Connect with us

Business

Plano Nacional de Logística 2050 expõe pressa do agro por caminhos melhores

Published

on


Com a safra batendo recordes, o Brasil tem pressa em melhorar seus caminhos. O desafio não está apenas dentro da porteira, mas no transporte até os portos. Em Cuiabá, especialistas, autoridades e lideranças do setor produtivo se reuniram nesta segunda-feira (29) para discutir o Plano Nacional de Logística 2050 e lançar um painel inédito sobre a realidade do Centro-Oeste, região que concentra quase metade da produção agrícola do país.

O protagonismo é evidente: Mato Grosso se destacou em 2024 nas exportações de soja, milho, algodão e carne bovina; Goiás consolidou-se como segundo maior produtor de soja na safra 24/25, com força também em milho, proteína animal e oleaginosas; e Mato Grosso do Sul ampliou sua presença na indústria de celulose, especialmente em Três Lagoas.

A demanda crescente pressiona a malha de transporte. Pedro Sales, presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), lembrou no evento nesta segunda-feira (29) que a produção exige rodovias integradas e ressaltou que não se trata apenas de responsabilidade dos estados: o governo federal precisa acelerar investimentos em ferrovias e BRs estratégicas.

Lucas Costa Beber, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), destacou que Mato Grosso utiliza apenas 14% do território e tem mais de 5 milhões de hectares de pastagens prontos para virar lavouras. Mas alertou que a falta de competitividade e de segurança jurídica abre espaço para países concorrentes avançarem no mercado agrícola.

“Se nós não acelerarmos e desenvolvermos, dermos acesso a portos, outros países vão pegar essa oportunidade de mercado”.

Foto: Arquivo Canal Rural Mato Grosso

Estradas e trilhos são avanço

O Plano Nacional de Logística 2050 mostra que 80% das exportações agrícolas do Brasil dependem de rotas como a BR-163, BR-364 e BR-158, além da Malha Norte Ferroviária. Só pelo Porto de Santos passaram mais de 27 milhões de toneladas de grãos do Centro-Oeste em 2024.

Para o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleiton Gauer, em Mato Grosso a produção sempre veio antes da infraestrutura, forçando a abertura de estradas e a chegada de ferrovias e hidrovias. Ele pontuou que a experiência acumulada dá ao Estado a chance de planejar um futuro logístico mais eficiente.

“Nunca existiu logística em Mato Grosso. Se esperássemos tudo acontecer e tudo chegar primeiro para que depois houvesse o desenvolvimento da produção, Mato Grosso não seria o que é. A produção veio primeiro e forçou o desenvolvimento da infraestrutura, a abertura de estradas, a chegada de ferrovia e hidrovia”.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), 31% das rodovias de Mato Grosso foram classificadas como ruins ou péssimas em 2024. Em Goiás, o índice chegou a 68%. O cenário foi melhor em Mato Grosso do Sul, com 52% da malha considerada boa ou ótima.

“O empresário conhece bem, o fazendeiro conhece bem, e o transportador de grãos conhece muito bem. Precisamos de investimento continuado e estruturado, com começo, meio e fim”, destacou Paulo Afonso Lustosa, presidente da Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas & Logística (Fenatc).

Nos trilhos, a lentidão também preocupa. A Malha Norte transportou mais de 40 milhões de toneladas úteis em 2024, mas com velocidade média de apenas 22 km/h, muito abaixo do padrão internacional. A Fico, a Ferrovia Estadual de Mato Grosso e a Bioceânica aparecem como alternativas para baratear o frete e diversificar rotas.

O secretário de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso (Sinfra-MT), Marcelo de Oliveira, alertou que “sem ferrovias e sem concorrência ferroviária nós não vamos a lugar nenhum. A produção aumenta cada vez mais e precisamos que o governo federal faça a parte dele”.

Já Lilian de Alencar Pinto Campos, superintendente de inteligência de mercado INFRA S.A., citou a Ferrogrão e a Fico como estratégicas, além da extensão da Malha Norte e duplicações em rodovias. Para ela, esses projetos podem oferecer ao Estado uma infraestrutura mais adequada para acompanhar o crescimento do agro.

“Se você potencializar o estado com essas obras ferroviárias, mas também atuar nas duplicações que ainda precisa em rodovias, em sanar deficiências que ainda estão nas malhas viárias, nós vamos poder dar uma infraestrutura de transporte e logística mais adequada a essa expectativa da produção pelo agronegócio”, disse à reportagem do Canal Rural Mato Grosso.

buracos mt-140 planalto da serra foto pedro silvestre canal rural mato grosso4
Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Burocracia no licenciamento ambiental

A burocracia ambiental também esteve no centro das discussões. O presidente da Goinfra, Pedro Sales, criticou a lentidão de processos que dependem do órgão federal. “São anos, às vezes décadas, de discussões infindáveis. Isso mina a segurança jurídica, desestimula o investimento privado e tira a esperança do setor público regional e estadual”.

Lucas Costa Beber lembrou que mais de 105 mil normas regem hoje o licenciamento no Brasil. Para ele, o novo projeto de lei poderia organizar esse emaranhado de regras, permitindo que as obras avancem de forma responsável, conciliando preservação com progresso.

“O gargalo ambiental hoje prejudica o custo Brasil enormemente”, acrescentou o secretário da Sinfra-MT, Marcelo Oliveira.

Apesar dos desafios, a superintendente de inteligência de mercado INFRA S.A., Lilian Campos, destacou que o planejamento até 2050 prevê inovações que vão superar esses desafios.

“Falamos de corredores estratégicos, da concorrência saudável entre Arco Norte e Sul, e também da rota Bioceânica. Então, em um curto prazo, nesses quatro anos que já iniciaram em 2023, pretendemos já entregar uma série de investimentos que poderão facilitar o trânsito de cargas e de pessoas, principalmente na região de Mato Grosso”, destacou.

Para o presidente da Fenatec, Paulo Lustosa, o futuro é promissor caso os gargalos sejam vencidos. “Se resolvermos o problema logístico, o Brasil é imbatível no mundo”, completou.


Clique aqui, entre em nosso canal no WhatsApp do Canal Rural Mato Grosso e receba notícias em tempo real.

Continue Reading

Business

Feijões da Amazônia têm até 27% de proteína e podem ganhar selo de origem

Published

on


Um estudo inédito realizado no Vale do Juruá, no Acre, revelou que os feijões-caupi costela-de-vaca e manteiguinha branco possuem teores de proteína de até 27%, bem acima da média mundial e dos 20% registrados em variedades de outras regiões do Brasil. A descoberta integra a tese de doutorado “Qualidade nutricional e armazenamento de feijões do Juruá no Acre”, desenvolvida pela professora do Instituto Federal do Acre (Ifac), Guiomar Almeida Sousa, sob orientação do pesquisador da Embrapa Acre, Amauri Siviero.

As análises foram realizadas no laboratório de Bromatologia da Embrapa Acre e mostraram que as duas variedades com maior índice proteico são cultivadas por agricultores familiares que ainda utilizam sistemas agrícolas tradicionais. A maioria das plantações ocorre nas praias dos rios da região durante o período seco.

Foto: Felipe Sá/Embrapa

Riqueza nutricional e benefícios à saúde

Além do alto teor de proteína, o estudo também mediu a presença de antocianinas, substâncias antioxidantes naturais que ajudam a combater o envelhecimento celular e a prevenir doenças como câncer, Alzheimer e problemas cardíacos.

Os feijões preto de arranque e preto de praia apresentaram índices dessas substências que variam de 420 a 962 microgramas por grama, valores superiores aos encontrados em variedades brancas e coloridas.

Segundo a professora Guiomar Sousa, as diferenças na composição nutricional entre as espécies estão ligadas à diversidade de ambientes e manejos da agricultura local. “Essas variedades possuem pouco ou nenhum estudo, o que mostra que ainda temos muito a aprender sobre elas”, afirma.

Conservação e potencial econômico

Outro resultado importante da pesquisa é a boa conservação dos grãos, que mantiveram seus valores nutricionais após 12 meses de armazenamento.
Para o pesquisador Amauri Siviero, esse desempenho reflete o manejo cuidadoso das sementes por agricultores familiares, indígenas e quilombolas. “Essas sementes foram adaptadas ao longo dos anos às condições locais e ao manejo das populações tradicionais”, afirma.

Durante três anos, foram analisadas 14 variedades de feijões cultivadas nos rios Juruá, Breu, Tejo e Amônia, em Marechal Thaumaturgo, município que concentra a maior diversidade de feijões do Acre. O levantamento resultou em um mapa da distribuição das variedades crioulas do estado, confirmando a relevância da região para a conservação da agrobiodiversidade.

Segundo Siviero, o Vale do Juruá pode ser considerado um dos principais centros de conservação on farm de feijões do mundo. “Enquanto o feijão-comum é cultivado em terra firme, o feijão-caupi cresce em várzeas e pequenos roçados, em áreas de até um hectare”, detalha.

Pantio de feijão em praia do Rio Juruá. Foto: Felipe Sá/Embrapa

Caminho para a valorização

O reconhecimento do valor nutricional e genético dos feijões do Juruá abre espaço para novos mercados e políticas públicas.

Em setembro, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) lançou o Selo Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil, que poderá ser solicitado por associações e cooperativas locais.

Para o professor Eduardo Pacca, da Universidade Federal do Acre (Ufac), as variedades da região têm potencial para obter Indicação Geográfica (IG) e certificação orgânica, como já ocorre com a farinha de mandioca do Acre.

Patrimônio agrícola e cultural

Os feijões do Juruá integram também o projeto “Registro dos Sistemas Agrícolas Tradicionais do Alto Juruá (RSAT Alto Juruá)”, coordenado pela Embrapa e parceiros como a Ufac e o Ifac.

A iniciativa tem documentado o conhecimento ancestral das comunidades ribeirinhas e suas estratégias sustentáveis de cultivo. Em agosto de 2025, a equipe percorreu 190 quilômetros pelo rio Juruá, registrando práticas agrícolas em sete municípios do Acre e do Amazonas.

De acordo com Siviero, “os feijões do Vale do Juruá se perpetuam como herança entre gerações e como práticas de conservação da agrobiodiversidade”. Ele destaca que essas tradições envolvem também cultivos de mandioca, milho, banana e tubérculos, além de festas culturais como a farinhada e o festival do feijão e milho.

Sustentabilidade e reconhecimento internacional

A pesquisadora Elisa Wandelli, da Embrapa Amazônia Ocidental, reforça que a agricultura dos ribeirinhos do Juruá é exemplo de sustentabilidade. “Vimos uma população sábia, que mostra que é possível produzir alimentos e cuidar da natureza ao mesmo tempo”, afirma.

Essas práticas estarão em destaque na COP30, em Belém (PA), onde os sistemas agrícolas tradicionais serão apresentados na AgriZone, espaço da Embrapa dedicado à inovação e inclusão.

“Nossa presença na COP 30 reforça a importância de proteger esses sistemas e valorizar as comunidades que preservam a biodiversidade do Brasil”, conclui Siviero.

Continue Reading

Business

MP denuncia empresário por 120 golpes e fraude de mais de R$ 20 milhões

Published

on

O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou na última sexta-feira (10) Celso Antônio Fruet, um empresário de 72 anos do ramo de cereais, que aplicou golpes contra pelo menos 120 produtores rurais e lucrou ilicitamente R$ 20,3 milhões no município de Campo Bonito, no oeste do estrado.

O golpista era proprietário de uma empresa cerealista. Mesmo após vender o seu negócio para uma cooperativa da região, continuou negociando grãos com diversos agricultores, adquirindo e recebendo mercadorias sem realizar os pagamentos.

Segundo a promotora de Justiça Ana Carolina Lacerda Schneider, a venda de sua empresa gerou lucro de mais de R$ 40 milhões. O MP está em processo de verificação sobre a destinação do dinheiro.

De acordo com investigação, o denunciado possuía o negócio há cerca de 30 anos na região e atuava armazenando sacas de soja e trigo de agricultores nos silos de sua propriedade.

Consequências para vítimas e golpista

As vítimas receberam a notificação da fraude no dia 21 de julho deste ano quando, ao se deslocaram até o estabelecimento comercial de Fruet, descobriram o local vendido e as atividades encerradas.

Conforme denúncia, a Promotoria de Justiça acredita que ele se aproveitava da relação de confiança que criou com diversos produtores rurais para aplicar os golpes.

Além disso, as investigações também apontaram que ele teria praticado crimes semelhantes em anos anteriores nos municípios paranaenses de Capanema e Catanduvas, sendo que esses crimes já prescreveram.

Ao todo, Celso Antônio Fruet foi denunciado por 124 ocorrências do crime de estelionato, sendo que em 38 desses casos as vítimas eram idosos. Além da condenação às penas previstas em lei, o MP também requer o pagamento de valor mínimo a título de reparação aos danos causados às vítimas.

O suspeito tem um mandado de prisão em aberto e é considerado foragido pela polícia.

*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo

Continue Reading

Business

Chuva sem trégua? Frente fria segue no Brasil e muda o tempo nos próximos dias

Published

on

Nesta semana, a frente fria que atua sobre o Brasil avança e espalha chuva por áreas de São Paulo, Minas Gerais e Centro-Oeste, ajudando a repor a umidade do solo e a impulsionar o ritmo da semeadura da safra 2025/26.

  • Fique por dentro das novidades e notícias recentes sobre a soja! Participe da nossa comunidade através do link! 🌱

Sul do país

No Sul do país, a previsão indica o retorno das precipitações ao Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná a partir de sexta-feira (17) e sábado (18), com a chegada de uma nova frente fria. Essa chuva é essencial para manter o solo úmido e garantir boas condições para o plantio.

Calorão no Matopiba

Enquanto isso, o Matopiba segue sob atenção pela falta de chuva. A boa notícia é que, entre os dias 19 e 23 de outubro, as precipitações devem finalmente avançar para o centro-sul da Bahia e parte do Tocantins, com volumes de até 50 milímetros e aliviando o calor e o tempo seco.

Chuvas previstas

No mesmo período, as chuvas permanecem constantes em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, com acumulados próximos de 50 mm, praticamente encerrando o déficit hídrico em várias áreas produtoras.

Previsão para Sorriso (MT)

Em municípios estratégicos, como Sorriso (MT), os próximos 30 dias devem registrar temperaturas entre 30 °C e 33 °C, acompanhadas de chuvas frequentes. A atenção do produtor deve se voltar especialmente ao período de 19 a 22 de outubro, quando os volumes podem variar de 30 mm a 60 mm e comprometer os trabalhos de campo. No geral, a umidade será bastante favorável entre os dias 17 e 19 e novamente entre 23 e 28 de outubro.

Você quer entender como usar o clima a seu favor? Preparamos um e-book exclusivo para ajudar produtores rurais a se antecipar às mudanças do tempo e planejar melhor suas ações. Com base em previsões meteorológicas confiáveis, ele oferece orientações práticas para proteger sua lavoura e otimizar seus resultados.
Continue Reading
Advertisement

Agro MT