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Endividamento e juros altos desafiarão mercado de máquinas agrícolas em 2026

Apesar da safra robusta e do PIB positivo, o mercado de máquinas agrícolas encerra 2025 em ritmo abaixo do esperado. A avaliação é do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, que aponta estabilidade nas vendas ao produtor, avanço concentrado em máquinas de menor potência e um cenário que segue pressionado por crédito caro e menor rentabilidade no campo.
“Foi um ano difícil. Embora o ano termine com um PIB positivo e uma safra boa, a venda de máquinas agrícolas não foi aquilo que nós esperávamos”, afirmou Calvet, ao apresentar os dados do setor.
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Segundo a Anfavea, as vendas no varejo de tratores de rodas e colheitadeiras recuaram 0,7% no acumulado do ano. Em 2024, o setor havia vendido pouco mais de 43 mil unidades. Em 2025, o volume ficou praticamente no mesmo patamar. “Foi um ano de queda pequena, mas de estabilidade na venda do varejo”, disse.
No atacado, houve crescimento de 18%, com cerca de 47 mil unidades, mas o executivo pondera que o avanço ocorreu sobre uma base muito baixa de comparação. “Esse desempenho se dá sobre uma base muito fraca de 2024 e é fortemente concentrado em máquinas de baixa potência, com menor valor agregado”, explicou.
De acordo com Calvet, esse perfil de venda levanta questionamentos sobre produtividade no médio prazo. “Essas máquinas de menor potência ditaram o crescimento. No limite, a gente ainda estuda se isso mantém o nível de produtividade da agricultura”, afirmou.
Além disso, a Anfavea aponta aumento dos estoques na rede de concessionárias ao longo do ano. “Houve um forte incremento de estoque na rede, inclusive para evitar desligamentos”, acrescentou o presidente da associação.
Endividamento sobe e crédito encolhe
Ao comentar o cenário financeiro do setor, Calvet foi direto ao separar o desempenho do agro do comportamento do mercado de máquinas. “Tivemos uma safra recorde este ano e uma safra que deve ser boa no próximo. Mas isso não necessariamente vai se traduzir em venda de máquinas”, disse.
Segundo ele, serviços e produtos ligados ao agro não acompanham o crescimento da produção, principalmente por causa da alta da inadimplência e da desaceleração do crédito. “A inadimplência está subindo. Quando isso acontece, a tendência é enxugar a concessão de crédito”, afirmou.
Dados agregados de veículos, que incluem máquinas agrícolas, mostram inadimplência de 5,4% para pessoa física, o maior nível desde novembro de 2023. Para pessoa jurídica, índice mais relevante para o financiamento de máquinas, o percentual chegou a 3,7% em outubro de 2024, o maior patamar desde junho de 2017.
“Não é uma crise no agro, mas há pressão de preços internacionais sobre os principais produtos. A rentabilidade fica menor”, explicou Calvet. “Quando a rentabilidade diminui, o agricultor decide manter a máquina. A renovação do parque passa a ser uma segunda opção de investimento.”
Nesse contexto, o presidente da Anfavea chamou atenção para o comportamento do Moderfrota. “É importante parar para pensar por que, nessa época do ano, ainda tem recurso disponível no Moderfrota”, afirmou. Para ele, a permanência de saldo no principal programa de financiamento de máquinas indica menor demanda por investimento, mesmo com linhas oficialmente abertas.
Nos últimos 12 meses, a concessão de crédito para pessoas jurídicas recuou 2%. “Essas curvas mudam por razões óbvias: uma sobe, a outra cai”, resumiu.
Olhar para 2026
Para 2026, a avaliação da Anfavea é de continuidade dos desafios. “O ano promete um PIB positivo, mas menor. A safra provavelmente não será tão boa quanto a deste ano e deve haver mais pressão sobre os preços das commodities”, disse Calvet.
Segundo ele, a taxa de juros deve seguir elevada pelo menos até o primeiro trimestre, com expectativa de cortes ainda tímidos. “Isso pode retardar uma recuperação mais pujante do setor”, avaliou.
Calvet alertou ainda para os efeitos de médio prazo da postergação de investimentos. “Quando esse processo perdura, pode haver estagnação ou queda da produtividade, com máquinas mais antigas, menor eficiência e aumento do custo operacional ao longo do tempo”, afirmou.
No cenário estrutural, o presidente da Anfavea defendeu o fortalecimento das exportações como forma de reduzir a dependência do mercado interno. “As exportações ainda são pequenas frente ao potencial. Precisamos de uma estratégia mais incisiva de abertura de mercados para equalizar momentos de maior oscilação do mercado doméstico”, concluiu.
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Mato Grosso sanciona lei que cria política estadual de sustentabilidade da pecuária

Foi sancionada nesta quarta-feira (17) a Lei que dispõe sobre a Política de Sustentabilidade da Cadeia Produtiva da Pecuária Bovina e Bubalina de Mato Grosso. A legislação coloca em prática uma série de ações voltadas à transparência da cadeia da carne bovina no estado, dentre elas o Passaporte Verde, que entra em vigor a partir de 2026.
A sanção da Lei nº 13.153/2025 foi publicada em edição extra do Diário Oficial de Mato Grosso nesta quarta-feira.
Conforme o Artigo 1º, ela “estabelece a política de sustentabilidade econômica, social e ambiental da pecuária bovina e bubalina mato-grossense por meio de estratégias direcionadas à melhoria da qualidade de vida da população, segurança alimentar, proteção da biodiversidade, crescimento econômico e consolidação do Estado nos mercados nacional e internacional”.
Passaporte Verde: estratégia às crescentes cobranças externas
Desenvolvido pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) em parceria com o setor produtivo, o Passaporte Verde integra a política pública ao lado do Programa de Reinserção e Monitoramento (PREM) e do programa Carne de Mato Grosso, voltado à agregação de valor ao produto final. Ambos programas também instituídos na lei.
O presidente do Imac, Caio Penido, explica que o Passaporte Verde “é uma resposta estratégica às crescentes cobranças por transparência, sustentabilidade e responsabilidade socioambiental na produção de alimentos”.
Ele lembra que Mato Grosso hoje é líder nas exportações nacionais de carne bovina e que preserva 60% de seu território. Além disso, Penido ressalta que a nova política possibilita a busca para “garantir e ampliar o acesso a mercados”.
A instituição da política de sustentabilidade da pecuária em Mato Grosso na avaliação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Vilmondes Tomain, no estado “reafirma sua liderança em produção sustentável ao assegurar por lei a rastreabilidade da pecuária, em construção conjunta com toda a cadeia”.
Conforme Tomain, a medida “valoriza a carne mato-grossense e dá previsibilidade a quem investe e trabalha no campo. Para o produtor, sobretudo o pequeno e médio, o programa entrega regras claras, regularização ambiental e segurança jurídica”.
Longe de um caráter fiscalizatório, a medida busca validar os diferenciais competitivos da pecuária de Mato Grosso. O objetivo, frisa o Imac, é blindar o setor contra futuras restrições socioambientais no mercado global. “Com bom senso e alinhamento entre todos os elos da cadeia, pretendemos mostrar que não existe carne mais sustentável no mundo do que a carne de Mato Grosso”, finaliza Caio Penido.
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Medicilândia pode se tornar capital nacional do cacau

O município de Medicilândia, no oeste do Pará, pode receber o título de capital nacional do cacau. A proposta foi debatida nesta semana na Comissão de Agricultura do Senado e reconhece a importância da cidade, responsável por cerca de 50 mil toneladas do fruto por ano, quase metade da produção estadual.
Segundo dados da Fiesp, o Pará soma mais de 169 mil hectares de cacau em produção, com volume superior a 150 mil toneladas, movimentando cerca de R$ 5,7 bilhões na economia.
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A cultura se destaca não apenas pelo peso econômico, mas também pelo papel ambiental, já que o cacau é cultivado, em grande parte, em sistemas agroflorestais.
De acordo com representantes do setor, a legislação ambiental no estado exige a preservação de 80% das propriedades rurais, e os 20% destinados à sistemas agroflorestais utilizam sistemas que mantêm a floresta em pé. Por isso, o cacau é conhecido como uma “cultura que permanece”, conciliando produção e conservação ambiental.
Durante audiência no Senado, produtores e lideranças locais destacaram que a cacauicultura vai além da lavoura. A atividade impulsiona a economia regional, gera emprego e renda, fortalece a agroindústria e contribui para a preservação ambiental na região.
Medicilândia, que nas últimas duas décadas consolidou-se como a maior produtora de amêndoas secas de cacau do Brasil, também avança no processo de verticalização da cadeia. O município já conta com diversas mini indústrias de chocolate e uma unidade de maior porte voltada à moagem do cacau.
O trabalho de organização da produção e de melhoria da qualidade das amêndoas, realizado em conjunto com produtores e entidades representativas, tem permitido a ampliação da presença do cacau de Medicilândia nos mercados nacional e internacional.
“Os produtores de Medicilândia já têm conquistado prêmios nacionais e internacionais, sendo reconhecidos pela excelência das suas amêndoas. Isso comprova que o cacau da Transamazônica compete entre os melhores do mundo resultado de dedicação, trabalho familiar, inovação e pesquisa aplicada”, afirma a vice-presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cacau, Eunice Gutzeit.
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Fundo Amazônia aprova mais de R$ 2 bilhões em 2025 e amplia ações ambientais

Com mais de R$ 2 bilhões em projetos aprovados apenas em 2025, o Fundo Amazônia atingiu o maior volume anual desde sua criação e consolidou uma nova fase de expansão, com impacto direto na proteção ambiental, no desenvolvimento sustentável e na inclusão social na Amazônia Legal, além da ampliação de ações para o Cerrado e o Pantanal. O desempenho reforça a retomada operacional do mecanismo e amplia sua capacidade de execução em escala inédita.
Os resultados foram apresentados nesta quarta-feira (17), durante a Reunião Anual de Doadores do Fundo Amazônia com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), realizada no Rio de Janeiro. O encontro reuniu representantes dos países apoiadores para a prestação de contas da execução dos projetos.
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Gerido pelo BNDES, sob coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Fundo Amazônia é considerado a maior iniciativa mundial voltada à redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD+) e um dos principais instrumentos da política ambiental e climática brasileira.
Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, os números confirmam a relevância do Fundo como política pública estruturante. Para ele, a retomada permitiu acelerar análises, ampliar a cooperação internacional e transformar recursos em ações concretas no território. “O Fundo Amazônia demonstra que é possível combinar rigor na governança, escala de financiamento e resultados efetivos de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável”, afirmou.
Retomada e crescimento acelerado
Entre 2023 e 2025, o Fundo Amazônia aprovou e contratou R$ 3,7 bilhões em projetos, o equivalente a 56% de todo o volume apoiado desde a criação do mecanismo. Para efeito de comparação, entre 2009 e 2018, período de uma década, foram aprovados R$ 2,9 bilhões, em valores atualizados pela inflação. O salto evidencia a ampliação da capacidade operacional e a reorganização da estrutura de gestão do fundo.
A retomada também impulsionou o apoio internacional. Desde 2023, o número de doadores passou de dois para nove países, incluindo Noruega, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Japão, Dinamarca, Irlanda e a União Europeia. No período, foram firmados US$ 309 milhões em novos contratos de doação, com US$ 212 milhões já internalizados, além de novos compromissos financeiros em negociação.
Esse avanço contribui diretamente para o cumprimento das metas brasileiras no âmbito do Acordo de Paris e do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), liderado pelo MMA.
Redução do desmatamento e fortalecimento local
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que os resultados refletem a retomada da política ambiental no país. Segundo ela, houve redução superior a 50% do desmatamento na Amazônia em 2025, na comparação com 2022. “Essa queda viabiliza a captação de novos recursos e permite direcioná-los a quem protege a floresta: povos indígenas, comunidades tradicionais e locais”, afirmou.
Os projetos aprovados neste ciclo também reforçam a prevenção e o combate a incêndios florestais. O Fundo financia a estruturação de 30 bases operacionais, a capacitação de cerca de 5 mil profissionais e a distribuição de 500 veículos e 30 mil equipamentos, fortalecendo brigadas estaduais e os Corpos de Bombeiros. As ações abrangem os nove estados da Amazônia Legal e avançam para áreas do Cerrado e do Pantanal, como Minas Gerais, Goiás, Piauí, Bahia, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal, em alinhamento com a política de Manejo Integrado do Fogo.
De acordo com o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, a parceria internacional tem potencializado compromissos assumidos pelo Brasil. Ele citou a redução de 39,5% na média nacional de incêndios entre 2017 e 2024, com quedas expressivas na Amazônia (-75,8%) e no Pantanal (-93,3%), além do avanço do programa União com os Municípios, que já reúne 70 dos 81 municípios prioritários no combate ao desmatamento.
Restauração e economia sustentável
Na agenda de restauração, o programa Restaura Amazônia destina R$ 450 milhões à recuperação de áreas degradadas. Já são 45 projetos selecionados, abrangendo 26 Terras Indígenas, 80 assentamentos e oito Unidades de Conservação, consolidando o Arco da Restauração como política pública estruturante.
O Fundo também investiu R$ 595 milhões em atividades produtivas sustentáveis, beneficiando mais de 20 mil famílias e fortalecendo mais de 60 organizações locais, com destaque para iniciativas lideradas por povos indígenas e comunidades tradicionais. Segundo o superintendente de Meio Ambiente do BNDES, Nabil Kadri, a nova estratégia ampliou a capilaridade e colocou essas populações como protagonistas das ações.
Ao longo de 17 anos, o Fundo Amazônia aprovou mais de 140 projetos, apoiou 650 instituições, alcançou mais de 75% dos municípios da Amazônia Legal e beneficiou mais de 260 mil pessoas, consolidando-se como uma das principais referências globais em financiamento ambiental.
As informações detalhadas sobre projetos, doações e resultados estão disponíveis no site oficial do Fundo Amazônia.
O post Fundo Amazônia aprova mais de R$ 2 bilhões em 2025 e amplia ações ambientais apareceu primeiro em Canal Rural.
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