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Sustentabilidade

Desfolha no período reprodutivo e sua relação com a produtividade da soja – MAIS SOJA

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A desfolha está entre os principais fatores de redução da produtividade da soja. Ao diminuir a área foliar e, consequentemente, a superfície fotossinteticamente ativa, ocorre menor produção e translocação de fotoassimilados para os grãos, o que limita diretamente o potencial produtivo da cultura.

A redução da área foliar é tão significante para a produtividade da soja, que para a maioria das pragas desfolhadoras, além do número de indivíduos, deve-se considerar a porcentagem de desfolha para definir o nível de controle (Tabela 1). No entanto, embora a soja apresente uma conhecida plasticidade, que lhe confere uma maior capacidade compensativa na maioria das cultivares, é consenso que o período reprodutivo é o período mais sensível da cultura á desfolha.

Tabela 1. Nível de ação para o controle das principais lagartas da soja.
Fonte: Roggia et al. (2020)

Ainda que a resposta produtiva em função da desfolha possa variar em função da cultivar, corroborando a recomendação técnica de que o nível de desfolha no período reprodutivo deve ser menor em comparação ao período vegetativo para evitar maiores perdas produtivas, Durli et al. (2020) observaram que as maiores perdas produtivas são observadas quando a desfolha ocorreu durante o período reprodutivo da cultura, independentemente de cultivar.

Os autores avaliaram a influência de diferentes níveis de desfolha (0%, 16,6%, 33,3%, 50% e 66,6) durante os períodos vegetativo e reprodutivo de cultivares de soja, submetendo cultivares de diferentes grupos de maturação relativa (GMR), a desfolha nas fases de V6 e R3.

Figura 1. Representação esquemática dos cinco níveis de desfolhamento impostos a três cultivares de soja em V6 e R3.
Adaptado: Durli et al. (2020)

Embora os resultados obtidos por  Durli et al. (2020) demonstrem que a capacidade de expansão foliar da soja após a desfolha durante o período vegetativo pode variar de acordo com a cultivar, os autores destacam que a partir de 16,6% de desfolha durante o período reprodutivo, perdas significativas de produtividade são  observadas, demonstrando que níveis de desfolha superiores a 16,6% durante o período reprodutivo, já podem causar perdas substanciais de produtividade em soja.

Figura 2. Rendimento de grãos por planta de cultivares de soja sob diferentes níveis de desfolha em V6 (A) e R3 (B). Cultivares avaliadas: BMX Veloz (GMR 5.0, hábito de crescimento indeterminado), NA  5909 (GMR 5.9, hábito de crescimento indeterminado) e TMG 7262 (GMR 6.2, hábito de crescimento semideterminado).
As barras verticais indicam a média ± erro padrão do tratamento Adaptado: Durli et al. (2020)

Entre as principais espécies de lagartas desfolhadoras que ocorrem com maior frequência no período reprodutivo da soja, destacam-se as do complexo Spodoptera (Spodoptera spp.), a lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens, Rachiplusia nu e Trichoplusia ni) e as lagartas do gênero Helicoverpa (Helicoverpa spp.). Nesse período do desenvolvimento da soja, o monitoramento torna-se essencial para a definição do nível de controle, uma vez que a desfolha causada por essas pragas pode resultar em perdas significativas de produtividade. Embora a amostragem de lagartas seja importante desde as fases iniciais da lavoura, sua intensificação durante o período reprodutivo é indispensável, pois é quando o potencial produtivo da soja está mais suscetível aos danos.

Figura 3. Períodos críticos para ocorrência e danos de lagartas de diferentes espécies na soja.
Figura: Jerson Guedes.

Veja mais: Monitoramento e controle de percevejos em soja


Referências:

DURLI, M. M., et al. NÍVEIS DE DESFOLHA NAS FASES VEGETATIVA E REPRODUTIVA DE CULTIVARES DE SOJA COM DIFERENTES GRUPOS DE MATURAÇÃO RELATIVA. Rev. Caatinga, Mossoró, v. 33, n. 2, pág. 402-411, abr.- junho de 2020. Disponível em: < https://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/caatinga/article/view/8999/10209 >, acesso em: 26/08/2025.

GUEDES, J. C.; POZEBON, H.; ARNEMANN, J. A.; RUTHES, E.; PERINI, C. R. Pragas da Soja. Em: ROMERO, J. C. P. (Ed.) Manual de Entomologia Volume 1: Pragas das Culturas. 1ª Edição, 477 p. Editora Agronômica Ceres, Ouro Fino – MG, 2022.

LACERDA, K. L. et al. PRODUTIVIDADE DA SOJA COM DESFOLHA ARTIFICIAL EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS. PEER REVIEW, 2024. Disponível em: < https://peerw.org/index.php/journals/article/view/1753/1024 >, acesso em: 26/08/2025.

ROGGIA, S. et al. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS. Embrapa, Tecnologias de Produção de Soja, Sistemas de Produção, n. 17, cap. 9, 2020. Disponível em:< https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 26/08/2025.

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Sustentabilidade

Após cair por ampla oferta, Chicago segue dólar fraco e fecha em alta no milho – MAIS SOJA

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A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o milho fechou a sessão de hoje com preços altos. O mercado chegou a cair no início do dia, em linha com o quadro fundamental de ampla oferta, mas a fraqueza do dólar frente a outras moedas reverteu este cenário. Além disso, compras por parte de fundos especuladores associadas a fatores técnicos também contribuíram para os ganhos.

Na sessão, os contratos com entrega em dezembro de 2025 fecharam com alta de 0,54%, ou 2,25 centavos, cotados a US$ 4,13 por bushel. Os contratos com entrega em março de 2026 fecharam com avanço de 2,00 centavos, ou 0,46%, cotados a US$ 4,29 1/4 por bushel.

Fonte: Pedro Diniz Carneiro – Safras News



 

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Sustentabilidade

Intervalo entre a dessecação e a semeadura: qual o tempo ideal? – MAIS SOJA

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O controle das plantas daninhas na pré-semeadura das culturas agrícolas é crucial para reduzir a matocompetição inicial, e assim reduzir a interferência das espécies daninhas no desenvolvimento inicial das lavouras. Dentre as estratégias de manejo disponíveis para isso, destacam-se a dessecação pré-semeadura, por meio do emprego de herbicidas químicos.

A dessecação pré-semeadura, ou dessecação antecipada, pode ser compreendida como a aplicação de herbicidas químicos com o objetivo de eliminar plantas daninhas antes da instalação da cultura principal. Além do controle de plantas espontâneas, essa prática também é amplamente utilizada no manejo de culturas de cobertura, favorecendo a formação de um ambiente mais limpo e uniforme para a semeadura e o estabelecimento da cultura sucessora.

Em situações mais complexas, caracterizadas por altas infestações de plantas daninhas e/ou por populações em estádios mais avançados de desenvolvimento, pode ser necessário realizar aplicações sequenciais de herbicidas na pré-semeadura para alcançar um controle eficaz. A escolha do produto deve considerar as espécies presentes, já que diferentes herbicidas apresentam espectros de controle distintos. Além disso, é fundamental avaliar o efeito residual da molécula utilizada, garantindo que não haja interferência negativa na germinação e no desenvolvimento inicial da cultura sucessora.

Figura 1. Plantas de buva remanescentes da dessecação pré-semeadura.

Determinados herbicidas utilizados na dessecação pré-semeadura da soja podem exercer influência negativa sobre o desenvolvimento das plântulas, caso as recomendações de manejo quanto ao intervalo entre pulverização e semeadura não sejam respeitadas. Esse efeito é oriundo da residualidade do herbicida no solo, fato popularmente conhecido como carryover. O carryover é o efeito residual prolongado no solo, que consiste na persistência do produto em níveis que podem prejudicar o desenvolvimento de culturas subsequentes.

O herbicida 2,4-D por exemplo, apresenta elevado potencial em causar danos á soja, caso seja indevidamente manejado na dessecação pré-semeadura (figura 2). Para mitigar os danos, recomenda-se que o intervalo entre a aplicação do 2,4-D e a semeadura da soja não seja inferior a  7-10 dias. Tais recomendações são importantes, para proporcionar um controle eficiente das plantas daninhas, sem causar danos a cultura da soja (Martin et al., 2022).

Figura 2. Injuria durante a emergência da cultura da soja. Sintomas de fitotoxidade por mimetizadores de auxina 2,4-D, Dicamba, Garlon, Tordon, etc. (Folhas deformadas).
Fonte: Werle & Oliveira (2018)

de fitotoxicidade em soja. Para evitar esse efeito, deve-se seguir as orientações quanto a dose, condições climáticas e ambientais para pulverização e época de aplicação, especialmente no sistema plante-aplique, em que esses herbicidas são aplicados após a semeadura da soja.

Embora o intervalo entre a dessecação pré-semeadura e a semeadura varie conforme o herbicida utilizado e a dose aplicada, de acordo com Hermani (2021), recomenda-se realizar a dessecação pré-semeadura da soja pelo menos de 15 a 20 dias antes da semeadura. Esse período permite que as plantas daninhas alcancem o estágio ideal para um controle eficiente, potencializando a eficácia do herbicida e reduzindo a competição inicial com a cultura.



Contudo, é fundamental destacar que cada herbicida possui um intervalo de segurança específico que deve ser rigorosamente respeitado entre a aplicação e a semeadura. Para algumas moléculas, como Mesotrione, Atrazina e Iodosulfuron, esse intervalo pode ser significativamente maior, chegando a até 90 dias, a fim de evitar fitotoxicidade e garantir o estabelecimento adequado da soja. Logo, o tempo ideal entre a dessecação e a semeadura varia de acordo com o(s) herbicida(s) utilizado(s).

Tabela 1. Intervalo entre a aplicação de herbicidas e a semeadura das culturas do milho, trigo, soja e feijão.

Tabela 2. Intervalo entre a aplicação de herbicidas e a semeadura das culturas do milho, trigo, soja e feijão.

Nesse contexto, posicionar adequadamente os herbicidas no manejo pré-semeadura é determinante não só para um controle eficiente das plantas daninhas, como também para evitar a fitotoxicidade oriunda dos herbicidas. Além disso, deve-se atentar para o histórico de aplicações de herbicidas nas áreas agrícolas, considerando a residualidade dos herbicidas utilizados no programa de manejo e as culturas sucessoras, evitando o cultivo de culturas sensíveis após a aplicação de herbicidas de longa residualidade. Sendo assim, deve-se sempre seguir as orientações técnicas presente na bula do herbicida e as orientações de manejo para a cultura.

 Referências:

HERMANI, L. C. SISTEMA PLANTIO DIRETO: SUBSISTEMA SOJA. Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/tematicas/sistema-plantio-direto/agrossistemas/sistema-santanna/producao/subsistema-soja?_ga=2.52221152.813319080.1701776449-1900144807.1687386007 >, acesso em: 13/10/2025.

MARTIN, T. N. et al. INDICAÇÕES TÉCNICAS PARA A CULTURA DA SOJA NO RIO GRANDE DO SUL E EM SANTA CATARINA, SAFRAS 2022/2023 E 2023/2024. 43° Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul. Editora GR, Santa Maria – RS, 2022. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1lKQ3TVyZpKwIuWd9VbFHAyhDRKn0itT0/view >, acesso em: 13/10/2025.

WERLE, R.; OLIVEIRA, M. C. Chave para Identificação de Injúrias Causadas por Herbicidas. University of Wisconsin-Madison UW-Extension, WiscWeeds, 2018. Disponível em: < https://maxweeds.rbind.io/pt/post/chave_id-herbicida/2018-herb-pt.pdf >, acesso em: 13/10/2025.

 

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Sustentabilidade

Chuvas em MT? Sojicultores aguardam precipitações para avançar no plantio

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Os produtores de Querência, no leste de Mato Grosso, iniciaram, nesta semana, o plantio da safra 2025/26 de soja. Agora, a expectativa é que o ritmo dos trabalhos avance rapidamente na região. 

Segundo o Sindicato Rural do município, cerca de 10% da área estimada em 450 mil hectares já foi plantada após o retorno das chuvas irregulares.

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De acordo com o presidente do Sindicato, Osmar Frizo, o plantio de soja está com um atraso de cinco dias em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, com a previsão de novas precipitações a partir do dia 20, a expectativa é de que os produtores consigam compensar a lentidão.

Se as condições climáticas permanecerem favoráveis, Frizo acredita que a região poderá registrar um rendimento médio próximo ao obtido em 2024/25, de 3.900 quilos por hectare.

Plantio de soja em MT

Um levantamento da consultoria Safras & Mercado indica que o plantio da safra 2025/26 em Mato Grosso deve alcançar 12,83 milhões de hectares, um aumento de 1,7% frente aos 12,62 milhões de hectares cultivados na temporada passada.

Até sexta-feira (19), o avanço era de 1% da área no estado. No mesmo período do ano passado, o plantio ainda não havia começado, enquanto a média dos últimos cinco anos para a data é de 1,3%.

Produção esperada

A produção esperada de soja no estado é de 49,787 milhões de toneladas em 2025/26, uma queda de 2,1% em relação às 50,855 milhões de toneladas da safra 2024/25. O rendimento médio projetado é de 3.900 quilos por hectare, abaixo dos 4.050 quilos por hectare colhidos na temporada anterior.

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