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safra tensa com custos altos e preços baixos

A safra 2025/26 será “tensa” para o agronegócio, segundo Mauro Osaki, pesquisador da área de Custos Agrícolas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP). Com a combinação de custos de produção em alta e preços em queda, a rentabilidade do produtor rural está em correção, levando a uma projeção de prejuízo na média histórica para a soja e o milho.
Osaki atua no projeto Campo Futuro, uma parceria do Cepea com o Sistema CNA/Senar. Ele explica que a iniciativa nasceu de uma necessidade após o “tratoraço” de 2005/2006.
“A história do Campo Futuro vem de um daquele tratoraço que aconteceu em 2005, 2006, já com a safra que precisava ter um monitoramento para entender a rentabilidade do produtor. Então, aquele foi o início do um projeto, aí depois ele foi criando e aí teve o nome Campo Futuro em 2007”, diz ao programa Direto ao Ponto desta semana.
A expectativa de um ciclo tenso é um ajuste natural do mercado após uma safra 2024/25 de alta produtividade. Segundo o pesquisador do Cepea, o cenário projeta um retorno à média histórica de produção, o que, somado aos atuais níveis de preço, pressiona as margens e a rentabilidade.
“O cenário para a soja é uma correção que a gente está fazendo, porque 2024/25 foi um ano muito bom em produtividade em termos nacionais. O Brasil como um todo foi positivo. Nós estamos voltando um pouco a produtividade, estimando pelo menos para 2025 dentro da média histórica. Então ela vai dar a volta e isso que faz a rentabilidade também recuar um pouco nos níveis de preço que nós estamos trabalhando.”
O impacto dessa correção é direto no fluxo de caixa. Ao considerar o custo total da produção — que inclui depreciação de máquinas, juros e arrendamento —, a maioria dos produtores na média histórica de produtividade pode registrar prejuízo.
“Muitos no nível de produtividade média das que eles estão falando. Sabemos que tem produtor produzindo muito mais, mas na média histórica a grande maioria ela está sinalizando uma receita bruta insuficiente para pagar todos os seus investimentos.”
Osaki pontua que o cenário é de dupla pressão: “Em valor real o custo está subindo e o preço vem recuando”. O pesquisador detalha ao programa do Canal Rural Mato Grosso os itens que pesam: fertilizantes, por sua participação na composição do custo; defensivos; e o custo do dinheiro, pois o capital está caro e mais cauteloso devido ao histórico de inadimplência.
“O momento é de muita cautela”, adverte.
O pesquisador orienta que este é um momento de sentar para o planejamento. “O produtor tem que entender que são ciclos de preços e neste ciclo de preço a gente tem que tomar cuidado nesses investimentos.”
Crise no Sul exige solução governamental
O pesquisador do Cepea também analisa a crise do Rio Grande do Sul, onde a inadimplência cresce devido a anos de quebra de safra. Osaki relata que a situação de muitos produtores se arrasta desde a safra 2020/21, quando taxas de renegociação fizeram com que a dívida praticamente dobrasse.
“Me preocupa mais a região Sul. Algumas regiões especificamente pelo histórico que nós estamos acompanhando (…) Se nós olharmos desde 2020, se o cara já renegociou a dívida com uma taxa que nós estamos falando praticamente ficou impagável, dobrou a dívida dele.”
O principal fator que leva o produtor à recuperação judicial hoje é a quebra de safra de origem climática. Mesmo com preços bons, não há o que vender, como explica Osaki:
“Quebra de safra. Climático. Porque o preço mesmo estando ruim, você tendo safra boa, você tendo condições de segurar, você dá um giro, você consegue recuperar.”
A análise de Osaki é que a crise gaúcha não é uma questão de competência, mas de ausência de proteção, e exige ação de longo prazo do Estado.
“Você pode ser o cara mais competente, mas você não tem água. Aí você já não consegue, se não tiver irrigação, porque é outra limitante.”
Para o pesquisador, é necessário dar um “respiro” ao produtor com o alongamento da dívida, de forma a permitir que ele consiga pagar a safra atual e, posteriormente, negociar o atrasado.
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Preços do boi gordo seguem firmes e acima da média em parte do país

O mercado físico do boi gordo voltou a registrar negociações acima da média nesta quinta-feira (23), principalmente na região Norte e em áreas do Centro-Oeste.
Em São Paulo, o mercado encontra dificuldade para firmar novos patamares de alta, já que os frigoríficos de grande porte mantêm escalas de abate confortáveis, favorecidos pela oferta de animais de parceria. As exportações seguem em destaque e continuam sustentando os preços, segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.
Preços do boi gordo (arroba)
- São Paulo: R$ 313,75 (a prazo)
- Goiás: R$ 304,29
- Minas Gerais: R$ 304,41
- Mato Grosso do Sul: R$ 327,61
- Mato Grosso: R$ 299,46
Mercado atacadista
O atacado apresentou novas altas nesta quinta-feira (23). De acordo com Iglesias, o movimento de valorização deve continuar no curto prazo, impulsionado pela expectativa de maior consumo interno com o pagamento do 13º salário, criação de vagas temporárias e aumento das confraternizações de fim de ano.
- Quarto traseiro: R$ 25,00 por quilo
- Quarto dianteiro: R$ 18,20 por quilo
- Ponta de agulha: R$ 17,20 por quilo (alta de R$ 0,20)
Câmbio
O dólar comercial encerrou o dia em queda de 0,21%, cotado a R$ 5,3855 para venda e R$ 5,3835 para compra, após oscilar entre R$ 5,3776 e R$ 5,4026.
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Setor produtivo investe no marketing do ‘prato feito’ para aumentar consumo de arroz e feijão no Brasil

O setor produtivo de arroz e feijão está apostando em novas estratégias de comunicação e marketing para tentar reverter a queda no consumo desses dois alimentos tão tradicionais na mesa dos brasileiros. A preocupação vai além da perda de identidade cultural: a redução da demanda também impacta diretamente a renda no campo e o equilíbrio da cadeia produtiva.
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders, o desafio começa ainda nas lavouras, com a necessidade de reduzir custos e tornar o produto mais competitivo.
“O feijão traz em si muito imposto. Mesmo com o consumo desonerado, a produção ainda carrega uma carga tributária elevada, desde a embalagem até os insumos. É algo que precisa ser discutido pela sociedade e pelo setor produtivo para garantir preços mais acessíveis ao consumidor e rentabilidade ao produtor”, afirmou Lüders.
Para resgatar o consumo, o Ibrafe deve lançar em fevereiro de 2026 a campanha “Viva Feijão”, que pretende valorizar o prato feito e reforçar os benefícios nutricionais e culturais do alimento. A iniciativa busca reconectar o consumidor urbano ao hábito de uma refeição completa e balanceada, que une o feijão com o arroz.
O cereal, por sua vez, também será foco de novas ações de comunicação. No Rio Grande do Sul, um dos principais estados produtores do país, o arroz é considerado essencial para a economia e para a geração de emprego e renda.
“O arroz é uma fonte de energia saudável e muito importante para o setor rural gaúcho. Já temos campanhas em andamento, como a do Instituto Rio Grandense do Arroz, com o slogan ‘O arroz, a energia que move o Brasil’”, destacou Denis Dias Nunes, presidente da Federarroz.
Além das ações de marketing, especialistas reforçam que o incentivo ao consumo deve começar nas escolas. A nutricionista Fabiana Borrego defende que campanhas educativas e políticas públicas sejam implementadas para manter o arroz e o feijão no cardápio das crianças.
“Não se trata de incluir, mas de não excluir o arroz e o feijão das refeições escolares. São alimentos que garantem energia e equilíbrio nutricional, e precisam estar presentes tanto nas escolas públicas quanto nas particulares”, explicou Fabiana.
Mais do que uma questão de tradição, o arroz com feijão é símbolo de saúde, equilíbrio e identidade nacional. Resgatar o consumo do “prato feito” é, segundo o setor, um passo essencial para fortalecer a cadeia produtiva e manter viva uma das combinações mais marcantes da culinária brasileira.
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Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, recebe ‘Nobel’ da agricultura

A pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, será homenageada com o Prêmio Mundial da Alimentação (World Food Prize – WFP), conhecido como o “Nobel da agricultura”. O reconhecimento celebra sua trajetória de mais de 40 anos dedicada à pesquisa de biológicos e à sustentabilidade na produção agrícola.
Mariangela Hungria recebeu a notícia do prêmio em fevereiro, mas só agora pôde compartilhar a emoção de ser reconhecida internacionalmente.
“Foi um período de muita emoção, entrando em um evento com mais de mil pessoas, fotos, homenagens e, principalmente, a oportunidade de falar sobre a sustentabilidade da agricultura brasileira”, conta.
Ao longo de quatro décadas, Mariangela Hungria se manteve fiel à sua convicção de que os biológicos teriam papel importante em uma agricultura altamente produtiva, mesmo em uma época dominada pelo uso intensivo de químicos. Para ela, o prêmio é individual, mas também representa um reconhecimento coletivo do Brasil e do trabalho de sua equipe na Embrapa.
A pesquisadora destaca ainda a importância do agricultor brasileiro. “Se não fosse o agricultor brasileiro que acredita e usa biológicos, não teríamos liderança mundial neste setor”.
Premiação
A premiação será realizada nesta quinta-feira às 21h (horário de Brasília), no Capitólio de Iowa, em Des Moines (EUA), e poderá ser acompanhado pelo site da Fundação WFP.
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