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Sob pressão das dívidas, produtores de MT cobram apoio para sair da crise

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Custos em alta, queda no preço das commodities e dificuldades para pagar as contas. Mato Grosso é o segundo estado com o maior endividamento agrícola. O setor produtivo cobra alternativas urgentes do governo federal para superar a crise no campo para continuar produzindo alimentos e gerando emprego e renda.

O endividamento rural se tornou um dos maiores desafios do agronegócio brasileiro, um peso que, segundo especialistas e o próprio setor, vai muito além das porteiras das fazendas.

“O produtor acabou acreditando no Plano Safra. Pagou seus custeios, seus investimentos lá no primeiro semestre. No segundo semestre veio o Plano Safra e com ele toda essa burocracia. Veio com crédito apertado e as garantias. Todos os bancos, tanto os privados quanto os oficiais, têm alienação fiduciária e ela é três, quatro vezes maior do que o dinheiro pego”, diz Rafael Bilibio, presidente do Sindicato Rural de Vera e Feliz Natal.

O plantio da soja 2025/26 já iniciou nos dois municípios. Contudo, por enquanto, as sementes estão sendo colocadas apenas nas áreas irrigadas, que somam cerca de 17 mil hectares entre eles.

Bilibio pontua que muitos produtores do estado não possuem alienação fiduciária e, sim, apenas “uma hipoteca de segundo grau” que os bancos vinham aceitando. “Agora no segundo semestre não aceitaram e o dinheiro simplesmente sumiu das mãos dos produtores e sumiu da praça”, diz ao Patrulheiro Agro desta semana.

Conforme ele, a ausência de circulação de “dinheiro” pode trazer reflexos tanto na produtividade quanto na rentabilidade desta safra em Vera e Feliz Natal. “Eu acredito na diminuição da tecnologia. O endividamento está bem alto. Podemos até falar, com quase certeza absoluta, que passa de R$ 10 mil por hectare na média do produtor”.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Safra de margens apertadas

O setor produtivo mato-grossense pontua ter registrado uma redução “significativa” no custeio por meio do Plano Safra de aproximadamente 30%.

“Os investimentos Pró-Irriga, outros investimentos, como Moderfrota, também tiveram redução de 90%. A margem está bastante apertada”, salienta Diogo Damiani, presidente do Sindicato Rural de Sorriso.

O produtor André Bulma frisa que a logística é outro ponto que ajuda a apertar ainda mais as margens no campo. “Quanto mais distante, mais cara é a logística. Menor é o lucro. Então o agricultor está tirando o pé. Ele vai tirando primeiro um pouco de fertilizante, na qualidade dos insumos, nos fungicidas, herbicidas. Ele vai tirando o pé de qualquer forma tentando reduzir custos”, diz ao Canal Rural Mato Grosso.

Setor pede alternativas urgentes

Diante da situação, produtores mato-grossenses e entidades de classe cobram alternativas urgentes para superar a crise no campo. “Mato Grosso é o segundo estado com o maior endividamento agrícola. Esperamos que haja, principalmente, linhas de crédito com juros menores. Esses juros praticados hoje têm impactado muito no custo”, pontua Lucas Costa Beber, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT).

Beber destaca que nesta safra Mato Grosso terá em torno de 3,4 milhões de hectares destinados para a soja em relação a 2019, o que mostra a ampliação da produção de grãos em novas fronteiras agrícolas, onde muitas lavouras de transformaram por meio da sucessão da pecuária.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

“E isso tem um custo muito elevado. O produtor acabou fazendo muito investimento, da mesma maneira que os fornecedores e a indústria que apostaram neste período de prosperidade. Porém, fomos surpreendidos por um revés de mercado e agora estamos em uma situação delicada para todos os lados”, afirma em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso.

De acordo com o Banco Central, a inadimplência dos produtores no Brasil chega a quase R$ 39 bilhões, cerca de 5% do valor total emprestado. Considerando o montante já renegociado, esta soma ultrapassa R$ 110 bilhões, o equivalente a 14%do total financiado. Em Mato Grosso, os atrasos chegam a 5,1%, somando 14,4% com as renegociações.

Na avaliação do agricultor Regis Porazzi o que teria “alavancado” a situação de endividamento do produtor rural brasileiro e mato-grossense foi a safra 2023/24, considerada “uma grande frustração de safra, principalmente nas áreas que plantam em solos arenosos”, além de “duas a três safras de milho”.

Segundo o diretor administrativo da Aprosoja MT, Diego Bertuol, por não conseguirem créditos subsidiados e equalizados pelo governo federal, os produtores estão recorrendo aos bancos privados com juros “passando de 20% ao ano”, o que “não consegue viabilizar o negócio do produtor”.

“Você conversa com as instituições e cada vez estão precisando de mais garantias. Se o produtor está inadimplente ou se ele está com alguma dificuldade financeira, com certeza as suas garantias também já estão amarradas. Então, ele fica refém do dinheiro mais caro, pagando o juro que já está altíssimo com certeza, complicando mais a sua situação financeira”, completa o agricultor Gilson Antunes de Melo.

Especialista em Direito Agrofinanceiro, Lutero Paiva afirma que “grande parte do endividamento do setor agrícola tem a ver com ilegalidades nos contratos que os produtores assinam com agentes econômicos e financeiros”.

Para Fábio Silveira, sócio-diretor da Macro Sector Consultores, “o aumento de subsídios tem que ser empregado”. Ele lembra que os Estados Unidos já auxiliam os produtores rurais, o que ajuda a “manter a inflação em níveis confortáveis”. “Mas, para isso temos que aumentar a produção em 2026 e 2027 e, para isso, é fundamental haver ferramentas que tirem esse peso das costas do produtor”.

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Congresso de Agronomia: produtividade com sustentabilidade

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A engenharia agrônoma e toda a cadeira produtiva do agro brasileiro volta o foco para Maceió, Alagoas, a partir deste dia 14 de outubro, para difundir conhecimento, inovação e experiências que pretendem moldar o futuro da agronomia no Brasil. Em sua trigésima quarta edição, o Congresso Brasileiro de Agronomia – CBA 2025 – tem como tema Produtividade com Sustentabilidade.

Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), através da Sociedade dos Engenheiros Agrônomos de Alagoas (Seagra) realiza o evento com 6 salas temáticas simultâneas, mais de 65 palestras e painéis, mais de 300 trabalhos científicos apresentados, 130 palestrantes especialistas entre eles, Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e embaixador da FAO para o cooperativismo, falando sobre o tema: O Engenheiro Agrônomo do Futuro, e Aldo Rebelo, ex-ministro, que falará sobre “A Importância do Engenheiro Agrônomo para a Segurança Alimentar”.

Entre os temas também figuram os debates, trabalhos e exposições do evento a nanotecnologia e robótica para agricultura sustentável, startups e inovação no campo, agronomia como protagonista da transição energética, políticas públicas, e muito mais.  

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Aprosoja-MT pede revisão na MP que renegocia dívidas rurais

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A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) cobrou do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) a revisão dos critérios de acesso ao crédito rural previstos na Medida Provisória nº 1.314/2025, que renegocia dívidas rurais.

A entidade enviou ofício à pasta defendendo que os bancos possam avaliar individualmente os pedidos de produtores, com base em comprovação técnica de perdas, sem restrições territoriais impostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Critérios territoriais e impacto no campo

Publicada em setembro, a MP 1.314/2025 criou linhas de crédito com juros subsidiados entre 2% e 6% ao ano para produtores que tiveram perdas em duas ou mais safras entre 2020 e 2025 por causa de eventos climáticos extremos. As regras do CMN, no entanto, limitam o acesso aos produtores localizados em municípios listados pelo Ministério da Agricultura, de acordo com percentuais médios de perdas apurados pelo IBGE.

Para a Aprosoja-MT, o critério desconsidera casos de perdas comprovadas fora desses recortes estatísticos. A entidade afirma que a medida acaba excluindo agricultores que enfrentaram seca, excesso de chuva e queda nos preços da soja e do milho, comprometendo a viabilidade econômica das propriedades.

“Produtores com laudos técnicos e comprovação de prejuízos deveriam ter o mesmo direito ao crédito equalizado. O objetivo é garantir fôlego financeiro para continuar produzindo”, afirmou Diego Bertuol, diretor administrativo da Aprosoja-MT.

Endividamento e burocracia

Dados do Banco Central mostram que cerca de 15% da carteira de crédito rural de Mato Grosso, o equivalente a R$ 14 bilhões, está em atraso ou renegociação. Segundo a Aprosoja, o cenário reforça a necessidade de juros acessíveis e prazos adequados, conforme previsto na MP.

Bertuol também destacou a burocracia e as exigências excessivas como entraves ao crédito rural. “A demora nos processos, a falta de recursos e as altas garantias exigidas impedem o acesso às linhas emergenciais. Em muitos casos, bastaria o alongamento das dívidas com carência e prazos adequados para evitar a falência de produtores”, afirmou.

Pedido de revisão

A entidade solicita que o Mapa reavalie as normas complementares e autorize expressamente as instituições financeiras a realizarem a análise individualizada dos pedidos de crédito, conforme a comprovação técnica das perdas. Para a Aprosoja-MT, o foco da MP deve permanecer em atender produtores em situação de vulnerabilidade, independentemente da localização geográfica.

Caso os critérios não sejam revistos, produtores afetados por secas, chuvas intensas e incêndios podem ser obrigados a renegociar suas dívidas em linhas de mercado, com juros superiores a 16% ao ano, o que, segundo a entidade, aumentaria o risco de insolvência no campo.

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Agricultura regenerativa cresce no Cerrado e melhora resultados nas lavouras

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O Cerrado brasileiro passa a ganhar protagonismo na agricultura regenerativa. O projeto Regenera Cerrado, iniciativa do Fórum do Futuro em parceria com universidades e empresas, concluiu a primeira fase em setembro, abrangendo mais de 8 mil hectares de fazendas no sudoeste de Goiás.

Durante essa etapa, foram validadas práticas que diminuíram o uso de insumos químicos, como fertilizantes (-20%), fungicidas (-30%) e inseticidas (-50%), ao mesmo tempo em que aumentaram o uso de bioinsumos e técnicas de controle biológico, mantendo a produtividade das culturas de soja e milho.

O projeto também monitorou serviços ecossistêmicos, como a preservação de polinizadores, mostrando aumento de produtividade próximo a áreas de mata nativa, e melhorias na estruturação do solo e na mitigação de gases de efeito estufa.

Agora, a segunda fase do Regenera Cerrado, iniciada em outubro, ampliará o estudo para cinco pilares: saúde do solo e da água, práticas agrícolas regenerativas, conservação da biodiversidade, produção de alimentos seguros e sustentáveis e fortalecimento do mercado regenerativo.

O objetivo é coletar dados integrados sobre solo, biodiversidade, polinização, carbono, fitossanidade e qualidade dos grãos, consolidando evidências para ampliar a adoção de práticas regenerativas em todo o país.

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