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Produção agropecuária de Mato Grosso deve movimentar R$ 206,87 bilhões em 2025

A terceira estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) para 2025, divulgada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), projeta que o setor deve movimentar R$ 206,87 bilhões em Mato Grosso. O valor representa um crescimento expressivo de 19,65% em relação à projeção consolidada de 2024.
A agricultura é responsável pela maior fatia dessa estimativa, com R$ 162,40 bilhões, número que supera em 4,75% a previsão anterior e em 18,21% a última projeção de 2024. O destaque vai para a soja, que representa 56,91% do VBP agrícola e deve gerar R$ 92,43 bilhões. Esse resultado indica uma alta de 3,81% em relação à última estimativa e de 25,79% sobre a previsão do ano anterior.
O desempenho da oleaginosa é impulsionado principalmente pela expansão da área cultivada e pela produtividade elevada na safra 2024/25, que resultaram em uma produção recorde. No entanto, a queda de 4,34% no preço da soja limitou um crescimento ainda maior no VBP da cultura. Além disso, mais de 18% da produção ainda aguarda comercialização, e os preços praticados sobre esse volume remanescente podem impactar o valor final da receita gerada.
Já para a cultura do milho é apontado um avanço de 10,23% em relação à sétima estimativa de 2024. A projeção atual é de R$ 36,90 bilhões. O crescimento é sustentado, principalmente, pela perspectiva de uma nova safra recorde de com 54 milhões de toneladas. Esse cenário reflete tanto a expectativa de expansão da área plantada, quanto os ganhos esperados em produtividade.
O algodão também registra participação significativa no VBP agrícola de Mato Grosso. Com estimativa de R$ 28,07 bilhões em 2025, a cultura representa 17,28% do total do segmento. O montante é 3,97% superior à última projeção e 8,91% acima do valor estimado para 2024.
O aumento no algodão é atribuído à expansão da área de cultivo e à alta produtividade, a terceira maior da série histórica. Outro fator que contribuiu para o resultado foi a manutenção dos preços do caroço de algodão em patamares elevados no primeiro semestre deste ano. A colheita da safra 2024/25 acelerando no estado e a dinâmica do mercado nos próximos meses ainda podem influenciar o indicador.
Na pecuária, o VBP de 2025 é estimado em R$ 44,47 bilhões, um avanço de 25,22% em relação ao ano anterior. A bovinocultura de corte representa 85,27% desse total e deve movimentar R$ 38,23 bilhões, alta de 28,85%. A valorização da arroba do gado gordo, que passou por um movimento de recuperação de preços, e o aumento no volume de animais abatidos são os principais fatores que explicam esse desempenho positivo.
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Coca-Cola com açúcar de cana nos EUA não deve impactar exportações brasileiras

Para Maurício Murúci, analista de açúcar e etanol da Safras e Mercado, a decisão da Coca-Cola de lançar uma versão da bebida feita com açúcar de cana nos EUA não deve impactar as exportações de cana-de-açúcar do Brasil. O lançamento do refrigerante com o novo ingrediente acontece dias depois do presidente Donald Trump manifestar pelas redes sociais o desejo da substituição de xarope de milho por açúcar de cana na receita da bebida.
Apesar da alta na cotação de açúcar na Bolsa de Nova York registrada na semana passada, quando a iniciativa ainda era apenas uma especulação, os preços do açúcar de cana no mercado internacional está em baixa essa semana, explica o analista. “A gente segue aquele ditado clássico do mercado: que o mercado compra no boato e vende no fato”, diz Maurício sobre a queda dos preços do açúcar.
O analista diz que o pedido de Trump para Coca-Cola tem como objetivo aumentar a demanda interna por açúcar de cana e consequentemente incentivar crescimento da indústria de cana-de-açúcar dos EUA. Atualmente, o país consome 11,2 milhões de toneladas por ano de açúcar e com a nova versão da bebida esse consumo deve passar para 11,5 milhões de toneladas.
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No entanto, Maurício avalia que é necessário tempo para que o setor de cana-de-açúcar cresça no país, já que 90% do açúcar consumido por lá é de beterraba. “Não se incentiva um setor produtivo do dia para noite”, comenta o analista.
Impacto do tarifaço
Sobre o impacto do tarifaço no setor de cana-de-açúcar brasileiro, Maurício diz que prejuízo pode ser de cerca de R$ 100 milhões. Um valor considerado baixo para um setor que movimenta R$ 120 bilhões, argumenta o analista.
Contudo, as usinas de açúcar do Nordeste do país devem ser as mais prejudicadas, pois dedicam uma grande parte da sua produção para a exportação para os EUA.
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Produtores de mel convivem com abandono de abelhas e contêineres parados em portos

O Brasil produziu 64,2 mil toneladas de mel em 2023, número que o posiciona como um dos maiores produtores do mundo. Contudo, as vendas internacionais estão sob ameaça porque os Estados Unidos, o principal comprador do produto nacional, anunciou tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras que devem começar a valer em 1º de agosto.
De acordo com o coordenador da Rota Mel Pampa, Aldo Machado, cerca de 82% do mel produzido no país em 2024 foi direcionado ao mercado norte-americano.
Segundo ele, mais de 100 contêineres com o produto estão, neste momento, sendo devolvidos ou parados nos portos à espera de prorrogação do prazo ou adiamento do tarifaço.
“Para o produtor, o impacto vai ser muito grande porque, na próxima safra agora, se não conseguir buscar novos mercados ou mesmo baixar essa taxação, esse mel vai ficar abaixo do preço de custo. Então tem muitos apicultores que já deveriam estar se preparando para a próxima safra, não estão mais investindo, estão simplesmente abandonando as abelhas, deixando elas à deriva da própria sorte na floresta”, conta.
De acordo com Machado, a procura por novos mercados, como a Europa, deve acontecer, mas não será rápida por conta do alto volume a ser destinado.
Para ele, a situação é ainda pior no Rio Grande do Sul, estado brasileiro que mais produz mel e onde os apicultores já sofreram grandes perdas em seus apiários por conta de enchentes em 2024 e, também, neste ano.
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Manejo de solo passará a fazer parte do Zarc Soja na safra 25/26

Com um projeto-piloto no Paraná, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para cultura da soja irá considerar, a partir da próxima safra, também a adoção de boas práticas de manejo do solo que aumentam o volume de água disponível para as plantas.
A partir de agosto, os produtores que aderirem ao projeto terão acesso a percentuais diferenciados de subvenção nas apólices do seguro rural, de acordo com o nível de manejo adotado na propriedade.
A inovação da proposta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Embrapa no Zarc Níveis de Manejo (ZarcNM) pretende contribuir para a mitigação dos riscos climáticos enfrentados pela soja.
A publicação da Instrução Normativa Nº 2 de 2025, que regulamenta o ZarcNM, ocorreu em 9 de julho, no Diário Oficial, após a Resolução nº 107 do Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural que aprovou as regras do projeto-piloto. Assim, o manejo adotado entra no cálculo para avaliação do risco climático da cultura. Nesta fase inicial do projeto, o Mapa destinou R$ 8 milhões.
Segundo o diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Ministério, Diego Melo de Almeida, o projeto concretiza a evolução do Zarc. “Esse é um caminho que nós temos perseguido com a Embrapa há, no mínimo, dois anos. A safra de verão será o pontapé inicial, mas esperamos seguir no aprimoramento da metodologia e ampliar o alcance e a alocação de recursos para as próximas safras”, revela.
O pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja (PR), diz que essa atualização é crucial em períodos de escassez hídrica. Atualmente, esta representa a principal causa de perdas na produção de grãos de soja no Brasil.
“O ZarcNM evidencia a redução de risco por meio de uma estratégia de manejo bem conduzida, uma informação fundamental para o produtor, para as atividades de planejamento agrícola e para o seguro rural”, explica Farias.
A adoção de práticas conservacionistas é determinante para aumentar a infiltração de água e reduzir o escorrimento superficial, comuns durante chuvas intensas. Junto a outras práticas de manejo do solo, elas promovem maior disponibilidade de água às plantas.
Nível de manejo e subvenção do seguro
O pesquisador explica que o ZarcNM passará a considerar quatro Níveis de Manejo (NMs), definidos a partir de seis indicadores.
Os percentuais de subvenção no seguro rural serão maiores conforme a qualidade do manejo. Assim, serão divididos em 20% para as áreas classificadas como Nível de Manejo 1 (NM1), 25% para NM2, 30% para NM3 e 35% para NM4. Pela regra atual do PSR, o percentual de subvenção padrão para a soja é de 20%.
Com base em avaliações de campo conduzidas pela no Paraná e em Mato Grosso do Sul, foi possível validar a metodologia. Farias explica que o segundo nível do ZarcNM, o NM2, representa a média dos manejos de solo até então adotados nesses estados.
Por outro lado, os níveis seguintes (NMs 3 e 4) pressupõem melhorias na fertilidade química, física e biológica do solo, por intermédio do aprimoramento das práticas de manejo. Dessa forma, esses manejos aumentam a disponibilidade hídrica e, assim, reduzem os riscos de falta d’água às culturas.
Já a classificação NM1 revela áreas manejadas de forma inadequada, apresentando limitações nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo e, consequentemente, maiores riscos de perdas por déficit hídrico.
“O aprimoramento do manejo do solo, por meio de técnicas e práticas comprovadamente eficazes, leva a um aumento significativo na produtividade das culturas, à redução do risco de perdas causadas por condições de seca e ao aumento da fixação de carbono no solo. Além disso, promove a conservação tanto do solo quanto dos recursos hídricos”, contextualiza Farias.
Dessa forma, a adoção dos níveis de manejo nos trabalhos de Zarc permite identificar os períodos de menor risco climático para o plantio da soja. O risco ocorre não só devido à composição textural do solo, mas também decorrente da interação com o nível de adoção de diferentes práticas de manejo do solo.
Menor risco à produção
Eduardo Monteiro, coordenador da Rede Zarc Embrapa e pesquisador da Embrapa Agricultura Digital (SP), acrescenta que o ZarcNM possibilita avaliar com maior precisão o risco associado a cada classe de manejo.
“Esse refinamento pode ajudar a identificar oportunidades de ampliação de regiões ou de épocas de cultivo para sistemas de produção em níveis de manejo maiores, com menos risco”, completa.
O mecanismo de subvenção diferenciada do programa de seguro rural vinculado à classificação de nível de manejo também visa incentivar os produtores a adotarem boas práticas e tecnologias mais produtivas e sustentáveis, além de reconhecer aqueles que já fazem isso.
“A classificação ZarcNM deve ajudar o produtor a fazer um diagnóstico rápido do seu sistema de produção e identificar pontos-chave que, se corrigidos, podem contribuir para aumentar sua produtividade”, analisa Monteiro.
Indicadores verificáveis
“Quanto melhor o manejo e maior o histórico de boas práticas, melhores as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, maiores o teor de matéria orgânica, a redistribuição hidráulica, o crescimento do sistema radicular e a produtividade”, ressalta Farias.
Na avaliação do pesquisador, a classificação em níveis de manejo é fundamentada em indicadores objetivos e verificáveis, o que possibilita a implementação de mecanismos de fomento ou incentivos que promovam a melhoria do manejo do solo dentro de programas de política agrícola.
Os seis indicadores considerados são:
- Tempo sem revolvimento do solo;
- Porcentagem de cobertura do solo em pré-semeadura (palhada);
- Diversificação de cultura nos três últimos anos agrícolas;
- Percentual de saturação por bases;
- Teor de cálcio; e
- Percentual de saturação por alumínio.
Além dos indicadores quantitativos, alguns pré-requisitos precisam ser observados como, por exemplo, semeadura em contorno ou em nível.
*Sob supervisão de Victor Faverin
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