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Prejuízo, contratos rompidos e disputa na classificação marcam a safra de gergelim em Canarana

A temporada de gergelim em Canarana (MT), maior polo produtor do país, escancarou fragilidades na cadeia. Produtores relatam quebra de contratos, mudanças nas regras de classificação e atrasos nos pagamentos, fatores que pressionam a rentabilidade e aumentam a desconfiança em relação às empresas compradoras.
O agricultor Geraldo Delai, que cultivou 1.054 hectares nesta safra, diz ao Patrulheiro Agro desta semana que a produtividade ficou estável em cerca de 700 quilos por hectare, mas a renda líquida caiu em torno de 10%. Segundo ele, a alteração nos critérios de impureza prejudicou a comercialização.
“Até o ano passado, tínhamos tolerância de 7% de impureza. Agora, mesmo com pré-limpeza, o índice saltou para 8%. É injusto mudar a regra no meio do caminho. Isso derruba a credibilidade”, afirmou.
A avaliação é compartilhada pelo presidente do Sindicato Rural de Canarana, Lino Costa, que reconhece “exageros” por parte de algumas empresas na classificação.
“Muita carga foi rejeitada. O produtor precisou levar o grão para outros armazéns, fazer limpeza e depois retornar. Precisamos construir um padrão de classificação justo, como ocorre na soja, onde há classificadores credenciados pelo Mapa”, defendeu.
A área plantada no município chegou a 120 mil hectares, segundo o Sindicato. Mas, apesar da expansão, a comercialização trouxe incertezas. Empresas compradoras romperam contratos firmados antecipadamente, empurrando parte dos pagamentos para 2026.
Para o vice-presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir-MT), Marcos da Rosa, a situação expõe a vulnerabilidade do produtor.
“Algumas companhias pagaram apenas uma parte à vista e deixaram o restante para fevereiro do ano que vem, com valores menores. O produtor entrega porque não tem alternativa. O resultado é um ano difícil, de contratos quebrados e atrasos que beiram o trabalho análogo à escravidão”, criticou.
O impacto extrapola a porteira. “Quando a empresa não cumpre o contrato, o prejuízo atinge o comércio local e todo o município”, acrescentou Lino Costa.

Além da disputa pela classificação, a pressão logística também complicou a safra. O aumento da área plantada em outras regiões do Centro-Oeste e no Matopiba gerou filas para descarregar em Canarana, atrasando ainda mais a entrega.
Na próxima edição do Patrulheiro Agro, o programa mostra as justificativas das empresas para as regras mais duras na classificação, além da queda nos preços do gergelim e os transtornos vividos por produtores de fora que tentaram entregar a safra em Canarana.
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Congresso de Agronomia: produtividade com sustentabilidade

A engenharia agrônoma e toda a cadeira produtiva do agro brasileiro volta o foco para Maceió, Alagoas, a partir deste dia 14 de outubro, para difundir conhecimento, inovação e experiências que pretendem moldar o futuro da agronomia no Brasil. Em sua trigésima quarta edição, o Congresso Brasileiro de Agronomia – CBA 2025 – tem como tema Produtividade com Sustentabilidade.
Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), através da Sociedade dos Engenheiros Agrônomos de Alagoas (Seagra) realiza o evento com 6 salas temáticas simultâneas, mais de 65 palestras e painéis, mais de 300 trabalhos científicos apresentados, 130 palestrantes especialistas entre eles, Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e embaixador da FAO para o cooperativismo, falando sobre o tema: O Engenheiro Agrônomo do Futuro, e Aldo Rebelo, ex-ministro, que falará sobre “A Importância do Engenheiro Agrônomo para a Segurança Alimentar”.
Entre os temas também figuram os debates, trabalhos e exposições do evento a nanotecnologia e robótica para agricultura sustentável, startups e inovação no campo, agronomia como protagonista da transição energética, políticas públicas, e muito mais.
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Aprosoja-MT pede revisão na MP que renegocia dívidas rurais

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) cobrou do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) a revisão dos critérios de acesso ao crédito rural previstos na Medida Provisória nº 1.314/2025, que renegocia dívidas rurais.
A entidade enviou ofício à pasta defendendo que os bancos possam avaliar individualmente os pedidos de produtores, com base em comprovação técnica de perdas, sem restrições territoriais impostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Critérios territoriais e impacto no campo
Publicada em setembro, a MP 1.314/2025 criou linhas de crédito com juros subsidiados entre 2% e 6% ao ano para produtores que tiveram perdas em duas ou mais safras entre 2020 e 2025 por causa de eventos climáticos extremos. As regras do CMN, no entanto, limitam o acesso aos produtores localizados em municípios listados pelo Ministério da Agricultura, de acordo com percentuais médios de perdas apurados pelo IBGE.
Para a Aprosoja-MT, o critério desconsidera casos de perdas comprovadas fora desses recortes estatísticos. A entidade afirma que a medida acaba excluindo agricultores que enfrentaram seca, excesso de chuva e queda nos preços da soja e do milho, comprometendo a viabilidade econômica das propriedades.
“Produtores com laudos técnicos e comprovação de prejuízos deveriam ter o mesmo direito ao crédito equalizado. O objetivo é garantir fôlego financeiro para continuar produzindo”, afirmou Diego Bertuol, diretor administrativo da Aprosoja-MT.
Endividamento e burocracia
Dados do Banco Central mostram que cerca de 15% da carteira de crédito rural de Mato Grosso, o equivalente a R$ 14 bilhões, está em atraso ou renegociação. Segundo a Aprosoja, o cenário reforça a necessidade de juros acessíveis e prazos adequados, conforme previsto na MP.
Bertuol também destacou a burocracia e as exigências excessivas como entraves ao crédito rural. “A demora nos processos, a falta de recursos e as altas garantias exigidas impedem o acesso às linhas emergenciais. Em muitos casos, bastaria o alongamento das dívidas com carência e prazos adequados para evitar a falência de produtores”, afirmou.
Pedido de revisão
A entidade solicita que o Mapa reavalie as normas complementares e autorize expressamente as instituições financeiras a realizarem a análise individualizada dos pedidos de crédito, conforme a comprovação técnica das perdas. Para a Aprosoja-MT, o foco da MP deve permanecer em atender produtores em situação de vulnerabilidade, independentemente da localização geográfica.
Caso os critérios não sejam revistos, produtores afetados por secas, chuvas intensas e incêndios podem ser obrigados a renegociar suas dívidas em linhas de mercado, com juros superiores a 16% ao ano, o que, segundo a entidade, aumentaria o risco de insolvência no campo.
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Agricultura regenerativa cresce no Cerrado e melhora resultados nas lavouras

O Cerrado brasileiro passa a ganhar protagonismo na agricultura regenerativa. O projeto Regenera Cerrado, iniciativa do Fórum do Futuro em parceria com universidades e empresas, concluiu a primeira fase em setembro, abrangendo mais de 8 mil hectares de fazendas no sudoeste de Goiás.
Durante essa etapa, foram validadas práticas que diminuíram o uso de insumos químicos, como fertilizantes (-20%), fungicidas (-30%) e inseticidas (-50%), ao mesmo tempo em que aumentaram o uso de bioinsumos e técnicas de controle biológico, mantendo a produtividade das culturas de soja e milho.
O projeto também monitorou serviços ecossistêmicos, como a preservação de polinizadores, mostrando aumento de produtividade próximo a áreas de mata nativa, e melhorias na estruturação do solo e na mitigação de gases de efeito estufa.
Agora, a segunda fase do Regenera Cerrado, iniciada em outubro, ampliará o estudo para cinco pilares: saúde do solo e da água, práticas agrícolas regenerativas, conservação da biodiversidade, produção de alimentos seguros e sustentáveis e fortalecimento do mercado regenerativo.
O objetivo é coletar dados integrados sobre solo, biodiversidade, polinização, carbono, fitossanidade e qualidade dos grãos, consolidando evidências para ampliar a adoção de práticas regenerativas em todo o país.
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