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custos maiores e incertezas no mercado desafiam produtor em Mato Grosso

Em Mato Grosso, o plantio da próxima safra da soja será liberado a partir do dia 7 de setembro. Mas, antes mesmo da primeira semente ser colocada na terra, as despesas da nova temporada já pesam no bolso do produtor.
As despesas com fertilizantes, corretivos e defensivos voltaram a subir em julho. Com isso, o custeio da safra de soja 2025/26 em Mato Grosso já passa de R$ 4 mil por hectare, e a alta acende a preocupação do produtor com a rentabilidade da lavoura.
Segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em julho o custeio apresentou alta de 0,92%. Os fertilizantes e corretivos tiveram alta de 1,31% no mês, enquanto os defensivos avançaram 1,44%.
“Hoje, o custeio por hectare é de R$ 4.183,00. A gente vê um aumento em relação à safra passada muito atrelada a questões de defensivos. Vemos uma relação de troca não muito favorável”, pontua o coordenador de Inteligência de Mercado do Imea, Rodrigo Matheus da Silva.
Ele comenta que quando comparada a temporada com as últimas cinco safras “está no pior cenário”, uma vez que necessita de mais sacas para conseguir uma tonelada dos insumos em questão. “O produtor que não comercializou ainda, a janela está fechada. Não está com bons patamares para a relação de troca e isso assusta também. E a questão de muitos produtores também fechando agora a gente vê problemas logísticos que podem vir a acontecer“, frisa ao Canal Rural Mato Grosso.
Cautela no manejo e adoção de estratégias para minimizar custos
De acordo com o Imea, mesmo com a alta recente, os custos ainda estão abaixo do ciclo 2022/23, quando o produtor chegou a gastar mais de R$ 5 mil por hectare. Ainda assim, para o setor produtivo a lição permanece: em um mercado globalizado, a rentabilidade depende do que acontece dentro da porteira e precisa redobrar a cautela no manejo dos custos e nas estratégias.
“Estamos vivendo um descontrole fiscal. Temos um custo muito alto de juros, principalmente. Isso está matando a agricultura”, diz o agricultor Gilson Antunes Melo. Conforme ele, a soma de tais situações “vai influenciando e gerando mais insegurança para essa próxima safra”. O produtor frisa ainda que quando se tem um custo alto, a tendência é a retirada de investimentos, o que pode levar a “ter uma menor colheita”.
Presidente do Sindicato Rural de Canarana, Lino Costa pontua à reportagem que “o produtor que em outubro ou novembro do ano passado já travou seu custo de produção para alguns produtos, ele foi um pouco mais assertivo e pegou um preço melhor”.
“Mas, é uma coisa que não é corriqueira da gente fazer. E, o investimento ele tem que ter. O produtor tem que investir para produzir. Todo produtor investe com o mínimo de gasto com produto focado em uma boa produtividade”, salienta Lino, lembrando ainda dos desafios proporcionados pelo clima que podem ainda impactar no rendimento do campo e na rentabilidade do produtor.
O presidente do Sindicato Rural de Canarana ressalta ainda que a situação na primeira safra pode refletir na segunda safra, porque “às você deixa um financeiro ainda para pagar com a segunda safra. Eu falo abertamente, nós do Centro-Oeste hoje estamos sobrevivendo da segunda safra, porque se fossemos sobreviver de soja hoje a região estaria com a metade da ampliação e de todo esse desenvolvimento que tem aqui”.

Logística e comércio internacional também preocupam
Conforme o setor produtivo do estado, além do custo interno, questões logísticas e incertezas no mercado internacional também causam preocupação. A dependência do petróleo e de seus derivados é vista como um dos pontos mais delicados, pontuam.
“Esse ano nós temos um somatório maior de dificuldades, principalmente na relação comercial com a Rússia da maneira que estão as taxações e as ameaças do governo norte americano na nossa questão do petróleo”, frisa o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes (Aprofir Brasil), Marcos da Rosa.
Hoje, a Rússia é um dos principais exportadores de petróleo para o Brasil, o que pode, diante do cenário internacional, elevar ainda mais os custos da produção. “Então é um momento em que a safra está inviável, e as coisas podem ficar mais difíceis ainda, em função da falta de rentabilidade anterior, em função da seca que nós tivemos em Mato Grosso a situação do produtor não é boa”.
Marcos da Rosa alerta ainda quanto aos produtores que arrendam áreas, onde “é um custo maior de quem planta em área própria”.

Custos também pesa na venda antecipada da soja
Além do impacto imediato no bolso, os custos mais altos também pesam no planejamento da venda antecipada da soja. Para fechar contratos, o produtor mato-grossense afirma que precisa de segurança, pois qualquer centavo a mais no custeio pode mudar a conta lá na frente.
“Escalonamento é a palavra deste ano. Vender conforme vai dando as oportunidades, dividindo ao longo do ano para chegar lá na frente e ter um preço melhor. Torcer por um preço melhor para conseguir ter renda no campo e torcer para o clima, porque o produtor depende extremamente do clima, que seja um clima bom e produtividades boas”, diz o agricultor Gilson Antunes.
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Congresso de Agronomia: produtividade com sustentabilidade

A engenharia agrônoma e toda a cadeira produtiva do agro brasileiro volta o foco para Maceió, Alagoas, a partir deste dia 14 de outubro, para difundir conhecimento, inovação e experiências que pretendem moldar o futuro da agronomia no Brasil. Em sua trigésima quarta edição, o Congresso Brasileiro de Agronomia – CBA 2025 – tem como tema Produtividade com Sustentabilidade.
Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), através da Sociedade dos Engenheiros Agrônomos de Alagoas (Seagra) realiza o evento com 6 salas temáticas simultâneas, mais de 65 palestras e painéis, mais de 300 trabalhos científicos apresentados, 130 palestrantes especialistas entre eles, Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e embaixador da FAO para o cooperativismo, falando sobre o tema: O Engenheiro Agrônomo do Futuro, e Aldo Rebelo, ex-ministro, que falará sobre “A Importância do Engenheiro Agrônomo para a Segurança Alimentar”.
Entre os temas também figuram os debates, trabalhos e exposições do evento a nanotecnologia e robótica para agricultura sustentável, startups e inovação no campo, agronomia como protagonista da transição energética, políticas públicas, e muito mais.
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Aprosoja-MT pede revisão na MP que renegocia dívidas rurais

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) cobrou do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) a revisão dos critérios de acesso ao crédito rural previstos na Medida Provisória nº 1.314/2025, que renegocia dívidas rurais.
A entidade enviou ofício à pasta defendendo que os bancos possam avaliar individualmente os pedidos de produtores, com base em comprovação técnica de perdas, sem restrições territoriais impostas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Critérios territoriais e impacto no campo
Publicada em setembro, a MP 1.314/2025 criou linhas de crédito com juros subsidiados entre 2% e 6% ao ano para produtores que tiveram perdas em duas ou mais safras entre 2020 e 2025 por causa de eventos climáticos extremos. As regras do CMN, no entanto, limitam o acesso aos produtores localizados em municípios listados pelo Ministério da Agricultura, de acordo com percentuais médios de perdas apurados pelo IBGE.
Para a Aprosoja-MT, o critério desconsidera casos de perdas comprovadas fora desses recortes estatísticos. A entidade afirma que a medida acaba excluindo agricultores que enfrentaram seca, excesso de chuva e queda nos preços da soja e do milho, comprometendo a viabilidade econômica das propriedades.
“Produtores com laudos técnicos e comprovação de prejuízos deveriam ter o mesmo direito ao crédito equalizado. O objetivo é garantir fôlego financeiro para continuar produzindo”, afirmou Diego Bertuol, diretor administrativo da Aprosoja-MT.
Endividamento e burocracia
Dados do Banco Central mostram que cerca de 15% da carteira de crédito rural de Mato Grosso, o equivalente a R$ 14 bilhões, está em atraso ou renegociação. Segundo a Aprosoja, o cenário reforça a necessidade de juros acessíveis e prazos adequados, conforme previsto na MP.
Bertuol também destacou a burocracia e as exigências excessivas como entraves ao crédito rural. “A demora nos processos, a falta de recursos e as altas garantias exigidas impedem o acesso às linhas emergenciais. Em muitos casos, bastaria o alongamento das dívidas com carência e prazos adequados para evitar a falência de produtores”, afirmou.
Pedido de revisão
A entidade solicita que o Mapa reavalie as normas complementares e autorize expressamente as instituições financeiras a realizarem a análise individualizada dos pedidos de crédito, conforme a comprovação técnica das perdas. Para a Aprosoja-MT, o foco da MP deve permanecer em atender produtores em situação de vulnerabilidade, independentemente da localização geográfica.
Caso os critérios não sejam revistos, produtores afetados por secas, chuvas intensas e incêndios podem ser obrigados a renegociar suas dívidas em linhas de mercado, com juros superiores a 16% ao ano, o que, segundo a entidade, aumentaria o risco de insolvência no campo.
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Agricultura regenerativa cresce no Cerrado e melhora resultados nas lavouras

O Cerrado brasileiro passa a ganhar protagonismo na agricultura regenerativa. O projeto Regenera Cerrado, iniciativa do Fórum do Futuro em parceria com universidades e empresas, concluiu a primeira fase em setembro, abrangendo mais de 8 mil hectares de fazendas no sudoeste de Goiás.
Durante essa etapa, foram validadas práticas que diminuíram o uso de insumos químicos, como fertilizantes (-20%), fungicidas (-30%) e inseticidas (-50%), ao mesmo tempo em que aumentaram o uso de bioinsumos e técnicas de controle biológico, mantendo a produtividade das culturas de soja e milho.
O projeto também monitorou serviços ecossistêmicos, como a preservação de polinizadores, mostrando aumento de produtividade próximo a áreas de mata nativa, e melhorias na estruturação do solo e na mitigação de gases de efeito estufa.
Agora, a segunda fase do Regenera Cerrado, iniciada em outubro, ampliará o estudo para cinco pilares: saúde do solo e da água, práticas agrícolas regenerativas, conservação da biodiversidade, produção de alimentos seguros e sustentáveis e fortalecimento do mercado regenerativo.
O objetivo é coletar dados integrados sobre solo, biodiversidade, polinização, carbono, fitossanidade e qualidade dos grãos, consolidando evidências para ampliar a adoção de práticas regenerativas em todo o país.
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