Sustentabilidade
Além da produtividade, percevejos reduzem o teor de proteína nos grãos de soja – MAIS SOJA

Os percevejos integram o grupo das principais pragas que acometem a soja. Dente as principais espécies de expressão econômica, destacam-se o percevejo-marrom (Euchistus heros), o percevejo verde (Nezara viridula), o percevejo pequeno (Piezodorus guildinii) e o percevejo barriga-verde (Diceraeus sp.). Esses percevejos são conhecidos pelo potencial em reduzir atributos quantitativos e qualitativos das sementes, afetando negativamente não só a produtividade da soja, como também a qualidade das sementes, reduzindo germinação e vigor. Dependendo da espécie de percevejo, o consumo de soja por percevejo pode chegar a 0,21 g/dia, o que representa uma perda diária de 2,1 kg/dia por hectare, considerando uma população de apenas 1 percevejo/m².
Figura 1. Danos ocasionados pelas principais espécies de percevejos em soja.
O período crítico de ocorrência dos percevejos em soja vai de R4 a R6, sendo que, o ataque dos percevejos entre R5.1 e R5.3 pode resultar no abortamento de grãos e afeta a qualidade dos grãos e o rendimento. O ataque a partir de R6. a R7 causa perda de peso ou deterioração (Borges, 2021).
Além da redução na qualidade, na viabilidade e no vigor, as sementes de soja danificadas por percevejos sofrem alterações nos teores de proteína e de óleo. O ataque de percevejos também pode causar o retardamento da maturação (retenção foliar e haste verde), dificultando a colheita (Corrêa-Ferreira & Panizzi, 1999).
Figura 2. Proporção de danos quantitativos e qualitativos às plantas de soja em função do momento de ataque por percevejos.

A influência do impacto dos percevejos sobre a qualidade dos grãos e/ou sementes de soja foi corroborada por Marsaro Júnio et al. (2025). Avaliando o impacto que a alimentação do percevejo Euschistus heros (F.) causa na matéria seca das sementes de soja e nos teores de proteína, óleo e ácidos graxos, os autores observaram uma associação negativa significativa entre as sementes danificadas e o conteúdo de proteína, indicando que a porcentagem desse componente diminui à medida que os níveis de dano aumentam (figura 3).
Figura 3. Modelo de regressão não linear ajustado para a relação entre sementes de soja danificadas por Euschistus heros e proteína. A linha sólida representa a curva ajustada, e a faixa sombreada indica o intervalo de confiança (IC) de 95% em torno dos valores previstos.

Durante a alimentação, os percevejos inserem seus estiletes mandibulares nos tecidos vegetais, promovendo a destruição mecânica das células e a liberação de saliva rica em enzimas digestivas. Essa saliva contém principalmente amilases, lipases e proteases, enzimas produzidas nas glândulas salivares e também presentes no intestino dos insetos. A ação combinada da perfuração e da digestão enzimática intensifica os danos aos tecidos da planta, comprometendo o enchimento de grãos e reduzindo seu teor proteico (Marsaro Júnio et al., 2025).
Figura 4. Sementes de soja danificadas por Euschistus heros. A) Adulto se alimentando da semente no estágio R6 (enchimento total da vagem); B) Punção com flange (bainha salivar fora do tecido da semente); C) Punção sem flange; D) Manchas escuras no revestimento/cotilédones; E) Áreas internas esbranquiçadas nos cotilédones (seção transversal).

Diante disso, o monitoramento e controle eficiente dos percevejos em soja é determinante não só para assegurar a boa produtividade da cultura, com também conservar os atributos fisiológicos das sementes e os níveis de proteína nos grãos. O monitoramento dos percevejos em soja baseia-se na amostragem da lavoura, especialmente durante o período crítico de ocorrência da praga.
O monitoramento deve ocorrer preferencialmente nas horas mais frescas do dia, visto que os percevejos necessitam elevar sua temperatura corpórea para voar, logo, a contagem durante períodos mais frescos, facilita a contagem da praga (Reigert et al., 2024).
Com base nas recomendações de manejo estabelecidas para a cultura da soja, o nível de ação para o controle de percevejos é de 1 percevejo/m para lavouras destinadas a produção de sementes e de 2 percevejos/m para lavouras destinadas a produção de grãos (Quadro 1).
Quadro 1. Níveis de ação para percevejos em soja.

Fonte: Roggia et al. (2020)
Veja mais: Monitoramento e controle de percevejos em soja
Referências:
ALVES, E. B. O PERCEVEJO MARROM DA SOJA. Promip, 2020. Disponível em: < https://promip.agr.br/o-percevejo-marrom-da-soja/ >, acesso em: 11/07/2025.
BORGES, S. Z. COMO MANEJAR PERCEVEJOS NA CULTURA DA SOJA. Embrapa News, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/63509003/como-manejar-percevejos-na-cultura-da-soja >, acesso em: 11/07/2025.
CORRÊA-FERREIRA, B. S.; PANIZZI, A. R. PERCEVEJOS DA SOJA E SEU MANEJO. Embrapa, 1999. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/461048/percevejos-da-soja-e-seu-manejo >, acesso em: 11/07/2025.
MARSARO JÚNIOR, A. L. et al. IMPACT OF Euschistus heros (F.) (Heteroptera: Pentatomidae) FEEDING ON SOYBEAN SEEDS CHEMICAL COMPOUNDS. Revista Caderno Pedagógico, 2025. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1177076/1/Marsaro-Junior-et-al.2025-Impact-Euschistus-soybean-chemical.pdf >, acesso em: 11/07/2025.
REIGERT, J. et al. MANEJO DO PERCEVEJO-MARROM E DO PERCEVEJO BARRIGA-VERDE NA CULTURA DA SOJA. Revista Inovação, 2024. Disponível em: < https://revistas.uceff.edu.br/inovacao/article/view/740/810 >, acesso em: 11/07/2025.
ROGGIA, S. et al. MANEJO INTEGRADE DE PRAGAS. Embrapa, Sistemas de Produção, n. 17, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 9, 2020. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1123928/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 11/07/2025.
Sustentabilidade
Mercado brasileiro mantém ritmo lento, com produtores no campo e moinhos cautelosos – MAIS SOJA

O mercado brasileiro de trigo manteve por mais uma vez um ritmo lento de negociações ao longo da semana. Os comerciantes avaliaram a oferta restrita, o clima adverso nas lavouras e a crescente dependência externa.
Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, apesar das intempéries climáticas enfrentadas durante o plantio e o desenvolvimento, as lavouras do Paraná e do Rio Grande do Sul (responsáveis por cerca de 90% da produção nacional) continuam, em geral, em boas condições.
No Rio Grande do Sul, os preços giraram entre R$ 1.300 e R$ 1.350 por tonelada (CIF moinhos), dependendo da localidade. No interior do estado, o trigo pão tipo 1 foi negociado a R$ 1.300/tonelada (FOB), com lotes de qualidade inferior (falling number mais baixo) entre R$ 1.210 e R$ 1.220/tonelada.
No Paraná, os moinhos sinalizaram interesse de compra a R$ 1.450/tonelada para o trigo da safra velha, enquanto para a nova safra as ofertas variaram de R$ 1.350 a R$ 1.400/tonelada (CIF). Os vendedores, no entanto, buscavam até R$ 1.500/tonelada.
O comportamento dos moinhos foi de cautela, com compras pontuais e foco no consumo imediato. “O atual cenário não oferece margem para elevações significativas nas cotações até a entrada da próxima safra”, avaliou Bento. Do lado da produção, os agricultores seguem focados nos tratos culturais e demonstram pouco interesse em comercializar.
As condições climáticas continuam no centro das atenções. No Paraná, cerca de 35% das lavouras estão em estágios sensíveis ao frio, com 82% das áreas ainda em boas condições, segundo o Deral. No RS, a Emater destacou recuperação das lavouras após o excesso de chuvas no fim de junho.
A estimativa é de que, mesmo sem perdas severas, a necessidade de importações poderá atingir níveis recordes nesta temporada. Segundo levantamento de Safras & Mercado, o Brasil já importou 5,837 milhões de toneladas na safra 2024/25, um aumento de 682 mil toneladas frente ao mesmo período do ciclo anterior. São Paulo lidera os desembarques, seguido por Ceará, Bahia, Pernambuco e Paraná.
Bento destaca que o mercado segue atento ao câmbio e ao cenário internacional. A possível aplicação de tarifa de 50% pelos EUA sobre produtos brasileiros ainda não teve avanço nas negociações, o que aumenta a cautela entre os agentes. “Uma eventual desvalorização do real frente ao dólar poderia sustentar os preços internos, que seguem ancorados à paridade de importação”, concluiu.
Fonte: Ritiele Rodrigues – Safras News
Sustentabilidade
Dólar e Chicago recuam e travam mercado brasileiro de soja – MAIS SOJA

O mercado brasileiro de soja teve uma semana de preços entre estáveis e mais baixos. O ritmo dos negócios seguiu restrito, refletindo a cautela dos negociadores e a diferença entre as bases de compra e de venda. A combinação de baixa do dólar e desvalorização dos contratos futuros na Bolsa de Chicago pressionou o mercado. Os prêmios firmes evitaram uma baixa generalizada nas cotações internas.
A saca de 60 quilo seguiu na casa de R$ 132,00 na região de Passo Fundo (RS). Em Cascavel (PR), o preço permaneceu em R$ 131,00. Em Rondonópolis (MT), a cotação se manteve em R$ 120,00. No Porto de Paranaguá, mercado também sem alteração, com preço a R$ 138,00.
Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos com vencimento em novembro, os mais negociados, operavam na manhã da sexta, 25, a US$ 10,17 1/2 por bushel, acumulando uma desvalorização semanal de 1,76%. Apesar de importantes avanços nas negociações de tarifas entre Estados Unidos e importantes parceiros comerciais, o clima favorável ao desenvolvimento das lavouras americanas seguiu sendo um ponto de pressão sobre a soja.
Durante a semana, o presidente americano Donald Trump anunciou acordo comercial com o Japão, com tarifa recíproca de 15%. Os japoneses são importantes consumidores de produtos agrícolas americanos. No período, houve sinalização de que as conversar avançam também entre Estados Unidos, União Europeia e China.
Mas as atenções, no momento, estão voltadas para o clima. As temperaturas subiram no cinturão produtor americano, mas acompanhadas de chuvas. Até o momento, as lavouras evoluem bem e a perspectiva é de uma safra cheia, que se soma a um quadro de ampla oferta mundial. Por isso, a pressão sobre as cotações.
CBSoja
Infelizmente, o armazenamento de grãos no Brasil não acompanha a evolução da produção. A afirmação foi feita por Edenilson Carlos de Oliveira, diretor de Logísticas e Operações da Coamo Agroindustrial Cooperativa, que palestrou sobre o “Estado atual da infraestrutura de armazenamento de grãos no Brasil”, no Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja), em Campinas (SP). “No Centro Oeste a situação piora”, lamenta.
Conforme Oliveira, a região teve um grande crescimento de área plantada e de produtividade nos últimos anos, gerando uma produção gigantesca. “Mas os investimentos em armazenagem não tiveram a mesma intensidade”, pondera.
A situação é pior, segundo o palestrante, em Mato Grosso. “Em Mato Grosso do Sul, tem uma característica de produção mais diversificada”, explica, o que diminuiu o gargalo. Já no Sul do país não há tanta dificuldade em armazenar. “Mas ainda temos distorções entre os estados”, frisa.
Outro destaque trazido pelo palestrante é o principal alicerce para a evolução da produção brasileira de soja, que na sua opinião acompanha o Produto Interno Bruto (PIB) da China. “Os gráficos de aumento do PIB chinês refletem no incremento da produção do Brasil”, afirma.
Fonte: Dylan Della Pasqua e Rodrigo Ramos / Safras News
Sustentabilidade
Colheita do milho segunda safra registra atraso em MS – MAIS SOJA

A colheita do milho segunda safra 2025 segue em ritmo lento em Mato Grosso do Sul. De acordo com dados divulgados pela Aprosoja/MS, por meio do Projeto SIGA-MS, até a terceira semana de julho foram colhidos 20,1% da área total cultivada, o equivalente a 422 mil hectares. Em comparação com o mesmo período do ciclo anterior, o atraso chega a 30 pontos percentuais.
“Na fase final da safra, o excesso de chuvas em determinadas localidades elevou a umidade dos grãos e dificultou a entrada das máquinas nas lavouras. Essa situação acaba impactando diretamente no ritmo da colheita”, explicou o assessor técnico da Aprosoja/MS, Flávio Aguena.
A região Sul lidera os trabalhos no Estado, com média de 21,4%. Em seguida estão as regiões Centro, com 19,5%, e Norte, com 12,8%. A previsão do SIGA-MS é que a colheita se estenda até o final do mês de agosto. Com base no histórico das últimas cinco safras, Mato Grosso do Sul deve produzir 10,1 milhões de toneladas em uma área de 2,1 milhões de hectares, com produtividade média estimada em 80,8 sacas por hectare.
Para acessar o boletim completo, com informações sobre condições das lavouras, clima e mercado de grãos, clique aqui.
Fonte: Joélen Cavinatto/Aprosoja MS
Autor:Joélen Cavinatto/APROSOJA MS
Site: Aprosoja MS
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