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Mais de 70% de área queimada no Pantanal foi atingida por incêndios mais de duas vezes nos últimos 40 anos; entenda consequências

Pantanal concentra quase 20% das maiores áreas incendiadas do país, com cicatrizes de fogo que ultrapassam 100 mil hectares, segundo levantamento do MapBiomas.
Cerca de 72% da área afetada pelo fogo no Pantanal foi queimada duas vezes ou mais desde 1985, segundo o Relatório Anual do Fogo (RAF), divulgado pelo MapBiomas. O relatório, intitulado 40 Anos de Fogo nos Biomas Brasileiros: Coleção 4 do MapBiomas Fogo, leva em consideração os registros de incêndios entre os anos de 1985 e 2024. Durante esse período, o Pantanal se destaca como o mais afetado pelo fogo.
Entre as principais causas por trás dos impactos da reincidência do fogo no Pantanal estão:
- 🔥intervalo curto entre os incêndios;
- ⛲secas prolongadas e regime hídrico alterado;
- 🌲queimadas atingindo áreas florestadas;
- 🌫️pressão climática externa;
- 🚿falta de efetividade no manejo integrado do fogo;
- 🐾perda de habitat e redução de fauna.
Em 2020, o Pantanal foi atingido pelo maior incêndio da história. Entre os meses de julho e setembro daquele ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 15.756 focos de calor no bioma, número recorde desde o início do monitoramento. Até então, o maior índice havia sido em 2005, com 12.536 focos identificados no mesmo período.
De acordo com o Relatório Anual do Fogo (RAF), o Pantanal tem a maior proporção de áreas queimadas com mais de 100 mil hectares – uma área equivalente a quase 100 mil campos de futebol. Essas grandes cicatrizes representam 19,6% do total de registros no bioma. O levantamento também mostra que 29,5% das áreas queimadas no Pantanal possuem entre 500 e 10 mil hectares.
Lançado pelo MapBiomas no dia 24 de junho, o levantamento analisa dados de satélite e aponta o bioma como o mais afetado por incêndios florestais nas últimas quatro décadas.
🤨Mas no que isso interfere atualmente?
Conforme dados da SOS Pantanal, cerca de 93% dos incêndios registrados no bioma, atingiram vegetações nativas que representam 71% das áreas queimadas, enquanto as pastagens responderam 4%.
De acordo com o biólogo e diretor de comunicação do Instituto S.O.S Pantanal, Gustavo Figueirôa, quando as queimadas ocorrem com alta intensidade e em frequência elevada, como tem sido registrado nos últimos anos, não há tempo suficiente para que a vegetação se recupere.
“A reincidência do fogo, em um intervalo muito curto de tempo, na mesma região em alta intensidade é muito negativo e é o que está trazendo esse empobrecimento da matéria orgânica da vida selvagem em cada lugar por onde ele passa”, pontuou.
Figueirôa destaca que, no passado, a água era predominante e os períodos de cheia duravam mais tempo e alagavam grandes áreas, o que ajudava a manter o fogo sob controle. Atualmente, esse cenário se inverteu. Segundo ele, a presença de água tem diminuído e, com ela, a vulnerabilidade ao fogo aumenta, sobretudo pela ação humana, por mais de 95% das ocorrências registradas.
“Essa falta de água tá correlacionada diretamente com a destruição no planalto, com o uso intensivo do solo na bacia do Alto Paraguaí, na região do entorno do Pantanal, que são onde estão as nascentes”, explicou.
O biólogo disse ainda que o Pantanal enfrenta um cenário cada vez mais crítico com as queimadas atingindo áreas florestadas, como capões e cordilheiras, que concentram alta diversidade de espécies e servem de abrigo e fonte de alimento para a fauna local.
Esses focos de incêndio, em muitos casos de alta intensidade e frequência, são impulsionados pela crescente pressão climática externa, marcada por secas severas e alterações no regime hídrico provocadas pelo desmatamento no entorno e no sul da Amazônia.
Além disso, o especialista afirmou que a ausência de um manejo integrado e efetivo do fogo tem agravado a situação, permitindo que incêndios recorrentes suprimam a regeneração da vegetação nativa e provoquem a perda de habitat. Como consequência, há uma redução drástica na fauna, com extinções locais de animais e empobrecimento da biodiversidade nas áreas afetadas.
Dinâmica do fogo
Em 2024, a área queimada no Pantanal cresceu 157% em relação à média histórica dos últimos 40 anos, segundo o MapBiomas Fogo. O coordenador de mapeamento do Pantanal no MapBiomas, Eduardo Rosa, informou que os dados históricos refletem a dinâmica do fogo no bioma, que está relacionada à vegetação natural e aos períodos de seca.
Ele ressaltou ainda que, no ano passado, o fogo avançou especialmente na região próxima ao Rio Paraguai, área que enfrenta um dos maiores períodos de seca desde a última cheia significativa, em 2018.
Milhões de hectares queimados
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Brasil registrou, em 2024, cerca de 30 milhões de hectares queimados, — Foto: Thiago Gadelha/SVM
O Brasil registrou, em 2024, cerca de 30 milhões de hectares queimados, o que representa um aumento de 62% em relação à média histórica anual, conforme o Relatório Anual do Fogo. O volume expressivo consolidou o ano como um dos mais críticos desde o início da série histórica, em 1985.
Desde então, o país já teve 206 milhões de hectares afetados pelo fogo ao menos uma vez, o equivalente a 24% de todo o território nacional ou à soma das áreas dos estados do Pará e de Mato Grosso. O avanço mais preocupante ocorreu nos últimos dez anos: 43% de toda essa área queimada se concentrou nesse período, apontando uma escalada recente das queimadas.
Além disso, o relatório mostra uma forte concentração sazonal dos incêndios: 72% das queimadas ocorrem entre agosto e outubro, com o mês de setembro sozinho respondendo por um terço de toda a área atingida anualmente. Os dados reforçam a necessidade urgente de ações públicas integradas para prevenir e conter os incêndios, especialmente nos meses mais críticos do calendário climático.
Agro Mato Grosso
Governo libera R$ 150 milhões do Fundo Amazônia para combater incêndios no Cerrado e Pantanal

Ministério da Justiça pediu verba para ações contra o fogo fora do bioma, numa iniciativa de financiamento inédita. Processo é permitido pelas regras do fundo, que já investiu em outros projetos fora da Amazônia ao longo de sua história.
O governo federal aprovou na última quinta-feira (17) a liberação de R$ 150 milhões do Fundo Amazônia para ações de prevenção e combate ao fogo no Cerrado e no Pantanal.
Essa é a primeira vez que o Fundo Amazônia destina recursos diretamente relacionados contra queimadas para fora da Amazônia Legal, apesar de as regras do fundo já permitirem esse tipo de aplicação.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira (18) pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que coordena a gestão do fundo.
Os recursos não reembolsáveis fazem parte do projeto “Manejo Integrado do Fogo”, elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e aprovado pelo Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA).
A proposta prevê a compra de caminhonetes, drones, bombas, tanques de água e outros equipamentos para reforçar a atuação dos Corpos de Bombeiros, brigadas comunitárias e da Força Nacional.
A verba será destinada aos estados de Piauí, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, regiões com áreas significativas dos biomas Cerrado e Pantanal. As ações devem ocorrer em três escalas:
- Local, com fortalecimento de brigadas formadas por moradores;
- Estadual, com estruturação dos Corpos de Bombeiros;
- Interestadual, com apoio da Força Nacional em operações integradas.
“O avanço dos incêndios florestais e das queimadas não autorizadas em biomas como o Cerrado e o Pantanal tem exigido uma resposta emergencial e integrada do Estado brasileiro”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
📝MEDIDA LEGAL: Embora o nome sugira foco exclusivo na Amazônia, o regulamento do Fundo Amazônia permite que até 20% dos recursos sejam aplicados em outros biomas, principalmente quando se trata de emergências ambientais.
O próprio fundo já havia financiado projetos de Cadastro Ambiental Rural (CAR) em estados como Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Apesar disso, a decisão só veio depois do colapso ambiental de 2024, quando o Cerrado perdeu 9,7 milhões de hectares e o Pantanal teve 1,9 milhão de hectares consumidos pelo fogo, segundo o governo federal.
Apesar do reforço, o próprio governo reconhece que a verba não substitui os investimentos voltados à Amazônia.
Desde 2023, o fundo já aprovou R$ 405 milhões para ações nos nove estados da Amazônia Legal, sendo R$ 370 milhões já contratados.O bioma é essencial para a segurança hídrica do país, por abrigar as nascentes das principais bacias hidrográficas brasileiras, mas segue sem prioridade política compatível com sua importância ecológica.
No caso do Pantanal, o cenário é ainda mais crítico: 62% do bioma já foi atingido pelo fogo desde 1985, segundo o MapBiomas.
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Criado em 2008 e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática, o Fudno é considerado uma iniciativa pioneira na área. — Foto: Fundo Amazônia/Divulgação
Entenda o que é o Fundo Amazônia
O Fundo Amazônia é uma iniciativa do governo brasileiro que tem como objetivo captar doações para financiar ações voltadas à prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento, além de promover a conservação e o uso sustentável principalmente da Amazônia Legal.
Criado em 2008 e coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática, é considerado uma iniciativa pioneira na área pois:
- Reúne doações internacionais para financiar ações de redução de emissões provenientes da degradação florestal e do desmatamento;
- Apoia comunidades tradicionais e ONGs que atuam na região;
- fornece recursos diretamente para estados e municípios para ações de combate ao desmatamento e a incêndios.
Um dos projetos apoiados, o Sentinelas da Floresta, fortalece a produção da castanha no Mato Grosso. Beneficiou 300 famílias na primeira etapa, mas em 2019 não recebeu nenhuma verba do BNDES, que administra os recursos e aprovou o projeto em 2018.
Outro projeto apoiado é o Origens Brasil. A iniciativa apoia ribeirinhos da Reserva Extrativista Rio Iriri, no Pará, que conseguem renda com a extração do látex do seringal, do óleo de babaçu ou de copaíba, da castanha do Pará e do artesanato. Da região, os produtos são encaminhados para várias partes do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo.
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Redução no preço de 8 itens da cesta básica faz custo da alimentação cair em MT

O recuo em oito dos 13 itens da cesta básica contribuiu para reduzir o custo médio do mantimento, que ficou em R$ 820,17 na terceira semana de julho. A variação de -2,18% representa uma queda significativa de R$ 18,30 na semana, o que fez com que a cesta atingisse o menor valor em mais de três meses.
Conforme análise do Instituto de Pesquisa e Análise da Fecomércio Mato Grosso (IPF-MT), a retração traz um alívio aos consumidores no período, fomentando a perspectiva de que o valor médio da cesta se mantenha distante das máximas históricas. Ainda assim, o presidente da Fecomércio-MT, José Wenceslau de Souza Júnior, destacou o alto valor da cesta apurado em Cuiabá.
“Apesar da recente queda, que representa um alívio para a população cuiabana, a cesta básica ainda se mantém em um patamar elevado, próximo dos R$ 820,00, valor que persiste há diversas semanas, mantendo o mantimento acima do registrado no ano passado, mesmo com o desconto da inflação”, disse Wenceslau Júnior.
Entre os itens que mais apresentaram retração no preço está a batata, que alcançou sua quinta desvalorização seguida, chegando ao valor de R$ 3,94/kg. Essa queda representa uma redução de 18,58% em comparação com a semana anterior. A sequência de quedas do tubérculo pode estar associada à maior oferta, devido à intensificação da colheita de inverno.
O tomate também segue em baixa — pela segunda semana consecutiva. Com um recuo de 7,88% em relação à semana anterior, o item atingiu o valor médio de R$ 8,96/kg. Ainda conforme análise do IPF-MT, a maior disponibilidade do tomate no mercado, decorrente da safra do período, pode ter influenciado na redução do seu preço.
Após uma elevação na semana anterior, o feijão agora apresenta uma diminuição, alcançando o menor valor da série histórica desde 2022, com cotação semanal de R$ 6,09/kg, uma retração de 2,17% em relação à semana passada. A queda no preço do feijão pode estar relacionada à desvalorização da semente e ao aumento da oferta no mercado local.
Ainda assim, o presidente da entidade explicou que “a persistência do valor da cesta básica em um patamar elevado, mesmo com a redução de itens importantes como batata, tomate e feijão, continua sendo um desafio para o orçamento das famílias cuiabanas”.
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o que uma pesquisa dos EUA revela sobre o futuro?estudo detalha como tecnologias como piloto automático e mapas de produtividade estão transformando fazendas nos EUA, com impactos na produtividade e custos

A digitalização e a automação de tarefas está transformando desafios da agricultura de precisão em soluções que realmente reduzem os custos de produção, a escassez de mão de obra e até trazem esperança sobre as mudanças climáticas.
Uma pesquisa recente do Serviço de Pesquisa Econômica (ERS) do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) detalha a adoção de tecnologias em fazendas norte-americanas e seus impactos.
Piloto automático é líder de adoção
Entre as diversas ferramentas digitais disponíveis, os sistemas de piloto automático e orientação se destacam. Usados para guiar máquinas que espalham sementes e pesticidas, esses sistemas têm reduzido o tempo das operações, eliminando passagens redundantes, o que diminui o custo com diversos insumos.
Em 2001, eles eram usados em apenas 5,3% das áreas plantadas de milho nos EUA. Mas, em 2019, as taxas de adoção já chegavam a 72,9% para sorgo e 64,5% para algodão em áreas plantadas.
Ou seja, mais da metade das lavouras de commodities nos EUA já utilizam esses sistemas.
Mapas de produtividade e solo: ferramentas essenciais
Os mapas de produtividade, disponíveis desde o início dos anos 1990, são cruciais para quantificar e caracterizar a variabilidade da produção dentro do campo. Eles fornecem informações importantes para decisões de manejo e para prescrever aplicações de taxa variável de insumos.
A adoção desses mapas aumentou de 5,3% em 1996 para 43,8% nas áreas plantadas de soja em 2018.
Para o milho, a taxa foi de 43,7% em 2016, um aumento notável em relação aos 7,7% em 1997.
Mas a adoção de mapas de solo tem sido mais lenta, ficando consistentemente abaixo de 25% da área plantada nas culturas pesquisadas. Isso se deve, em parte, ao fato de que muitos agricultores realizam a amostragem de solo em intervalos longos, geralmente a cada 3 ou 4 anos.
Tecnologias de Taxa Variável (VRT) e drones
As Tecnologias de Taxa Variável (VRT) permitem aplicações personalizadas de sementes, calcário, fertilizantes e pesticidas. Em 2016, a adoção de VRT atingiu 37,4% nas áreas plantadas de milho e 25,3% nas de soja em 2018.
Essas tecnologias podem reduzir o escoamento de fertilizantes, contribuindo para uma produção mais sustentável.
Já o uso de drones, aeronaves ou imagens de satélite ainda é limitado. As taxas de adoção variaram de 7,0% para milho em 2016 a 9,8% para soja em 2018. Especialistas indicam que a complexidade tecnológica e o alto custo podem ser barreiras para a maior adoção dessas ferramentas.
Potencial futuro
A digitalização da agricultura nos EUA está em curso, com sistemas de orientação e mapas de produtividade mostrando forte crescimento. Embora existam desafios, como os custos iniciais e a complexidade, o potencial de aumento da produtividade, melhoria ambiental e redução de riscos é considerável.
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