MaisAgro
STJ determina que ‘barões do agro’ paguem multa social por desmate na Amazônia de MT

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu provimento ao Recurso Especial interposto pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) e reconheceu a existência de dano moral coletivo ambiental decorrente do desmatamento ilegal de 126,43 hectares de floresta nativa na região da Amazônia Legal, em imóvel rural no município de Aripuanã (a 1.002 km de Cuiabá).
A decisão da Segunda Turma reformou acórdão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que havia negado a indenização por entender que o abalo à coletividade não estaria suficientemente demonstrado.
O relator, ministro Teodoro Silva Santos, afirmou que, conforme jurisprudência consolidada do STJ, “o dano moral coletivo em matéria ambiental é presumido”, ou seja, decorre da própria violação ao meio ambiente, sendo desnecessária a comprovação de perturbação social ou sofrimento subjetivo da comunidade. O STJ também destacou que a responsabilização por danos ambientais é objetiva, sendo suficiente a constatação da conduta lesiva para ensejar a obrigação de indenizar.
Diante desse entendimento, o STJ determinou o retorno dos autos ao TJMT para fixação do valor da reparação, considerando a extensão da degradação ambiental e demais circunstâncias do caso concreto.
A Decisão reafirma a proteção jurídica do meio ambiente como direito fundamental da coletividade e assegura resposta reparatória aos danos extrapatrimoniais causados pela destruição da floresta amazônica.
O recurso foi elaborado e apresentado pelo Núcleo de Apoio para Recursos aos Tribunais Superiores (Nare) do MPMT, órgão que tem a missão de prestar suporte técnico e jurídico aos procuradores de Justiça na interposição de recursos aos Tribunais Superiores, especialmente em decisões contrárias ao entendimento institucional.
Agro Mato Grosso
Como os pulgões vencem as defesas naturais das plantas I MT

Pesquisa revela estratégias moleculares e comportamentais para neutralizar compostos tóxicos produzidos por culturas agrícolas
Estudo detalhou como os pulgões superam os compostos tóxicos defensivos produzidos por plantas. Esses compostos, chamados metabólitos secundários (PSMs), deveriam funcionar como uma barreira natural contra pragas. Mas os pulgões desenvolvem mecanismos de resistência que reduzem a eficácia das substâncias.
Pesquisadores da Universidade de Yangzhou, na China, apresentaram revisão sobre os mecanismos fisiológicos, bioquímicos e comportamentais que permitem aos pulgões sobreviver, se multiplicar e continuar a transmitir vírus mesmo sob pressão de defesas vegetais complexas.
Enzimas contra venenos
As plantas produzem compostos químicos como terpenoides, fenóis e alcaloides que atuam como inseticidas naturais. Em resposta, os pulgões ativam enzimas de desintoxicação, como as citocromo P450, transferases de glutationa (GSTs) e UDP-glicosiltransferases (UGTs), capazes de neutralizar os efeitos tóxicos desses compostos.
O processo ocorre em três fases.
Primeiro, as toxinas sofrem transformações químicas para se tornarem mais solúveis.
Em seguida, essas substâncias são ligadas a outras moléculas que facilitam sua eliminação.
Por fim, o organismo excreta os resíduos por transportadores de membrana celular, como os ABC transporters.

A pesquisa destaca que as enzimas antioxidantes também ajudam os pulgões a suportar o estresse oxidativo causado pelos metabólitos das plantas. Essa combinação bioquímica contribui para a sobrevivência e reprodução dos insetos, mesmo em ambientes hostis.
Bactérias aliadas
Os pulgões também contam com bactérias simbióticas que potencializam suas defesas. Algumas dessas bactérias, como Hamiltonella defensa e Regiella insecticola, interferem nas defesas hormonais das plantas, reduzindo a produção de compostos tóxicos ou neutralizando a resposta do sistema vegetal.
Em experimentos, pulgões com determinadas bactérias simbióticas demonstraram maior sobrevivência em cultivares naturalmente tóxicos. Em casos mais extremos, essas bactérias são capazes de metabolizar inseticidas sintéticos e compostos naturais presentes em folhas e caules.
Efeito viral
Além das enzimas e das bactérias, os pulgões também se beneficiam da ação de vírus que transmitem às plantas.
Muitos desses vírus enfraquecem as defesas vegetais ao suprimir vias hormonais importantes, como as de ácido jasmônico e ácido salicílico.
O resultado é duplo: plantas menos resistentes e maior atratividade para novos pulgões. Em testes com plantas infectadas por vírus como o Turnip mosaic virus ou o Potato leafroll virus, os insetos apresentaram aumento na fecundidade e maior tempo de permanência sobre a planta.
Comportamento estratégico
O comportamento dos pulgões também contribui para o sucesso da infestação. Eles evitam tecidos vegetais ricos em compostos tóxicos e preferem variedades com menor teor de PSMs. Essa seleção ocorre durante a alimentação, quando os insetos sondam os tecidos com seus estiletes e recuam diante de sinais químicos indesejáveis.

Certas linhagens ou haplótipos de pulgões mostram preferência por cultivares específicas. Essa seleção reflete não apenas adaptação fisiológica, mas também uma capacidade comportamental refinada para escapar de defesas vegetais mais eficazes.
Sequestro químico
Em algumas espécies, os pulgões acumulam compostos tóxicos das plantas sem sofrer efeitos adversos. O sequestro de metabólitos secundários, como glucosinolatos e alcaloides, pode inclusive servir como mecanismo de defesa contra predadores.
O pulgão Brevicoryne brassicae, por exemplo, armazena compostos de mostarda em seu corpo e libera substâncias tóxicas quando atacado.
Esse comportamento transforma o inseto em uma espécie de “bomba química ambulante”.
Em outras espécies, como Acyrthosiphon pisum, o sequestro de compostos como L-DOPA mostrou efeitos antioxidantes e até reparação tecidual.
Outras informações em doi.org/10.1093/hr/uhaf267
Business
Veja como os micróbios ajudam plantas a crescer em solos pobres em enxofre

Pesquisadores descobriram que competição libera substância que estimula o crescimento vegetal
Cientistas do Centro de Pesquisa em Biofilmes e Microbiomas (Scelse) e da Universidade Nacional de Cingapura (NUS) identificaram mecanismo biológico que permite às plantas crescer mesmo em solos com deficiência de enxofre. Seu estudo mostra que a competição entre bactérias do solo leva à liberação de glutationa, composto que melhora o crescimento vegetal em condições de limitação de enxofre.
O processo envolve o que os pesquisadores chamam de “troca de aptidão entre reinos”. Nesse equilíbrio, microrganismos perdem parte de sua capacidade de multiplicação, enquanto as plantas ganham vigor. Essa interação química no rizosfera forma uma estratégia natural de cooperação e competição.
A equipe desenvolveu uma comunidade sintética com 18 tipos de bactérias capazes de restaurar o crescimento de Arabidopsis e de uma hortaliça da família das brássicas em solo com baixo teor de enxofre. O benefício se manteve mesmo quando pares bacterianos competiam intensamente, o que reforçou a vantagem para as plantas.
Segundo Arijit Mukherjee, primeiro autor do estudo, compreender essas trocas entre plantas e microrganismos permite criar soluções biológicas mais eficazes para a agricultura. A descoberta oferece um caminho para reduzir o uso de fertilizantes químicos e fortalecer sistemas agrícolas frente à escassez de nutrientes.
O enxofre é essencial para a formação de proteínas, vitaminas e compostos de defesa vegetal. A redução da poluição atmosférica diminuiu a reposição natural desse elemento no solo, levando produtores a depender de adubos sintéticos. A nova abordagem propõe uma alternativa sustentável: usar consórcios microbianos que recuperam a produtividade de forma natural.
O grupo já registrou patente para aplicar o mecanismo em produtos agrícolas. Segundo o pesquisador Sanjay Swarup, o método poderá viabilizar biofertilizantes que reduzem a dependência de insumos químicos e reforçam a segurança alimentar global.
Outras informações em doi.org/10.1016/j.chom.2025.09.007
Agro Mato Grosso
Exportações de carne bovina de MT para Argentina e Uruguai disparam I MT

Sobretaxa amercina abriu oportunidades em novos mercados à produção mato-grossense. Compras da China no estado também aumentaram, mas com pouca influência das tarifas.
A carne brasileira permanece fora da lista de exceções do tarifaço, que impõe taxa de 50%. O Brasil exportou 314,7 mil toneladas, um aumento de 25,1% em relação a setembro de 2024, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O Valdecir Francisco Pinto Junior, médico veterinário e analista de gestão da informação do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), disse que a baixa nas importações americanas dos produtos brasileiros favoreceram outros mercados regionais.
“Como Argentina e Uruguai também são, de certa forma, concorrentes com o Brasil no mercado americano e nossas importações para os americanos diminuíram, a deles aumentaram, com isso desabasteceu o mercado interno deles. Por isso, aumentaram as compras da nossa carne”, explicou.
Para a professora e economista da Fundação Getulio Vargas, Carla Beni, a relação dessa alta passa pela situação política e econômica dos países compradores.
“A Argentina está em processo de crise política e econômica que deixou o país caro em dólares. Então, a Argentina está importando carne do Brasil, e nem imaginávamos isso. A produção dela encareceu muito internamente, então, em alguma medida, está mais barato a importação. E o Uruguai está no fortalecimento maior do acordo com o Mercosul”, destacou.
Em agosto, foram 314 toneladas de carne bovina de Mato Grosso para a Argentina, enquanto em setembro o número saltou para 686 toneladas, uma alta de 118,47%. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Já para o Uruguai, em agosto, foram 59 toneladas e, em setembro, foram 151 toneladas de carne bovina, o que representa aumento de 55,63% (veja mais detalhes abaixo).
“A China já vinha aumentando as compras, geralmente no segundo semestre até para buscar fazer estoque com as festividades de fim de ano. Houve um aumento significativo em agosto e setembro, mas pode ser que tenha relação com tarifaço de Trump, porém não acredito que seja o único motivo”, afirmou Valdecir.
Em agosto, Mato Grosso exportou 54,50 mil toneladas de carne bovina aos chineses, enquanto em setembro esse número subiu para 60,46 mil toneladas, um aumento de quase 11%.
O professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Feldmann vai na mesma linha. “Acredito que o tarifaço tenha uma influência pequena. Porque houve uma aproximação geral do Brasil com a China, nos últimos meses nosso país vendeu mais aos chineses. Esse é um fato geral e o mercado chinês absorve cada vez mais nosso produtos. E o tarifaço de Trump nos aproximou mais dos chineses e os produtores também estão preocupados e procuraram novos mercados”, disse.
Seguno relatório de mercado do Imea, o estado abateu 656,31 mil cabeças de boi em setembro, o que representa uma queda de 0,67% em relação a agosto. No total, foram abatidos 367,37 mil cabeças de boi macho, o terceiro maior volume da série histórica.
“Esse cenário reflete a maior presença de machos em confinamento, que ampliou a oferta estadual. Ainda assim, os preços do boi gordo se mantiveram firmes, sustentados pela forte demanda externa”, explica o Imea.
Para o quarto trimestre, a expectativa é de estabilidade, mas o abate elevado de machos jovens pode reduzir a oferta a médio prazo, adicionando viés de alta às cotações, de acordo com o Imea.
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