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Agro Mato Grosso

Professores enfrentam dificuldades em políticas públicas com falta de dados oficiais sobre uso de terras em MT

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Professores que estudam o uso da terra em Mato Grosso enfrentam dificuldades ao terem que cruzar informações de diferentes instituições para acompanhar o avanço do agronegócio e do tecido urbano. Isso porque os dados oficiais deste tipo de estudo não são atualizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) há cinco anos.

🔍Essas informações são usadas para planejar e subsidiar a formulação de políticas públicas em diversas áreas nas cidades, tanto por especialistas quanto por autoridades. E são utilizadas sobretudo em escolas.

Na última atualização do estudo do IBGE, Mato Grosso lidera o ranking de estado em que houve avanço de áreas agrícolas com (18,1%), seguido por São Paulo (14,9%), Rio Grande do Sul (14,3%) e Paraná (10,5%) com os maiores percentuais de terras nessa classe, em relação ao total do país.

O estudo também mostrou, que entre 2018 e 2020, o uso da terra no país foi alterado em área equivalente à de Alagoas e do Rio de JaneiroDesde então, os dados não foram mais atualizados.

Com isso, o país chega às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que acontece em novembro em Belém (PA), sem dados oficiais sobre o manejo da terra.

O IBGE foi procurado para entender o motivo da descontinuidade do estudo, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Para contornar esse problema, especialistas e professores recorrem ao cruzamento de dados de diferentes instituições, como Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). (veja imagem abaixo).

Especialistas precisam cruzar dados de diferentes instituições para monitorar uso da terra — Foto: Imea

Especialistas precisam cruzar dados de diferentes instituições para monitorar uso da terra — Foto: Imea

Os dados, porém, geralmente são feitos por imagens automáticas de satélites, conforme metodologia do MapBiomas. Mas fotos de satélites não contam toda a história por trás de um desmatamento, por exemplo. É o que aponta Camila de Faria, professora do departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

“Tem uma área que está aumentado a extração de madeira seletiva, porque a imagem do MapBiomas não aparece, porque não gera um hectare de desmatamento, e sim gera uma imagem de estrada e isso não aparece na leitura. Então, tem que fazer mais um cruzamento de informação para ter certeza do que se está vendo”, afirmou.

Ela também menciona os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Chegamos sem dados oficiais na COP 30. Claro que temos dados do Inpe sobre desmatamento, mas não sabemos para que se está sendo desmatado. Temos que pensar tudo isso articulado, porque falta política de articulação entre dados.”

Impactos

A falta de dados oficiais produzidos pelo IBGE sobre o uso e monitoramento da terra também traz efeitos econômicos, segundo a professora de pós-graduação em Geografia da Universidade do Estado de Mato Grosso (PPGGeo Unemat), Sandra Mara Alves da Silva Neves.

“Esses dados implicam ainda em defasagem no planejamento dos setores econômicos, que dependem de avaliações sistematizadas para a organização de suas cadeias produtivas”, afirmou.

A economia do estado gira em torno da terra. Para se ter uma ideia, Mato Grosso deve bater um novo recorde de produção com 101,5 milhões de toneladas de grãos na safra 2024/2025, e superar as 100 milhões de toneladas na temporada de 2023, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Outro aumento visto no estado é da área plantada, que saiu de 12,3 milhões de hectares para 12,7 milhões, alta de 2,9%.

Tecido urbano

A área agrícola não é a única que avança. O número de habitantes também cresce e já coloca Mato Grosso como 16º maior estado do país, com 3,84 milhões de pessoas.

“As cidades cresceram, com expansão do tecido urbano. Se for pensar com o último censo, elas cresceram em número de pessoas e em tecido urbano. Por exemplo, Sinop dobrou de tamanho nos dois sentidos, e isso promove outra dinâmica no território”, destacou Faria.

🔍Tecido urbano: termo usado para descrever uma cidade que cresce tanto populacionalmente quanto em área urbanizada.

A falta dos dados oficiais atinge até mesmo a prevenção de impactos ambientais, segundo Neves.

“É fundamental, pois subsidia os planejamentos e as tomadas de decisões, que, muitas vezes, implicam na necessidade de ações de prevenção de impactos ambientais, como os climáticos, perda de biodiversidade, na poluição do ar, da água e dos solos, na desertificação. Medidas mitigadoras dos impactos que atingem de forma acentuada nas condições de vida dos povos indígenas, as comunidades tradicionais, ribeirinhas, morroquianas, quilombolas, entre outras”, afirmou.

Não ter esses dados, de acordo com a professora, retira a eficácia das políticas públicas.

O que aconteceu com o IBGE?

No começo deste ano, o IBGE foi marcado por uma crise interna entre os servidores e o atual presidente, Marcio Pochmann. A insatisfação teve origem na criação do IBGE+, que logo foi suspenso por causa da repercussão negativa.

Outro ponto de desgaste foi a criação de um mapa-múndi invertido, que também desagradou os servidores, dizendo que o mapa mais distorce do que informa.

Além disso, mais de 600 servidores, incluindo diretores, assinaram uma carta aberta pedindo a destituição de Pochmann. Eles alegam sofrerem autoritarismo dentro da instituição.

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Piloto foge após pouso forçado de avião carregado com droga em MT; vídeo

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Um avião de pequeno porte que carregava fardos de cocaína foi apreendido pela Polícia Militar, após informações de que a aeronave teria pousado próximo a uma fazenda na região de Toriqueje, na zona rural de Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá, nesta terça-feira (9). O piloto fugiu.

No local, a equipe encontrou o avião danificado e sem carga aparente. No entanto, durante buscas realizadas na área, os policiais encontraram diversos fardos com a droga (assista abaixo).

Segundo a polícia, produtores rurais relataram que o piloto realizou um pouso forçado e fugiu em direção à região de mata, com apoio de um carro. Foram encontrados ainda, galões de combustível, que seriam utilizados para o abastecimento da aeronave.

VIDEO:

A Polícia Civil também esteve no local e acionou a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) para investigar tanto a aeronave quanto a substância encontrada.

Um guincho foi providenciado para a apreensão do avião, que foi encaminhado, junto com a carga, para as autoridades.

Além da Polícia Civil, o caso será investigado pela Polícia Federal como tráfico internacional de drogas.

Avião de pequeno porte carregava fardos de cocaína — Foto: Polícia Militar

Avião de pequeno porte carregava fardos de cocaína — Foto: Polícia Militar

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Modelo prevê produtividade agrícola com uso de imagens de satélite

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Um modelo em desenvolvimento pela Embrapa conseguiu estimar com boa assertividade a produtividade de cana-de-açúcar utilizando imagens de satélite coletadas durante a fase de crescimento da lavoura. O resultado foi obtido integrando as imagens com técnicas estatísticas e aprendizagem de máquina. A mesma metodologia também foi testada em soja e serviu como forma de validação do bioestimulante Hydratus que acaba de ser lançado.

A pesquisa utiliza uma série temporal de imagens da PlanetScope disponibilizadas por meio do Programa Brasil Mais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. As imagens diárias permitem que os pesquisadores identifiquem os melhores momentos no desenvolvimento da planta para se obter o índice de vegetação usado na previsão. As informações coletadas nas imagens integradas a variáveis como cultivar, ciclo de produção e precipitação acumulada durante a fase de crescimento são usadas em um modelo de predição.

No caso da cana-de-açúcar, um trabalho feito em parceria com a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), e financiado pela Finep, monitorou duas safras durante três anos e obteve coeficiente de determinação de 0,89. Isso significa que quando comparadas as predições do modelo com a produtividade observada na lavoura pelos métodos agronômicos tradicionais, houve 89% de precisão, índice considerado alto para previsões.

O pesquisador da Embrapa Agricultura Digital Geraldo Magela Cançado explica que o trabalho começou com um modelo mais simples, mas, conforme os trabalhos avançarem, novas variáveis serão inseridas, como temperatura, textura do solo e disponibilidade hídrica. Com essas variáveis espera-se melhorar a eficiência da ferramenta.

A expectativa da equipe que trabalha na pesquisa é a de gerar um modelo de predição que possa ser utilizado por produtores e indústria com dados por talhão nas propriedades rurais. Isso possibilitaria melhor planejamento estratégico, antecipação de negociações, programação de logística e a orientação para possíveis intervenções na lavoura. Outro possível uso seria pelo poder público na previsão de safras.

“Essa metodologia permite um levantamento de safra mais objetivo. Queremos diminuir a subjetividade dessa previsão e ser mais abrangente. Considerada a imensidão deste País, só com o uso de imagens de satélites isso se torna possível”, afirma o pesquisador João Antunes.

Pesquisa Embrapa
Foto: Geraldo Magela

Na cultura da soja

Após a primeira experiência com a cana-de-açúcar, a mesma metodologia começou a ser utilizada na cultura da soja em uma pesquisa de validação do uso do bioestimulante Hydratus, que protege plantas contra a seca e estimula o crescimento vegetal. O trabalho, financiado pela Finep, foi feito em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo e a empresa Bioma. Três áreas foram monitoradas. Em duas delas, a equipe da pesquisa utilizou as imagens de satélite do PlanetScope e, na terceira, imagens feitas com uso de drone.

Enquanto na cana foi adotado o índice vegetativo por diferença normalizada verde (GNDVI) para predição da produtividade, na soja foi usado o índice de vegetação realçado (EVI2). O primeiro utiliza bandas espectrais de infravermelho próximo (NIR) e a verde, possibilitando identificar diferenças no teor de clorofila. Já o segundo, a banda espectral vermelha, além do NIR, com sensibilidade à estrutura da planta e à biomassa.

Os resultados obtidos não só acusaram a diferença de produtividade entre os tratamentos com diferentes doses e testemunha do bioestimulante Hydratus, como tiveram uma correlação de 71% entre a produtividade predita e a observada. Embora menor do que a assertividade da cana-de-açúcar, o índice de predição do modelo é considerado alto.

“Cada cultura tem um comportamento diferente e é normal essa variação entre elas. No geral, assumimos como aceitáveis níveis de correlação acima de 0,6 (ou seja, o modelo é capaz de explicar acima de 60% da variação observada). No caso da cana, como a produção está muito ligada ao próprio dossel da planta (parte da planta sobre a superfície do solo, formada por folhas e colmos), obtêm-se melhores resultados, pois é quase uma relação direta entre biomassa e produtividade de colmo (caule típico de gramíneas, como a cana). Já no caso da soja, como o produto é o grão, a relação dossel da soja e produtividade não é tão direta”, explica Geraldo Cançado.

Os bons resultados do modelo de predição trazem otimismo para o uso em pesquisas de campo, permitindo o monitoramento preciso e não destrutivo.

“Essa estrutura de avaliação dupla, combinando métricas agronômicas com sensoriamento remoto, fornece uma estratégia inovadora e econômica para avaliação do desempenho das culturas em tempo real”, afirma o pesquisador.

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Foto: Geraldo Magela (área experimental)

O trabalho vem utilizando de forma comparativa duas abordagens, uma com aprendizagem de máquina e outra com métodos estatísticos. De acordo com o analista da Embrapa Eduardo Speranza, devido ao volume ainda pequeno de amostras usadas para treinar o algorítmo, o modelo com cálculos estatísticos vem se mostrando mais preciso.

“Apesar de ter muitos experimentos, trabalhamos em uma publicação com 500-600 amostras para treinar um algoritmo. Essa quantidade para aprendizado de máquina é pequena. O método de aprendizagem de máquina tem potencial de ser melhor, mas necessita de milhares de amostras”, explica Speranza, lembrando que o aumento de amostras depende da validação in loco pelo método agronômico de monitoramento.

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Foto: Geraldo Magela (área experimental)

Trabalho premiado

O Programa Brasil MAIS (Meio Ambiente Integrado e Seguro) do Ministério da Justiça e Segurança Pública conta com uma plataforma de alertas por meio de imagens diárias de nanossatélites da constelação PlanetScope. Essas imagens são compartilhadas com mais de 600 instituições brasileiras, entre órgãos de segurança pública e fiscalizadores, nos âmbitos federal, estadual e municipal, e com universidades e instituições de pesquisa. A Embrapa é uma das usuárias das imagens fornecidas por 130 satélites que cobrem diariamente o Brasil, com resolução de 3 metros por pixel e 8 bandas espectrais.

“Embora o Programa tenha como foco principal a fiscalização de vários tipos de ilícitos, o potencial dessas imagens também se destaca na pesquisa agrícola, abrindo novas possibilidades de estudo e inovação na Embrapa. A iniciativa se mostra bastante adequada para aplicações em áreas experimentais, como talhões de produção agrícola, onde o acompanhamento diário de alta resolução pode gerar informações valiosas para pesquisa e manejo”, afirma o chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agricultura Digital Júlio Esquerdo.

A grande frequência de imagens representa um ganho quando comparado ao uso de imagens de drones, por exemplo. Embora a resolução de imagem do drone seja melhor, a frequência fica restrita à disponibilidade de pessoal para fazer voos.

Neste ano a Rede MAIS, que reúne as instituições participantes do Programa Brasil MAIS, promoveu uma premiação para reconhecer a valorizar as iniciativas com uso da plataforma. O trabalho “Previsão da Produtividade em Cana-de-Açúcar Utilizando Análise Temporal de Imagens PlanetScope” submetido pela Embrapa ficou em primeiro lugar na categoria instituições federais.

Artigo

As pesquisas sobre uso das imagens do PlanetScope para definição de modelos de predição de produtividade de cana-de-açúcar e de soja foram divulgadas e estão disponíveis para acesso gratuito. O artigo Predicting Sugarcane Yield Through Temporal Analysis of Satellite Imagery During the Growth Phase foi publicado na revista Agronomy e o artigo Bacillus-based inoculants enhance drought resilience in soybean: agronomic performance and remote sensing analysis from multi-location trials in Brazil saiu na revista Frontiers.

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Ituí-bico-de-tamanduá: mulheres pescam peixe de espécie exótica da Amazônia em rio de MT

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Pauline Miranda de Campos, de 41 anos, esperava pescar qualquer espécie conhecida da região no último domingo (7), menos capturar um peixe exótico da Amazônia no Rio Teles Pires, em Carlinda, a 724 km de Cuiabá.

A sorte foi tanta que Pauline havia ganho esses quatro dias na pousada num sorteio durante evento de pesca em São Paulo.

“Foi como um presente. Fico feliz de participar de um momento tão raro e também quero que mais mulheres participem da pesca”, contou ela à imprensa.

Ela não estava sozinha. A guia dela, Neusa de Araújo Moreira Alves, foi quem fisgou o peixe da espécie ituí-bico-de-tamanduá — uma espécie exótica da Amazônia, que vive escondido e com hábitos noturnos, o que tende a dar impressão de raridade por ser pouco visto.

Peixe exótico é pescado em rio de MT — Foto: Arquivo pessoal

Peixe exótico é pescado em rio de MT — Foto: Arquivo pessoal

“No momento ficamos com medo, porque não parecia com nada que já conhecíamos. Fiquei com medo de levar choque ou algo do tipo, então pegamos apenas pelo anzol”, relatou.

Por volta de 10h30 do domingo, a vara no barco que já estava com isca balançou de um jeito estranho, o que chamou atenção de Neusa e Pauline, que pescavam sozinhas a 15 minutos de barco da pousada Recanto do Tatu.

Enquanto Neusa recolhia a linha, Pauline observava com estranheza o corpo que emergia da água. “Na hora pensei que fosse um tronco, mas aquilo passava de 40 centímetros. E ele tinha engolido a isca inteira.”

Ao chegar na pousada com o peixe, Pauline contou que ouviu relatos de que este tipo de animal não era visto no estado desde 2013, quando foi flagrado em Alta Floresta.

“Trouxemos o peixe para a pousada para que ele seja estudado, isso porque vimos que ele não ia sobreviver depois que puxamos da água”, afirmou.

🎣Paixão pela pescaria

 

A pescaria acompanha Pauline desde a infância. A paixão pelo pescado encontrou espaço como hobby e, aos poucos, isso se transformou em uma iniciativa: ela organizou um grupo de até 300 mulheres que se reúnem uma vez por mês para pescarem juntas.

Chamado de “Pererecas de Batom”, o grupo já conta com participação de mulheres de outros estados. Depois dessa pesca inusitada, Pauline espera ver o grupo crescer ainda mais.

“O mundo da pesca é tão masculino, que mostramos que mulher também pode pescar. O rio é de todo mundo”.

VIDEO:

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