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Fruta da esperança: o casal que aposta na pitaya para prosperar

A história do seu Gerson e da dona Bia, um casal de fruticultores do município de Santa Carmem, no norte de Mato Grosso, é um testemunho de persistência e fé. Juntos há 35 anos, eles encontraram na pitaya a “fruta da esperança”, uma cultura que está transformando a Chácara Três Irmãs, onde vivem, em um negócio próspero.
A trajetória deles, no entanto, é marcada por desafios e por uma busca incansável por um futuro melhor, agora com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) por meio do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG).
A vontade de viver do campo é um desejo antigo, como conta o fruticultor Gerson Ferreira Santos. “A gente sempre teve vontade, mas não tinha uma regalia para ter um pé de terra”, relembra. Sua história em Mato Grosso começou cedo, aos 14 anos, quando se mudou com os pais. A família começou com o plantio de café, mas a cultura não prosperou. Tentaram a mandioca, mas também não deu certo. “Aí depois fui mexer com lasca de madeira”, conta ao Senar Transforma desta semana.
Essa fase durou muitos anos, até que um acidente o levou a um novo caminho. Ele se tornou vigia da Câmara Municipal, um trabalho que mantém até hoje, há 23 anos. Mas o sonho de voltar à terra nunca se apagou. A oportunidade veio há sete anos, quando ele e a esposa, Laurides Mauricio da Costa Ferreira, a dona Bia, conseguiram comprar a chácara. A decisão de plantar pitaya veio de uma sugestão de seu genro, que viu na internet o potencial da fruta.
“Nós tínhamos uns pezinhos, né? Só que eu não sabia plantar. Aí eu plantei. Foi dando certo. Porque para começar basta ter boa vontade”, afirma seu Gerson.
Sua esposa, dona Bia, tem uma história de vida semelhante à do marido. Vinda do Paraná ainda bebê, com cerca de nove meses, ela chegou à região com a família para o plantio de café. A cultura não prosperou, e a vida era uma luta diária. “Foi no plantio de lavoura de café também. Aí não conseguiram realizar o sonho deles, aí foi onde eles começaram a trabalhar também, na busca para sobreviver, de lasca, serraria. E quando surgiu algum outro emprego, para outros lugares mais longe, tinham que deixar a mãe e buscar o recurso em outras cidades”, recorda dona Bia.
A compra da chácara, uma decisão conjunta do casal, foi a realização de um sonho. “Surgiu essa área de chácara e foi onde os desejos se juntaram e nós compramos essa área”, diz ela.
A primeira florada da pitaya foi um momento de grande emoção. Para dona Bia, foi um sinal divino. “Foi tudo. Nossa, foi uma maravilha. Ali parece que Deus estava junto, porque é muito bonito. É muito bonito, porque a gente viu que a riqueza que Deus dá para a gente é grandiosa”, relata emocionada.
Apoio técnico transforma a produção
Apesar da paixão e da dedicação, o casal tinha dúvidas sobre o manejo e a produção. Foi aí que o programa ATeG Fruticultura do Senar-MT entrou em cena. O engenheiro agrônomo e técnico de campo Francisco Nunes de Oliveira Junior, responsável pelo atendimento à propriedade, começou a orientar o casal em dezembro de 2024. “Quando comecei a atender os produtores aqui, eles já sabiam produzir, porque eles já estão há muitos anos, mas faltava um pouco de técnica”, explica o técnico.
Francisco aponta que os principais desafios eram a falta de um cronograma de adubação, poda e irrigação, além da ausência de anotações e controle gerencial.

“A parte gerencial eles não tinham o costume de fazer anotação nenhuma. Só ia indo e não tinham noção do quanto que estavam gastando para produzir, quanto que rendia e com as anotações a gente conseguiu fazer esse acompanhamento da safra”, detalha.
Com a chegada do técnico, o manejo da plantação de pitaya de 360 palanques — que ocupa uma boa parte dos sete mil metros quadrados da propriedade, cerca de meio hectare — passou por mudanças significativas. As orientações incluíram um cronograma de adubação mensal, focado em nitrogênio e potássio, que são essenciais para o vigor da planta e o aumento do peso e sabor do fruto.
Outra recomendação importante foi a instalação de sombrites para proteger as plantas do sol excessivo, que pode causar podridões e abrir portas para doenças. “Apesar de ser uma cactácea, ela é uma planta que requer um cuidado com sombra. Muito sol também acaba sendo prejudicial. Acaba passando um pouco da conta. No caso dela, acaba dando podridões e vira porta de entrada para fungos, bactérias e acaba afetando bastante na produtividade da planta”, explica Francisco.
Para as áreas ainda sem cobertura, o técnico ensinou uma solução caseira: uma calda de cal e água que serve como um “protetor solar” para as plantas. Além disso, o casal aprendeu a fazer a poda correta, removendo partes doentes e o excesso de galhos para dar mais vigor à planta. O material podado é triturado e reutilizado como adubo orgânico, um exemplo de aproveitamento total dos recursos.
Gestão, retorno e a realização de um sonho
Com o gerenciamento mais eficiente, o casal conseguiu ter uma visão clara dos custos e das receitas. “Era meio que nos olhos. Não sabia o que tinha gastado. Agora já sabemos, porque o Senar faz tudinho”, comemora Gerson.
Essa organização financeira permitiu que o casal começasse a investir em melhorias. “Graças a Deus nós estamos construindo nossa casinha. Saiu do papel, conseguimos colocar a placa solar agora. E assim a gente vai indo”, conta dona Bia, demonstrando a alegria de ver o sonho da casa se concretizando.

Além do retorno financeiro, a pitaya da Chácara Três Irmãs tem demanda garantida. Uma parte da produção é vendida para a prefeitura para a merenda escolar, a um preço de R$ 18 o quilo. “É bom. O restante coloca no mercado e o povo aqui também [compra]”, diz seu Gerson.
A propriedade também se tornou um ponto de visitação. Estudantes e turistas vão ao local para ver a florada e a beleza da plantação. “É muito bom, porque as crianças vêm e ficam todos admirados, querendo saber. E a gente fica feliz, né?”, frisa dona Bia.
A supervisora de campo do Senar-MT, Franciele Rodrigues, expressa sua satisfação em ver a evolução da propriedade. “É extremamente gratificante visitar uma propriedade assim como essa, em que a gente consegue ver uma evolução desde do início dos atendimentos até hoje. A gente consegue ver exatamente o que o técnico recomendou ao produtor, que o produtor seguiu as recomendações, que ele está fazendo agora a gestão da sua propriedade, coisa que antes da ATeG não fazia”, ressalta.
O futuro, segundo Francisco, é promissor. “Eu vejo assim daqui 10 anos, se Deus quiser, muitas toneladas de pitaya colhidas. Vai ser uma produção bem consistente”.
Seu Gerson concorda e já planeja aumentar a produção. “Aumentar um pouco”, diz ele, com um sorriso de quem sabe que a “fruta da esperança” está no caminho certo para continuar a prosperar.
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Custo e altitude são alguns dos desafios para novos plantios de floresta

O planejamento é fundamental para quem deseja investir em floresta plantada. A atividade, de longo prazo, exige que o produtor atrele o investimento ao consumo para evitar uma nova onda de sobre oferta no mercado. É o que explica Haroldo Klein, diretor da Associação de Reflorestadores de Mato Grosso (Arefloresta).
Segundo ele, a produtividade no estado já alcança patamares que permitem retorno ao produtor. “Hoje já se fala em 350 metros, 400 metros estéreos por hectare, que são produtividades que pagam o custo da floresta e te dá uma remuneração”, diz em entrevista ao programa Direto ao Ponto desta semana.
Mas os custos iniciais seguem elevados e exigem planejamento. “O produtor que mete a mão na massa vai ter um investimento aí de R$ 12 mil, R$ 13 mil por hectare. Na terceirização vai de R$ 15 mil a R$ 16 mil. Tudo isso onera”, explica.
Klein ressalta que “para investir em floresta, como é uma atividade de longo prazo, há necessidade de ter um atrelamento com o consumo, uma ligação muito próxima para não ter de novo essa sobre oferta”.
Ele defende o Programa de Suprimento Sustentável (PSS), no qual as indústrias contratam o fornecimento com antecedência. Segundo o especialista, isso proporciona mais segurança para o produtor.
Escalonamento de plantio é a melhor estratégia
Um dos grandes desafios para os produtores é o alto investimento inicial, concentrado principalmente nos dois primeiros anos. Haroldo Klein sugere que a melhor estratégia é fazer plantios menores, escalonados, para que a floresta atinja o ponto de colheita em anos diferentes.
“A solução seria você fazer plantios menores, você formar uma floresta. Daí você vai ter no futuro receitas também intercaladas”, pontua.
Essa abordagem não apenas reduz o desembolso financeiro, mas também otimiza o uso de maquinário e o tempo das operações, que são concentradas em um período curto no ano.
Produtividade e altitude: pontos de atenção
A produtividade de uma floresta plantada depende diretamente da tecnologia empregada no campo. O diretor da Arefloresta explica que as expectativas atuais de produtividade no setor são bem mais altas do que no passado.
“Produtividade hoje ela se fala no mínimo. Inicialmente quando eu comecei a gente atingia 150 metros estéreos por hectare e estávamos contentes. Hoje já se fala em 350 metros, 400 metros estéreos por hectare”, diz Klein.
Ele ressalta, no entanto, que a altitude é um fator crítico, especialmente em Mato Grosso. Áreas com altitudes mais baixas, de 150 a 200 metros, são mais suscetíveis ao déficit hídrico e apresentam problemas para o plantio.
“A altitude tem um impacto violento na produtividade. A melhor altitude aqui em Mato Grosso é de 600 metros para cima. Aí produz mesmo, é garantia. Nós temos poucas espécies, poucos clones adaptados para essa condição de altitude”, finaliza.
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Ministério regulamenta pedidos de registro de novos defensivos agrícolas

O Ministério da Agricultura regulamentou o recebimento de pedidos de registros de novos defensivos agrícolas. A partir de 15 de setembro de 2025, as empresas que pretendem pleitear o registro de agrotóxicos deverão protocolar seus novos processos de registros exclusivamente junto ao Ministério da Agricultura por meio de sistema eletrônico, conforme ato da Secretaria de Defesa Agropecuária da pasta, publicado no Diário Oficial da União.
O ato ocorre no âmbito da regulamentação da Lei 14.785/2023, conhecida como novo marco legal dos defensivos agrícolas, que estabelece a competência do protocolo e distribuição das solicitações de registro de agrotóxicos ao Ministério da Agricultura.
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Após o recebimento dos pedidos de registro de novos produtos, o ministério deve distribuir os processos para análise dos órgãos competentes – à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
De acordo com a portaria, os protocolos de registros de produtos pleiteados a partir de 15 de setembro juntamente à Anvisa e Ibama não serão considerados.
A lei que regulamenta o registro, controle e fiscalização de defensivos agrícolas estabelece que o peticionamento para registro dos produtos deve ser centralizado no Ministério da Agricultura, que coordena a fila de protocolos. Mas a análise sobre os produtos permanece de forma tripartite, sendo compartilhada pelos órgãos de defesa agropecuária, de meio ambiente e saúde pública.
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Incêndios desafiam produtores e colocam em risco lavouras e reservas em MT

O fogo voltou a assombrar o Vale do Araguaia. Em Canarana, no leste de Mato Grosso, produtores rurais enfrentam dias de apreensão diante dos incêndios que avançam sobre lavouras, reservas e pastagens, em um cenário de estiagem prolongada e baixa umidade. O prejuízo é milionário, mas a maior perda é imensurável: o risco à principal riqueza da região, o agro.
Desde maio, a chuva não aparece. A vegetação seca e os ventos fortes criam o ambiente perfeito para que o fogo se espalhe rapidamente. O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Canarana, Gildomar Avrella, resumiu a preocupação ao Patrulheiro Agro desta semana.
“Nós temos muito capim, muita palhada de milho. É combustível pronto para queimar. Precisamos nos antecipar, nos organizar, porque o agro é o pilar da nossa economia. É ele que gera riqueza e sustento para nossa população”, explica.
Para os agricultores, além das lavouras, o que está em jogo é o solo. Cada palmo de terra cultivada foi construído ao longo de décadas, com investimento em fertilidade e manejo. O produtor da região Marcos da Rosa lamenta o risco de ver esse trabalho reduzido a cinzas.
“O fogo pode levar tudo de uma hora para outra. Mesmo quando estamos tentando apagar, o vento espalha de novo. E quando entra numa reserva, os troncos ficam queimando por dias. É preciso estar alerta o tempo todo”, pontua.
Segundo a Secretaria de Agricultura, só entre maio e julho, Canarana registrou 22 ocorrências de incêndios, seis dentro da cidade e 16 em áreas rurais. Muitos dos focos começam às margens das rodovias. O presidente do Sindicato Rural de Canarana, Lino Costa, reforça a necessidade de conscientização da população.
“Uma bituca de cigarro, um vidro deixado no acostamento ou até mesmo o reflexo do sol em objetos jogados na estrada podem causar um incêndio. O prejuízo é imenso. Por isso pedimos mais limpeza nas margens das rodovias e embaixo das redes de energia”, destaca.
A situação levou a Prefeitura a decretar emergência no último 13 de agosto, medida que vale por 120 dias e garante apoio logístico e legal aos produtores. Caminhões-pipa, brigadistas e relatórios técnicos passam a reforçar o combate.
Apesar da gravidade, há sinais de esperança. Dados do Inpe mostram que, entre janeiro e julho deste ano, Mato Grosso registrou 4.555 focos de incêndios, uma queda de 40% em relação a 2024. Ainda assim, em Canarana, onde o agro é mais que economia, é identidade, o alerta segue ligado.
“O fogo não é culpa do produtor. Muitas vezes vem de fora, de cabos de energia ou escapamentos de caminhões. Nosso papel é cuidar, proteger e antecipar ações. Porque cuidar da terra é cuidar de toda a população de Canarana”, conclui o secretário Gildomar Avrella.
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