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No limite, contas viram o maior desafio da safra em Mato Grosso

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No coração do agro brasileiro, o produtor mato-grossense enfrenta uma das safras mais desafiadoras dos últimos anos. Com crédito escasso, juros elevados e custos que não param de crescer, o ritmo do campo desacelera. Para não parar, os agricultores reduzem investimentos e seguram o caixa em meio à incerteza. Uma safra que começa com fé — e com o agro no limite.

As plantadeiras estão prontas para entrar nas lavouras na maioria das propriedades rurais em Primavera do Leste. O que as impedem é a irregularidade das chuvas no município. “Teria que chover uns 80 milímetros”, diz o agricultor Ari José Ferrari ao Patrulheiro Agro.

Com todas as plantadeiras engatadas esperando o índice pluviométrico ideal, Ari relata ainda outro ponto preocupante: a alta temperatura. “Não dá para arriscar, não. Tem que esperar, porque o lucro é pequeno. Foi feito um pouco de contrato. Achamos que fosse subir um pouco e fazer mais [contratos], só que não subiu até agora”, pontua ele que pretende cultivar 2,4 mil hectares de soja e já comercializou 30% da produção.

Preço baixo da soja e crédito restrito

O preço baixo da saca de 60 quilos da soja, bem como do milho, é considerado outro problema preocupante para a safra 2025/26, além do clima. Quando adquiriu o maquinário mostrado na reportagem do Canal Rural Mato Grosso, Ari lembra que a soja era comercializada a R$ 160 a saca e hoje a comercializa por R$ 110. Já o milho caiu de R$ 80 para R$ 45.

“Então dá uma diferença. A nossa média é colher 60 sacas por hectare [de soja], mas não pode acontecer nada de errado. Qualquer pouco que der a menos a gente já entra no vermelho. Está bem no limite”, relata o agricultor.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Para o tesoureiro do Conselho Estadual das Associações das Revendas de Produtos Agropecuários (Cearpa), Marcelo Cunha, o crédito é o “nosso maior problema” para a safra 2025/26.

“Ficou restrito. O dinheiro sumiu, vamos dizer, coisa que a agricultura nunca tinha visto disso, essa escassez de crédito, o produtor pegar dinheiro em banco, em cooperativa, isso ficou difícil”.

O Cearpa reúne cerca de 300 empresas em todo o Mato Grosso e, segundo Marcelo, para as indústrias e revendas tais recursos também estão escassos. “Está estrangulando o crédito e pendeu a balança para a indústria e para as revendas, é limitado esse crédito que nós temos”.

Juros altos impedem investimentos

A falta de crédito é considerada um “assunto sério” em meio ao setor produtivo brasileiro, somada às altas taxas de juros. Conforme o agricultor mato-grossense Rui Prado, “é impossível fazer investimentos” com os juros praticados hoje pelos bancos, que chegam até 20%.

“Para o produtor plantar isso é inviável. O que vai acontecer em um futuro muito próximo é que os bancos vão ficar proprietários das terras dos produtores rurais aqui em Mato Grosso. O dinheiro da produção está sendo canalizado, principalmente da produção agrícola para o sistema financeiro”, frisa a reportagem.

A redução de investimentos, de acordo com Rui Prado, é uma saída para evitar que as terras parem “nas mãos dos bancos”. “Eu não sei o que vai virar do nosso país. Eu acredito que os bancos vão começar a fazer agricultura em nosso país. Da maneira que está, eu aconselho aos meus colegas produtores a não plantarem na forma em que estão plantando. Plantar com menos tecnologia, menos área e fazer com que sobre alguma coisa, porque da maneira que está é muito provável que as terras vão parar nas mãos dos bancos”.

Produtor na região sudeste de Mato Grosso, Jorge Piccinin revela que o último maquinário adquirido foi há três anos. De lá para cá não investiu mais, pois “hoje a taxa de juro não está dando condições”. “Tem que fazer com o que tem para sobrar alguma coisa, senão não sobra nada”, diz ele que pretende cultivar 5,3 mil hectares de soja nesta safra.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Apesar da cautela nos investimentos hoje no que tange a maquinários, diante das margens apertadas, a depreciação destes com o passar dos anos causa apreensão quanto ao futuro, uma vez que são considerados essenciais para os resultados na lavoura.

“Vai ter que trocar as máquinas, porque daqui a pouco vai virar coisa velha que não dá mais para plantar. Mas, hoje eu não tenho coragem de comprar uma máquina não, porque dinheiro para comprar à vista não tem e financiado não dá. Juro de 20% não fecha a conta”, pontua o agricultor Ari Ferrari.

Para o presidente da Cooprosoja, Fernando Cadore, a “viabilidade” é o principal insumo para a produção. Ele frisa que “o investimento tem que ser bem pensado para que tenha viabilidade” e que o mesmo deve ser feito somente em caso de “extrema necessidade”.

De acordo com ele, a realização de compras coletivas seria uma alternativa para o produtor se equilibrar e ficar dentro do mercado com investimento. Com mais de 1,3 mil produtores e quase três milhões de hectares, a Cooprosoja foi criada há dois anos e está presente em 86 municípios mato-grossenses.

“A coletividade, a união dos produtores, pode fazer a diferença e trazer viabilidade a longo prazo. Máquinas agrícolas era um ponto em que não existia coletividade. O Grito do Ipiranga formatou muitos conglomerados de compras, como as cooperativas municipais. Mas, as máquinas eram um calcanhar e ainda é, porque a discrepância continua muito grande. Todo o setor junto em volume vai ter diferença de precificação, é isso o que a gente buscou na formatação dessa cooperativa, que une os produtores mato-grossenses em coletividade para benefícios em comum”.

+Confira todos os episódios da série Patrulheiro Agro


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Candidato a diretor do IICA, ex-ministro do Uruguai defende papel de liderança do Brasil no agro

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Os ministros da Agricultura das Américas se reúnem em Brasília, entre os dias 3 e 5 de novembro, para escolher o novo diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA), órgão que reúne 34 países do continente e atua há mais de 80 anos na formulação de políticas e projetos voltados ao desenvolvimento sustentável do setor.

Um dos candidatos ao cargo é Fernando Matos, ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da Associação Rural do Uruguai. Em entrevista ao Rural Notícias, do Canal Rural, Matos destacou a importância da integração entre os países das Américas e o papel de liderança do Brasil no avanço tecnológico do agronegócio.

“O IICA é uma organização multilateral especializada na cooperação para a agricultura, assistência técnica e financiamento de projetos. É um órgão com 83 anos de existência e um papel estratégico na segurança alimentar global”, afirmou.

Potencial das Américas e papel do Brasil

Segundo Matos, o continente americano é o que mais reúne condições para expandir de forma sustentável a produção de alimentos no mundo.

“Temos solo fértil, água doce em abundância, clima favorável e produtores qualificados. O hemisfério ocidental tem um papel central na segurança alimentar global”, destacou.

O candidato uruguaio também ressaltou que o Brasil é peça-chave nesse processo, principalmente pela expertise desenvolvida na agricultura tropical e pelos avanços da Embrapa.

“O Brasil é exemplo de sucesso, com evolução tecnológica que o colocou entre os principais produtores e exportadores do mundo. A cooperação brasileira, especialmente em pesquisa e inovação, pode transformar a agricultura em outros países das Américas”, afirmou.

Desafios globais e foco em tecnologia

Matos lembrou que o mundo enfrentará um grande desafio nas próximas décadas: produzir mais com menos recursos.

“A população global deve passar de 8 para 10 bilhões de pessoas, o que exigirá entre 50% e 60% mais alimentos, biocombustíveis e fibras. Isso só será possível com tecnologia, pesquisa e sustentabilidade”, avaliou.

O ex-ministro também defendeu a necessidade de reduzir desigualdades regionais e fortalecer a cooperação diante dos efeitos das mudanças climáticas e dos riscos sanitários.

“A paz do mundo dependerá do que fizermos para fortalecer as cadeias produtivas e garantir o abastecimento de alimentos”, concluiu.

A eleição do novo diretor do IICA ocorre durante a Conferência de Ministros da Agricultura das Américas, em Brasília. Dos 34 países membros, 32 terão direito a voto, já que Venezuela e Nicarágua estão temporariamente impedidas de participar do processo.

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Endividamento recorde no agro pressiona crédito e acende sinal vermelho no setor financeiro

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O agronegócio brasileiro passa por um período de ajuste depois de anos de expansão e rentabilidade elevada. A combinação entre custos altos, queda nos preços das commodities e aumento do endividamento tem elevado os índices de inadimplência no campo, gerando preocupação em toda a cadeia financeira, dos fornecedores de insumos aos bancos.

Segundo Eric Emiliano, sócio da L.E.K. Consulting, o cenário atual reflete uma fase de margens mais apertadas e menor capacidade de pagamento por parte dos produtores.

“O agronegócio teve anos muito bons, especialmente nas culturas de soja e milho, mas já vem há duas ou três safras com margens mais curtas. Os custos subiram, os preços das commodities caíram e isso pressiona o caixa do produtor”, explicou.

Eric lembra que a alavancagem é algo comum na atividade agrícola, com produtores recorrendo a crédito de cooperativas, revendas, tradings e bancos , mas ressalta que a estrutura de endividamento se tornou mais pesada diante do cenário de rentabilidade menor.

“Nos momentos de margens altas, muitos produtores investiram e captaram mais recursos. Agora, com receitas menores, pagar as contas e as dívidas ficou mais difícil”, pontuou.
Apesar da alta da inadimplência, o especialista avalia que o problema não deve se estender por muito tempo.

“O agricultor brasileiro é muito resiliente. Já passamos por outros ciclos de aperto e o setor sempre se adapta. A retomada vai depender de fatores como o aumento da produtividade, que é essencial para melhorar o resultado dentro da porteira”, destacou.

Modelo de financiamento em transição

Eric também chama atenção para as mudanças na estrutura de crédito do setor. A participação do governo no financiamento agrícola, segundo ele, vem diminuindo, abrindo espaço para bancos e mercado de capitais.

“A agricultura cresce mais rápido do que a capacidade do governo de ampliar recursos. Por isso, outros agentes da cadeia, como indústrias de insumos, tradings e instituições financeiras, vêm assumindo papel maior no crédito rural”, explicou.

Nos últimos anos, observa o consultor, os bancos e o mercado de capitais aumentaram sua presença no financiamento ao agro. No entanto, com a inadimplência em alta, há um movimento de cautela.

“Mesmo assim, acreditamos que uma participação maior dessas instituições é positiva, porque traz especialização financeira e deixa a cadeia de insumos e tradings focada em suas atividades principais”, afirmou.

Para o especialista, o futuro do crédito agrícola deve ser marcado por soluções financeiras mais sofisticadas e garantias estruturadas, acompanhando a maturidade do setor.
“Os modelos de financiamento vão ficar mais complexos, tanto na origem dos recursos quanto nas formas de garantia. Isso é sinal de um mercado que está evoluindo”.

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Preços do boi gordo encerram semana em alta e negócios seguem aquecidos

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O mercado físico do boi gordo manteve-se acima da referência média em várias regiões, com destaque para Rondônia, Pará, Tocantins e Goiás. Em São Paulo, as negociações se sustentam em patamares estáveis, com frigoríficos de maior porte operando com escalas confortáveis e boa presença de animais de parceria.

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As exportações seguem com desempenho acima do habitual, segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.

Preços do boi gordo (arroba):

  • São Paulo: ficou em R$ 314,17 (a prazo)
  • Goiás: arroba a R$ 305,57
  • Minas Gerais: preço de R$ 304,12
  • Mato Grosso do Sul: arroba indicada para R$ 327,95
  • Mato Grosso: ficou em R$ 299,86

Mercado atacadista

O mercado atacadista segue firme, com tendência de alta no curtíssimo prazo, impulsionada pelo aumento do consumo doméstico com o fim de ano se aproximando. O décimo terceiro salário, postos temporários de emprego e confraternizações contribuem para a maior demanda.

  • Quarto traseiro: R$ 25,00
  • Quarto dianteiro: R$ 18,20
  • Ponta de agulha: R$ 17,20

Câmbio

O dólar comercial encerrou a sessão em alta de 0,13%, cotado a R$ 5,3926 para venda e R$ 5,3906 para compra. Durante o dia, a moeda oscilou entre R$ 5,3622 e R$ 5,4027. Na semana, o real valorizou 0,25% frente ao dólar.

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