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Mato Grosso forma líderes que brotam no agro

A cada dia, as novas gerações estão assumindo o legado dos pais, avós e gerações anteriores no campo. Tais novas lideranças trazem consigo uma visão mais técnica e tecnológica, sem deixar de lado o conhecimento daqueles que foram seus professores dentro de casa.
“Quando a agricultura era muito braçal, muitas famílias encontraram muitas dificuldades e perderam essa sucessão, e agora isso está voltando com essa tecnologia que está ajudando e facilitando”, diz o agricultor Jean Marcell Benetti.
Seu bisavô era um pequeno produtor de suínos que saiu do Rio Grande do Sul para Santa Catarina. A atividade teve continuidade com o seu avô, que migrou para a soja. Contudo, houve um salto de geração na sucessão.
“O meu avô teve três filhos, neles está minha mãe, e nenhum deles teve a vontade de seguir e aí deu salto para mim. De uma coisa que era só meu avô que fazia, hoje está minha avó, minha mãe e eu. A família está voltando. As pessoas estão vendo que é uma atividade que pode trazer um futuro melhor para a família. Hoje eu tenho dois meninos e com certeza a gente tem vontade que eles continuem esse legado do meu avô do meu bisavô”, diz Jean emocionado ao lembrar os passos do avô que faleceu há cerca de 10 meses.
Filhas cada vez mais assumindo a liderança
Lígia Pedrini é a mais velha de três irmãos. O do meio, formado em comércio exterior, trabalha com ela na gestão da fazenda da família, enquanto o caçula ainda estuda administração.
“Há muito tempo atrás o pai pensava em passar para o filho, mas vemos cada vez mais a participação das filhas, de mulheres agrônomas no campo querendo assumir essa responsabilidade, querendo assumir essa função dentro da fazenda, dentro da empresa da família. E, estamos tendo mais abertura para poder trabalhar com isso. E, isso é o legal da parte da sucessão. De entender os dons de cada filho e deixar a porta aberta”, pontua a produtora rural ao Patrulheiro Agro desta semana.
Lígia conta que ao entrar na propriedade levou uma visão “um pouco mais técnica”, entretanto os ensinamentos do seu pai foram de suma importância, “porque eu consegui entender que nem sempre a técnica responde a tudo. A prática traz muita sabedoria e meu pai tinha 40 anos de prática e 40 de sabedoria”.
De acordo com a agricultora Alen Daiana Paludo Molina, o que se vê hoje, também, além de uma maior presença das mulheres na liderança da sucessão, é um choque de realidade entre o modo como se plantava ontem e hoje com o avanço da tecnologia.
“A inteligência artificial está vindo aí com muita força. Os jovens dominam muito mais, então assim o produtor rural mais antigo tem certa dificuldade. Então, eles estão vindo com tudo para ajudar e complementar o trabalho em família”.

Liderança no campo também se cultiva
No maior estado produtor de alimentos do país, a liderança no campo também se cultiva. Em 2008 a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) criou a “Academia de Lideranças”. Mais de 450 produtores já passaram pela iniciativa voltada para o desenvolvimento e habilidades essenciais para quem quer fazer a diferença no meio rural.
Ao programa do Canal Rural Mato Grosso, o presidente da Associação, Lucas Costa Beber, explica que a Academia de Lideranças da entidade conta com quatro módulos e tem como intuito preparar as novas gerações para os desafios do setor.
O primeiro módulo trata do autoconhecimento do participante, enquanto o segundo atua na parte de mídia trainner visando a comunicação, não apenas para ter uma boa comunicação dentro para dentro da propriedade, mas também para momentos em que necessita se comunicar com o setor político e corporativo, por exemplo.
Participante da iniciativa da Aprosoja-MT, a agricultora Alen Daiana frisa que o seu objetivo é desenvolver o lado da comunicação, pois “muitos produtores têm dificuldade. A Academia de Liderança é um meio que a gente tem pra treinar, aprender e trocar experiência”.
“Aprendemos muita coisa nova e a gente consegue ter visões diferentes de ângulos diferentes da mesma coisa. Quero saber gerenciar minha família, gerenciar os nossos funcionários, poder agregar mesmo dentro da fazenda, eu quero poder ser a voz para minha comunidade também”, salienta a produtora Lígia Pedrini.
Jean Marcell ressalta que a parte de comunicação por parte das lideranças do segmento é de suma importância, uma vez que as redes sociais trouxeram à tona que muitas pessoas ainda não possuem conhecimento sobre o agronegócio e que estão falando pelo setor produtivo.
“Simplesmente porque elas têm seguidores e o agronegócio agora começou a ver que: ‘Espera aí, temos que começar a mostrar a nossa realidade. O que é verdadeiro’. A entidade veio para juntar as pessoas, juntar as ideias e dar esse suporte para que a gente tenha mais segurança para fazer isso aqui”.
Para o agricultor Maicon Rech, além da comunicação, a Academia de Lideranças “vem agregar muito valor para o nosso desenvolvimento pessoal em si”.
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Semana negativa para a soja em Chicago, com pressão da ampla oferta e clima favorável nos EUA

A semana foi marcada por fortes baixas no mercado internacional da soja. Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos futuros do grão encerraram o período pressionados por uma combinação de fatores: clima favorável ao desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos, ampla oferta global e o recente cessar-fogo entre Irã e Israel, que reduziu o temor de interrupções logísticas ou energéticas.
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Segundo o analista e consultor da Safras & Mercado, Rafael Silveira, os preços seguem sofrendo com o volume recorde vindo da América do Sul. “O Brasil já exportou 60,551 milhões de toneladas de soja na temporada 2024/25, e a Argentina, 22,337 milhões. Ambos ainda têm praticamente o dobro disso disponível para o mercado”, explica.
Pressão no mercado físico brasileiro
No Brasil, o cenário externo somou-se à valorização do real frente ao dólar, provocando pressão adicional sobre os preços internos. A semana foi de negócios pontuais, sem grande movimentação. Em Rondonópolis (MT), os preços indicativos fecharam a R$ 115 por saca (FOB) para entrega em junho. Já em Lucas do Rio Verde, as ofertas de compra ficaram entre R$ 110 por saca, com o mesmo prazo de pagamento.
Foco na próxima semana da soja
As atenções do mercado se voltam agora para os relatórios do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que serão divulgados na segunda-feira, dia 30. Serão apresentados dados atualizados sobre a área plantada com soja e os estoques trimestrais em 1º de julho.
A expectativa de analistas e corretores internacionais é de estoques de 971 milhões de bushels, ligeiramente acima dos 970 milhões registrados no mesmo período do ano passado. Em março, o estoque era de 1,910 bilhão de bushels.
Já a área plantada com soja em 2025 deve atingir 83,648 milhões de acres, superando levemente a intenção divulgada em março (83,495 milhões), mas ainda abaixo da área efetiva de 2024 (87,050 milhões). As estimativas variam entre 83 e 85 milhões de acres, segundo analistas consultados.
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Safra global de grãos terá alta em 2025/26 puxada pelo milho

O Conselho Internacional de Grãos (IGC) elevou sua projeção para a produção mundial de grãos em 2025/26 para 2,377 bilhões de toneladas, crescimento de 3% sobre o ciclo 2024/25 e alta de 2 milhões de toneladas ante o relatório divulgado no mês passado.
O volume marca uma recuperação significativa após o período de contração em 2024/25, com impulso principalmente do milho.
O consumo global foi ajustado para 2,373 bilhões de toneladas, alta mensal de 1 milhão de toneladas, devido ao crescimento nas demandas para alimentação, ração e uso industrial. Os estoques finais foram projetados em 586 milhões de toneladas, acréscimo de 1 milhão de toneladas sobre a previsão passada.
As reservas mundiais devem crescer pelo segundo ano consecutivo, apesar da nova queda nos estoques de trigo, refletindo o aumento da produção e o leve crescimento dos estoques de milho nos Estados Unidos.
O comércio internacional de grãos em 2025/26 deve alcançar 430 milhões de toneladas, alta de 2% ante 2024/25, impulsionado principalmente por maiores embarques de trigo.
A projeção para a produção global de soja em 2025/26 foi mantida em 428 milhões de toneladas, com aumento anual de 1% e novo recorde, impulsionado por maiores colheitas na América do Sul. O consumo foi mantido em 427 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais subiram 1 milhão de toneladas no comparativo mensal, para 83 milhões de toneladas.
Apesar da leve queda prevista nas reservas totais, os principais exportadores podem acumular volumes próximos ao maior nível em sete anos. O comércio global deve crescer ligeiramente, para o recorde de 183 milhões de toneladas.
A estimativa para a produção mundial de arroz em 2025/26 foi elevada em 3 milhões de toneladas ante o mês anterior, para 544 milhões de toneladas, impulsionada por ganhos na Índia e nos cinco maiores produtores. O consumo deve subir 1%, e os estoques globais cresceram 5 milhões de toneladas na comparação mensal, com destaque para o avanço das reservas indianas, que se aproximam de 50 milhões de toneladas. As exportações seguem projetadas no pico de 60 milhões de toneladas.
A produção de lentilhas deve avançar 2% em 2025/26, após forte crescimento no ano anterior. A ampliação da oferta pode sustentar aumentos no consumo e nos estoques. O comércio global em 2025 foi reduzido em 4%, para 4,7 milhões de toneladas, refletindo a menor demanda da Índia. A previsão para 2026 é de estabilidade nesse patamar.
Safra 2024/25
Para a temporada 2024/25, o IGC elevou em 3 milhões de toneladas a estimativa de produção global de grãos, para 2,313 bilhões de toneladas, devido exclusivamente à revisão para cima do milho. Apesar da alta, o volume permanece inferior ao de 2023/24, de 2,319 bilhões de toneladas.
O consumo foi ajustado para 2,328 bilhões de toneladas e os estoques subiram para 582 milhões de toneladas, o que ainda representa queda de 24 milhões de toneladas no comparativo anual.
A projeção de comércio foi elevada em 5 milhões de toneladas, para 423 milhões de toneladas, com foco no trigo. Segundo o conselho, a oferta total de grãos continua apertada, com estoques globais estimados no menor patamar em dez anos.
O milho deve encerrar 2024/25 com 276 milhões de toneladas estocadas, 19 milhões de toneladas abaixo do registrado no ciclo anterior. Para o trigo, os estoques foram ajustados para 268 milhões de toneladas, com produção estimada em 798 milhões de toneladas e consumo em 802 milhões de toneladas.
O IGC também atualizou seu índice global de preços de grãos e oleaginosas (GOI), que caiu 2% em junho. O recuo foi puxado pelas cotações de milho, com queda de 7%; arroz, com baixa de 3%; e cevada, diante de oferta robusta e fraca demanda global.
O subíndice do trigo também caiu 2% com a pressão da colheita no Hemisfério Norte. Já o índice da soja ficou estável, com variações mistas entre as principais origens.
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Ibrafe e USDBC alinham e cooperação internacional em prol dos feijões

Na última semana, acompanhei no interior do Paraná a visita do United States Dry Bean Council (USDBC), o conselho americano que há décadas promove o consumo de feijões nos Estados Unidos e no mundo. Vieram avaliar nossa safra de feijão-preto — um dos destaques das exportações brasileiras — e trouxeram algo ainda mais valioso: disposição para compartilhar conhecimento, ideias e experiências.
O USDBC é um exemplo global de estratégia bem-sucedida de promoção. Nos EUA, eles não apenas fortalecem as exportações, mas também estimulam o consumo interno com campanhas educativas, divulgação de receitas, informações nutricionais e parcerias locais, incluindo escolas. Trabalham lado a lado com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e governos estrangeiros para abrir mercados, organizar eventos e compartilhar conhecimento técnico. É uma política de longo prazo que valoriza o produto, gera renda para produtores e torna o Feijão um alimento presente na mesa das famílias americanas.
Esse contraste entre a abordagem americana e nossa realidade salta aos olhos. Historicamente, o agro brasileiro foi marcado pelo individualismo: cada produtor vendo o outro mais como concorrente do que como parceiro. Essa “velha escola” ainda predomina em muitos segmentos, dificultando avanços em inovação, acesso a mercados e até mesmo na adoção de práticas que poderiam beneficiar toda a cadeia produtiva.
A visita do USDBC mostrou outro caminho, mais moderno e colaborativo. Mesmo com o Brasil deixando de ser possível importador e passando a ser exportador de feijões, a entidade americana entende que há muito espaço para troca de ideias e franca colaboração.
No âmbito internacional há muito para colaborar. Se somarmos esforços em aumentar o consumo mundial ambos os países sairão ganhando.
Durante a visita, os americanos compartilharam experiências sobre campanhas educativas em escolas, que ajudam a formar o hábito do consumo de feijões desde a infância. Isso é especialmente relevante para o Brasil, que já tem um programa que teoricamente prevê o consumo de feijão e arroz nas escolas, mas carece de despertar o orgulho das crianças em consumir o feijão, criando paixão.
Por que não avançar mais? Integrar campanhas educativas, valorizar a produção local e fortalecer o vínculo entre campo e cidade pode gerar resultados sociais e econômicos relevantes. Ao aproximar produtores e consumidores, especialmente em políticas públicas de alimentação escolar, podemos criar um ciclo virtuoso que valoriza o feijão brasileiro, gera renda para agricultores familiares e melhora a segurança alimentar.
Em 2025, o Brasil esta colhendo uma safra recorde de feijão-preto e precisa ampliar suas exportações. Mas para transformar esse bom momento em estratégia de longo prazo, será necessário adotar ações coletivas para lidar com excedentes, volatilidade de preços e abertura de novos mercados. Cooperar é essencial para agregar valor, ganhar escala e conquistar novos consumidores.
Essa mudança de mentalidade exige investimento em educação. Não apenas técnica, mas também em habilidades consideradas secundárias por muito tempo: comunicação, confiança, trabalho em equipe. É preciso desmistificar o medo de compartilhar informações, mostrar as vantagens do cooperativismo e inspirar novas lideranças capazes de articular interesses coletivos.
A visita do USDBC ao Paraná foi mais do que um evento técnico ou comercial. Foi um marco simbólico dessa transição entre dois modelos. Mostrou, de forma prática, que abrir as portas para o diálogo e o intercâmbio de ideias pode acelerar a adoção de estratégias mais inovadoras no Brasil. Não se trata de copiar modelos, mas de aprender com quem já percorreu esse caminho para adaptá-lo à nossa realidade.
O futuro do agro brasileiro depende dessa capacidade de colaboração. Precisamos enxergar o potencial transformador da soma de esforços, seja para enfrentar a volatilidade dos preços, abrir novos mercados ou educar os consumidores sobre o valor nutricional e cultural do feijão. Só assim vamos consolidar nossa posição de liderança não apenas na produção, mas também na promoção do consumo e na inovação do mercado global de feijões.
*Marcelo Lüders é presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), e atua na promoção do feijão brasileiro no mercado interno e internacional
O Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.
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