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Adesão brasileira ao Tratado de Budapeste reduzirá custos com bioinsumos, diz setor

O Brasil formalizou sua adesão ao Tratado de Budapeste, acordo internacional que unifica procedimentos de depósito de microrganismos para fins de patente. Na visão da Associação Brasileira de Indústrias de Bioinsumos (Abinbio), trata-se de um passo estratégico para o futuro da biotecnologia e do agronegócio nacionais.
A anuência do país ao acordo aconteceu após a publicação do Decreto Legislativo nº 174/25. Para o setor produtivo, o movimento tem sido visto como um divisor de águas, especialmente para as indústrias de bioinsumos, segmento que cresce em ritmo acelerado no país.
Assim, a expectativa é que a medida signifique não apenas a redução de custos e a desburocratização de processos, mas também o fortalecimento da soberania científica e da competitividade das empresas brasileiras.
“Estamos diante de um marco regulatório que terá impacto direto no ambiente de negócios. A adesão representa menos barreiras burocráticas, maior segurança jurídica para proteger nossas inovações e um cenário mais atrativo para investimentos no setor de bioinsumos e biotecnologia”, avalia o diretor de Relações Internacionais da Abinbio, Mauro Heringer.
Na prática, o que muda?
Até agora, empresas e pesquisadores brasileiros eram obrigados a recorrer a instituições estrangeiras para fazer o depósito de microrganismos necessários à proteção de patentes em biotecnologia.
Segundo a Abinbio, esse processo gerava custos financeiros significativos e processos burocráticos que, muitas vezes, inviabilizavam pesquisas de ponta.
Desta forma, com a adesão ao Tratado, o Brasil passa a ter a possibilidade de credenciar instituições nacionais como Autoridades Depositárias Internacionais (IDAs). Organizações como a Embrapa Cenargen e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão entre as candidatas naturais a sediar esse serviço estratégico.
“Muitos empreendedores do setor de bioinsumos simplesmente desistiam de levar adiante patentes internacionais pela complexidade e pelo custo de fazê-las fora do país. Com o Tratado, teremos eficiência operacional, redução de custos em moeda estrangeira e mais agilidade. Isso altera de forma decisiva o nosso ambiente de negócios”, considera Heringer.
Mercado brasileiro de bioinsumos
O mercado global de bioinsumos é um dos que mais crescem no setor agrícola, com demanda crescente por soluções sustentáveis que substituam defensivos químicos ou complementem processos produtivos.
Segundo analistas de mercado, o Brasil já desponta como uma das principais fronteiras para o desenvolvimento de bioinsumos, tanto na agricultura quanto em aplicações médicas e industriais. Na safra 23/24, por exemplo, houve avanço de 15% na adoção de produtos de controle, inoculantes, bioestimulantes e solubilizadores em comparação à temporada anterior, conforme dados da Croplife Brasil.
Para a Abinbio a adesão ao Tratado de Budapeste fará com que o país crie as condições para acelerar ainda mais esse crescimento e se posicionar de forma mais competitiva no mercado internacional.
“Os bioinsumos têm um papel central na transição para uma agricultura mais sustentável e competitiva. A adesão fortalece o setor em todas as etapas – da pesquisa e inovação até a chegada do produto ao mercado. Essa medida envia uma mensagem clara para investidores: o Brasil é seguro para inovar”, observa Heringer.
A Abinbio ressalta que o maior ganho da adesão, além da redução de custos, é a integração internacional. Isso porque o modelo do Tratado de Budapeste garante que um único depósito seja reconhecido em todos os países signatários, eliminando duplicidades que antes drenavam tempo e recursos.
“Estamos falando de algo que vai muito além do nosso setor. É um avanço que impacta desde startups até grandes multinacionais instaladas no Brasil. A adesão cria um ecossistema inovador mais robusto, capaz de acelerar a chegada de novos bioinsumos ao campo e de novas tecnologias à indústria”, destaca o diretor.
Na visão da Associação, a medida pode atrair um ciclo crescente de investimentos e parcerias estratégicas, com multinacionais podendo encontrar no Brasil um ambiente mais competitivo e, enquanto isso, as empresas nacionais podem ter mais condições de transformar conhecimento científico em produtos de alto valor agregado.
“O Brasil agora mostra ao mundo que está preparado para competir em um dos setores mais estratégicos do futuro: a biotecnologia. Isso terá reflexos diretos na geração de empregos qualificados, na balança comercial e na autonomia tecnológica nacional”, conclui Heringer.
Business
Média do trigo importado é a menor em quase 5 anos

Dados da Secex analisados pelo Cepea mostram que, em setembro, o preço do trigo importado pelo Brasil foi o menor desde novembro de 2020. A média foi de US$ 230,09/tonelada, o equivalente a R$ 1.235,12/t, considerando-se o câmbio de R$ 5,368 no mês.
No mesmo período, a média do cereal no Rio Grande do Sul, segundo levantamento do centro de pesquisas, foi de R$ 1.259,39/t, o que indica maior competitividade do produto importado em relação ao brasileiro.
O Brasil importou 568,98 mil toneladas de trigo em setembro, acumulando 5,249 milhões de toneladas na parcial do ano, o maior volume para o período desde 2007. Diante de um mercado internacional cada vez mais competitivo, pesquisadores apontam que as negociações envolvendo o trigo nacional estão lentas e os valores, pressionados.
*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo
Business
Conab indica produção de 354,7 milhões de toneladas na safra 25/26

A primeira estimativa para a safra brasileira de grãos 2025/26 indica uma produção total de 354,71 milhões de toneladas, volume 0,8% superior ao obtido em 2024/25, quando foram colhidas 351,93 milhões de toneladas. É o que mostra o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira (14).
A área plantada deve crescer 3,3% em relação ao ciclo anterior, sendo estimada em 84,4 milhões de hectares na temporada 2025/26.
Expectativa para soja e milho
Conforme a Conab, neste novo ciclo, há uma expectativa de crescimento de 3,6% na área semeada para soja se comparada com 2024/25, estimada em 49,1 milhões de hectares. Com isso, é estimada uma colheita de 177,6 milhões de toneladas na safra 2025/26 em comparação com a colheita de 171,5 milhões de toneladas da temporada anterior.
“As precipitações ocorridas em setembro nos estados do Centro-Sul do país permitiram o início do plantio com 11,1% da área já semeada, índice ligeiramente superior ao ocorrido até o mesmo momento do ciclo passado”, destacou a companhia.
Assim como a soja, é esperada uma maior área plantada para o milho em 2025/26, podendo atingir 22,7 milhões de hectares, com uma expectativa de produção de 138,6 milhões de toneladas somadas as três safras do grão. Apenas na primeira safra do cereal, a companhia prevê um incremento na área semeada em torno de 6,1%, com estimativa de colher 25,63 milhões de toneladas, crescimento de 2,8% em relação à safra passada, que foi de 24,94 milhões de toneladas.
Perspectivas para arroz, feijão e algodão
Para o arroz, entretanto, a primeira estimativa para o ciclo 2025/26 indica uma redução de 5,6% na área a ser semeada, projetada em 1,66 milhão de hectares, sendo que na área irrigada a queda está prevista em 3,7% e na de sequeiro a diminuição pode chegar a 12,5%. Com a menor área destinada à cultura, a produção de arroz pode alcançar 11,47 milhões de toneladas, queda de 10,1% ante 2024/25, quando foram produzidas 12,76 milhões de toneladas.
No caso do feijão, por ser uma cultura de ciclo curto, a tendência é que a safra 2025/26 mantenha-se próxima da estabilidade. Somada as três safras da leguminosa, a produção está estimada em 3 milhões de toneladas. A área da primeira safra do grão deverá ter redução de 7,5% em comparação com o primeiro ciclo da temporada 2024/25, totalizando uma previsão de plantio em 840,4 mil hectares.
Já a produção de algodão em pluma na safra 2025/26 está projetada em 4,03 milhões de t, queda de 1,1% ante a temporada anterior, que foi de 4,08 milhão de toneladas. A área de plantio com a cultura deve crescer 2,5%, para 2,14 milhões de hectares.
Culturas de inverno
Com cerca de 40% das lavouras de trigo colhidas, a previsão aponta para uma produção em 2025 de 7,7 milhões de toneladas, 2,4% abaixo da safra 2024. Principal produto dentre as culturas de inverno, a redução prevista para a colheita decorre, principalmente, da retração de 19,9% na área cultivada, motivada por condições menos favoráveis ao cultivo no momento de decisão da implantação da atual safra.
Agro Mato Grosso
Casal deixa vida urbana e transforma chácara em modelo de produção agroecológica com apoio da Seaf e Empaer

Ex-servidores públicos Gebrair Pinheiro e Márcia Krindgies investiram no sonho de viver da terra
O casal Gebrair Pinheiro e Márcia Krindgies deixou a vida de servidores públicos em Lucas do Rio Verde para investir no sonho de viver da terra. Há três anos, eles adquiriram o Sítio Nossa Senhora das Graças, em Tapurah, e transformaram a antiga área de vegetação nativa em um modelo de produção agroecológica, com destaque para o cultivo de abacaxi. A propriedade é uma das 28 beneficiadas com kits de irrigação entregues pela Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) e conta com assistência técnica da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).
Instalados em uma propriedade de 4 hectares, sendo 2,4 hectares destinados ao cultivo, o casal se dedica à produção de alimentos orgânicos como abacaxi, mandioca e batata-doce. O carro-chefe é o abacaxi, que já alcançou a impressionante marca de 18 mil pés plantados.
O início foi despretensioso. “Tínhamos um dinheiro guardado e pensamos em comprar uma chácara apenas para lazer. Mas meu esposo ganhou 300 mudas de abacaxi e decidiu plantar. Aos poucos, fomos gostando e tomando gosto pela produção”, contou a Dona Márcia.
Gebrair relembra com orgulho os primeiros passos: “Aqui era tudo mato. Da primeira vez colhi, replantei e fui aumentando. Hoje temos uma produção consolidada”, destacou.
Segundo o técnico da Empaer de Itanhagá, Alfredo Neto, que atende o casal em Tapurah, a história da família é um caso de sucesso. “Eles seguem as orientações, fazemos as análises de solo e, sob nossa orientação, eles utilizam caldas agroecológicas e têm uma participação ativa. É um exemplo de como o apoio técnico e o trabalho familiar caminham juntos para o desenvolvimento rural sustentável”, ressaltou.
Os kits de irrigação entregues pela Seaf foram instalados com apoio da prefeitura, garantindo segurança hídrica e manutenção da produção durante o período de estiagem.
“Esse kit de irrigação nos ajuda muito. Produzir sem água é quase impossível. Agradecemos ao Governo do Estado e à Seaf por esse apoio. Nosso desejo é que mais famílias sejam beneficiadas”, agradeceu o casal.
Hoje, o Sítio Nossa Senhora das Graças gera uma renda média de R$ 4 mil líquidos por mês, exclusivamente da produção agrícola. Além disso, o casal participa do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), ampliando o acesso a mercados institucionais e garantindo a comercialização de seus produtos e também do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
“Eu era motorista e já falei para minha esposa, o resto da nossa vida será aqui”, afirmou Gebrair. “Eu encontrei na agricultura familiar a realização dos meus sonhos”, completou dona Márcia.
O secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Meio ambiente, Marozan Ferreira Barbosa, destaca a atuação articulada entre governo estadual entre associações e cooperativas. “Temos uma cadeia produtiva muito bem organizada em Tapurah. Desde apicultura até o cultivo de frutas, os projetos têm sido atendidos com o apoio da Seaf. É gratificante ver resultados como o do casal Gebrair e Márcia, que são exemplo de que a agricultura familiar é sinônimo de desenvolvimento e sustentabilidade”, ratificou o secretário.
Investimentos do Estado na agricultura familiar de Tapurah
Entre 2019 e 2025, o Governo de Mato Grosso, por meio da Seaf, investiu mais de R$ 2,6 milhões em ações voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar em Tapurah. Foram entregues máquinas, veículos, kits de irrigação, tanques resfriadores de leite, barracas de feira, além do fomento de programas como o Proleite e a distribuição de sêmen bovino, que beneficiam diretamente as famílias do campo.
O município conta com 803 propriedades rurais familiares, que representam 53% da área produtiva da agropecuária local, um indicador claro da importância da agricultura familiar para a economia e o abastecimento alimentar da região.
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