Agro Mato Grosso
Plantio de soja se estende e irregularidade das chuvas preocupa produtores em todo o MT

Mesmo com avanço em algumas regiões, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) tem acompanhado com preocupação a safra 25/26 que tem enfrentado déficit hídrico, calor acima da média e chuvas mal distribuídas. Em diferentes regiões do estado, produtores relatam dificuldades na germinação e no desenvolvimento das lavouras, consequência direta da irregularidade das precipitações. O atraso também acende o alerta para o milho de segunda safra, que pode ter a janela de plantio reduzida caso o cenário climático persista.
O presidente da entidade, Lucas Costa Beber, destaca que o problema atinge diversos municípios.
“Este ano a chuva realmente não está sobrando, ela tem vindo a conta-gotas. Em regiões como Sorriso, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Colíder e Campo Verde, o cenário é o mesmo, lavouras travadas e produtores interrompendo o plantio pela falta de chuva. Diferente de outros anos, quando a chuva podia até atrasar, mas depois firmava, agora ela vem, o produtor acredita que vai continuar, planta uma parte e logo precisa parar e parte dessa soja já plantada germina mal, fica com estande mal distribuído, as plantas com porte reduzido. É um ano totalmente diferente.”
Segundo ele, a situação preocupa não apenas pelo impacto imediato na soja, mas também pelo efeito em cadeia sobre a próxima safra. “A partir de agora, cada dia é menos produção no milho e essa soja semeada mais tarde também tem o problema de ataque de pragas, como mosca branca, além dos impactos na produtividade”, alerta.
O presidente ainda acrescenta que os relatos vindos de várias regiões confirmam que o problema não se restringe ao atraso no plantio, mas também ao estresse hídrico nas lavouras já estabelecidas.
“O relato dos produtores do estado é que, mesmo em municípios mais adiantados, como Sorriso, que na semana passada já tinha cerca de 85% da área plantada, as plantas estão sofrendo estresse hídrico e, por calor, apresentando porte reduzido, o que pode diminuir a área foliar e comprometer também a produtividade final da lavoura. Em alguns pontos do estado houve relato de replantio, apesar dos números não serem significativos, e também é importante considerar que o produtor tem que fazer a conta: onde ele realiza o plantio, há um custo aproximado de 10 sacas por hectare, além do risco de atrasar ainda mais a janela de semeadura do milho safrinha”, reforça Lucas Costa Beber.
Em Campo Verde, o delegado coordenador do núcleo, Rafael Marsaro, também confirma a dificuldade enfrentada pelos produtores.
“Plantamos com a umidade das chuvas de setembro, mas depois ficamos 15 dias sem precipitação. A soja de 30 dias está com crescimento muito abaixo do esperado. O solo está seco e não retém umidade. O plantio avança, mas a produtividade está em risco. A janela do algodão já passou e a do milho começa a ficar comprometida”, relata Rafael.
Para os produtores, os números oficiais de plantio não refletem a realidade do campo. Embora muitas áreas já estejam semeadas, as lavouras enfrentam condições desfavoráveis para o desenvolvimento das plantas. “Os dados mostram que a soja está plantada, mas com desenvolvimento muito aquém do esperado. Há áreas com quase um mês de plantio e crescimento limitado, outras com 15 dias ainda saindo do chão, e lavouras recém-plantadas que nem germinaram. Aqui na minha propriedade, estamos aguardando e rezando para que as chuvas previstas para a próxima semana realmente venham, porque a janela do algodão já se foi. Consegui mudar o planejamento para o milho, mas a maioria dos produtores do estado não tem essa possibilidade. Já está ficando difícil até para o próprio milho. A produtividade da soja está comprometida”, disse o produtor Rafael Marsaro.
O cenário climático desafiador se soma a outros entraves, como o alto custo de produção e o acesso restrito ao crédito, o que aumenta a pressão sobre o produtor neste início de safra.
A Aprosoja Mato Grosso segue acompanhando o andamento do plantio em todas as regiões e reforça seu compromisso em representar os produtores, buscando soluções e políticas que ajudem o setor a superar os desafios deste início de safra.
Agro Mato Grosso
Conheça a jornada da soja do campo de Mato Grosso até o Porto de Santos

Com 12 milhões de toneladas embarcadas em 2024, a ferrovia que liga Rondonópolis ao Porto de Santos se consolida como eixo estratégico na exportação da soja mato-grossense.
A cada safra, milhões de toneladas de soja colhidas em Mato Grosso percorrem milhares de quilômetros até alcançar o litoral paulista. Em 2024, cerca de 28% da exportação do grão no estado foi escoada pela malha ferroviária, com destaque para o terminal de Rondonópolis, que embarcou aproximadamente 7 milhões de toneladas rumo ao Porto de Santos.
Além do grão in natura, os vagões transportam também o farelo de soja, resultado do esmagamento realizado nas indústrias da região.
Segundo o diretor de terminais da Rumo, João Marcelo Alves da Silva, foram 12 milhões de toneladas entre soja e farelo embarcadas pelo terminal, representando 60% de tudo que chegou ao porto paulista vindo do estado.
🚛Da lavoura ao trilho: o papel dos caminhoneiros
O processo logístico começa na lavoura ou em armazéns de comercializadoras. Após a emissão da nota fiscal, os caminhões entram no sistema de agendamento. O motorista Paulo Luiz Gonçalves de Almeida contou que fazem o caregamento, o elonamento e depois tem que ahuardar no pátio.
“Assim que sai a nota, somos chamados pela balança, pegamos a nota e seguimos viagem. Depois de descarregar e receber a nota carimbada, voltamos em busca de nova carga”, disse.
O terminal de Rondonópolis tem capacidade para descarregar cerca de 1,5 mil caminhões por dia, garantindo agilidade no fluxo de entrada dos grãos.
🚆 A jornada ferroviária até o litoral
Ainda segundo o João Marcelo, após a chegada ao terminal, os grãos são avaliados e direcionados aos comboios ou silos. Entre sete e oito composições partem diariamente para Santos, levando cerca de 80 horas para completar o trajeto.
Ronaldo Pereira, condutor de uma das locomotivas contou que durante o percurso, são feitos várias trocas de maquinistas em pontos estratégicos.
“O trem sai de Rondonópolis e há em média seis trocas. Em Bugoacsu é a penúltima, e em Paratinga eu assumo para levar até a entrada do Porto”, explicou.
O maquinista Felipe Pinheiro, responsável pelo trecho final, disse que a função dele é trazer a carga desde a entrada do Porto de Santos até os terminais, onde o produto é descarregado e embarcado nos navios rumo ao exterior.
⚓ Santos: destino final e ponto de retorno
O diretor de operações da ferrovia interna do porto, Edson Citelli, informou que o Porto de Santos movimenta cerca de 100 milhões de toneladas de graneis por ano, sendo 30 a 35% proveniente da soja, e que Mato Grosso representa entre 70% e 80% dessa soja.
Ainda de acordo com o Edson, além da soja, o porto também recebe fertilizantes. Na margem esquerda, no Guarujá, são cerca de 120 vagões por dia; na margem direita, 20. Após a descarga, os vagões são limpos e recarregados com fertilizantes para o interior.
Agro Mato Grosso
Com raízes no campo, produtora de Vera transforma ensinamentos dos pais em propósito de vida

Raissa Boeing Hepp Dassi é o exemplo de como o compromisso de uma filha com o legado dos pais pode moldar uma trajetória familiar de orgulho e propósito
Hoje, aos 25 anos, é engenheira agrônoma atua como delegada da Aprosoja MT, no núcleo de Vera. “Cresci ouvindo todas as histórias e lutas que eles passaram, todas as dificuldades daquela época, que não foram poucas. Ele e minha mãe, com muito esforço, com muita luta foram desbravando, e graças ao esforço deles e a Deus que os sustentou, hoje estamos aqui em família, temos uma terra abençoada para produzir e crescer nesse meio. Saber dessa história faz com que eu sinta muita gratidão, me faz valorizar cada grão que a gente consegue plantar, colher e admirar esse mundo tão especial que é o do agronegócio”, conta a jovem produtora.
Seus pais vieram de Cunha Porã, Santa Catarina, onde Enio trabalhou em diversas atividades desde muito novo. Em 1989, com 24 anos, ele se mudou para o município de Vera, como gerente de uma filial de uma madeireira em Mato Grosso, até que a oportunidade de adquirir uma terra para construir sua fazenda. Durante a semana trabalhava na madeireira e aos finais de semana trabalhava com sua esposa Sandra, na construção da sua fazenda.
“Essa transição da madeira para a agricultura se fez pelo motivo de termos muita dificuldade na época da madeira e o grande potencial das nossas terras planas fez com que a gente olhasse com outros olhos para a agricultura e decidimos fazer essa mudança. Nos casamos no ano de 1995 e ela me ajudou muito”, relata o produtor.
Com orgulho, ele conta que a mudança não foi fácil, mas que agora colhe os frutos de todo suor derramado, e que o destino que suas filhas decidiram seguir, o deixa feliz e realizado. “Foi uma transição muito difícil, mas que hoje a gente colhe esses frutos essa dificuldade nos fez crescer e fez com que a gente melhorasse o manejo da nossa lavoura. É uma satisfação hoje temos a nossa família, minhas filhas a minha esposa no campo comigo e estamos felizes por ter insistido no Mato Grosso. Nossas filhas vêm com as ideias novas, trazendo implementação, trazendo melhorias para a nossa agricultura. Então é muito importante tê-los nesse processo”, diz o produtor.
Raissa valoriza a família que tem, reforçando a importância de estar presente e fazer parte do futuro de um legado que seus pais estão construindo em Mato Grosso. Para o futuro, espera que seus filhos sigam os mesmos passos que está seguindo com dedicação.
“Acredito que o mais importante é que as novas gerações saibam equilibrar o conhecimento e a experiência de quem veio antes com a tecnologia e as inovações atuais. Quando conseguimos equilibrar tudo isso, é uma receita de sucesso. Para os meus futuros filhos, vou fazer de tudo para que eles sigam esse mesmo caminho e que eles possam, assim como eu, se orgulhar da trajetória de vida da nossa família”, destaca Raissa.
A produtora destaca o valor de estar presente e contribuir para o futuro da família. Para ela o verdadeiro legado que carrega é um projeto vivo, que está sendo moldado por ela e por cada geração que escolhe honrá-lo e reinventá-lo.
Ana Frutuoso
Agro Mato Grosso
Insumos aumentaram custo da safra de milho em Mato Grosso em 2,8%

Os custos com insumos do milho da safra 25/26 em Mato Grosso ficaram, em média, em R$ 2.922,01/ha, alta de 2,85% frente ao ano anterior. O avanço foi motivado pela valorização dos gastos com sementes (1,09%) e, pelo aumento nos macronutrientes, que subiram 10,12% no comparativo anual, alcançando R$ 1.289,31/hectare. Diante desse cenário e da necessidade de aquisições de insumos, a relação de troca (RT) torna-se ainda mais relevante para a tomada de decisão. Nesse contexto, para adquirir uma tonelada de ureia e uma de MAP, o produtor precisa entregar, respectivamente, 76,66 e 102,79 sacas de milho.
Ao comparar com o mesmo período de 2024, a relação de troca da ureia apresentou alta de 13,62%, enquanto a MAP recuou 3,39%, movimento considerado favorável ao produtor. Por fim, é essencial que o produtor aproveite às oportunidades do mercado neste início de safra, período em que se concentra a aquisição da maior parte de seus insumos, com o objetivo de minimizar riscos e otimizar os custos produtivos.
A informação é do IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
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