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Agricultura familiar do médio-norte de MT ganha força com selo de origem

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Um selo criado há pouco mais de um ano tem ajudado agricultores familiares do médio-norte de Mato Grosso a ver seus produtos ganharem espaço e valorização no mercado. A certificação garante origem, rastreabilidade e boas práticas de produção, abrindo portas em feiras, supermercados e até na merenda escolar.

A agricultora Joyce Ferreira, de Boa Esperança do Norte, viu sua renda aumentar em 30% após a certificação da mandioca beneficiada que cultiva em três hectares. Ela conquistou o selo há pouco mais de um ano. “Consegui novos mercados, expandindo as vendas para outros municípios, porque eles viram que têm garantia de procedência. Gerou reconhecimento!”, afirma.

Hoje, ela entrega 1,2 mil quilos do produto por mês, congelado e sem casca, em embalagens com QR Code que levam o consumidor a informações sobre a propriedade e o processo produtivo. “Mudou 100% a transparência dos meus produtos. Os clientes e parceiros fazem questão de escanear e conhecer a história por trás daquele alimento. Agregou valor ao nosso trabalho”, acrescenta.

Em Sorriso, a produtora Elizane da Silva encontrou no selo o diferencial para o melão que cultiva na região e que disputa espaço nas gôndolas com frutas vindas do Nordeste do país. “O selo diferencia e agrega valor à produção local”, garante. Já em Vera, a agricultora Marilde Rossi Ferla conta que a curiosidade dos consumidores ultrapassa o momento da compra. “Na feira, a curiosidade deles é tão grande que pedem para visitar a propriedade”, relata ela que cultiva na chácara da família cenoura, brócolis, beterraba, couve-flor, outras hortaliças e frutas.

Tal certificação trata-se do Selo de Identificação de Origem da Agricultura Familiar, uma iniciativa da Associação Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso).

Foto: Divulgação/CAT Sorriso

Para receber o selo, os agricultores precisam comprovar gestão da propriedade, responsabilidade ambiental e boas práticas de produção. Isso inclui desde o uso consciente de insumos até a correta destinação de resíduos. “A primeira adaptação que exigiram na minha propriedade foi o lixo zero. Antes, por falta de conhecimento, nós descartávamos de forma irregular”, comemora Marilde.

Segundo a assistente de projetos do CAT Sorriso, Andreia Sousa, a certificação “assegura ao consumidor que o produto tem origem conhecida, qualidade garantida e foi produzido com responsabilidade”.

Tecnologia no campo

A certificação foi criada pelo CAT Sorriso em 2023, dentro do projeto Cultivando Vida Sustentável, com apoio da IDH e da Cargill. Hoje, já reúne 17 produtores do médio-norte do estado, que vêm incorporando tecnologia e inovação para ampliar a produção.

Em Vera, a agricultora Elizandra Vedovato Han aposta em irrigação por microaspersão, energia solar, adubação foliar orgânica e clonagem genética de mudas de mamão hermafrodita. “Buscamos mudas certificadas em laboratório, com alto potencial produtivo e uniformidade. É inovação no campo e no mercado”, diz.

No assentamento Jonas Pinheiro, em Sorriso, Adeni Becker mantém uma produção diversificada de hortaliças, com destaque para a alface hidropônica, que garante colheita em apenas 35 dias e uma produção constante de mil pés da hortaliça por mês, destinados à merenda escolar, feiras e projetos sociais. “O selo nos ensinou a usar insumos com responsabilidade, respeitar o tempo de carência e melhorar nossos processos”, afirma.

Também em Boa Esperança do Norte, Joyce Ferreira investiu em pesquisa da Embrapa para o plantio de mandioca, enquanto Elizane diversificou no cultivo de pimentão em estufas com fertirrigação automatizada e no cultivo de melão a técnica do mulching, que cobra os canteiros com canteiros com material plástico para preservar a umidade e controlar ervas daninhas.

A produção, de acordo com Elizane, também conta ainda com abelhas para a polinização natural. “As abelhas ajudam no aumento de 30% da produtividade do melão”, explica a produtora, que ampliou recentemente a área com o plantio de 40 mil pés de abacaxi em sistema semi-intensivo. 

“As agricultoras dessa região do médio-norte mato-grossense mostram que a agricultura familiar é moderna, sustentável e eficiente”, destaca a coordenadora do CAT, Cristina Delicato.


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Crédito rural em queda reforça busca por soluções de longo prazo

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A liberação de crédito rural caiu 12% nos primeiros três meses do Plano Safra 2025/26, com retração mais acentuada entre grandes produtores. No período, foram acessados R$ 156 bilhões em financiamentos tradicionais e por meio da Cédula de Produto Rural (CPR), conforme balanço preliminar do Ministério da Agricultura (Mapa).

A redução já vinha sendo observada desde o ano passado e reflete principalmente restrições bancárias e aumento da inadimplência. Segundo David Télio, diretor de Novas Estruturas Financeiras da TerraMagna, há muitos produtores com dívidas de safras anteriores, o que impede novos financiamentos.

“Produtores assim ficam fora das condições de elegibilidade para o novo Plano Safra 2025/26. Muitos ainda têm pendências de safras anteriores, não conseguem quitar e, portanto, não têm acesso a novos créditos”, explica.

Restrição de crédito e novas exigências

Um dos principais motivos, de acordo com Télio, é o endurecimento dos critérios de risco adotados pelos bancos e pelo mercado de capitais. Após perdas com grandes contas, instituições financeiras passaram a pulverizar as carteiras, priorizando pequenos e médios produtores. Além disso, a exigência de garantias aumentou.

“Até 2022, muitos bancos operavam apenas com CPR. Agora, pedem também hipoteca ou alienação fiduciária da área”, diz o especialista. As mudanças seguem orientações do Banco Central, que determinou provisões maiores para operações de risco.

Outro fator é o impacto das restrições socioambientais. Télio explica que desde 2023, produtores com embargos não podem acessar recursos controlados do Plano Safra. “Identificamos uma quantidade relevante de produtores nessa condição. Até então, poucos se preocupavam com isso”, ressalta.

Orçamento limitado e crédito privado em alta

A liberação fracionada dos recursos do Plano Safra 2025/26 também pressiona o fluxo. Parte dos valores só estará disponível a partir de janeiro de 2026, uma novidade neste ciclo. O orçamento, porém, pesa. “O governo subsidia a diferença de juros entre o mercado e o Plano Safra, mas o orçamento está muito apertado. Há risco de falta de espaço para novos subsídios no próximo ano”, afirma Télio.

Com isso, o crédito privado vem ganhando espaço, mas com custos altos. “Não é uma opção, é a única solução. Como os juros subsidiados são insuficientes, o produtor recorre a taxas de mais altas no mercado”, explica.

Alongar prazos e renegociar dívidas

Para os produtores que enfrentam dificuldades, Télio destaca que a saída é negociar e buscar fôlego por um período mais longo. “É hora de conversar com os credores e apontar soluções de médio e longo prazo. Não é o momento de buscar lucro, e sim de continuar respirando, plantando e mantendo o negócio”, diz.

Télio cita alternativas que vêm ganhando espaço, como operações via Fiagro, que permitem alongar dívidas ou recomprar áreas em prazos de cinco a dez anos. “O fundo compra a terra do produtor, quita parte da dívida, e o produtor paga um arrendamento até recomprar. É uma estrutura que alivia o caixa e mantém a produção”.

Ele lembra, entretanto, que o processo será lento: “Não se resolve em um ou dois anos. Devem ser necessárias de três a quatro safras para o produtor reorganizar o fluxo e voltar a respirar”, pondera.

Apesar do cenário de juros altos e crédito restrito, Télio reforça que o campo segue produzindo. “É por isso que seguimos batendo recordes de produção mesmo com menos crédito disponível”.

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Produção de cacau cai 16% no terceiro trimestre e setor segue pressionado

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A moagem de cacau no Brasil recuou 16,6% no terceiro trimestre de 2025, totalizando 46,1 mil toneladas, segundo dados do SindiDados – Campos Consultores, divulgados pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). No acumulado do ano, foram 144 mil toneladas, uma queda de 15,1% em relação a 2024.

De acordo com a presidente-executiva da AIPC, Anna Paula Losi, o setor ainda enfrenta um cenário de altos custos de matéria-prima, demanda enfraquecida e margens comprimidas, o que limita a retomada da produção.

“O recebimento mostrou algum alívio pontual, mas a moagem ainda não acompanhou esse movimento”, afirma.

O recebimento de amêndoas somou 68,2 mil toneladas no trimestre, alta de 2,4% frente ao mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a setembro, o volume foi de 126,4 mil toneladas, praticamente estável. Mesmo assim, há déficit de cerca de 18 mil toneladas entre o recebido e o processado.

O trimestre marcou o fim do ano-safra 2024/25, com 180,8 mil toneladas, abaixo da safra anterior e distante do pico de 2022/23 (215 mil toneladas). Para Losi, a recuperação ainda depende de melhores condições climáticas e continuidade dos investimentos no campo.

As exportações de derivados de cacau (manteiga, pó e líquor) somaram US$ 135,9 milhões, queda de 1,4% em valor e de 19,7% em volume. As vendas para os Estados Unidos cresceram 26% em valor, mas caíram 11% em volume, refletindo os efeitos das tarifas adicionais de 50% impostas pelos EUA.

“Os primeiros efeitos das tarifas já são evidentes. Há cancelamentos e renegociações de contratos”, alerta Losi.

No cenário internacional, o mercado segue volátil, com preços elevados e redução da demanda global diante do custo alto da matéria-prima e margens estreitas das indústrias processadoras.

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Volume de café exportado cai, mas receita aumenta

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O volume de café exportado pelo Brasil caiu em setembro, refletindo a menor disponibilidade do grão no País. Isso é o que apontam os dados analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Essa menor disponibilidade se deu frente à colheita de uma safra reduzida e a problemas no beneficiamento, os estoques domésticos ajustados e também as tarifas impostas pelo governo norte-americano às importações do café brasileiro. 

Ao todo, o escoamento atingiu 3,75 milhões de sacas de 60 kg em setembro, representando uma redução de 18,4% frente ao mesmo mês de 2024. Apesar disso, o maior preço pago pelo produto brasileiro garantiu aumento na receita, de 11,1%, para US$ 1,369 bilhão.

Em relação ao desenvolvimento da safra brasileiras, levantamento do Cepea mostra que fim de semana trouxe a retomada das chuvas nas regiões produtoras. O aumento na pluviosidade era bastante esperado, já que, no fim de setembro, uma boa florada havia sido registrada em muitas áreas.

*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo

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