Sustentabilidade
Sem manejo adequado, soja e pastagem abrigam ‘biofábricas’ de lagartas para milho e algodão, alerta entomologista da UFG – MAIS SOJA

Engenheira agrônoma, entomologista com mais de quarenta anos de atividades, a professora de Manejo Integrado de Pragas da UFG – Universidade Federal de Goiás, Cecília Czepak, se preocupa com o avanço contínuo das pragas nos cultivos brasileiros. Em relação a lepidópteros, especificamente, tema de vários estudos da acadêmica, ela alerta para registros de aumento substancial de populações dessas espécies, sobretudo da Spodoptera frugiperda, nos cultivos de milho segunda safra e algodão.
Segundo a pesquisadora, tradicionalmente, uma parcela significativa de produtores de soja não investe no manejo efetivo de lepidópteros. “Isso faz com que áreas de soja ‘funcionem’ como ‘biofábricas’ de lagartas”, ela resume.
“Devemos considerar ainda que temos hoje em torno de 170 milhões de hectares de pastagem. Deste montante, pelo menos 100 milhões de hectares estão degradados ou esgotados por anos e anos de cultivos sem tecnologia, praticamente abandonados”, afirma Cecília. “A pastagem tornou-se também ‘biofábrica’ de inúmeras pragas, entre elas as lagartas”, acrescenta. “Em geral, ao lado da pastagem há enormes lavouras de soja. Se em ambas as áreas não houver um manejo adequado destas pragas, agricultores estarão à mercê de intensos ataques nos cultivos adjacentes ou que virão em sequência”, explica.
Há algum tempo, lembra a pesquisadora, a tecnologia ‘Bt’ proporcionava ao agricultor um bom controle de lagartas. “Infelizmente estamos perdendo essa tecnologia”, observa Cecilia. “Hoje lagartas sobrevivem na soja Bt, por exemplo. De uma quantidade remanescente, não manejada, uma explosão populacional na época do milho safrinha e do algodão tende a ser inevitável.”
“Chega-se, depois, ao momento em que o produtor de milho e algodão se assusta com a elevada população de lagartas e passa a aplicar altas doses de inseticidas químicos”, prossegue Cecilia Czepak.
Esse cenário ganha mais um complicador ante o contínuo desenvolvimento de populações resistentes de lagartas aos inseticidas químicos. Estes, atualmente, lembra a acadêmica, ainda constituem os insumos mais utilizados pelo produtor frente às infestações de lepidópteros como Spodoptera frugiperda, Helicoverpa spp e Rachiplusia nu.
“Os mesmos inseticidas continuam a ser utilizados repetidamente, safra após safra, e muitas vezes sem critérios técnicos. Com isso, selecionam-se cada vez mais populações de lagartas resistentes a químicos”, ela complementa.
Manejo integrado, biológicos e vírus
A acadêmica da UFG adverte o produtor para o potencial de dano associado à lagarta Spodoptera frugiperda em milho e algodão. “Possui capacidade de adaptação como nenhuma praga”, salienta Cecilia Czepak.
“Ela pega a planta de milho no todo. Com o milho pequeno, entra no cartucho. Atua em períodos importantíssimos, que definem a produtividade da cultura, sem contar o fato de que pode se comportar como uma ‘lagarta-rosca’, cortando a plântula ou mesmo penetrando na espiga, causando danos diretos na produção de grãos e sementes.” Conforme Cecília, um ataque no ‘cartucho’ pode inviabilizar completamente a produtividade do algodão.
“No algodão, a ‘Spodoptera’ conta com potencial para danificar fortemente às estruturas reprodutivas da cultura. O fato de ela se esconder dificulta seu controle, porque a ‘arquitetura’ do milho não ajuda, a ‘arquitetura’ do algodão também não”, ela reforça. “Já a ‘arquitetura’ da soja auxilia o bom controle porque a lagarta não tem onde se esconder”, esclarece.
No tocante a recomendações específicas aos produtores, a pesquisadora entende que o controle adequado de lagartas se dá idealmente por meio do manejo integrado. “Funciona melhor usar todas as ferramentas disponíveis: agentes biológicos como vírus, predadores, parasitoides, fungos e atrativos alimentares. Não se deve empregar somente a ferramenta química”, resume.
Conforme Cecilia, os atrativos alimentares para mariposas (fase adulta das lagartas) desempenham hoje função estratégica no controle de lepidópteros. “Já capturamos quatro mil mariposas em uma armadilha, o que equivale a dizer que se metade fosse fêmea, e se cada uma produzisse em média 700 ovos, teríamos retirado só nessa armadilha o equivalente a 1,4 milhão de ovos de lepidópteros de uma lavoura”, ela observa.
Cecilia Czepak afirma ainda ser entusiasta da adoção dos baculovírus no manejo de lagartas. “Vírus têm uma capacidade de dispersão e disseminação invejável. A praga precisa ingerir o substrato contaminado com o vírus. Depois de morta, ao se romper, espalhará milhares de ‘corpos de oclusão’ (redes proteicas resistentes) no ambiente e até mesmo no solo, que poderão permanecer ativos por décadas.”
“Baculovírus contaminam às lagartas por toda a área de cultivo, permitindo, muitas vezes, um resultado melhor em termos de impacto na soja, na comparação a culturas como o milho e o algodão, que por conta da ‘arquitetura’ ajudam a Spodoptera frugiperda a ficar menos exposta aos vírus”, exemplifica Cecilia.
“Soja é hoje a cultura mais plantada no Brasil: são mais de 47 milhões de hectares. Somados, os cultivos de algodão e milho não chegam à metade do que se planta de soja. Portanto, focar na adoção de biológicos nesta cultura significa reduzir os problemas futuros em cultivos como milho safrinha e algodão”, ela enfatiza.
De acordo com Cecilia Czepak, de agora aos próximos anos existe uma tendência de predominância de insumos biológicos associados ao manejo de lepidópteros.
“Para nós, no Brasil, será a melhor saída. O produtor dependerá menos de químicos”, ela diz. “O uso de ferramentas biológicas pode auxiliar ainda no manejo da resistência de insetos às moléculas químicas, preservando-as por mais tempo. E o produtor poderá, gradualmente, inserir os biológicos nas principais culturas. Ele perceberá que se trata de um investimento de longo prazo, mas que assegura retorno”, finaliza Cecilia.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Sustentabilidade
Entidades comemoram retirada de tarifas pelos EUA e esperam novos avanços nas negociações – MAIS SOJA

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou comunicado sobre a remoção das tarifas ao Brasil pelos Estados Unidos. A entidade destacou o avanço na renovação da agenda bilateral, lembrou de seu papel nas negociações e mostrou sua expectativa em relação à evolução dos termos para a entradas de bens da indústria.
Confira o texto na íntegra:
“A decisão do governo americano de remover a tarifa de 40% a 238 produtos agrícolas brasileiros é avanço concreto na renovação da agenda bilateral e condiz com papel do Brasil como grande parceiro comercial dos Estados Unidos, avalia o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban.
Vemos com grande otimismo a ampliação das exceções e acreditamos que a medida restaura parte do papel que o Brasil sempre teve como um dos grandes fornecedores do mercado americano, afirmou Alban. Ele lembrou que o setor privado tem atuado de forma consistente para contribuir com o avanço nas negociações envolvendo o tarifaço. Em setembro, a CNI liderou missão a Washington com 130 empresários brasileiros.
Entre os produtos beneficiados pela atualização da lista de produtos isentos à sobretaxa de 40% aplicada ao Brasil desde agosto estão a carne bovina, café e cacau, insumos comuns da cesta de consumo da população americana. A nova medida volta a tornar os nossos produtos competitivos, uma vez que a remoção das tarifas recíprocas, de 10%, na última semana, havia deixado nossos produtores em condições menos vantajosas, complementou o presidente da CNI.
Para Alban, este é um resultado animador para novas etapas da negociação com o governo americano e a expectativa agora é avançar nos termos sobre bens industriais. A complementariedade das economias é real e agora precisamos evoluir nos termos para a entradas de bens da indústria, para a qual os EUA são nosso principal mercado, como para o setor de máquinas e equipamentos, por exemplo, relembra.
Desde o início da aplicação das tarifas por parte dos Estados Unidos, a CNI tem mobilizado o setor e contrapartes americanas para abrir caminhos de diálogo que facilitassem a interlocução entre as autoridades dos dois países.”
Amcham ressalta que 55% dos produtos exportados seguem sob tarifaço
O presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), Abrão Neto, disse que a medida anunciada pelo governo americano beneficia 10% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, um pouco mais de US$ 4 bilhões por ano. Ele considera a medida ‘muito positiva’ por conta da relevância dos produtos beneficiados, como o café, mas ressaltou que 55% dos produtos exportados seguem sob o tarifaço, mostrando expectativa de novos avanços nas negociações.
“Olhando o conjunto, o panorama atual das exportações brasileiras, temos 45% isentos de sobretaxas, esse número incrementou consideravelmente por conta da decisão de ontem e, por consequência, 55% que têm, ainda, algum tipo de sobretaxa de até 50% e segue na expectativa de melhora das condições de acesso ao mercado americano”, disse ele, em entrevista à Globonews, na manhã desta sexta-feira.
O presidente da Amcham disse mais de US$ 20 bilhões em exportações do Brasil ainda seguem com tarifas.
“Para os demais produtos, o caminho é a continuidade das negociações entre os dois governos”, disse o presidente da Amcham.
Ele lembrou que sobretudo produtos industriais brasileiros seguem sujeitos às sobretaxas, como máquinas e equipamentos, móveis, produtos derivados de madeira, além de medidas específicas para os setores de aço e alumínio, agroindústria, pescados, entre outros. “Todos os setores têm uma necessidade e interesse no mercado americano e em buscar melhores condições para acessar esse mercado”, disse, sem mencionar prioridades para essas negociações.
O presidente da Amcham disse que a entidade e o setor empresarial brasileiro têm buscado contribuir com as negociações entre os dois governos e que espera que esse ímpeto seja mantido.
Ele avalia que podem entrar nas negociações temas importantes para o EUA como minerais críticos e terras raras, o tratamento dado pelo Brasil às empresas de tecnologia, tempo de aprovação de patentes e acesso a alguns mercados específicos.
Fonte: Cynara Escobar – Safras News
Sustentabilidade
Consumidores ampliam interesse de compra e preços do milho seguem firmes no Brasil – MAIS SOJA

O mercado brasileiro de milho registrou preços de estáveis a mais altos na semana. De acordo com a Safras Consultoria, os produtores seguem avançando na fixação de oferta, mas de maneira discreta, tentando cotações mais fortes. Já os consumidores estão buscando lotes de forma mais intensa, como em São Paulo, para atender as necessidades mais urgentes de demanda. Em outras regiões, porém, a procura se mostra mais calma nesse momento.
Analistas de Safras & Mercado sinalizam que o mercado segue atento as seguintes variáveis: movimento dos futuros do milho, volatilidade cambial e paridade de exportação.
No mercado interno, as atenções também se voltam para a evolução do clima e das lavouras no país. No cenário externo, as novas vendas semanais dos Estados Unidos é um fator a ser observado no curto prazo. Ainda nos EUA, dados de emprego e de indicadores econômicos também são esperados, o que podem trazer maior volatilidade para o dólar.
Preços internos
O valor médio da saca de milho no Brasil foi cotado a R$ 65,27 no dia 19 de novembro, alta de 0,82% frente aos R$ 64,74 registrados na semana passada. No mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Cascavel, Paraná, foi cotado a R$ 62,00, estável frente ao final da última semana.
Em Campinas/CIF, a cotação ficou em R$ 71,00, avanço de 1,43% frente aos R$ 70,00 praticados na última semana. Na região da Mogiana paulista, a saca do cereal subiu 2,99%, de R$ 67,00 para R$ 69,00.
Em Rondonópolis, Mato Grosso, a saca foi cotada a R$ 62,00, inalterada ante a semana passada. Em Erechim, Rio Grande do Sul, o preço ficou em R$ 71,00, sem mudanças frente à semana anterior.
Em Uberlândia, Minas Gerais, o preço na venda para a saca subiu 1,65%, de R$ 64,00 para R$ 65,00 ao longo da semana. Já em Rio Verde, Goiás, a saca foi cotada em R$ 60,00, sem mudanças frente ao valor praticado na última semana.
Exportações
As exportações de milho do Brasil apresentaram receita de US$ 585,968 milhões em novembro até o momento (10 dias úteis), com média diária de US$ 58,596 milhões. A quantidade total de milho exportada pelo país ficou em 2,676 milhões de toneladas, com média de 267,624 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 219,00.
Em relação a novembro de 2024, houve alta de 13,4% no valor médio diário da exportação, ganho de 7,6% na quantidade média diária exportada e valorização de 5,4% no preço médio. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.
Fonte: Arno Baasch / Safras News
Sustentabilidade
Clima seco no Matopiba reduz estimativa de produção de soja no Brasil – MAIS SOJA

A produção brasileira de soja em 2025/26 deverá totalizar 178,76 milhões de toneladas, com elevação de 4% sobre a safra da temporada anterior, que ficou em 171,84 milhões de toneladas. A estimativa é de Safras & Mercado. Em 5 de setembro, data da estimativa anterior, a projeção era de 180,92 milhões de toneladas.
Safras indica aumento de 1,4% na área, estimada em 48,31 milhões de hectares. Em 2024/25, o plantio ocupou 47,64 milhões de hectares. O levantamento aponta que a produtividade média deverá passar de 3.625 quilos por hectare para 3.719 quilos.
Grande parte dos ajustes ocorre com maior concentração no Centro-Norte do país (MATOPIBA), devido às chuvas irregulares, atraso do plantio em relação a anos anteriores e, na média, perspectiva de menor potencial produtivo. “Em conjunto com fatores como replantio, isso não significa uma safra perdida, apenas um potencial menor em algumas regiões desses estados”, aponta o analista de Safras, Rafael Silveira.
No Tocantins, o potencial produtivo foi reduzido de 3.800 kg/ha para 3.660 kg/ha, ou seja, de 63,3 sacas para 61 sacas por hectare, com a produção esperada em torno de 5,7 milhões de toneladas. Houve também redução de produtividade no Maranhão, Bahia e demais estados do Norte.
No Paraná, um dos principais estados produtores de soja do país, adversidades climáticas recentes afetaram algumas áreas de soja, com geadas e tornados, levando a ajustes na produção, cuja expectativa é de aproximadamente 21,7 milhões de toneladas – número maior que a safra passada, mas ainda abaixo do potencial primário anterior.
“De maneira geral, espera-se uma safra recorde em 2026, com boas produtividades e produção estimada em torno de 178,7 milhões de toneladas, contra 180,9 milhões da estimativa de setembro. Trata-se de um ajuste relativamente pequeno, mantendo uma produção muito robusta”, completa Silveira.
Oferta e Demanda
As exportações de soja do Brasil deverão totalizar 109 milhões de toneladas em 2026, contra 107 milhões em 2025, com uma elevação de 2%. A previsão faz parte do quadro de oferta e demanda brasileiro, divulgado por Safras & Mercado.
Safras projetou esmagamento de 59,5 milhões de toneladas em 2026. Para 2025 o número é de 58,5 milhões de toneladas em 2025. A consultoria não aponta importação em 2026. Para 2025, o volume importado está previsto em 800 mil toneladas.
Em relação à temporada 2026, a oferta total de soja deverá subir 6%, passando para 184,29 milhões de toneladas. A demanda total está projetada por Safras em 171,4 milhões de toneladas, aumentando 2% sobre o ano anterior. Desta forma, os estoques finais deverão se elevar em 133%, passando de 5,52 milhões para 12,89 milhões de toneladas.
“As exportações brasileiras de grãos foram ajustadas para baixo, de 111 para 109 milhões de toneladas, considerando que a China pode atuar de forma mais ativa na safra americana. O ponto central é que, se a exportação brasileira não alcançar volumes recordes ou ligeiramente acima de 2025, os estoques brasileiros podem ficar extremamente elevados”, aponta o analista.
Fonte: Dylan Della Pasqua / Safras News
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