio”, diz.
Télio cita alternativas que vêm ganhando espaço, como operações via Fiagro, que permitem alongar dívidas ou recomprar áreas em prazos de cinco a dez anos. “O fundo compra a terra do produtor, quita parte da dívida, e o produtor paga um arrendamento até recomprar. É uma estrutura que alivia o caixa e mantém a produção”.
Ele lembra, entretanto, que o processo será lento: “Não se resolve em um ou dois anos. Devem ser necessárias de três a quatro safras para o produtor reorganizar o fluxo e voltar a respirar”, pondera.
Apesar do cenário de juros altos e crédito restrito, Télio reforça que o campo segue produzindo. “É por isso que seguimos batendo recordes de produção mesmo com menos crédito disponível”.
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Produção de cacau cai 16% no terceiro trimestre e setor segue pressionado

A moagem de cacau no Brasil recuou 16,6% no terceiro trimestre de 2025, totalizando 46,1 mil toneladas, segundo dados do SindiDados – Campos Consultores, divulgados pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). No acumulado do ano, foram 144 mil toneladas, uma queda de 15,1% em relação a 2024.
De acordo com a presidente-executiva da AIPC, Anna Paula Losi, o setor ainda enfrenta um cenário de altos custos de matéria-prima, demanda enfraquecida e margens comprimidas, o que limita a retomada da produção.
“O recebimento mostrou algum alívio pontual, mas a moagem ainda não acompanhou esse movimento”, afirma.
O recebimento de amêndoas somou 68,2 mil toneladas no trimestre, alta de 2,4% frente ao mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a setembro, o volume foi de 126,4 mil toneladas, praticamente estável. Mesmo assim, há déficit de cerca de 18 mil toneladas entre o recebido e o processado.
O trimestre marcou o fim do ano-safra 2024/25, com 180,8 mil toneladas, abaixo da safra anterior e distante do pico de 2022/23 (215 mil toneladas). Para Losi, a recuperação ainda depende de melhores condições climáticas e continuidade dos investimentos no campo.
As exportações de derivados de cacau (manteiga, pó e líquor) somaram US$ 135,9 milhões, queda de 1,4% em valor e de 19,7% em volume. As vendas para os Estados Unidos cresceram 26% em valor, mas caíram 11% em volume, refletindo os efeitos das tarifas adicionais de 50% impostas pelos EUA.
“Os primeiros efeitos das tarifas já são evidentes. Há cancelamentos e renegociações de contratos”, alerta Losi.
No cenário internacional, o mercado segue volátil, com preços elevados e redução da demanda global diante do custo alto da matéria-prima e margens estreitas das indústrias processadoras.
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Volume de café exportado cai, mas receita aumenta

O volume de café exportado pelo Brasil caiu em setembro, refletindo a menor disponibilidade do grão no País. Isso é o que apontam os dados analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Essa menor disponibilidade se deu frente à colheita de uma safra reduzida e a problemas no beneficiamento, os estoques domésticos ajustados e também as tarifas impostas pelo governo norte-americano às importações do café brasileiro.
Ao todo, o escoamento atingiu 3,75 milhões de sacas de 60 kg em setembro, representando uma redução de 18,4% frente ao mesmo mês de 2024. Apesar disso, o maior preço pago pelo produto brasileiro garantiu aumento na receita, de 11,1%, para US$ 1,369 bilhão.
Em relação ao desenvolvimento da safra brasileiras, levantamento do Cepea mostra que fim de semana trouxe a retomada das chuvas nas regiões produtoras. O aumento na pluviosidade era bastante esperado, já que, no fim de setembro, uma boa florada havia sido registrada em muitas áreas.
*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo
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