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Sem espaço, milho se acumula na reta final da colheita em Mato Grosso

A colheita do milho segunda safra entra na reta final no norte de Mato Grosso. Apesar do bom desempenho das lavouras, o cenário não é de tranquilidade. A alta umidade, devido às chuvas em junho, a falta de espaço para armazenagem e a queda no preço do grão pressionam os produtores e aumentam cada vez mais os riscos de prejuízos.
No município de Peixoto de Azevedo as máquinas avançam pelos últimos talhões da Fazenda Santa Margarida. Na propriedade, segundo o gerente de produção Daniel Batista Hoffmann, foram cultivados 12,6 mil hectares com milho na segunda safra 2024/25.
O clima, pontua ele ao projeto Mais Milho, do Canal Rural Mato Grosso, até favoreceu com o desenvolvimento das plantas, trazendo boas expectativas de produtividade. Contudo, o otimismo no campo esbarra em dois velhos problemas do campo: a falta de estrutura para armazenar o grão e a logística considerada precária fora da porteira, limitando o escoamento da produção.
O gerente de produção conta à reportagem que a capacidade de armazenamento no local é de 720 mil sacas e que já estão com todos os silos cheios. “A única alternativa que está nos restando é jogar milho no chão, deixando a céu aberto”, diz Daniel Hoffmann.
Mas, tal alternativa gera risco de perda de qualidade do grão. “Fizemos um planejamento de venda antecipada de 70% da nossa produção para evitar esse tipo de situação que já vem recorrente de anos anteriores. Mas, não foi possível evitar. Desses 70% apenas 19% foram retirados até o momento”.
As dificuldades dos caminhões em descarregar no porto de recebimento de grãos é um dos fatores apontados por Daniel Hoffmann para a situação. “Vem criando quilômetros e quilômetros de fila de caminhões aguardando para descarga até mesmo de suspender os desembarques aqui na nossa região. E, vale ressaltar que na nossa região a infraestrutura de armazéns gerais para recebimento de grãos também é bem escassa. A estrada já melhorou muito, mas tem muita coisa a ser melhorada ainda que está afetando a nossa produção”.
O problema enfrentado na Fazenda Santa Margarida se repete em outras propriedades da região. A alternativa buscada pelos produtores para não deixar o milho à céu aberto, comenta Daniel Hoffmann, tem sido colocar o cereal em silos bolsas.
Produtores colhem à noite para driblar calor
No município de Cláudia, alguns produtores estão trabalhando em dois turnos para driblar o tempo, a falta de estrutura e o risco de perdas.
“A gente tem evitado colher muito no horário de sol quente, porque o risco de incêndio é muito grande. Então à noite acaba sendo até melhor”, explica o agricultor Ivan Max Hoffmann.
De acordo com ele, os trabalhos na lavoura chegam a caminhar até às 21 horas, 22 horas. “Enquanto está indo bem, não está embuchando a gente está colhendo. Ainda tem sido um desafio para nós essa questão de armazenagem. É um desfalque muito grande, teria que dobrar ou triplicar a capacidade de armazenagem”.

Feliz Natal e Vera registram atraso no milho
Enquanto algumas máquinas no estado trabalham sob as estrelas para salvar a produção, nos municípios de Vera e Feliz Natal o excesso de umidade no milho e a falta de armazéns obrigam os produtores a esperar o milho secar no pé ou vender o grão por um preço abaixo do considerado ideal.
Presidente do Sindicato Rural que atende aos dois municípios, Rafael Bilibio relata que a colheita está atrasada em relação ao ano passado devido à alta umidade no cereal.
“Nós não temos armazéns suficientes na região para receber essa produção nem para secar elas. Então, os armazéns não conseguem receber e o produtor se obriga a vender ele a um preço baixo, porque ele não tem onde botar o milho. Aí produtor tem que dar uma reduzida no ritmo”.
Nem mesmo quem investiu em estrutura própria consegue escapar dos impactos. A família Strapasson, que ainda tem 400 hectares por colher, sente na pele os gargalos da logística.
“Todos os outros anos deu certo começar a colher o milho seco e ir até o final tudo sequinho. Esse ano tivemos que secar a metade da produção que não secou no campo. Os contratos que fazemos as empresas não conseguem cumprir, devido ao fluxo do escoamento da colheita, que está sendo muito agressivo esses dias por não ter armazém suficiente. A logística fica difícil. Estamos parados esperando embarcar milho para arrumar espaço para botar mais milho para dentro”, diz Thiago Strapasson.
A colheita do milho, como destacado pelo Canal Rural Mato Grosso, atingiu na última semana 77,26% dos 7,13 milhões de hectares plantados nesta segunda safra. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta atraso em relação à média das últimas cinco safras, de 86,81%. Na comparação com o ano passado, a diferença chega a 19,36 pontos percentuais.
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Venezuela deve começar a cobrar tarifas de 77% sobre produtos do Brasil

Em um comunicado surpresa nessa sexta-feira (25), a Venezuela anunciou que passará a cobrar tarifas aduaneiras de 77% sobre produtos brasileiros.
A sobretaxa atinge, principalmente, o óleo e o grão de soja vendidos ao país vizinho, mas também margarina, farinha, cacau, cana-de-açúcar e produtos lácteos e afeta, sobretudo, os exportadores que escoam esses produtos por Roraima.
Desta forma, a medida atinge bens com certificados de origem que, conforme acordos firmados anteriormente, deveriam estar isentos de alíquotas de importação.
A Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier) foi informada que a cobrança também atingiu Argentina, Paraguai e Uruguai, os demais sócios do Mercosul.
O comentarista do Canal Rural Miguel Daoud lembra que a Venezuela está suspensa do bloco desde 2017 por descumprimento de normas democráticas acordadas entre os membros.
“Portanto, não tem legitimidade para manipular regras comerciais em nome do bloco regional. Mesmo assim, continuava usufruindo de benefícios tarifários com base no Acordo de Complementação Econômica (ACE-69), do qual agora também desvirtua os termos”, destaca.
Em 2024, o Brasil alcançou superávit de quase US$ 778 milhões com o país vizinho, o equivalente a R$ 4,3 bilhões com o país vizinho.
Em entrevista à CBN, o assessor econômico da Fier Fábio Martinez afirmou que a cobrança de taxas extras pode inviabilizar investimentos na região.
“A Federação da Indústria ainda não fez o cálculo. A gente tem ali em torno de 70% das nossas exportações que vão para Venezuela. Então teremos algum impacto considerável, mas a gente está esperando para verificar de fato se essa tarifa foi uma coisa definitiva por parte do governo venezuelano ou só transitória. Claro que o foco principal dessa indústria está na Guiana e no Caribe, mas o mercado venezuelano é muito importante para a gente e se a gente tiver de fato essa incidência dessa taxa, isso acaba inviabilizando talvez novos projetos de indústria que foquem no mercado venezuelano”, ressaltou.
De acordo com a federação, os produtos comercializados para a Venezuela já sofriam uma cobrança de 17%. Agora, no caso da soja, que é o item mais exportado, a cobrança extra será de até 77%.
A Fier ainda aguarda um posicionamento das autoridades venezuelanas para identificar as causas da cobrança das tarifas.
A dívida da Venezuela com o Brasil é, atualmente, superior a R$ 9 bilhões por conta de financiamentos via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros mecanismos.
“Ainda assim, escolhe hostilizar o único país que lhe estendeu apoio político contínuo nas últimas décadas. O presidente Lula sempre defendeu o diálogo com Caracas e, em diversos momentos, usou o prestígio diplomático brasileiro para blindar o regime de Nicolás Maduro em fóruns internacionais”, ressalta Daoud.
Para ele, a medida tarifária venezuelana é uma tentativa desesperada de proteger seu mercado interno, marcado por hiperinflação e desabastecimento crônico. “Em vez de fortalecer laços com os poucos países que ainda lhe estendem a mão, Maduro decide punir o Brasil, prejudicando diretamente pequenos e médios produtores brasileiros da fronteira.”
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que tem acompanhado, em coordenação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, os relatos sobre dificuldades enfrentadas por exportadores brasileiros na Venezuela.
Contudo, a nota do Itamaraty não faz menção a tarifas impostas pelo governo de Nicolás Maduro porque ainda não há uma confirmação oficial do governo venezuelano de imposição das tarifas ao Brasil.
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Aplicativo ajuda a reduzir o uso de defensivos nas lavouras

De olho no smartphone, produtores de algodão e soja do oeste da Bahia podem diminuir o uso de defensivos, reduzindo o custo de produção e o risco de danos ao meio ambiente. Na tela do celular, ou do computador, uma ferramenta mostra quando é realmente necessário aplicar produtos na lavoura, combinando dados climáticos e estatísticas de ocorrência de duas ameaças às culturas: a mancha-da-ramulária do algodoeiro e a ferrugem-asiática da soja.
Desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), a ferramenta funciona por meio de um aplicativo e de uma plataforma online. Chamada de MonitoraOeste, a tecnologia inicialmente contemplava apenas informações sobre as duas doenças causadas por fungos, cujos prejuízos às lavouras podem superar 75%. Depois, passou a reunir informações também sobre a principal praga da cotonicultura, o bicudo, capaz de reduzir as colheitas em até 87%.
A Abapa monitora a presença das três doenças no campo, inclusive por meio de armadilhas. Todos os dados desses levantamentos são inseridos no MonitoraOeste, o que permite ao produtor visualizar rapidamente, no celular, como está o nível de ocorrência das doenças e do bicudo em sua localidade.
O sistema também gera notificações de cada nova ocorrência registrada e reúne dados de estações meteorológicas instaladas na região. Com essas informações, a tecnologia usa um modelo matemático que as analisa e gera mapas de favorabilidade. Eles indicam, em tempo real, se há probabilidade de as doenças surgirem e se desenvolverem a cada período.
Os dados permitem aos produtores decidir quando aplicar ou não defensivos, a partir das condições locais. O pesquisador da Embrapa Territorial (SP) Julio Cesar Bogiani afirma que três fatores são necessários para a proliferação de doenças nas lavouras: presença do agente causador, dos hospedeiros (as plantas) e condições climáticas favoráveis.
O que o MonitoraOeste faz é reunir dados e transformá-los em informações sobre essas condições para mostrar quando o ambiente está mais propício ao desenvolvimento das doenças. Assim, ajuda o produtor a tomada de decisões.
Sem essas informações, os agricultores acabam adotando um calendário fixo definido pelos fabricantes dos defensivos. Com os índices de favorabilidade fornecidos pelo aplicativo, eles conseguem fazer aplicações de forma mais racional.
Em anos com baixa probabilidade de ocorrência das doenças, podem reduzir uma, duas ou mais aplicações, mantendo a eficiência do controle fitossanitário, detalha o pesquisador. Bogiani ainda chama a atenção para a disponibilização de dados em tempo real, característica fundamental do MonitoraOeste para a assertividade na decisão do produtor.
O MonitoraOeste pode ser utilizado gratuitamente por agricultores da região. “Estamos levando essa funcionalidade do aplicativo para todos da cadeia produtiva, mostrando que eles devem baixar para consultar a qualquer momento”, anuncia o gerente do programa fitossaniário da Abapa, Antônio Carlos Araújo.
Ele destaca a utilidade de ter, na palma da mão, mapas como o da ocorrência do bicudo do algodoeiro, para saber quando agir, evitando prejuízos, seja uma infestação da lavoura por falta de ação quando necessário seja pelo desperdício de produtos aplicados em momento inadequado.
Há outros benefícios também como o aumento da produtividade e a redução do potencial de resistência dos fungos causadores das doenças aos fungicidas. Técnicos da Abapa, ouvidos pela Embrapa no processo de avaliação do impacto da tecnologia, enfatizaram a contribuição dela para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e para a conservação de habitats e recursos genéticos. Assim, a redução no número de aplicações de defensivos reduz o uso de maquinários movidos a combustíveis fósseis e reduz o risco de contaminação de ambientes e pessoas.
A pesquisadora da Embrapa Celina Maki Takemura destaca a rede de pessoas envolvidas como ponto forte do produto. “Produtores, técnicos, pesquisadores e instituições trocando informação, ajudando-se mutuamente e mantendo o sistema funcionando. Essa colaboração constante é o que mantém a ferramenta viva e relevante. Não é só um aplicativo — é um esforço coletivo”, observa. “O projeto nasceu de uma demanda real do campo e continua sendo construído junto com quem usa. Isso faz diferença”, complementa a cientista.
“Ficou evidente a importância que os técnicos entrevistados atribuem ao sistema”, avalia o pesquisador Juan Diego Ferelli de Souza, da área de Transferência de Tecnologias da Embrapa Territorial. “O relatório de avaliação de impactos do Monitora Oeste demonstra a importância de soluções práticas e confiáveis para auxiliar os produtores rurais, apoiando o processo de tomada de decisões e contribuindo para o aumento da produtividade e para a redução dos custos e dos riscos da produção”.
*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo
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Venezuela deve começar a cobrar 77% de tarifas sobre produtos do Brasil

Em um comunicado surpresa nessa sexta-feira (25), a Venezuela anunciou que passará a cobrar tarifas aduaneiras de 77% sobre produtos brasileiros.
A sobretaxa atinge, principalmente, o óleo e o grão de soja vendidos ao país vizinho, mas também margarina, farinha, cacau, cana-de-açúcar e produtos lácteos e afeta, sobretudo, os exportadores que escoam esses produtos por Roraima.
Desta forma, a medida atinge bens com certificados de origem que, conforme acordos firmados anteriormente, deveriam estar isentos de alíquotas de importação.
A Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier) foi informada que a cobrança também atingiu Argentina, Paraguai e Uruguai, os demais sócios do Mercosul.
O comentarista do Canal Rural Miguel Daoud lembra que a Venezuela está suspensa do bloco desde 2017 por descumprimento de normas democráticas acordadas entre os membros.
“Portanto, não tem legitimidade para manipular regras comerciais em nome do bloco regional. Mesmo assim, continuava usufruindo de benefícios tarifários com base no Acordo de Complementação Econômica (ACE-69), do qual agora também desvirtua os termos”, destaca.
Em 2024, o Brasil alcançou superávit de quase US$ 778 milhões com o país vizinho, o equivalente a R$ 4,3 bilhões com o país vizinho.
Em entrevista à CBN, o assessor econômico da Fier Fábio Martinez afirmou que a cobrança de taxas extras pode inviabilizar investimentos na região.
“A Federação da Indústria ainda não fez o cálculo. A gente tem ali em torno de 70% das nossas exportações que vão para Venezuela. Então teremos algum impacto considerável, mas a gente está esperando para verificar de fato se essa tarifa foi uma coisa definitiva por parte do governo venezuelano ou só transitória. Claro que o foco principal dessa indústria está na Guiana e no Caribe, mas o mercado venezuelano é muito importante para a gente e se a gente tiver de fato essa incidência dessa taxa, isso acaba inviabilizando talvez novos projetos de indústria que foquem no mercado venezuelano”, ressaltou.
De acordo com a federação, os produtos comercializados para a Venezuela já sofriam uma cobrança de 17%. Agora, no caso da soja, que é o item mais exportado, a cobrança extra será de até 77%.
A Fier ainda aguarda um posicionamento das autoridades venezuelanas para identificar as causas da cobrança das tarifas.
A dívida da Venezuela com o Brasil é, atualmente, superior a R$ 9 bilhões por conta de financiamentos via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outros mecanismos.
“Ainda assim, escolhe hostilizar o único país que lhe estendeu apoio político contínuo nas últimas décadas. O presidente Lula sempre defendeu o diálogo com Caracas e, em diversos momentos, usou o prestígio diplomático brasileiro para blindar o regime de Nicolás Maduro em fóruns internacionais”, ressalta Daoud.
Para ele, a medida tarifária venezuelana é uma tentativa desesperada de proteger seu mercado interno, marcado por hiperinflação e desabastecimento crônico. “Em vez de fortalecer laços com os poucos países que ainda lhe estendem a mão, Maduro decide punir o Brasil, prejudicando diretamente pequenos e médios produtores brasileiros da fronteira.”
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que tem acompanhado, em coordenação com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, os relatos sobre dificuldades enfrentadas por exportadores brasileiros na Venezuela.
Contudo, a nota do Itamaraty não faz menção a tarifas impostas pelo governo de Nicolás Maduro porque ainda não há uma confirmação oficial do governo venezuelano de imposição das tarifas ao Brasil.
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