Connect with us

Business

corte no orçamento ameaça segurança alimentar

Published

on


Enquanto todos discutem o Plano Safra 2025/26, uma questão crucial passou batida para quem vive na cidade: os cortes no orçamento do seguro rural. À primeira vista, pode soar como mais uma burocracia governamental, mas na verdade representa uma ameaça real à comida que chega à nossa mesa.

Vamos ser diretos: o seguro rural não é um mimo para fazendeiros.

É uma necessidade básica num país como o nosso – tropical, imenso e cada vez mais sujeito a mudanças climáticas extremas. Quando o produtor não tem essa proteção, ele simplesmente para de apostar. O resultado? Menos plantio, menos investimento em tecnologia, menos comida sendo produzida.

E isso não fica só no campo. Chega direto no nosso bolso e no nosso prato. Produção menor significa preços mais altos no supermercado e menos variedade de alimentos frescos nas prateleiras.

Pense no feijão, o fiel companheiro fiel do arroz brasileiro. É uma cultura extremamente sensível ao tempo: uma chuva no momento errado ou uma estiagem prolongada pode acabar com a safra inteira. Sem um seguro que dê tranquilidade, muitos produtores – principalmente os pequenos e médios – simplesmente desistem de plantar ou reduzem drasticamente a área cultivada.

Aqui mora uma incoerência gritante: cobramos que o agronegócio seja cada vez mais sustentável e eficiente, mas ao mesmo tempo tiramos dele as ferramentas básicas para lidar com os riscos climáticos. É como pedir para alguém dirigir com segurança, mas tirar o cinto de segurança do carro.

Os cortes orçamentários fazem com que o programa de seguro rural fique mais restrito, mais caro e, para muitos, simplesmente inacessível. Em vez de incentivar práticas modernas de gestão de risco, estamos fazendo o contrário.

É importante deixar claro: o seguro rural não é um presente para grandes fazendeiros. É uma política pública fundamental para garantir que tenhamos comida na mesa todos os dias.
Quando protegemos quem produz, estamos protegendo quem consome – ou seja, todos nós.
Se realmente queremos garantir comida de qualidade e preços justos para as famílias brasileiras, precisamos dar segurança para quem produz essa comida.

O seguro rural deveria ser tratado como prioridade nacional, não como uma despesa a ser cortada quando o governo precisa apertar o cinto.

No final das contas, estamos falando do básico: garantir que o Brasil continue alimentando seus cidadãos com dignidade e segurança.

*Marcelo Lüders é presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), e atua na promoção do feijão brasileiro no mercado interno e internacional


Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.

Continue Reading

Business

Quatro países retiram restrições de exportação à carne de aves brasileiras

Published

on

Kuwait, Bahrein, Albânia e Turquia retiraram as restrições à exportação de carne de frango brasileira após a conclusão do foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), a gripe aviária, registrado no município de Montenegro (RS), informa o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) nesta quarta-feira (23).

De acordo com a pasta, a situação atual das restrições das exportações brasileiras de carne de aves é a seguinte:

  • Sem restrição de exportação: África do Sul, Albânia, Argélia, Argentina, Bahrein, Bolívia, Bósnia e Herzegovina, Cuba, Egito, El Salvador, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Hong Kong, Índia, Iraque, Jordânia, Kuwait, Lesoto, Líbia, Marrocos, Mauritânia, México, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Peru, República Dominicana, Reino Unido, Singapura, Sri Lanka, Turquia, Uruguai, Vanuatu e Vietnã.
  • Suspensão total das exportações de carne de aves do Brasil: Canadá, Chile, China, Macedônia do Norte, Malásia, Paquistão, Timor-Leste, União Europeia.
  • Veja em primeira mão tudo sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo: siga o Canal Rural no Google News!
  • Suspensão restrita ao estado do Rio Grande do Sul: Angola, Arábia Saudita, Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Coreia do Sul, Namíbia, Omã, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Ucrânia.
  • Suspensão limitada ao município de Montenegro (RS): Catar
  • Suspensão limitada aos municípios de Montenegro, Campinápolis e Santo Antônio da Barra: Japão
  • Suspensão limitada à zona: Maurício, Nova Caledônia, São Cristóvão e Nevis, Suriname e Uzbequistão. O reconhecimento de zonas específicas é denominado regionalização, conforme previsto no Código Terrestre da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e no Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luis Rua, afirmou na terça-feira (22) que a pasta trabalha para que China, União Europeia e Chile voltem a comprar carne de aves brasileira no curto prazo, já a partir de agosto.

Continue Reading

Business

a transformação da Fazenda Aricá em Mato Grosso

Published

on


A virada da Fazenda Aricá, em Diamantino (MT), começou quando Lucas Konageski e seu irmão decidiram apostar no milho como alternativa para reerguer a propriedade, que vinha de um período de dificuldades financeiras. Até então, o grão era utilizado apenas para consumo interno, mas, com as mudanças no mercado e a chegada de granjas e exportadores, virou peça-chave para a recuperação e expansão.

“O milho mudou o perfil da fazenda inteira”, resume Lucas Konageski ao Especial Mais Milho, do Canal Rural Mato Grosso. “Hoje plantamos quase 10 mil hectares. Quando começamos, tudo o que tínhamos valia 30 mil sacas de soja”, completa ele ao recordar o valor que o pai “cobrou” dele e do irmão.

A história da família no campo começou com Pedro Konageski, pai de Lucas, que deixou o Rio Grande do Sul em 1984 e comprou as primeiras terras em Mato Grosso. Vindo de uma família de 12 irmãos, herdou o espírito empreendedor do pai, que usava o dinheiro da venda de caminhões de porco para comprar terras no sul do país.

“Meu avô tinha uma serraria e criava porcos com milho plantado na matraca. Quando vendia um caminhão, comprava uma colônia de terra e dava aos filhos conforme iam casando”, conta Lucas.

Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

O campo que vira escola

Com apenas 14 anos, Lucas foi deixado, junto com um funcionário, pelo pai em uma fazenda para aprender, na prática, a lidar e viver da terra. “Ele me largou com uma lata de banha, arroz, feijão, farinha e falou: ‘Se quiser comer, faça. Se não quiser, passe fome’. E eu, tipo assim, tenho que agradecer a ele por ter tido essa coragem de ter me deixado lá. Ficava o dia inteiro na roça e voltava só à noite”.

Já o irmão mais novo seguiu para a faculdade, enquanto Lucas mergulhava cada vez mais na lida da roça.

“Na época em que meu pai comprou aquela fazenda eram férias escolares e quando foi para retornar a minha mãe foi me buscar e eu falei que não ia mais estudar com tanto serviço importante que tinha para fazer e não fui mais. Mas, foi um aprendizado para mim. Foi uma escola. Não há vitória sem a guerra”.

Mais Milho Lucas Konageski diamantino foto israel baumann canal rural mato grosso1
Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

Nos anos 2000, diante da baixa valorização da soja e da falta de perspectivas em Mato Grosso, Lucas foi para o Piauí, onde os preços estavam mais atrativos. Montou uma fazenda do zero, com estrutura completa. Mas uma disputa judicial comprometeu tudo, e ele precisou vender a área para não perder uma terra que havia recebido do pai em Mato Grosso. “Vendi tudo lá para proteger a matrícula daqui”.

Ao retornar em 2004, encontrou uma situação crítica, assim como em todo o estado e país. Era o ano em que o setor produtivo viveu uma inversão cambial, dando origem posteriormente à movimentos como o Grito do Ipiranga.

Com propriedades arrendadas, inadimplentes e o pai já sem ânimo para continuar, Lucas decidiu assumir “as contas e tocar” as propriedades da família com o irmão. Aos risos, ele lembra ainda que as terras não foram dadas pelo pai.

“Na época tinha um equipamento, ele anotou na agenda, somou tudo, dava umas 30 mil sacas de soja que não valia nada e falou: ‘vocês vão pagando isso aí por ano para mim e eu quero o arrendamento para eu ir pagando as securitizações’. Então, a gente assumiu todas aquelas dívidas. Na época eram impagáveis aquelas dívidas”.

Mais Milho Lucas Konageski diamantino foto israel baumann canal rural mato grosso3
Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

Entre 2004 e 2010, os dois quitaram todas as dívidas e iniciaram uma nova fase.

O milho, que antes não era nem considerado uma commodity no país, começou a ganhar espaço na propriedade a partir de 2005. “Plantava só para as galinhas e porcos. Mas com o surgimento de granjas e interesse de empresas, começamos a plantar mais. Foi ali que o milho virou commodity e decidimos investir de verdade”.

Essa virada exigiu mudança completa na forma de produção. “Antes a gente fazia uma safra só. Com o milho, começamos a estruturar o solo: adubação, gesso, calcário, correção, eliminação de compactação. Isso mudou tudo”.

Hoje, mesmo com limitações climáticas, uma vez que na região de Diamantino as chuvas costumam cortar em abril, a fazenda espera uma produtividade média entre 130 e 140 sacas por hectare nesta temporada 2024/25.

Lucas acredita que, com o avanço tecnológico e genético, o Brasil pode aumentar cada vez mais a sua produção de milho. Questionado se seria possível o país atingir médias de 170, 180 sacas por hectare, ele frisa que “isso não está longe”.

“A tecnologia está evoluindo muito rápido. Isso se deu pelas cultivares. Porque as cultivares que tinham antigamente não tinham potencial. Hoje com a melhoria da genética, você vê que tem potencial. Você pega os Estados Unidos e lá produz quanto? Claro que isso depende da chuva. Aqui, depois de abril, para de chover. O limitante é a água. Mas com solo bem estruturado, o potencial é grande. Já tivemos talhão de 195 sacas”.

Mais Milho Lucas Konageski diamantino foto israel baumann canal rural mato grosso2
Foto: Israel Baumann/Canal Rural Mato Grosso

Gestão familiar é chave de sucesso e expansão

Além do milho, os irmãos também apostaram no algodão. O avanço nos preços das terras e o aumento dos custos de arrendamento exigiram uma decisão: alugar as áreas para terceiros ou entrar na cultura. Optaram por investir.

“Montamos uma algodoeira aqui em Diamantino. É a primeira da cidade. Já está pronta e pensamos em atender terceiros. Foi um dos maiores investimentos. O outro foi em maquinário. Mas tudo começou com investimento em solo, que é o principal”.

A gestão familiar é dividida com equilíbrio. “Meu irmão cuida mais do escritório, é mais cauteloso. Eu sou mais agressivo e fico no campo. A gente se completa”. Parte das terras foi adquirida pelos dois ao longo dos anos, e cerca de 60% das áreas seguem arrendadas. “Nada disso seria possível sem nossa equipe. Sozinho, ninguém faz nada.”

Mas Lucas garante que o verdadeiro segredo está além da técnica. “Plantar e colher é um dom de Deus. Você tem que ter amor naquilo que você está fazendo. E oração. Pedir que Deus mande a chuva ou sol na hora certa, porque o homem pode fazer o que ele quiser, que se não vem a água, o sol, não tem produção. Então é esse carinho, esse ambiente familiar onde todo mundo se coloca no lugar do outro para poder a coisa andar, para as coisas acontecerem”.

+Confira mais notícias do projeto Mais Milho no site do Canal Rural

+Confira mais notícias do projeto Mais Milho no YouTube

+Confira outros episódios do Especial Mais Milho do projeto Mais Milho no YouTube


Clique aqui, entre em nossa comunidade no WhatsApp do Canal Rural Mato Grosso e receba notícias em tempo real.

Continue Reading

Business

cenário do setor é incerto com tarifação americana

Published

on

O mercado cafeeiro segue em ritmo lento e incerto com a possível tarifação americana de 50% a produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos. É isso o que avaliam pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Segundo o instituto, o avanço da colheita no Brasil tem reforçado o contexto de volatilidade, aumentando a oferta. Para o café arábica, as atividades caminham bem e, para o robusta, estão praticamente finalizadas. Dessa forma, o setor busca alternativas para o escoamento. 

Uma das principais preocupações do setor sobre a taxação americana, conforme explicam pesquisadores, está atrelada ao café solúvel, que tem o robusta como matéria-prima, e os Estados Unidos são importantes compradores. 

Destaca-se que, recentemente, o robusta brasileiro ganhou mercado com a menor produção do Vietnã no ano passado e as dificuldades logísticas para embarques da Ásia para a Europa e às Américas. 

Com a tarifação extra, o Cepea avalia que a concorrência brasileira com produtos asiáticos poderia ficar comprometida, sendo necessário algum rearranjo dos envios para atender à necessidade americana.

*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo

Continue Reading
Advertisement

Agro MT