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Compras chinesas de soja nos EUA custam caro e ampliam vantagem do Brasil, diz consultoria

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As compras de soja dos Estados Unidos pela China, anunciadas na sexta-feira passada (14), não fazem sentido econômico e causam prejuízo direto ao governo chinês, segundo a consultoria AgResource. O presidente da empresa, Dan Basse, afirmou que a operação é totalmente política e não reflete a demanda real do setor privado.

“O governo, ao comprar soja dos EUA, está perdendo cerca de US$ 1,10 a US$ 1,20 por bushel”, disse na terça-feira (18) em transmissão pela internet.

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) confirmou venda de 792 mil toneladas para a China, volume que Basse estima equivalente a 14 a 18 navios saindo pelo Golfo e pelo noroeste do Pacífico, com entrega entre abril e maio de 2026.

Segundo ele, a indústria privada chinesa prefere a soja sul-americana pelo custo. “Se você é um esmagador privado, está se movendo para a América do Sul”, afirmou.

O diferencial reforça essa migração. Na sexta-feira, Chicago subiu US$ 0,30 por bushel, enquanto os prêmios no Brasil recuaram entre US$ 0,15 e US$ 0,25.

Para fevereiro, a soja brasileira está sendo ofertada de US$ 1,30 a US$ 1,40 abaixo dos preços do Golfo. Basse disse que compradores europeus e de outras regiões devem substituir cargas americanas por brasileiras. A China também enfrenta estoques altos e receio de perdas ao vender soja antiga num mercado interno com proteína animal barata e ampla oferta de farelo e óleo.

O analista Ben Buckner destacou que a moagem norte-americana atingiu 6,2 milhões de toneladas em outubro, recorde histórico segundo a Nopa, associação que representa as indústrias de processamento de oleaginosas dos Estados Unidos.

O resultado levou a AgResource a elevar sua estimativa de esmagamento, projetando cerca de 680 mil toneladas adicionais e ficando aproximadamente 410 mil toneladas acima da projeção do USDA. “As margens estão intactas. É um recorde histórico, cerca de 760 mil toneladas acima do ano passado”, disse.

O avanço é sustentado pela maior demanda por óleo de soja para produção de biocombustíveis, favorecida pela política 45Z, que desestimula matérias-primas importadas. O consumo interno de óleo bateu 2,6 bilhões de libras em outubro. A produção de farelo acompanhou o movimento e alcançou 5,4 milhões de toneladas, alta de 15% ante outubro de 2024.

Buckner afirmou que o mercado precisará absorver esse volume a preços competitivos. “Sazonalmente, vamos produzir ainda mais farelo de soja por dia nos próximos dois meses. Como vamos nos livrar disso? Temos que ser competitivos”, disse. Ele observou que o farelo brasileiro também está chegando ao mercado com descontos amplos, pressionando as cotações americanas.

Para os próximos meses, a AgResource avalia que o clima na América do Sul será mais determinante para os preços do que a política comercial entre Washington e Pequim. Buckner disse que dezembro é o mês-chave para a produtividade em Mato Grosso.

Chuvas entre 18 e 25 centímetros no período costumam garantir rendimentos na linha da tendência histórica. A Conab projeta produtividade ligeiramente abaixo da média, mas Buckner afirmou que precipitações normais podem adicionar milhões de toneladas à safra. Na Argentina, dezembro também define o desempenho do milho.

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Estratégia simples reduz custos e otimiza adubação em solos de alta fertilidade no Cerrado

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Uma estratégia prática e de baixo custo pode transformar o manejo de fertilizantes em áreas agrícolas com solo de alta fertilidade no Cerrado. Pesquisadores validaram, ao longo de três safras, a eficiência da adubação de restituição associada ao balanço de nutrientes, método que repõe apenas aquilo que é efetivamente exportado pelas colheitas. O estudo, desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo, foi conduzido em Unaí (MG), em áreas de produção consolidada e com fertilidade construída.

Com o avanço tecnológico, máquinas agrícolas já permitem ajustar, em tempo real, a quantidade de fertilizantes distribuída no talhão. Esse processo facilita a adoção de manejos mais precisos, como a adubação de restituição, prática que devolve ao solo somente os nutrientes removidos pelos grãos colhidos, evitando excessos.

Os resultados confirmaram que os solos estudados acumularam, ao longo de anos de cultivo, um estoque significativo de nutrientes. Dessa forma, a manutenção da produtividade não exige, necessariamente, os aportes tradicionais aplicados por segurança em muitas fazendas. De acordo com os pesquisadores, é possível ajustar as adubações, prevenir déficits ou sobras e aumentar a eficiência energética do sistema produtivo, além de contribuir para a redução da pegada de carbono.

Por que repensar a adubação?

Culturas como soja, milho, algodão, feijão, trigo e sorgo demandam grandes quantidades de nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). O custo associado a esses nutrientes é um dos principais fatores de risco econômico na agricultura brasileira. Mesmo assim, muitos produtores seguem aplicando fertilizantes em doses antigas, mesmo quando o solo já apresenta níveis elevados de P e K — muitas vezes acima dos níveis críticos.

Pesquisas anteriores indicam que áreas consolidadas do Cerrado, principalmente sob plantio direto, acumularam quantidades consideráveis de nutrientes, superando a fertilidade original dos solos da região. O novo estudo reforça essa constatação e oferece caminhos concretos para otimizar o manejo.

O estudo

A pesquisa, liderada pelo cientista Álvaro Vilela de Resende, da Embrapa Milho e Sorgo, com participação de especialistas da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e apoio da Fazenda Decisão, avaliou três estratégias nutricionais em parcelas de grande escala:

• Adubação de restituição — reposição exata de N, P e K exportados pelas colheitas
• Manejo padrão da fazenda — modelo tradicional adotado há anos na propriedade
• Controle sem adubação NPK

As avaliações foram realizadas em sistemas soja–milho (ou sorgo), com e sem consórcio com braquiária, ao longo de três ciclos de safra e segunda safra. Os resultados mostraram que a adubação de restituição mantém a produtividade e promove uso mais racional de insumos, reforçando a importância da análise criteriosa do solo antes da definição das doses.

Impacto científico e ambiental

O estudo completo foi publicado na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB), em edição especial para a COP 30, como parte da Jornada pelo Clima da Embrapa e das comemorações dos 60 anos do periódico. As recomendações apresentadas contribuem para práticas agrícolas mais sustentáveis, conservação de recursos naturais e maior eficiência produtiva, sem comprometer o desempenho das lavouras.

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Abelha-canudo aumenta em 35% a produtividade do açaí em região que reúne 120 espécies nativas

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O Pará concentra cerca de 50% da biodiversidade de abelhas nativas sem ferrão, das 240 espécies registradas no Brasil, 220 estão na Amazônia, e 120 delas no próprio estado. Entre essas espécies, a abelha-canudo se destaca como protagonista de uma revolução socio-bioprodutiva na região.

Em 2017, começou a ser publicada uma série de estudos sobre a produção de mel, própolis e a polinização do açaizeiro pelas abelhas-canudo. Nos últimos sete anos, os estudos publicados pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Daniel Santiago e outros pesquisadores evidenciaram que a introdução de colônias de abelhas-canudo nos açaizais eleva a produtividade em cerca de 35%.

“Antes, a abelha-canudo era desvalorizada porque produzia pouco mel, entre 100 e 500 ml/ano. A partir dessa publicação, o serviço de polinização da abelha passou a ser um insumo. Como é a adubação, a irrigação, o conhecimento das práticas de espaçamento”, conta o Santiago.

Os pesquisadores identificaram o ganho agronômico na produtividade e, a partir disso, cresceu a demanda pelas abelhas-canudo, sobretudo entre grandes produtores interessados na polinização dirigida. Com o aumento da procura, o preço do enxame subiu de aproximadamente R$ 150 para valores entre R$ 550 e R$ 750.

“A indústria do açaí está alavancando a meliponicultura na Amazônia. Hoje, o produtor que deseja adquirir enxames deve entrar numa fila e só recebe no segundo semestre, quando diminuem as chuvas e o meliponicultor consegue multiplicá-los”, relata Santiago.

Os estudos sobre as abelhas-canudo também revelaram a descoberta de uma própolis de altíssima qualidade, com propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias e até antibióticas, capazes de combater bactérias hospitalares.

“Açaização”

Embora o maior impacto econômico tenha sido para os grandes produtores de açaí, os pequenos também se beneficiam e têm experimentado mudanças no modo de produzir e de se relacionar com o meio ambiente. E com isso, o fenômeno conhecido como “açaização”, que é a pressão comercial para abandono de outras culturas e o desmatamento de plantas nativas para a instalação da monocultura do açaí, começa a ser revertido.

O pesquisador destaca, ainda, que há a possibilidade de incrementar com plantas que geram impacto econômico e também são importantes para as abelhas, como o mucajá, taperebá, pracaxi, além de outras plantas que fazem parte da paisagem como o Ingá que além de gerar frutos, vagens comestíveis, ajudam na incorporação de nutrientes.

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Plantio de arroz avança no Sul e chuvas devem manter ritmo no Centro-Norte

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O plantio de arroz recuperou ritmo no Sul com alguns dias de tempo firme. A melhora das condições permitiu avanço importante na semeadura no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Nos próximos dias, a previsão indica chuva fraca e passageira, o que deve permitir a conclusão dos trabalhos. Já no Centro-Norte, o retorno das precipitações garante boa umidade para emergência das lavouras.

Você quer entender como usar o clima a seu favor? Preparamos um e-book exclusivo para ajudar produtores rurais a se antecipar às mudanças do tempo e planejar melhor suas ações. Com base em previsões meteorológicas confiáveis, ele oferece orientações práticas para proteger sua lavoura e otimizar seus resultados.

Sul deve concluir plantio com chuva leve

Segundo Arthur Müller, meteorologista do Canal Rural, o atraso inicial da safra no Sul ficou para trás após uma sequência de dias mais estáveis. “Agora a situação está melhorando, tanto para o Rio Grande do Sul quanto para Santa Catarina”, afirma.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que Santa Catarina já superou 95% da semeadura e o Rio Grande do Sul passa de 82%. No Paraná, onde a área é menor, o plantio foi concluído e as condições são consideradas favoráveis.

Para os próximos dias, uma frente fria deve avançar pela região, mas sem volumes altos. “A previsão é de chuva de 10 a 15 milímetros, com baixa chance de tempo severo”, explica Müller. Esse padrão deve se manter por até dez dias, permitindo que os produtores finalizem o plantio no prazo.

Centro-Norte deve manter boa umidade

Em Goiás e Tocantins, porém, o cenário é mais otimista. As chuvas retornaram e devem seguir regulares. “Estamos falando de 30 a 50 milímetros por região nos próximos dias. Em 15 dias, isso chega a 100 milímetros, o que ajuda muito na emergência e na reposição hídrica do solo”, diz Müller.

O meteorologista destaca que o volume também favorece sistemas irrigados, ajudando a recompor reservatórios. A umidade consistente também beneficia áreas de Mato Grosso, onde o plantio segue atrasado após semanas de irregularidade das chuvas. “O produtor de arroz precisa de bastante água. Em muitos casos, ele está esperando acumulados de 100 a 150 milímetros para iniciar a semeadura com segurança”, completa.

Frio persistente ainda preocupa

As temperaturas baixas registradas no Sul seguem como ponto de atenção. Müller explica que o padrão está ligado ao resfriamento das águas do Pacífico, típico de anos com La Niña.

“O frio persistiu em setembro, outubro e continua em novembro. Deve seguir até a primeira quinzena de dezembro”, afirma. Embora não haja previsão de geada tardia, a entrada frequente de massas de ar frio pode limitar o desenvolvimento das lavouras em fase vegetativa.

Segundo ele, o maior risco ocorre quando as mínimas ficam abaixo de 10 °C, situação que tem se repetido com frequência. “Quando as mínimas caem a esse nível, mesmo sem geada, já é um problema para o produtor”, alerta.

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