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Sustentabilidade

Com estimativa inicial de 354 milhões de toneladas, safra 2025/26 de grãos pode ser a maior da história – MAIS SOJA

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Por Marcos Fava Neves

Economia mundial e brasileira

O Banco Central divulgou mais um Boletim Focus, no dia 29/09, com projeções sobre os indicadores da economia brasileira. Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a projeção é de 4,81% no ano corrente e 4,28% no seguinte (ambos em queda mensal). Enquanto isso, a expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto) é de um crescimento de 2,16% em 2025 e 1,8% em 2026 (pequena retração nos dois). O câmbio também veio em queda, devendo ficar em R$ 5,48 ao término deste ano e em R$ 5,58 no próximo. Por fim, a Selic permaneceu em 15% para 2025 e retraiu para 12,25% em 2026.

Estados Unidos

A decisão do Fed (Federal Reserve, o Banco Central) de cortar juros pela primeira vez em nove meses, e no Brasil, a manutenção da Selic pelo Copom em 15% ao ano, trazem impactos para o agro. A redução dos juros pode fortalecer o real e pressionar a competitividade via câmbio das exportações do agro. Por outro lado, imaginou-se que a taxa de juros no Brasil acompanharia a queda americana, mas não foi o que aconteceu. A persistência dos juros altos no Brasil ainda limita o financiamento, dificultando investimentos e renovação tecnológica para a próxima safra.

Agro mundial e brasileiro

O Índice de Preços de Alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) alcançou em setembro a média de 131,4 pontos (1% superior ao mês anterior e 7,8% acima do mesmo período de 2024). Os cereais (-0,6%) foram influenciados pelo desempenho do trigo, que segue pressionado pela ampla disponibilidade global e demanda internacional moderada. Já os preços do milho se mantiveram mais firmes, sustentados por incertezas sobre produtividade na União Europeia e forte demanda por etanol nos Estados Unidos. Os laticínios (-0,9%) registraram o 3º mês consecutivo de baixa devido a quedas nas cotações da manteiga, queijo e leite em pó integral, em vista de uma oferta global sólida.

Por outro lado, os óleos vegetais (+2,9%) alcançaram o maior patamar em dois anos, puxado pelos preços do óleo de palma, que continuam crescendo em meio à firme demanda para biocombustíveis e menor produção no Sudeste Asiático. Já o óleo de soja oscilou levemente, diante de boas expectativas para a safra 2025/26. As carnes (+1,1%) marcaram um novo recorde histórico, com destaque para a carne bovina, que teve alta puxada pela demanda firme da China e dos Estados Unidos. Já as carnes de frango apresentaram leve recuperação após meses de queda, justificado pelo aumento nas exportações brasileiras e redução gradual das restrições sanitárias em alguns mercados. Por último, o índice do açúcar (+0,1%) ficou estável.

O 1º relatório da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para a safra de grãos 2025/26, divulgado em 18 de setembro, indica um novo recorde na produção nacional, com 353,8 mi de t, acima dos 350,2 mi de t da safra 2024/25 (+0,1%). O crescimento se dá pelo aumento da área plantada para 84,2 mi de ha (+ 3,1%), cerca de 2,5 milhões de hectares a mais. A projeção indica queda de 2% na produtividade, para 4.199 kg/ha. A soja e o algodão devem crescer 3,6% e 0,7%, respectivamente; e o milho, retrair 1,0%.

A Conab também divulgou o 12º e último boletim de safra de grãos para o ciclo 2024/25, ampliando novamente a previsão de produção, de 345,2 (agosto) para 350,2 mi de t (setembro). Com a divulgação dos números finais, a produção na safra foi 16,3% maior em relação ao ciclo 23/24; a área total cresceu 2,3%; e a produtividade ficou sensivelmente maior (13,7%). Os números são um novo recorde para o agro brasileiro.

No milho

O relatório de agosto do USDA para a safra 2025/26 revisou para baixo a estimativa de produção global do milho, passando de 1.288 mi de t (agosto) para 1.287 mi de t (setembro). Esse volume supera em 4,7% a safra 2024/25, estimada em 1.229 mi de t, com 58 mi de t adicionais. Ainda em relação a agosto, as previsões para a produção de milho permaneceram inalteradas para os seguintes países: China (2º), com 295 mi de t (+0,03%); Brasil (3º), com 131 mi de t (-0,8%); e Argentina (5º), com 53 mi de t (+6,0%).  Enquanto isso, os Estados Unidos (1º) ampliaram a produção para 427,1 mi de t (+13,1%) e a União Europeia (4º) caiu para 55,3 mi de t (-6,8%). Para o ano 2025/26, estima-se que os estoques finais de milho cheguem a 281,4 mi de t, redução de 1,0%.

Nos EUA, até 21 de setembro, o USDA avalia a condição das lavouras de milho da seguinte maneira: boas em 49% (2024: 50%) e excelentes em 17% (2024: 15%). Até a referida data, 11% dos campos de milho haviam sido colhidos no país, mesmo percentual da média dos últimos 5 anos.

No Brasil, o último levantamento da Conab para a safra 2024/25 trouxe números finais para o cereal. Novamente, a produção foi elevada: 139,7 mi de t, oferta 20,9% superior em comparação com a safra passada. A produção ficou distribuída assim: 24,9 mi de t na primeira safra (+8,6%); 112 mi de t na segunda safra (+24,9%); e 2,7 mi de t na terceira safra (+8,5%). A produtividade média do milho foi de 6.391 kg/ha, um aumento de 16,5%, com uma área de 21,9 mi de ha (+3,8%). No histórico de safras da Conab, que teve início em 1976/77, essa safra se confirma como a mais produtiva da história, superando em produção e produtividade os recordes de 2021/22: 131,9 mi de t e com produtividade de 5.923 kg/ha.

Até 20 de setembro, a Conab indica que a colheita do milho 2ª safra (2024/25) alcançou 99,6% da área prevista, (média últimos 5 anos: 99,4%). Já o plantio da 1ª safra de 2025/26 foi iniciado e soma 20,8% (2024/25: 18,2%). A semeadura no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina alcançaram 50%, 48% e 40%, respectivamente.

Na bolsa de Chicago, no dia 26/09, os contratos de milho para vencimento em dez/25 estavam cotados em US$ 4,219/bushel, apenas 0,3% maior do que o preço registrado há um mês (era de US$ 4,207/bushel).

Na soja

o relatório do USDA de setembro para 2025/26 revisou para baixo a previsão de produção, passando de 426,4 mi de t (agosto) para 425,9 mi de t (setembro). Se confirmada, a oferta será 0,4% superior a safra 2024/25; ou 1,7 mi de t adicionais. Nos três principais produtores, apenas o Brasil (1º) deve elevar sua produção em comparação com a safra anterior: 175 mi de t (+3,5%).  A produção de soja dos Estados Unidos (2º) está estimada em 117,0 mi de t (-1,5%).  Já a Argentina (3ª) permaneceu estimada em 48,5 mi de t (-4,7%). Os estoques finais devem ficar em 18,2 mi de t, 1,7% maior que a safra passada.

Nos EUA, o USDA avalia a condição das lavouras, até o dia 21 de setembro, da seguinte maneira: boas em 48% (2024: 52%) e excelentes em 13% (2024: 12%). 9% dos campos de soja haviam sido colhidos até essa data, a mesma média das últimas 5 safras.

No Brasil, o último levantamento da Conab para a safra 2024/25 trouxe números finais para a oleaginosa. Confirmando os bons números previstos, a Conab indicou que foram colhidas 171,5 mi de t, oferta 13,3% superior em comparação com o ciclo anterior. A produtividade da soja foi de 3.621 kg/ha, o que indica um aumento de 10,3%, com uma área de 47,3 mi de ha (+2,7%). Assim como no milho, a safra 2024/25 se confirma como a mais produtiva da história, desde 1976/77, superando em produção e produtividade a safra 2021/22.

O plantio da safra brasileira 2025/26 de soja foi iniciado: 0,6% de progresso até 20 de setembro, contra 1,0% na média dos últimos 5 ciclos. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná iniciaram as operações.

No mercado financeiro (Chicago), até 26/09, o contrato de nov/25 foi cotado a US$ 10,12/bushel, 0,4% menor do que o preço registrado há um mês (era de US$ 10,08/bushel).

No algodão,

o relatório de setembro do USDA para a safra 2025/26 elevou a estimativa de produção, que era de 25,4 mi de t de pluma (agosto) para 25,6 mi de t (setembro). Se a projeção concretizar, será 1,5% menor do que a safra 2024/25; ou 400 mil t adicionais. A China (1º), teve alta estimada em agosto e deve ofertar 7,1 mi de t (+1,4%), seguida pela Índia (2º) com 5,2 mi de t (igual) e Brasil (3º) com 4,0 mi de t (+8,1%). Os Estados Unidos (4º) tiveram sua produção mantida em 2,9 mi de t (-8,3%). Os estoques finais devem chegar a 15,9 mi de t de pluma, 1,2% abaixo dos 16,1 mi de t da 2024/25.

Nos Estados Unidos, o USDA avalia a condição das lavouras de algodão, até 21 de setembro, como: boas em 37% (2024: 32%); e excelentes em 10% (2024: 5%). Condições muito favoráveis, apesar de queda em relação aos últimos relatórios semanais.

No Brasil, o último levantamento da Conab para a safra 2024/25 trouxe números finais para a safra de algodão. Confirmando os bons números previstos, a Conab indicou que foram colhidas 4,1 mi de t de pluma, oferta 9,7% superior em comparação com o ciclo anterior. A produtividade foi de 1.947 kg/ha de pluma, alta de 2,3%, com uma área de 2,1 mi de ha (+7,3%).

Assim como no milho e soja, dentro do histórico de safras da Conab desde 1976/77, a safra 2024/25 de algodão também se confirma como a mais produtiva da história, superando a produção recorde de 2023/24 (3,7 mi de t) e produtividade recorde de 2022/23 (1.904 kg/ha). Nas três principais culturas de grãos, são três recordes, evidenciando o ótimo desempenho produtivo da safra.

No relatório de 20 de setembro, a Conab indicou que a colheita do algodão na safra 2024/25 estava 99% concluída. No caso do algodão, o plantio da safra 2025/26 deve se iniciar apenas no mês de novembro.

No mercado futuro (Nova Iorque), até 26/09, o contrato de dez/25 do algodão foi cotado em 66,37 centavos de dólar por libra-peso, praticamente o mesmo preço registrado há um mês (era de 66,32 cent/lbp).

Nas demais culturas

A Conab indicou que o total produzido na safra de inverno foi 9,6 mi de t. No trigo, a produção seguiu a tendência de queda. Apesar das recentes altas na produtividade, não foi o suficiente para compensar as perdas na área cultivada. Outras culturas como aveia (+7,9%), canola (+43,2%) e cevada (+8,4%) apresentam crescimento na área plantada. A produção por cultura ficou dividida da seguinte maneira: trigo com 7,54 mi de t (-4,5%); 1,22 mi de t de aveia (+17,6%); 516,5 mil t de cevada (+17,8%); e 309,2 mil t de canola (+58,2%). A área destinada às culturas de inverno atingiu 3,33 mi de ha, uma queda de 13,1% em relação ao ciclo 2023/24, puxada pelas quedas nas áreas de centeio (-26,9%), trigo (-19,9%) e triticale (21,8%).

O agro somou US$ 14,3 bilhões em exportações em agosto, crescimento de 1,5% frente aos US$ 14,1 bilhões do mesmo período em 2024, segundo a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI/Mapa). O resultado decorreu do aumento no volume embarcado (+5,1%), que compensou a queda no preço médio dos produtos embarcados (-3,4%). Com isso, o agro representou 48% das vendas totais do país. Já as importações de produtos agropecuários ficaram em US$ 1,6 bilhão (+1,2%). Entre os setores exportadores, os cinco mais relevantes responderam por 80,8% do total embarcado, sendo eles: Complexo Soja (US$ 4,7 bi | 32,9%), Carnes (US$ 2,6 bi | 18,4%), Complexo Sucroalcooleiro (US$ 1,6 bi | 11,2%), Cereais, Farinhas e Preparações (US$ 1,5 bi | 10,2%) e Produtos Florestais (US$ 1,1 bi | 8,1%).

A soja em grãos voltou a se destacar, com volume recorde para o mês (9,3 mi de t | +16,2%), totalizando US$ 3,9 bilhões (+11,0%), mesmo com queda no preço médio (-4,4%). No acumulado do ano, esse montante ultrapassa os 66 mi de t, cerca de 75% da soja brasileira exportada até aqui. Esse cenário é impulsionado em partes pelas tarifas impostas pela China sobre a soja dos Estados Unidos. Já a carne bovina in natura foi o 2º destaque, atingindo US$ 1,5 bilhão (+56%) e 268,6 mil t (+23,5%), ambos recordes para meses de agosto. Os preços médios subiram 26,3%, impulsionados pela forte demanda da China (+90%) e de mercados como México, Rússia e União Europeia. O milho também apresentou crescimento, com US$ 1,4 bilhão (+17,1%) e 6,8 mi de t (+12,9%), puxado por elevação no preço médio (+3,7%). A União Europeia foi destaque entre os destinos (+297,4%). Além dos produtos consolidados, alguns itens atingiram o melhor desempenho da série histórica, reafirmando a estratégia de diversificação de mercados: sebo bovino (US$ 74,1 mi), sementes oleaginosas (US$ 71,4 mi), feijões secos (US$ 49,5 mi) e rações para pet (US$ 35,9 mi).

Por outro lado, houve quedas expressivas em produtos importantes, como: açúcar de cana em bruto (US$ 1,31 bi | -16,5%), devido à maior oferta global e queda nas compras de países como Emirados Árabes e Malásia; farelo de soja (US$ 643,6 mi | -24,1%), com recuos em volume e preço; carne de frango in natura (US$ 630,5 mi | -15,7%), ainda sob reflexos das restrições impostas após caso de gripe aviária.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) atualizou o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) em agosto para R$ 1,406 trilhão, ficando 11,3% superior ao valor registrado no ano passado. Do total, R$ 928,1 bilhões (+10,8%) provém das lavouras e R$ 478,1 bilhões (+12,3%) da pecuária. Os maiores crescimentos vieram do café (47,2%) e amendoim (+43,0%), enquanto os destaques nas retrações vieram da batata-inglesa (-53,9%) e laranja (-17,9%).

O Fundecitrus divulgou a primeira reestimativa da safra 2025/2026 de laranja para SP e MG, prevendo produção de 306,7 mi de caixas, 2,5% abaixo da estimativa inicial de maio, ou 7,9 mi de caixas. O principal fator de revisão foi o avanço do greening, que já atinge 47,6% do cinturão citrícola (era de 44,3% em 2024) e elevou a taxa de queda de frutos, comprometendo a produtividade, enquanto a colheita segue mais lenta devido ao atraso na maturação dos frutos e às condições climáticas adversas.

Para finalizar nossa seção de análise do agro, apresentamos os preços mais recentes dos produtos do setor no fechamento da nossa coluna. No milho, considerando dados de cooperativa do estado de São Paulo, o preço físico era de R$ 61,00/sc; já o contrato para julho/2026 (B3) estava em R$ 69,26. Na soja, o preço Spot estava em R$ 129,00/sc (FOB) e a entrega para mar/26 em R$ 120,50/sc (FOB). O algodão (Base Esalq) era cotado a R$ 121,16/lb. O trigo, estava em R$ 1.150,00/t (FOB). Demais preços, considerando dados do Cepea são: café arábica em R$ 2.124,03/sc, queda mensal de 8,6%; laranja para indústria em R$ 50/cx (40,8kg) a prazo, aumento de 4,7%; e o boi gordo em R$ 302,95/@, retração de 2,4% no mês.

Os cinco fatos do agro para acompanhar em outubro são:

  1. Com a divulgação da 1ª estimativa da Conab para a nova safra e a produção de grãos projetada em 353,8 mi de t, vamos ficar de olho na aderência dessa expansão de área, em um momento em que produtores definem o ritmo do plantio de soja e milho e o elevado endividamento do setor. A tendência é de queda de 2% na produtividade média.
  2. Monitorar as previsões para o clima. Se tivermos La Niña em novembro, pode antecipar e alongar as janelas de semeadurapara soja e milho. O fenômeno tende a trazer chuvas mais regulares para o Centro-Oeste e Matopiba, criando condições favoráveis ao estabelecimento das lavouras, enquanto parte do Sul do país pode enfrentar períodos mais secos, determinando o ritmo de plantio, a produtividade e custos.
  3. A safra de milho e soja 2025/26 norte-americana entrou em ritmo acelerado de colheita, com lavouras em condições superiores às do ano passado. O USDA revisou para baixo a estimativa de produção global de milho neste mês para 1,3bilhão de t (+4,7% na comparação anual) e manteve boas projeções para a soja, em425,9 mi de t (+0,4% superior à 24/25). Essa oferta sólida sustenta preços internacionais competitivos, mas a forte demanda por etanol nos EUA mantém o milho com viés de alta (dez/25 cotado a US$ 4,24/bushel | +4,9% no mês). O ponto de atenção é como o avanço da colheita influenciará a dinâmica de preços em Chicago, afetando as estratégias de venda de exportadores brasileiros.
  4. O pacote tarifário dos Estados Unidos que impõe sobretaxas de até 50% sobre uma ampla cesta de produtos agrícolas, insumos e alimentos processados cria incertezas para as cadeias globais. É necessário acompanhar como a elevação dos custos para produtores e indústrias alimentícias americanas pode redesenhar fluxos de comércio, alterar preços internacionais e abrir espaço para o Brasil em mercados hoje atendidos pelos EUA.
  5. Ficar de olho no câmbio. O dólar alcançou o menor valor em mais de um ano, chegando a R$ 5,28 na data de fechamento da nossa coluna. Apesar de favorável para os preços dos insumos, com o início da safra, é momento de acompanhar os intervalos oportunos (que estão cada vez mais curtos) para travamento de preços, garantindo alguma rentabilidade e/ou “pagamento das contas”.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdade de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). Sócio da Markestrat Group. É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio e Diretor Técnico da Sociedade Nacional de Agricultura. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).

Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group e professor na Harven Agribusiness School, em Ribeirão Preto – SP. Engenheiro Agrônomo pela FCAV/UNESP, mestre e doutorando em Administração pela FEA-RP/USP. É especialista em comunicação estratégica no agro.

Beatriz Papa Casagrande é associada na Markestrat Group, engenheira agrônoma pela ESALQ/USP e mestra em Administração na FEA-RP/USP. É especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.

Rafael Barros Rosalino é consultor na Markestrat Group, médico veterinário pela FCAV/UNESP. É especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.

Fonte: SNA



 

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Robô usa luz para diagnóstico precoce de doença em algodão e soja – MAIS SOJA

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O robô é um protótipo, mas já registra resultados promissores no diagnóstico de infecção por nematoides em experimentos realizados em casa de vegetação

Um sistema robótico autônomo, que opera à noite, batizado de LumiBot, é capaz de gerar dados que permitem a construção de modelos para fazer o diagnóstico precoce de nematoides em plantas de algodão e soja antes mesmo do aparecimento dos sintomas. Desenvolvido pela Embrapa Instrumentação (SP) em parceria com a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro), de Mato Grosso, o LumiBot emite luz ultravioleta-visível sobre as plantas e analisa a fluorescência capturada nas imagens das folhas, com câmeras científicas.

A cotonicultura e a sojicultura têm enorme relevância econômica para o País, com previsão de recorde de safra no período 2025/26, com 4,09 milhões de toneladas de pluma e 177,67 milhões de toneladas de grãos de soja, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, as duas culturas enfrentam a ameaça do parasita microscópico de 0,3 a 3 milímetros de comprimento.

Taxas de acerto acima de 80%

O robô é um protótipo, mas já registra resultados promissores no diagnóstico de infecção por nematoides em experimentos realizados em casa de vegetação, com cerca de sete mil imagens coletadas em três anos de pesquisa.

“Conseguimos gerar dados e modelos com taxas de acerto acima de 80%, além de diferenciar as doenças do estresse hídrico”, conta a pesquisadora Débora Milori, coordenadora do estudo e do Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf).

A próxima etapa do estudo será o desenvolvimento de um equipamento para operação em campo, como, por exemplo, adaptar o aparato óptico em um veículo agrícola do tipo pulverizador gafanhoto ou veículo rover.

Apresentação do robô durante o Siagro

O LumiBot será apresentado no Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária (Siagro), que será realizado de 14 a 16 de outubro, no Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre), localizado no Campo Experimental em Automação Agropecuária, da Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP).

Menos químicos na lavoura

De acordo com a pesquisadora, o método convencional de controle de nematoides baseia-se na aplicação de nenematicidas aplicados no solo ou nas sementes, antes do plantio. Esses produtos agem reduzindo a população de nematoides próximos às raízes. Entretanto, essa aplicação tem custo elevado, pode causar impacto ambiental e a eficácia é variável dependendo das condições do solo. Outras estratégias de controle são através do controle biológico, rotação de culturas e o desenvolvimento de cultivares resistentes.

“Uma alternativa mais eficiente e econômica seria o monitoramento da área plantada, com a aplicação de estratégias de controle apenas nas regiões efetivamente infestadas. No entanto, ainda não existem equipamentos comerciais capazes de detectar precocemente a presença da doença nas plantas. Nesse contexto, o uso de técnicas fotônicas surge como uma solução promissora”, declara a coordenadora do estudo.

Para o consultor Comdeagro, Sérgio Dutra, o diagnóstico precoce de doenças é fundamental para que os agricultores possam agir rapidamente e de forma localizada. “Com isso, evita-se o uso excessivo de defensivos químicos e a redução do impacto ambiental, um avanço importante para a agricultura de precisão no Brasil. É possível ainda melhorar a qualidade da fibra e garantir maior rentabilidade para o produtor”, garante o especialista.

Como funciona a tecnologia para detecção de doenças

O LumiBot leva embarcado a técnica fotônica de Imagem de Fluorescência Induzida por LED (diodo emissor de luz). A LIFI, na sigla em inglês, é uma técnica não destrutiva que permite uma aquisição rápida de dados de processos fisiológicos da planta por meio de uma imagem. “A imagem obtida resulta da excitação das folhas com luz ultravioleta-visível, que induz compostos moleculares, como a clorofila e alguns metabólitos secundários, a emitirem luz por meio do processo de fluorescência”, explica Milori.

robô coleta os dados, que são processados por algoritmos treinados para reconhecer padrões em imagens, a partir dos quais são construídos modelos associados a doenças específicas.

A captura das imagens, realizada em apenas sete segundos e de forma simultânea à iluminação, ocorre em ambiente escuro para evitar a atividade fotossintética da planta e eliminar interferências de outras fontes de luz no sinal de fluorescência registrado pelas câmeras.

O robô se desloca por meio de trilhos presos no piso entre as fileiras dos pés de algodão, avaliando as folhas com um feixe de luz de alta intensidade. De acordo com Débora Milori, a técnica indica diferentes tipos de estresse bióticos (fungos, bactérias e vírus) ou abióticos, como deficiências nutricionais e falta de água, por exemplo.

“As imagens captadas pela câmera em cada posição da amostra são gravadas em um dispositivo externo (SSD) portátil, onde ficam armazenadas e disponíveis para análise. Cada amostra recebe uma identificação única, explica o pós-doutorando Tiago Santiago.

Ele é responsável pela análise de dados, das imagens e pelo treinamento de modelos de aprendizado de máquina. A equipe é composta por estudantes de diferentes áreas do conhecimento e por atuações distintas dentro do projeto.

Vinícius Rufino é graduando em engenharia física e atua na instrumentação e análise de dados, Julieth Onofre, doutora em Física, cuida da área da instrumentação óptica, Gabriel Lupetti, graduando em biotecnologia e responsável pelo acompanhamento do desenvolvimento dos nematoides, a inoculação e processamento das espécies vegetais, Kaique Pereira, biólogo responsável pela manutenção das plantas, a inoculação e contagem de nematoides.

Prova de conceito

O LumiBot tem o suporte da Embrapii Itech-Agro (Integração de Tecnologias Habilitadoras no Agronegócio) da Embrapa Instrumentação, que busca desenvolver o protótipo do equipamento para minimizar custos e alavancar a cadeia produtiva da soja e do algodão. A Embrapii é uma organização social que conecta empresas e instituições de pesquisa para desenvolver inovações, como o LumiBot.

O projeto envolveu o desenvolvimento de uma prova de conceito para diagnóstico precoce de doenças com técnicas fotônicas em sistemas produtivos de algodão, em parceria com a Comdeagro.

O projeto físico e de automação foi desenhado em parceria entre a Embrapa Instrumentação e a empresa Equitron Automação, de São Carlos (SP), sob medida para o funcionamento na casa de vegetação.

A fotônica é um ramo da física que estuda aplicações da luz, sua geração, manipulação e detecção. As técnicas são largamente aplicadas em várias áreas por sua sensibilidade, precisão e alto potencial de portabilidade.

Os nematoides

Nematoides são vermes microscópicos abundantes no solo, água doce e salgada e muitas vezes são parasitas de animais, insetos e também de plantas, segundo a Embrapa. Eles atacam as raízes, diminuindo a absorção de água e nutrientes, o que resulta em redução do crescimento da planta e perdas de produtividade.

O experimento para diagnóstico da praga está sendo conduzido com 400 plantas em vasos em casa de vegetação, separadas em quatro grupos de 100 – controle, estresse hídrico, inoculadas com o nematoide Aphelenchoides besseyi, e inoculadas com o nematóide Rotylenchulus reniformis, espécies mais comuns encontradas nas lavouras.

Segundo Kaique Pereira, o nematoide Rotylenchulus reniformis causa o comprometimento das plantas, reduzindo os rendimentos da plantação, sendo frequente em regiões tropicais e subtropicais do país, enquanto a Aphelenchoides besseyi é responsável pelos sintomas de haste verde, retenção foliar e deforma tecidos da planta, comum em ambientes quentes e úmidos, fatores essenciais para seu desenvolvimento.

“Os nematóides são um problema muito sério dentro do cultivo do algodão e resulta em muitas perdas para os agricultores, principalmente para o Estado do Mato Grosso”, diz Sérgio Dutra, consultor da Comdeagro.

O pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Rafael Galbieri, diz que não se sabe ao certo quanto da produtividade está sendo perdida em função dos nematoides em Mato Grosso.

“O fato é que existem localidades onde há perdas expressivas e outras onde o problema é menor. Há relatos de perdas de 50% a 60% em casos extremos, com média de até 10% a 12% em determinadas regiões. Estima-se uma perda anual superior a 4 bilhões de reais na cultura do algodoeiro em função de problemas relacionados a nematoides. Existem vários exemplos de áreas de produção que se tornaram inviáveis pela infestação desses parasitas”, relata o doutor em agricultura tropical.

Com a soja não é diferente. O prejuízo é de R$ 27,7 bilhões, de acordo com estudo da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), Syngenta e consultoria Agroconsult.

“Geralmente, as perdas mais expressivas associadas aos nematoides são observadas em culturas como soja e algodão. No entanto, já é possível constatar que esses patógenos afetam a produtividade de praticamente todas as culturas agrícolas do País, muitas vezes de forma ainda mais acentuada do que nas grandes culturas”, afirma a presidente da SBN, Andressa Cristina Zamboni Machado.

Segundo ela, o Brasil abriga diversas espécies de nematoides altamente agressivas, disseminadas amplamente por todas as regiões agrícolas e responsáveis por extensas perdas econômicas no agronegócio. “Entretanto, esses organismos nem sempre são corretamente diagnosticados ou manejados, o que agrava ainda mais seus efeitos sobre a produção”, conta.

Fotos: Wilson Aiello

Fonte: Joana Silva – Embrapa Instrumentação 



 

FONTE

Autor:Joana Silva – Embrapa Instrumentação

Site: Embrapa

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Sustentabilidade

Soja está entre os principais produtos exportados do agro paulista em setembro

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O agronegócio paulista registrou superávit de US$ 16,81 bilhões entre janeiro e setembro de 2025, resultado de exportações que somaram US$ 21,15 bilhões e importações de US$ 4,34 bilhões.

O setor respondeu por 40,3% do total exportado pelo estado e por 6,6% das importações no período, segundo levantamento da Diretoria de Pesquisa dos Agronegócios (Apta), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

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Soja como destaque

Entre os principais grupos exportadores, o complexo soja teve participação de 9,9% nas vendas externas do agro paulista, movimentando US$ 2,10 bilhões, sendo 80,8% referentes à soja em grão e 14% ao farelo.

Apesar da relevância, o grupo apresentou leve queda de 0,8% em relação ao mesmo período de 2024, reflexo das oscilações de preços e volumes no mercado internacional.

Liderança do setor sucroalcooleiro

O complexo sucroalcooleiro segue como líder da pauta, responsável por 29,9% das exportações do agro paulista, com destaque para o açúcar, que representou 92,1% do total do grupo, e o etanol, com 7,9%.

Carnes

Na sequência aparecem as carnes, que responderam por 14,9% das vendas externas, totalizando US$ 3,15 bilhões, com a carne bovina representando 84,9% desse montante.

Produtos florestais

Os produtos florestais somaram 10,5% das exportações, alcançando US$ 2,21 bilhões, dos quais 54,5% foram de celulose e 36,4% de papel. Já o setor de sucos respondeu por 10,2%, totalizando US$ 2,15 bilhões, sendo 97,7% referentes ao suco de laranja.

Esses cinco grupos juntos representaram 75,4% do total exportado pelo agronegócio paulista. O café aparece em seguida, com 6,4% de participação, equivalente a US$ 1,35 bilhão.

Oscilações nas exportações

As variações em relação ao mesmo período do ano passado mostram crescimento das exportações de café (+43,4%), carnes (+26,3%) e sucos (+4,6%), enquanto o complexo sucroalcooleiro (-33,6%), produtos florestais (-5,6%) e o complexo soja (-0,8%) apresentaram retração.

China, UE e EUA como principais destinos

A China segue como principal destino das exportações paulistas, absorvendo 24,2% do total, com destaque para a compra de soja, carnes, açúcar e produtos florestais. Em seguida aparece a União Europeia, com 14,4% de participação, e os Estados Unidos, com 12,7%.

No caso americano, as exportações totalizaram US$ 2,69 bilhões no acumulado até setembro, um crescimento de 13% frente ao mesmo período de 2024.

Impacto do tarifaço nos EUA

O avanço nas vendas ocorreu até julho, mas o tarifaço de 50% imposto em agosto pelos EUA derrubou as exportações em agosto e setembro, com quedas de 14,2% e 32,7%.

O setor de sucos, fora da taxação, manteve a liderança, enquanto carnes, café e produtos florestais sentiram mais os impactos. Parte dos embarques foi redirecionada para China, México e Argentina, segundo a Apta.

São Paulo no cenário nacional

No cenário nacional, São Paulo segue como destaque do agronegócio, responsável por 16,7% das exportações brasileiras do setor, ocupando a segunda posição no ranking, atrás apenas de Mato Grosso, com 17,4%, e à frente de Minas Gerais, que respondeu por 11,5% das vendas externas.

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Sustentabilidade

Chicago fecha em alta no trigo, com dólar fraco e consolidando recuperação técnica – MAIS SOJA

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A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou a sessão desta terça-feira com preços mais altos. Após atingir os menores patamares de preço desde 2020 no pregão anterior, o mercado consolidou um movimento de recuperação técnica. A correção recebeu suporte da desvalorização do dólar frente a outras moedas correntes, fator que aumenta a competitividade do cereal norte-americano.

As cotações haviam recuado para o nível mais baixo em cinco anos diante da ampla oferta global. A Rússia, principal exportadora mundial de trigo, acelerou seus embarques nos últimos meses após um início de temporada mais lento, enquanto a pressão das colheitas em outras regiões produtoras segue crescente.

Além disso, os investidores também reagiram as inspeções de exportação norte-americana de trigo, que chegaram a 444.138 toneladas na semana encerrada no dia 9 de outubro, conforme relatório semanal divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Na semana anterior, as inspeções de exportação de trigo haviam atingido 548.223 toneladas. Em igual período do ano passado, o total inspecionado fora de 380.134 toneladas. No acumulado do ano-safra, iniciado em 1o de junho, as inspeções somam 10.664.546 toneladas, contra 9.029.415 toneladas no acumulado do ano-safra anterior.

Os contratos com entrega em dezembro fecharam cotados a US$ 5,00 1/4 por bushels, alta de 3,50 centavo de dólar, ou 0,70%, em relação ao fechamento anterior. Os contratos com entrega em março de 2026 encerraram a US$ 5,16 3/4 por bushel, avanço de 3,50 centavos por dólar, ou 0,68%, em relação ao fechamento anterior.

Fonte: Ritiele Rodrigues – Safras News



 

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