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Sem estrada, sem progresso: o gargalo logístico que sufoca o agro em Mato Grosso

A precariedade das estradas estaduais no interior de Mato Grosso tem imposto um freio ao crescimento do agronegócio e à economia regional. Em Rosário Oeste e municípios vizinhos, produtores rurais, empresários e caminhoneiros convivem diariamente com atoleiros, serras perigosas e pontes improvisadas que dificultam o escoamento da produção e elevam os custos do transporte.
Instalada há mais de 15 anos na região, a Serra Morena Mineração Sustentável sente diretamente os impactos da falta de infraestrutura. Com capacidade para produzir até 350 mil toneladas por ano de calcário calcítico e dolomítico, a empresa opera muito abaixo do potencial por não conseguir atender a demanda do campo.
Segundo o empresário Sérgio Moura Mendes, as limitações impostas pelas estradas impedem o avanço da atividade. “Hoje a gente deveria estar atendendo 400 a 500 mil hectares de lavoura e a gente não consegue passar do objetivo de 70 mil, 80 mil hectares. É atoleiros, é serras com água na pista, caminhão que tomba e essa situação tem causado muito problema”, afirma ao Patrulheiro Agro.
Ele destaca que a logística precária impede o uso total da capacidade industrial e eleva os custos. “Não tem logística para esse desenvolvimento, não pode usar 100% da nossa capacidade, nosso custo de produção sobe”.

Produção travada e prejuízos acumulados
Além de atender o setor agrícola, a empresa também fornece insumos minerais para a produção de ração animal em todo o estado, o que amplia o impacto das dificuldades logísticas. “A gente atende também a parte de rações, que é o nosso ingrediente mineral que se usa em toda alimentação animal distribuído para o estado todo e todo mundo se depara com essas dificuldades para fazer a retirada do produto nosso aqui”, relata o empresário.
A região é cortada pelas MTs 244, 351, 241 e 499, rotas fundamentais para o escoamento da produção de municípios como Rosário Oeste, Planalto da Serra, Nova Brasilândia e Nobres. Ainda assim, as condições das rodovias tornam o transporte mais caro e inseguro. “Se você não consegue carregar em um caminhão grande, tem que carregar no pequeno e o custo é maior”, explica Sérgio Moura Mendes. Conforme ele, o impacto chega diretamente no bolso. “Exatamente onde nós chegamos entre 30 e 40% a mais no valor do transporte”.
Um dos pontos mais críticos é a MT-499, especialmente no trecho conhecido como Serra do Valec. Com pouco mais de dez quilômetros, a serra concentra buracos, curvas acentuadas e trechos escorregadios que colocam em risco motoristas e comprometem o fluxo de caminhões carregados.

Estradas que isolam o campo
Produtor rural em Rosário Oeste, Almir Ferreira Pinto cultiva cerca de dois mil hectares de soja, milho e algodão junto com a família e afirma que a situação da estrada inviabiliza o transporte da safra. “Caminhão não sobe daqui para lá carregado e nem vem de lá para cá, só caminhão traçado com pouco peso”, diz. Para ele, o trecho já deveria estar asfaltado. “É uma serra que precisa muito preparar ela, aliás isso aí é condição de asfalto”.
De acordo com o agricultor, a estrada foi implantada entre 2014 e2015 e nunca recebeu manutenção adequada. “Tem dez anos de lá para cá nunca foi feita manutenção nenhuma nela de cascalho e o cascalho dela já se foi”, relata à reportagem do Canal Rural Mato Grosso. O problema se agrava no período chuvoso. “Hoje o eixo da estrada está pura terra, quando chove isso aqui vira um barro liso, caminhão nenhum trafega”.
Os impactos vão além da produção agrícola e atingem o cotidiano das famílias. “Tem dias que o ônibus quebra, é máquina, nós temos que pegar carro nosso e ir de encontro para poder resgatar as crianças para suas casas”, conta. Em situações de emergência, o risco é ainda maior. “Ambulância, quando acontece alguns casos de necessidade, a pessoa passa mal, acontece até óbito já aqui da região por falta de um acesso mais fácil”.

Risco, perdas e abandono
A situação também afeta quem vive da estrada. Caminhoneiros relatam prejuízos frequentes, especialmente no transporte de animais. “A gente carrega porque é obrigado, mas que é difícil é”, afirma Pedro José Tosta. Segundo ele, as paradas são constantes para verificar os animais. “Cai muito, porque desce freando, aí tem que parar para levantar”. As perdas são reais. “Já morreu dois ou três dentro da carreta aí, tem que pagar”.
Para o produtor rural Fernando Ferri, que mantém um rebanho de cerca de 1,7 mil cabeças de gado, a falta de infraestrutura penaliza toda a região. “Aqui todo mundo é penalizado, estamos em um lugar esquecido pelo poder público”, afirma. Ele relata dificuldades até para manter funcionários. “Tem vez que o ônibus não atravessa aquela ponte no dia em que está chovendo para buscar os alunos”.
Segundo o produtor, a precariedade das estradas mudou completamente o perfil da propriedade. “Quando eu comprei essa fazenda era uma fazenda de pastagem degradada, a minha intenção era de plantar soja”, conta. “A gente mudou totalmente a unidade de produção porque não tem acesso, longe de tudo, com estrada ruim, não compensa mexer com agricultura que o lucro se vai nas estradas”.
Fernando Ferri reforça que a situação exige soluções estruturais. “É caminhão que atola, é animal que sofre, já teve caso de caminhão tombado carregado de animal”. Na avaliação dele, o mínimo necessário ainda não chegou. “A gente precisa de um asfalto nessa estrada, que o governo do estado faça uma infraestrutura com pontes de concreto”. O produtor pontua que sem isso o potencial da região segue desperdiçado. “É uma região promissora, terra fértil, terra boa, então a gente precisa do básico do poder público”.
O que diz o Estado
Em nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) informou que há obras em andamento para construção e substituição de pontes de concreto nas MTs 499, 244, 351 e 241, além de projetos para novas pontes no Rio Roncador e no Córrego Buriti. Na MT-351, há contratos para obras em 51 quilômetros entre Bom Jardim e Diamantino e projetos para outros 28 quilômetros. A secretaria esclareceu ainda que não há projeto de pavimentação previsto para a MT-499 e que o principal projeto de pavimentação em execução na região é na MT-020.
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STF mantém benefícios fiscais para defensivos agrícolas

O Supremo Tribunal Federal decidiu manter a validade das regras que concedem benefícios fiscais aos defensivos agrícolas. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (18), por maioria de votos.
Os ministros analisaram ações que questionavam a constitucionalidade do regime tributário aplicado a esses produtos. O julgamento envolveu normas que tratam da cobrança do ICMS e de dispositivos da Constituição.
Por 8 votos a 2, a Corte concluiu que as regras seguem válidas. Com isso, permanece o modelo de tributação diferenciado adotado pelos estados para a comercialização dos defensivos.
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O que estava em julgamento no STF
O STF analisou duas ações apresentadas pelos partidos PV e PSOL. As legendas contestaram o Convênio nº 100, de 1997, do Conselho Nacional de Política Fazendária, o Confaz, e a Emenda Constitucional nº 132, de 2023.
O convênio autorizou os estados a adotar um regime especial de tributação para defensivos agrícolas. A principal medida foi a redução de 60% nas alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS, incidente sobre esses produtos.
Já a emenda constitucional manteve a possibilidade de tratamento tributário diferenciado no novo sistema de impostos sobre o consumo. As ações alegavam que esses benefícios violariam princípios constitucionais.
Ao julgar o caso, a maioria dos ministros entendeu que a concessão de incentivos fiscais não caracteriza inconstitucionalidade. Para o STF, a política tributária adotada se insere na esfera de competência dos estados e do legislador.
Entendimento da Corte e votos
Votaram pela improcedência das ações os ministros Cristiano Zanin, Luiz Fux, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes. Também acompanharam esse entendimento Gilmar Mendes, Nunes Marques, André Mendonça e Flávio Dino.
Para a maioria, não cabe ao Judiciário substituir escolhas feitas no âmbito da política fiscal. O entendimento foi de que os benefícios fazem parte da estrutura tributária vigente.
Os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia divergiram. Eles consideraram que a concessão de incentivos fiscais aos defensivos agrícolas poderia contrariar princípios constitucionais ligados à proteção ambiental e à saúde.
Com a decisão, permanece válida a redução do ICMS sobre esses produtos. O julgamento encerra a discussão no Supremo sobre a constitucionalidade das normas questionadas.
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Safra de azeite em Minas Gerais deve bater recorde histórico em 2026

A olivicultura mineira prepara-se para a colheita de azeite, que começa na virada do ano em algumas regiões. A expectativa para 2026 é considerada uma das melhores da história do setor, impulsionada por condições climáticas muito favoráveis registradas ao longo de 2025.
A projeção é de que a safra de 2026 supere a colheita do ano anterior, marcada por 60 mil litros do óleo, um número aquém do esperado em função das más condições climáticas de 2024.
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Agora, as oliveiras já estão carregadas e o desenvolvimento uniforme dos frutos acendem a expectativa de um desempenho mais próximo ao recorde da Serra da Mantiqueira, registrado em 2024, quando a produção alcançou cerca de 150 mil litros de azeite extravirgem.
“2025 foi um ano excelente. As condições climáticas foram extremamente favoráveis: horas de frio, chuva no momento certo, florada intensa. As plantas estão muito carregadas, e a expectativa é de uma safra muito superior à do ano passado. Ainda não sabemos se vamos bater o recorde de 2024, mas vamos superar 2025 com certeza”, afirmou o coordenador da Câmara e presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira, Moacir Batista Nascimento.
Início da colheita
Em algumas áreas da Mantiqueira, já é possível observar frutos maduros a partir da segunda quinzena de janeiro. O pico ocorre em fevereiro, estendendo-se até março e, nas altitudes mais elevadas, chega a avançar até abril.
“Os produtores já estão se preparando. Logo na virada do ano tudo precisa estar pronto para o início da colheita e para os lagares começarem a receber as azeitonas”, explicou o pesquisador de azeites da Epamig, Pedro Moura.
Minas Gerais reúne aproximadamente 150 olivicultores, podendo chegar a 200 quando considerados produtores do Sudeste. Cerca de 65% estão na Serra da Mantiqueira, na região sul do estado, local de altitude elevada e temperaturas frias, condições essenciais para a floração da oliveira.

Desafios de custo e produção
Ao contrário do Rio Grande do Sul, que lidera o país com grandes propriedades e áreas planas, Minas Gerais tem produção pulverizada em pequenos e médios olivais, em terrenos inclinados e de difícil mecanização. Isso eleva o custo de produção e explica porque o azeite artesanal mineiro chega ao mercado entre R$ 80 e R$ 120 a garrafa de 250 ml.
Ainda assim, o valor agregado acompanha a qualidade, como destacou Nascimento: “Nosso custo é maior porque quase tudo é manual. Mas o padrão de qualidade é altíssimo”.
O Brasil consome cerca de 100 milhões de litros de azeite por ano, mas produz menos de 1%. Ainda que a produção nacional tenha peso pequeno no preço da prateleira, o mercado de azeites artesanais mineiros cresce, impulsionado por qualidade, origem e turismo gastronômico.
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Tecnologia boa é a que gera renda com sustentabilidade, diz pesquisador da Embrapa

A tecnologia no agronegócio só faz sentido quando gera retorno econômico sem abrir mão da sustentabilidade ambiental e do benefício social. Essa é a avaliação do pesquisador da Embrapa Cerrados, Paulo Campos Christo Fernandes, ao analisar os debates da COP30 e o papel da ciência brasileira na agricultura tropical.
Segundo ele, a conferência foi uma oportunidade para mostrar ao mundo que o agro brasileiro já trabalha há décadas com soluções sustentáveis baseadas em ciência. “A COP foi uma iniciativa muito interessante, com certeza trouxe muito a agregar ao agronegócio brasileiro, porque na verdade no agronegócio brasileiro a gente luta muito pela sustentabilidade dele”, afirma em entrevista ao programa Direto ao Ponto.
Paulo destaca que a Embrapa e o setor produtivo puderam apresentar tecnologias consolidadas, sempre associando produtividade e responsabilidade ambiental. “Porque a tecnologia boa não é tecnologia que gera dinheiro. Tecnologia boa é aquela que gera dinheiro com sustentabilidade”, reforça.
Tecnologia que equilibra produção e ambiente
Para o pesquisador, pensar apenas no meio ambiente ou apenas no lucro não resolve os desafios do campo. “Ou a tecnologia só pensando no meio ambiente também não resolve, ela tem que ter uma viabilidade econômica”, explica. Nesse equilíbrio, ele ressalta que o fator humano também é central. “A gente busca uma balança, um equilíbrio entre o ambiental, o produtivo, o ser humano no meio, né? O ser humano é importante nisso aí”.
Um exemplo citado é a inoculação microbiana da soja, tecnologia amplamente adotada no Brasil, mas ainda pouco conhecida fora do meio rural. “Ela é simplesmente uma bactéria que fixa nitrogênio que vem do ar e ao mesmo tempo evita o uso de, por exemplo, ureia que é um derivado do petróleo”, detalha.
Além do ganho ambiental, Paulo chama atenção para o impacto econômico direto. “Você consegue reduzir custos na produção”, afirma. De acordo com ele, o balanço social da Embrapa mostrou uma redução de custos de R$ 25 bilhões em um único ano, usando a ureia como indicador. “Olha que interessante essa tecnologia. Ela tem um aspecto econômico imenso, ela tem um aspecto ambiental imenso e ela tem uma adoção também imensa”.

Indicadores e comprovação científica
O pesquisador explica que o grande desafio da Embrapa é encontrar indicadores confiáveis para medir os impactos das tecnologias. “O maior desafio que nós temos no balanço social da Embrapa é a busca dos indicadores”, relata ao programa do Canal Rural Mato Grosso. Segundo ele, alguns são mais fáceis de mensurar, como os ligados à fixação biológica do nitrogênio, enquanto outros exigem metodologias mais complexas.
Na agricultura familiar, por exemplo, a mensuração pode ser mais difícil, mas não impossível. “Difícil não significa impossível”, frisa. Para medir o impacto social, a Embrapa utiliza metodologias como o Ambitec, que considera a percepção de produtores e extensionistas sobre os efeitos das tecnologias no dia a dia.
Paulo também destaca que muitas inovações atendem tanto grandes quanto pequenos produtores. “A gente concluiu que 70% das tecnologias geradas na nossa unidade se adaptavam a ambos os segmentos”. Para ele, separar rigidamente esses perfis pode ser um erro. “Na verdade, tem uma metodologia que se adapta de uma forma a um grande produtor, e de outra forma ela se adapta a um produtor menor”.
Inovação contínua no campo
Ao falar de inovação, o pesquisador reforça que a ciência não nasce apenas no laboratório. De acordo com ele, há uma troca constante entre campo e pesquisa, em que o sistema produtivo gera dados que retornam à ciência.
Paulo cita ainda tecnologias que ganharam relevância em momentos críticos, como a fixação biológica do nitrogênio e o uso de remineralizadores diante da alta dos fertilizantes. “São inovações que elas surgem, elas estão girando no campo e em alguns determinados momentos específicos, a adoção dela aumenta de forma abrupta”, observa.
Na avaliação dele, esse dinamismo explica por que o Brasil se tornou referência mundial em agricultura tropical. “O brasileiro, e o agronegócio brasileiro, ele é muito aberto à inovação, ele é muito dinâmico”, conclui.
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