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Estiagem, replantio e alerta de La Niña tiram o sono de sojicultores em Mato Grosso

A irregularidade das chuvas em Mato Grosso tem causado prejuízos aos produtores de soja. Enquanto alguns ainda aguardam a umidade ideal para entrar com as máquinas, outros já observam a necessidade de replantio devido ao corte das águas. A situação se agrava no estado e gera alerta por ser um ano de La Niña, fenômeno que pode provocar excesso de chuvas durante a colheita e, consequentemente, causar mais transtornos e perdas.
Nas lavouras de Marcelândia são visíveis as falhas de estande. Diego Bertuol, produtor no município e diretor da Aprosoja Mato Grosso, comenta que após o início do plantio em setembro chegou a registrar 15 dias sem chuva.
Em sua propriedade no município 1,2 mil hectares de soja devem ser cultivados nesta safra 2025/26. Segundo ele, pouco mais de 20% da área já foi cultivada.
“Começamos a jogar com 12 plantas por metro e hoje na contagem está entre 6 a 8 plantas por metro. Então temos uma perda aí de 40% na plantabilidade, que com certeza vai dar um resultado negativo lá em janeiro quando começar a colheita. Vamos ter que esperar. Aguardar para ver se vale a pena o replantio ou não.”
Replantio elevam custos e pode atrasar o milho
A avaliação sobre a situação em relação ao replantio é necessária, destaca Diego, visto os custos de produção da temporada estarem altos. “Sabemos que tem um custo aí que não baixa de 10 sacas por hectare o replantio. O produtor tem que repensar e ver se vale a pena o replantio”, diz ao Patrulheiro Agro desta semana.
Outro fator que pesa na decisão quanto a levar novamente as sementes para as áreas já plantadas é a janela de semeadura do milho, considerada “bem curta”.
“Para o milho ideal bem plantado, o produtor agora que ficou esses 15 dias sem chuva o plano é acelerar o plantio [da soja], colocar todo o operacional plantando 24 horas para conseguir ficar na janela ideal do milho. Áreas novas de um ano, dois anos, cinco anos são todas áreas que os produtores tiveram que colocar dinheiro em cima para fazer uma área produtiva.”
Queda na soja em áreas de algodão
De acordo com o diretor técnico do Grupo Vianorte, Marcelo Pezenti, as principais perdas observadas na soja são em áreas que até pouco tempo possuíam algodão plantado, uma vez que, ao contrário de áreas de milho, não contém palhada.
“Ali houve uma redução muito grande de estande devido à alta temperatura. Começamos a plantar no dia 20 de setembro. Tinha uma chuva boa, plantamos e pegamos uma estiagem de 10 dias. Cultivares que eram para ficar com 16 plantas, 17 plantas, ficaram com 14 plantas. Então reduziu bastante o estande e nessas áreas já estimamos em torno de 20% de perdas”, relata ao programa do Canal Rural Mato Grosso.
O Grupo Vianorte deverá cultivar 15 mil hectares de soja nesta temporada. Desta extensão, 60% da área já está semeada, enquanto 30% ainda aguarda São Pedro.
Marcelo completa que mesmo com a situação climática as plantas emergem, contudo “saem debilitadas”. Ele frisa que até mesmo o tratamento das sementes, realizado com nematicida e biológicos, são afetados pelas altas temperaturas.
“Diminui muito a eficiência, nodulação, a fixação de nitrogênio vai ser baixa. Não temos previsão certa. Pode ser que chova, pode ser que não chova. A planta está debilitada, o estande está debilitado na lavoura, então estimamos que possa ter mais perdas ainda.”

La Niña liga alerta para a colheita
O ano de La Niña acende um novo sinal de alerta em Marcelândia, segundo o setor produtivo: um possível excesso de chuvas na colheita já que a região costuma receber um volume de água acima da média neste período.
A preocupação, pontua Marcelo, é reviver os transtornos e as perdas enfrentadas com o fenômeno em safras passadas. “Já tivemos área de 40% de perdas. Eu já tive área de 80% de grão avariado, ardido em épocas de La Niña. O armazém fica lotado, tem que secar, demora muito para secar essa soja, precisa de muito caminhão, tem que buscar mais máquina para a colheita, intensificar a colheita… Tudo se soma e piora a situação.”
Diego Bertuol ressalta que o plantio acelerado da soja, assim que as chuvas se regularizarem, vai fazer com que a colheita ocorra, praticamente, toda ao mesmo tempo e pode trazer outro transtorno ao setor: a armazenagem. Atualmente, o déficit em Mato Grosso passa de 50% em relação à produção.
“Imagina o produtor com problema de chuva e ainda com pouco armazém para colocar essa soja? Nós estamos aqui no extremo norte de Mato Grosso, então nós temos produtores aqui na minha região no município de Marcelândia que estão com 40%, 45%, 50% da área plantada e outros que estão começando hoje a plantar. Você pega de Cuiabá indo até Querência a mesma coisa.”
A situação de muitos produtores iniciando agora o plantio, salienta o diretor da Aprosoja Mato Grosso, é observada em outros municípios como Primavera do Leste, Campo Verde, Paranatinga, Gaúcha do Norte e Querência visto as “chuvas manchadas”. “Em algumas propriedades chove bem, em outras não chove. Então, o produtor está com bastante preocupação já e passou o sinal de alerta que vai ser um começo de safra com muito desafio.”
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Preços do boi gordo seguem firmes e acima da média em parte do país

O mercado físico do boi gordo voltou a registrar negociações acima da média nesta quinta-feira (23), principalmente na região Norte e em áreas do Centro-Oeste.
Em São Paulo, o mercado encontra dificuldade para firmar novos patamares de alta, já que os frigoríficos de grande porte mantêm escalas de abate confortáveis, favorecidos pela oferta de animais de parceria. As exportações seguem em destaque e continuam sustentando os preços, segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.
Preços do boi gordo (arroba)
- São Paulo: R$ 313,75 (a prazo)
- Goiás: R$ 304,29
- Minas Gerais: R$ 304,41
- Mato Grosso do Sul: R$ 327,61
- Mato Grosso: R$ 299,46
Mercado atacadista
O atacado apresentou novas altas nesta quinta-feira (23). De acordo com Iglesias, o movimento de valorização deve continuar no curto prazo, impulsionado pela expectativa de maior consumo interno com o pagamento do 13º salário, criação de vagas temporárias e aumento das confraternizações de fim de ano.
- Quarto traseiro: R$ 25,00 por quilo
- Quarto dianteiro: R$ 18,20 por quilo
- Ponta de agulha: R$ 17,20 por quilo (alta de R$ 0,20)
Câmbio
O dólar comercial encerrou o dia em queda de 0,21%, cotado a R$ 5,3855 para venda e R$ 5,3835 para compra, após oscilar entre R$ 5,3776 e R$ 5,4026.
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Setor produtivo investe no marketing do ‘prato feito’ para aumentar consumo de arroz e feijão no Brasil

O setor produtivo de arroz e feijão está apostando em novas estratégias de comunicação e marketing para tentar reverter a queda no consumo desses dois alimentos tão tradicionais na mesa dos brasileiros. A preocupação vai além da perda de identidade cultural: a redução da demanda também impacta diretamente a renda no campo e o equilíbrio da cadeia produtiva.
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders, o desafio começa ainda nas lavouras, com a necessidade de reduzir custos e tornar o produto mais competitivo.
“O feijão traz em si muito imposto. Mesmo com o consumo desonerado, a produção ainda carrega uma carga tributária elevada, desde a embalagem até os insumos. É algo que precisa ser discutido pela sociedade e pelo setor produtivo para garantir preços mais acessíveis ao consumidor e rentabilidade ao produtor”, afirmou Lüders.
Para resgatar o consumo, o Ibrafe deve lançar em fevereiro de 2026 a campanha “Viva Feijão”, que pretende valorizar o prato feito e reforçar os benefícios nutricionais e culturais do alimento. A iniciativa busca reconectar o consumidor urbano ao hábito de uma refeição completa e balanceada, que une o feijão com o arroz.
O cereal, por sua vez, também será foco de novas ações de comunicação. No Rio Grande do Sul, um dos principais estados produtores do país, o arroz é considerado essencial para a economia e para a geração de emprego e renda.
“O arroz é uma fonte de energia saudável e muito importante para o setor rural gaúcho. Já temos campanhas em andamento, como a do Instituto Rio Grandense do Arroz, com o slogan ‘O arroz, a energia que move o Brasil’”, destacou Denis Dias Nunes, presidente da Federarroz.
Além das ações de marketing, especialistas reforçam que o incentivo ao consumo deve começar nas escolas. A nutricionista Fabiana Borrego defende que campanhas educativas e políticas públicas sejam implementadas para manter o arroz e o feijão no cardápio das crianças.
“Não se trata de incluir, mas de não excluir o arroz e o feijão das refeições escolares. São alimentos que garantem energia e equilíbrio nutricional, e precisam estar presentes tanto nas escolas públicas quanto nas particulares”, explicou Fabiana.
Mais do que uma questão de tradição, o arroz com feijão é símbolo de saúde, equilíbrio e identidade nacional. Resgatar o consumo do “prato feito” é, segundo o setor, um passo essencial para fortalecer a cadeia produtiva e manter viva uma das combinações mais marcantes da culinária brasileira.
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Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, recebe ‘Nobel’ da agricultura

A pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, será homenageada com o Prêmio Mundial da Alimentação (World Food Prize – WFP), conhecido como o “Nobel da agricultura”. O reconhecimento celebra sua trajetória de mais de 40 anos dedicada à pesquisa de biológicos e à sustentabilidade na produção agrícola.
Mariangela Hungria recebeu a notícia do prêmio em fevereiro, mas só agora pôde compartilhar a emoção de ser reconhecida internacionalmente.
“Foi um período de muita emoção, entrando em um evento com mais de mil pessoas, fotos, homenagens e, principalmente, a oportunidade de falar sobre a sustentabilidade da agricultura brasileira”, conta.
Ao longo de quatro décadas, Mariangela Hungria se manteve fiel à sua convicção de que os biológicos teriam papel importante em uma agricultura altamente produtiva, mesmo em uma época dominada pelo uso intensivo de químicos. Para ela, o prêmio é individual, mas também representa um reconhecimento coletivo do Brasil e do trabalho de sua equipe na Embrapa.
A pesquisadora destaca ainda a importância do agricultor brasileiro. “Se não fosse o agricultor brasileiro que acredita e usa biológicos, não teríamos liderança mundial neste setor”.
Premiação
A premiação será realizada nesta quinta-feira às 21h (horário de Brasília), no Capitólio de Iowa, em Des Moines (EUA), e poderá ser acompanhado pelo site da Fundação WFP.
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