Connect with us

Sustentabilidade

Senadores reagem à decisão de Trump de taxar em 50% produtos brasileiros Fonte: Agência Senado – MAIS SOJA

Published

on


A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil provocou forte repercussão no Senado. A medida, considerada inédita nas relações comerciais entre os dois países, foi duramente criticada por parlamentares da base governista, que classificaram o anúncio como um ataque à soberania nacional. Já os senadores da oposição responsabilizaram o atual governo, sua política externa e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo agravamento da crise diplomática.

A Comissão de Relações Exteriores (CRE) divulgou nota reafirmando o compromisso do Parlamento com a construção de “relações internacionais estáveis” e com o diálogo. A comissão informou que mantém interlocução com a representação diplomática dos Estados Unidos no Brasil e que trabalha pelo envio de uma missão parlamentar a Washington.

“Medidas comerciais devem ser tratadas com responsabilidade e dentro dos marcos do direito internacional”, diz trecho do texto. Veja a íntegra ao final desta matéria.

Em seu comunicado oficial, a Casa Branca estipulou o dia 1º de agosto como data para que a nova tarifa entre em vigor.

União nacional 

Parlamentares aliados ao governo brasileiro saíram em defesa de uma reação firme e diplomática. O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), defendeu a união do país diante da medida americana. 

“Não pode existir polarização quando o nosso país é atacado. Somos um só povo, uma grande nação. Não existem dois lados quando o que está em jogo são valores como a soberania, a pátria e a democracia. Conspirar contra o Brasil em território estrangeiro é crime de lesa-pátria, digno de covardes. O Brasil, como em outros momentos de sua história, superará as dificuldades e mais uma vez afirmará diante do mundo a sua capacidade como nação”.

Alessandro Vieira (MDB-SE) também destacou que a soberania brasileira deve ser defendida por todos.

“A soberania é o primeiro dos princípios fundamentais elencados pela Constituição. Nenhum cidadão, em especial os representantes eleitos pelo povo, pode acatar agressões estrangeiras contra o Brasil, não importa qual seja a suposta justificativa. É hora do verdadeiro patriotismo”.

Na mesma linha, Eliziane Gama (PSD-MA) classificou a medida como “uma agressão sem precedentes à nossa soberania”.

Motivação política 

Para Fabiano Contarato (PT-ES), a decisão de Trump representa uma tentativa de interferência em favor do grupo político ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. No comunicado em que anunciou a nova tarifa, Trump criticou o processo contra Bolsonaro no STF por planejar um golpe de Estado após as eleições de 2022.

“Todos — empresários, produtores e o povo brasileiro — pagarão a conta pelo comportamento irresponsável, conspirador e subserviente a interesses estrangeiros de Jair Bolsonaro. É hora de reagirmos com firmeza. Patriota de verdade não se ajoelha nem presta continência para bandeira estrangeira. O Brasil não cederá a chantagens e não será refém das aspirações de golpistas ou de outros governos”.

Na carta encaminhada pelo governo americano nesta quarta-feira (9), Trump também pontua como uma das motivações para a aplicação da tarifa — a maior já anunciada por ele até agora — uma suposta interferência do STF contra empresas de tecnologia americanas. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), creditou ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a responsabilidade pela taxação. 

“A pedido da família Bolsonaro, Donald Trump anuncia a taxação em 50% de todos os produtos brasileiros, de forma autoritária e unilateral. O presidente norte-americano está confundindo a quem está se dirigindo. O Brasil não será quintal do país de ninguém. Quem decide a nossa vida somos nós. Que fique claro: o Brasil é dos brasileiros e não de capachos”. 

O mesmo entendimento teve Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). 

“É lamentável que o ex-presidente Bolsonaro continue agindo contra o nosso país. Nosso país é soberano. Não somos uma republiqueta. Viva o povo brasileiro”.

Responsabilidade de Lula

Entre os oposicionistas, a medida de Trump foi vista como consequência direta da atuação do governo brasileiro no cenário internacional. Para o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), as ações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário internacional “isolaram” o país. Ele citou a ausência de um embaixador dos EUA no Brasil, a recepção a navios da Marinha iraniana e o apoio a regimes autoritários como sinais de “desprestígio”.

“Lula recebeu navios iranianos aqui no Brasil. Lula comparou Trump ao nazismo e ao fascismo. Lula defendeu uma corrupta presa na Argentina [a ex-presidente Cristina Kirchner]. Lula trouxe [em vôo da] FAB uma corrupta condenada por corrupção no Peru [a ex-primeira dama Nadine Heredia]. Lula pintou o mapa de um país invadido com as cores do invasor [em referência à guerra na Ucrânia]. Lula tem se colocado como uma figura decadente e já é criticado por boa parte da imprensa internacional. Tudo isso antes do anúncio das tarifas. Agora nos igualamos de vez aos regimes autoritários como Irã, Venezuela e Cuba, sofrendo sanções da maior democracia do mundo”.

Hamilton Mourão (Republicanos-RS) também apontou uma série de declarações e decisões recentes do presidente Lula como causa do desgaste com os EUA.

“O Brasil do governo Lula 3 conspirou abertamente contra o dólar na recente reunião do Brics, tem repetidamente atuado contra a liberdade de expressão, chamou [a guerra em] Gaza de holocausto, validou a eleição do tirano [Nicolás] Maduro [presidente da Venezuela] e fala barbaridades no ambiente internacional”.

Ciro Nogueira (PP-PI) disse que o presidente brasileiro trocou a diplomacia por “ataques infantis” e que, agora, tenta culpar Trump por suas falhas.

“O senhor, presidente Lula, não perdeu uma oportunidade para atacar com palavras o presidente da maior economia do planeta, a maior economia das Américas. Em vez de diplomacia, preferiu apostar em ataques infantis contra um país muito mais poderoso e mais forte do que o Brasil. E agora, após um governo que vai de mal a pior, o senhor vai tentar dizer que o seu fracasso é por causa do presidente Trump?”.

Já Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aproveitou a situação para criticar sanções judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu pai.

“Se Lula não tem capacidade, poderia pedir ao Alexandre de Moraes [ministro do STF] para devolver o passaporte pro Bolsonaro, que ele vai pra lá e resolve”.

Eduardo Girão (Novo-CE) acrescentou que o Senado tem sido “parte do problema” por não se posicionar contra atitudes do governo brasileiro e do STF que, na sua visão, contribuíram para a imposição da tarifa.

“Falta de aviso não foi. A sanha de perseguição política e à liberdade de expressão no País é responsável por essa tragédia anunciada. O Senado é parte do problema por ter se omitido até aqui, mas pode se tornar a solução da crise pautando o impeachment dos que desrespeitam a nossa Constituição”.

Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) afirmou que o atual governo optou por “tensionar as relações com os Estados Unidos”, o que teria levado à sanção que “atinge diretamente” a economia nacional. Sérgio Moro (União-PR) classificou a tarifa como um erro dos EUA, mas criticou o “antiamericanismo infantil” de Lula. Jorge Seif (PL-SC) afirmou que a medida se trata de uma reação do mundo ao “autoritarismo travestido de democracia”.

Diplomacia e negociação

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), classificou como “exagerada” e “surpreendente” a decisão do presidente Donald Trump. Ele reforçou que o Brasil possui leis, que as instituições estão em pleno funcionamento e que não se pode aceitar interferência de nenhum país na legislação e no Judiciário brasileiros. 

Otto acredita que haverá uma saída diplomática para o impasse, mas saiu em defesa do multilateralismo e do fortalecimento da relação comercial do Brasil com outros países, principalmente aqueles que fazem parte do Brics.  

“O Brasil está certo em estabelecer, pela diplomacia, uma relação comercial ampla com os países do bloco europeu, com a Arábia Saudita, com a China, com a Rússia, para não ficarmos dependentes dos Estados Unidos e recebermos uma supresa dessa natureza. Esse componente político é frágil e não vai se sustentar. O Trump terá problema dentro do seu próprio país, até porque muitos produtos vão aumentar de preço por conta da taxação de 50% em cima do Brasil”.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), Nelsinho Trad (PSD-MS), ressaltou a importância dos canais técnicos de negociação que já vinham sendo utilizados para tratar das tarifas desde o início do mandato de Trump, em janeiro.

“Parlamento e Executivo devem se movimentar com equilíbrio e sensatez na busca do resultado para reverter essa situação. Os diálogos técnicos com os EUA vêm ocorrendo desde as primeiras tarifas de Trump. Defendo que o comércio, motor do desenvolvimento e do emprego, seja tratado com pragmatismo”.

Eduardo Braga (MDB-AM) também defendeu uma reação moderada do governo federal, mas sem abrir mão da defesa dos interesses nacionais brasileiros.

“O caminho para a solução das questões tarifárias anunciadas pelo governo americano é, inegavelmente, o da diplomacia. Não há mais espaço para uma lógica de vencedores e vencidos em um mundo tão interligado. É o momento do Brasil defender a sua soberania com serenidade, ao mesmo tempo em que reafirma os laços seculares de amizade e respeito que unem nossos povos”.

Reciprocidade

O Senado aprovou em abril o projeto que gerou a Lei da Reciprocidade, prevendo medidas a serem adotadas pelo Poder Executivo em resposta a barreiras comerciais impostas unilateralmente por outros países a produtos brasileiros. O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Renan Calheiros, lembrou da nova lei ao reagir ao anúncio de Donald Trump.

“O Brasil já dispõe de uma lei para retaliar protecionismos e terrorismos comerciais. A CAE puxou o tema e deu ao país, em apenas 48 horas, o meio legal para responder proporcionalmente às ameaças externas. Soberania não se negocia”.

A relatora do projeto, Tereza Cristina (PP-MS), defendeu a linha diplomática e de negociação técnica como a saída para o atual conflito.

“As nossas instituições precisam ter calma e equilíbrio nesta hora. A nossa diplomacia deve cuidar dos altos interesses do Estado brasileiro. Brasil e Estados Unidos têm longa parceria e seus povos não devem ser penalizados. Ambos têm instrumentos legais para colocar à mesa de negociação nos próximos dias “, disse ela, que foi ministra da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro.

Já líder da oposição no Congresso, senador Izalci Lucas (PL-DF), disse ser contra uma retribuição por parte do governo brasileiro.

“Tem um prazo para que o Itamaraty tente negociar, porque é ruim para todo mundo. É ruim para os Estados Unidos, inclusive, essa sobretaxa. E o Brasil fazer essa mesma coisa não resolve o problema, muito pelo contrário, porque as nossas importações têm medicamentos e uma série de produtos que dariam um grande impacto na inflação brasileira. Cabe ao governo negociar. Vamos aguardar para ver se o governo tem essa competência”.

Nota da Comissão de Relações Exteriores

A Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal reafirma seu compromisso com a diplomacia parlamentar e o diálogo entre instituições. O Legislativo brasileiro tem papel relevante na construção de relações exteriores estáveis, responsáveis e coerentes com os princípios da soberania, no multilateralismo e da cooperação.

Mantemos uma interlocução franca e respeitosa com a representação diplomática dos Estados Unidos no Brasil, cujo encarregado de negócios esteve recentemente no Senado e propôs, inclusive, a realização de uma missão parlamentar a Washington como instrumento kegítimo de coordenação entre os dois países.

Entendemos que medidas comerciais devem ser tratadas com responsabilidade e dentro dos marcos do direito internacional.

A Comissão de Relações Exteriores seguirá atuando com equilíbrio para manter canais abertos com todos os parceiros estratégicos, ao mesmo tempo em que contribui para a ampliação da rede brasileira de alianças e acordos internacionais.

Fonte: Agência Senado



 

Continue Reading

Sustentabilidade

NY tem baixa no algodão, acompanhando o petróleo e outros mercados – MAIS SOJA

Published

on


A Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE Futures) para o algodão fechou com preços moderadamente mais baixos nesta terça-feira.

As cotações foram pressionadas pela desvalorização do petróleo e de outros mercados. As baixas nas bolsas de valores europeias contribuíram.

A safra brasileira de algodão em pluma na temporada 2025/26 está estimada em 4,030 milhões de toneladas, ante as 4,076 milhões de toneladas indicadas na safra 2024/25. Os números fazem parte do 1o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2025/26, divulgado hoje.

A produtividade das lavouras está estimada em 1.885 quilos de algodão em pluma por hectare, ante 1.954 quilos por hectare na temporada 2024/25. A área plantada com algodão na temporada 2025/26 está estimada em 2,138 milhões de hectares, elevação de 2,5% na comparação com os 2,086 milhões de hectares da safra passada.

O Mato Grosso, principal Estado produtor, deverá colher uma safra de algodão em pluma de 2,767,3 milhões de toneladas, número que representa um recuo de 3% ante 2024/25, quando foram produzidas 2,852,1 milhões de toneladas.

A Bahia, segundo maior produtor de algodão, deve colher 859,4 mil toneladas de algodão em pluma, elevação de 2,5% sobre 2024/25 (838,4 mil toneladas). Goiás deverá ter uma safra 2025/26 de 54,6 mil toneladas, um recuo de 1,1% sobre 2024/25 (55,2 mil toneladas).

Os contratos com entrega em dezembro/2025 fecharam o dia a 63,51 centavos de dólar por libra-peso, baixa de 0,08 centavo, ou de 0,1%. Março/2026 fechou a 65,09 centavos, queda de 0,17 centavo, ou de 0,3%.

Fonte: Lessandro Carvalho – Safras News



 

Continue Reading

Sustentabilidade

Manejo eficiente e eficaz do caruru: como controlar de forma efetiva essa planta daninha? – MAIS SOJA

Published

on


Com crescente participação em lavouras de verão, as plantas do gênero Amaranthus, popularmente conhecidas como caruru, têm ganhado importância em lavouras comerciais, pela elevada capacidade em matocompetir e complexibilidade de controle. Dentre as principais espécies de caruru de expressão econômica, destacam-se o Amaranthus retroflexus, A. viridis, A. palmeri e o A. hybridus.

Os danos em função da matocompetição variam de acordo com a espécie, período de convivência com a cultura e densidade populacional da planta daninha, podendo em alguns casos, causar perdas de produtividade superiores a 91% em milho, 79% na soja e 77% em algodão. Além disso as plantas de caruru são conhecida pelo rápido crescimento e elevada produção de sementes. Sob condições ideais, plantas de A. palmeri podem crescer até 4 cm por dia, e produzir mais de 1 milhão de sementes por planta (Gazziero & Silva, 2017).

Figura 1. Tamanho das sementes de caruru-palmeri comparado com a esfera da ponta de uma caneta (A) e com uma semente de soja (B).
Fonte: Gazziero & Silva (2017)

Embora não sejam dispersas pelo vento como as sementes de buva (Conyza spp.), as sementes de caruru são facilmente dispersas por maquinas e equipamentos agrícolas, animais dispersantes (incluindo bovinos) e pela água. Dentre os principais agentes dispersantes de caruru em áreas agrícolas, destacam-se os bovinos oriundos de áreas agrícolas infestadas e as maquinas e equipamentos agrícolas que transitam entre talhões infestados com caruru.

As sementes dispersas passam a integrar o banco de sementes do solo, podendo permanecer viáveis por longos períodos. Sob condições adequadas de temperatura, umidade e luminosidade, essas sementes germinam, dando origem a fluxos de emergência do caruru, infestando áreas agrícolas.

No Brasil, o cururu ganhou importância nas últimas safras em função da elevada dispersão, danos ocasionados por algumas espécies de Amaranthus e aumento dos casos de resistência dessas plantas daninhas a herbicidas. De acordo com Zanatta et al. (2008), das 60 espécies de caruru a nível global, 10 apresentam importância agrícola no Brasil.

Em países como os Estados Unidos, o caruru (Amaranthus palmeri) é considerado uma das principais plantas daninhas em áreas agrícolas, representando grande desafio ao manejo. Na Argentina, o problema é ainda mais alarmante: segundo a Rede de Manejo de Pragas (Aapresid rem, 2020), o caruru infesta cerca de 20,5 milhões de hectares, um aumento de 7 milhões em apenas dois anos (2017–2019). Lá, as espécies são conhecidas como “Yuyo colorado”, englobando A. hybridus e A. palmeri, ambas com resistência a herbicidas. A. hybridus apresenta biótipos resistentes ao glifosato, inibidores de ALS, herbicidas hormonais e resistência múltipla; enquanto A. palmeri já apresenta resistência confirmada ao glifosato e a inibidores de ALS, com suspeita de resistência múltipla ainda em estudo.

Figura 2. Incremento de área e área infestada por plantas daninhas nos anos de 2017 e 2019 na Argentina.
Fonte: Aapresid rem (2019)

O transporte internacional e interestadual de maquinas e equipamentos agrícolas, especialmente de colhedoras de grãos, contribui de certa forma para o avanço acelerado das infestações de caruru no Brasil. Em função das características físicas das sementes de caruru, essas sementes se misturam facilmente em resíduos vegetais no interior das colhedoras. Nesse contexto, o transporte de colhedoras oriundas de áreas infestadas de caruru constitui uma das principais medidas de dispersão do caruru, contribuindo para o aumento das populações dessa planta daninha em áreas agrícolas.

Figura 3. (A) Máquina contaminada com sementes de caruru; (B) sementes de caruru; (C) resíduos culturais; (D) transporte das colhedoras.
Adaptado: Gazziero et al. (2023)

Além da complexa dinâmica que envolve a redução da infestação do caruru, casos conhecidos dessa planta daninha a herbicidas limitam a eficácia no controle do caruru na pós-emergência de culturas agrícolas como a soja. No Brasil, os casos relatados de resistência do caruru a herbicidas comtemplam principalmente as espécies Amaranthus hybridus, A. palmeri, A. retroflexus e A. viridis, sendo que o caso mais recente relatado se refere a resistência múltipla do A. hybridus aos herbicidas inibidores da ALS e EPSPs, respectivamente ao Chlorimuron e Glifosato.

Tabela 1.  Casos de resistência das principais espécies de caruru relatados no Brasil.
Fonte: Heap (2025)

Com base nos aspectos observados e na importância econômica e complexidade do caruru, medidas integradas de manejo necessitam ser  adotadas para um controle eficiente e efetivo dessa planta daninha, reduzindo a pressão sobre os herbicidas utilizados na pós-emergência. Tendo em vista a grande produção de sementes por plantas de caruru, o controle dessas plantas daninhas durante o período entressafra é uma das estratégias mais eficientes para reduzir a produção e disseminação das sementes daninhas em áreas agrícolas.

Além disso, a limpeza de maquinas e equipamentos agrícolas, bem como a quarentena de bovinos oriundos de áreas infestadas é indispensável para reduzir a disseminação das sementes de caruru e consequentemente populações infestantes. Além das estratégias supracitadas, o emprego de herbicidas pré-emergentes desempenha um importante papel no manejo e controle do caruru.

Os herbicidas pré-emergentes atuam em sementes no processo de germinação no banco de sementes do solo, inibindo/inviabilizando a germinação, e consequentemente reduzindo os fluxos de emergência dessa plantas daninhas (figura 4). É importante destacar que o posicionamento correto dos pré-emergentes é determinante para o sucesso na supressão dos fluxos de emergência do caruru.

Conforme observado por Brunetto et al. (2023), há variação do desempenho dos pré-emergentes no controle do caruru em função do princípio ativo e formulação, sendo que, formulações de herbicidas com mais de um princípio ativo em sua composição tendem a apresentar um maior espectro de controle e consequentemente performance no controle do caruru. Nesse contexto, o posicionamento de herbicidas pré-emergentes com dois ou mais princípios ativos em sua formulação a exemplo do Zethamaxx (Imazetapir + Flumioxazina) e do Zethamaxx Evo (Imazetapir + Flumioxazina + S-Metolacloro), tende a proporcionar melhor desempenho no controle do caruru.

Figura 4.  Comparativo de área tratada com e sem o uso de herbicida residual na pré-emergência da cultura da soja, para o controle de caruru (Amaranthus hybridus).
Fonte: Tsukahara; Kochinski; Silva (2024).

Assim, como o posicionamento estratégico dos herbicidas pré-emergentes, o momento de controle do caruru na pós-emergência da cultura é determinante para o sucesso no manejo dessa planta daninha. De modo geral, plantas daninhas em estádios iniciais do desenvolvimento são melhor controladas pelos herbicidas pós-emergentes. Para o caruru, recomenda-se adotar medidas de controle na pós-emergência ao observar predominantemente plantas de 2 a 4 folhas.

Sobretudo, é essencial conhecer as populações infestantes, uma vez que algumas populações podem apresentar resistência a determinados herbicidas como visto anteriormente. Nesses casos, o programa de herbicidas deve contemplar princípios ativos e mecanismos de ação alternativos á resistência observada. Além disso, é importante priorizar a rotação de mecanismos de ação de herbicidas, possibilitando não só um maior espectro de ação no controle das plantas daninhas, como também o manejo da resistência aos herbicidas.

A rotação de culturas também desempenha papel crucial no manejo e controle do caruru. O uso de plantas de cobertura e/ou culturas agrícolas que promovem elevada formação de palhada contribui para suprimir os fluxos de emergência, uma vez que a maioria das espécies de Amaranthus de importância econômica é fotoblástica positiva, ou seja, necessita de luz para germinar.

Além disso, a rotação de culturas permite alternar os mecanismos de ação dos herbicidas, possibilitando o uso de produtos não seletivos à soja em outras culturas inseridas no sistema, o que amplia a eficiência do controle químico. Outro ponto essencial é o uso de sementes certificadas, que reduz a disseminação de sementes de caruru e, consequentemente, o avanço das infestações nas áreas de cultivo. Sementes com baixa pureza física podem servir como veículo para a introdução de plantas daninhas, incluindo espécies de Amaranthus.

Em síntese, devido à complexidade do manejo do caruru, o controle efetivo requer a adoção de estratégias integradas, com ações proativas que antecipem o estabelecimento da planta daninha, garantindo maior eficiência das medidas de controle.

Referências:

AAPRESID REM. MANEJO DE YUYO COLORADO EN SOJA Y MAÍZ. Aapresid rem, 2019. Disponível em: < https://www.aapresid.org.ar/rem/manejo-de-yuyo-colorado-en-soja-y-maiz/ >, acesso em: 06/10/2025.

BRUNETTO, L. et al. MANEJO QUÍMICO DE CARURU-ROXO (Amaranthus hybridus) COM HERBICIDAS APLICADOS EM PRÉ E PÓS-EMERGÊNCIA. Weed Control Journal, 2023. Disponível em: < https://web.archive.org/web/20240224015416id_/https://www.weedcontroljournal.org/wp-content/uploads/articles_xml/2763-8332-wcj-22-e202300790/2763-8332-wcj-22-e202300790.pdf >, acesso em: 06/10/2025.

GAZZIERO, D. L. P.; et al. CARURU-PALMERI: CUIDADO COM ESSA PLANTA DANINHA. Embrapa Soja, 2023. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1152972  >, acesso em: 06/10/2025.

GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa Soja, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1069527/1/Doc384OL.pdf >, acesso em: 06/10/2025.

HEAP. I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2022. Disponível em: < https://www.weedscience.org/Home.aspx >, acesso em: 06/10/2025.

TSUKAHARA, R. Y.; KOCHINSKI, E. G.; SILVA, W. K. ESTRATÉGIAS PARA O MANEJO DA RESISTÊNCIA DE DOENÇAS E PLANTAS DANINHAS A AGROQUÍMICOS. Revista FABC, Abril/Maio, 2024. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/wp-content/uploads/2024/04/202404revista-pdf.pdf >, acesso em: 06/10/2025.

ZANATTA, J. F. et al. TEORES DE ÁGUA NO SOLO E EFICÁCIA DO HERBICIDA FOMESAFEN NO CONTROLE DE Amaranthus hybridus. Planta Daninha, Viçosa, MG, v.26,n. 1, p. 143-155, 2008. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/372514/1/Teores0001.pdf >, acesso em: 06/10/2025.

 

Continue Reading

Sustentabilidade

Anec eleva projeção de exportações de soja brasileira em outubro

Published

on

As exportações brasileiras de soja em grão devem alcançar 7,305 milhões de toneladas em outubro, segundo levantamento semanal da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

  • Fique por dentro das novidades e notícias recentes sobre a soja! Participe da nossa comunidade através do link! 🌱

Segundo informações divulgadas pela Safras & Mercado, no mesmo período do ano passado, o volume embarcado foi de 4,435 milhões de toneladas, enquanto em setembro deste ano as exportações somaram 6,973 milhões de toneladas.

Na semana encerrada em 11 de outubro, o Brasil embarcou 1,538 milhão de toneladas, e a previsão para o período de 12 a 18 de outubro é de 2,153 milhões de toneladas.

Farelo de soja

Para o farelo de soja, a expectativa de exportação em outubro é de 2,056 milhões de toneladas, abaixo dos 2,455 milhões de toneladas registrados no mesmo mês de 2024. Em setembro, os embarques somaram 1,962 milhão de toneladas.

Na última semana, as exportações de farelo foram de 266,768 mil toneladas, com previsão de 672,337 mil toneladas para a semana atual.

Continue Reading
Advertisement

Agro MT