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Sustentabilidade

Mecanismos de resistência das plantas daninhas aos herbicidas – MAIS SOJA

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Controlar plantas daninhas em culturas agrícolas  é determinante para a redução da matocompetição e consequentemente interferência negativa na produtividade da lavoura. Embora distintas estratégias de manejo possam ser utilizadas de forma integrada para o manejo e controle das plantas daninhas, em lavouras comerciais o emprego de herbicidas químicos é o método mais difundido para o controle das daninhas.

Contudo, o uso equivocado e contínuo dos herbicidas, atrelado a baixa adesão aos métodos alternativos de controle, tem contribuído para o aumento da pressão de seleção sobre bióticos resistentes, resultando em um crescente aumento do número de casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas.

Figura 1. Evolução dos casos globais de resistência das plantas daninhas a herbicidas.

Fonte: Heap (2025)

A resistência das plantas daninhas a herbicidas pode ser compreendida como a habilidade hereditária de um indivíduo sobreviver e se reproduzir após a exposição a doses letais de herbicidas, normalmente fatais ao biótipo suscetível. Essa resistência pode surgir naturalmente, pela seleção de biótipos no campo devido ao uso contínuo de herbicidas, ou ser induzida por técnicas como engenharia genética, cultura de tecidos e mutagênese (Christoffoleti et a., 2016).

Figura 2. Seleção e multiplicação de plantas resistentes a um herbicida.

Como as plantas daninhas desenvolvem a resistência aos herbicidas?

Os mecanismos de resistência das plantas daninhas a herbicidas podem ser divididos em resistência específica e não específica ou metabólica. A resistência específica corresponde a alterações existentes no local de ação do herbicida, enquanto que a resistência não sistema corresponde a alterações nos processos fisiológicos, metabólicos e até mesmo genéticos que os biótipos resistentes possuem (Borgato & Netto, 2016).

De acordo com Borgato & Netto (2016), existem pelo menos cinco mecanismos que podem explicar a resistência das plantas daninhas a herbicidas e influenciar o modo de ação destes compostos, sendo eles: alteração do sítio de ação do herbicida; ampliação gênica; metabolização ou desintoxicação do herbicida; absorção foliar e/ou translocação diferencial do herbicida, e sequestro ou compartimentação do herbicida.

Alteração do sítio (local) de ação do herbicida

A alteração do sítio de ação é um mecanismo de resistência em que o herbicida perde a capacidade de se ligar adequadamente à sua enzima ou proteína-alvo, devido a mudanças estruturais (mutações na sequência de aminoácidos) que modificam a conformação desse local. Com isso, o herbicida deixa de inibir os processos metabólicos essenciais da planta, tornando-se ineficaz. Esse mecanismo é comum e pode conferir altos níveis de resistência, como já observado em diferentes espécies no Brasil, a exemplo de Bidens pilosa, Euphorbia heterophylla e Eleusine indica, resistentes principalmente a inibidores de ALS, ACCase e até mesmo ao glyphosate. Este é, possivelmente, o mecanismo de resistência que ocorre com maior frequência em populações de plantas daninhas (Borgato & Netto, 2016).

Ampliação gênica

De acordo com Borgato & Netto (2016), a amplificação gênica é um mecanismo de resistência caracterizado pelo aumento do número de cópias do gene que codifica a enzima alvo do herbicida, permitindo à planta produzir quantidades elevadas dessa enzima. Assim, a dose aplicada do herbicida torna-se insuficiente para inibir todas as cópias enzimáticas, garantindo a sobrevivência da planta. Esse mecanismo foi relatado pela primeira vez em Amaranthus palmeri resistente ao glyphosate (Gaines et al., 2010) e, posteriormente, em outras espécies como A. tuberculatus, Lolium perenne spp. multiflorum e Kochia scoparia.

Metabolismo e desintoxicação do herbicida

O metabolismo e desintoxicação do herbicida por sua vez, consistem em um mecanismo de resistência no qual a planta daninha é capaz de degradar o herbicida em compostos não tóxicos antes que ele cause danos. Esse processo envolve principalmente as enzimas citocromo P450 (oxidação) e glutationa (conjugação), conferindo resistência a diversos grupos de herbicidas, como ACCase, ALS, Fotossistema I e II, divisão celular, auxinas sintéticas e EPSPs. A eficiência da metabolização varia conforme a espécie, o estádio de desenvolvimento e as condições ambientais, podendo uma mesma dose ser tóxica em certas situações e inofensiva em outras. Como é controlado por vários genes, esse mecanismo apresenta menor probabilidade de evolução (Borgato & Netto, 2016).

Absorção e/ou translocação diferencial (redução da concentração do herbicida no local de ação)

De forma sucinta, conforme explicado por Borgato & Netto (2016), a resistência de plantas daninhas por absorção e/ou translocação diferencial ocorre quando há menor mobilidade do herbicida nos tecidos vegetais e/ou maior retenção foliar, reduzindo a quantidade que chega ao sítio de ação e, consequentemente, os efeitos fitotóxicos.

Sequestro ou compartimentalização do herbicida

O sequestro ou compartimentalização do herbicida é um mecanismo de resistência em que a planta impede que o produto atinja o local de ação em concentrações suficientes para causar controle, armazenando-o em compartimentos celulares, como os vacúolos. Esse processo pode estar associado à menor retenção foliar, absorção ou translocação do herbicida (Borgato & Netto, 2016).

Em suma, as plantas apresentam diferentes mecanismos de resistência os quais podem ser utilizados para sobreviver aos efeitos dos herbicidas, podendo inclusive, uma planta apresentar mais de um mecanismos de resistência, conferindo assim resistência a múltipla a herbicidas de diferentes princípios ativos e mecanismos de ação.

Para ter acesso ao conteúdo completo do material desenvolvido por Borgato & Netto (2016) clique aqui!

Referências:

BORGATO, E. A.; NETTO, A. G. RESISTÊNCIA MÚLTIPLA E CRUZADA: CASOS NO BRASIL E MECANISMOS DE RESISTÊNICA DE PLANTAS DANINHAS A HERBICIDAS. Associação Brasileira de Ação à Resistência de Plantas Daninhas aos Herbicidas (HRAC), 4° ed., cap. 3, 2016. Disponível em: < https://upherb.com.br/ebook/livro_Hrac.pdf >, acesso em: 02/10/2025.

CHRISTOFFOLETI, P. J. et al. RESISTÊNCIA MÚLTIPLA E CRUZADA: CASOS NO BRASIL E MECANISMOS DE RESISTÊNICA DE PLANTAS DANINHAS A HERBICIDAS. Associação Brasileira de Ação à Resistência de Plantas Daninhas aos Herbicidas (HRAC), 4° ed., cap. 1, 2016. Disponível em: < https://upherb.com.br/ebook/livro_Hrac.pdf >, acesso em: 02/10/2025.

HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2025. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/ChronologicalIncrease.aspx >, acesso em: 02/10/2025.

Foto de capa: Leandro Vargas

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Sustentabilidade

Delegação da Namíbia realiza visita técnica ao IRGA – MAIS SOJA

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Na terça-feira, 7 de outubro de 2025, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) recebeu uma delegação da Namíbia em uma visita técnica voltada ao conhecimento sobre o processamento, beneficiamento e empacotamento do arroz no Rio Grande do Sul. A comitiva contou com representantes do Ministério da Agricultura e da Embaixada da Namíbia, interessados em conhecer as cultivares desenvolvidas pelo Instituto, os sistemas de irrigação e o trabalho de pesquisa e desenvolvimento de sementes.

A programação iniciou na Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), em Porto Alegre, onde a missão foi recepcionada pelo secretário Edivilson Brum e teve reunião conduzida pelo secretário adjunto, Márcio Madalena. Também participaram do encontro Caio Effrom, diretor do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA); Paulo Roberto da Silva, diretor do Departamento de Governança dos Sistemas Produtivos; Ricardo Felicetti, diretor do Departamento de Defesa Vegetal (DDV); e Claudio Cava Corrêa, diretor administrativo do Irga.

Durante a reunião, os representantes namibianos puderam conhecer mais sobre a importância do Rio Grande do Sul na produção de arroz. O estado é responsável por mais de 70% da produção nacional, sendo referência em tecnologia, produtividade e sustentabilidade na lavoura orizícola.

Na sequência, os visitantes participaram de um almoço com a diretoria do Irga e, no período da tarde, visitaram a Estação Experimental do Instituto, em Cachoeirinha, onde acompanharam de perto as práticas e tecnologias aplicadas ao cultivo do arroz. A atividade reforçou o interesse da Namíbia em estreitar laços de cooperação técnica com o estado e aprender com a experiência gaúcha no setor orizícola.

As informações são do Irga.

Fonte: Rodrigo Ramos / Agência Safras News



 

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Sustentabilidade

Mato Grosso semeou 21,22% da área prevista de soja na safra 2025/26

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A semeadura de soja da safra 2025/26 em Mato Grosso atingiu, na sexta-feira (10), 21,22% da área prevista, avanço de 6,19 pontos porcentuais em comparação com os 15,03% da área semeada até a sexta-feira anterior. A informação foi divulgada pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

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Em comparação com igual período da safra 2024/25, quando 8,81% da área havia sido plantada, os trabalhos estão adiantados em 12,41 pontos porcentuais. Já em relação à média dos últimos cinco anos, de 17,17%, há um adiantamento de 4,05 pontos porcentuais.

Trabalhos com a soja em MT

A região médio-norte lidera o plantio, com 30,94% da área semeada, avanço semanal de 6,67 pontos porcentuais. Em seguida aparecem norte, com 29,55% e ganho de 12,29 pontos porcentuais na semana, e oeste, com 28,91% e alta de 10,67 pontos porcentuais. A região noroeste atingiu 25,38%, com avanço de 6,49 pontos porcentuais, enquanto centro-sul chegou a 19,03%, alta de 5,40 pontos porcentuais.

As regiões com menor avanço foram sudeste, com 9,92% da área plantada e ganho de 2,37 pontos porcentuais na semana, e nordeste, com 9,66% e alta de 4,29 pontos porcentuais. Na comparação entre safras, a região médio-norte apresenta o maior adiantamento, de 18,31 pontos porcentuais ante igual período do ano passado, seguida por oeste, com 16,80 pontos porcentuais, e noroeste, com 16,56 pontos porcentuais.

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Bioinsumos ganham força como pilar da sustentabilidade no agro brasileiro – MAIS SOJA

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Autoridades, lideranças do agronegócio, executivos e pesquisadores se reuniram em 9 de outubro, em São Paulo, para discutir os caminhos do Brasil rumo a uma agricultura mais sustentável. O 2º Fórum Bioinsumos no Agro, realizado no auditório da Ocesp, reuniu representantes de instituições públicas e privadas para tratar de temas estratégicos como regulamentação, sustentabilidade, modelos de negócio e marketing, com o objetivo de fortalecer a cadeia de bioinsumos no país.

O evento foi promovido pela Embrapa, pelo Sistema Ocesp e pela Sociedade Rural Brasileira (SRB), com organização da Araiby, e contou com a presença de diversas autoridades do setor. O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, e o presidente do Sistema Ocesp, Edivaldo Del Grande, deram as boas-vindas aos participantes.

A mesa de abertura foi composta por Paula Packer, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, que representou a presidência da Embrapa; Roberto Betancourt, vice-presidente do Conselho Consultivo do Fórum e do Cosag/Fiesp; e João Adrien, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

Durante a cerimônia, Paula Packer destacou que os bioinsumos são parte essencial da transição para uma agricultura de baixo carbono e de uma economia baseada em recursos renováveis. Segundo ela, o tema deve ganhar ainda mais destaque nas discussões da COP30, que será realizada no Brasil em 2025.

“Sustentabilidade, agricultura de baixo carbono e bioinsumos são pautas que devemos levar para a COP, mas também olhar para além dela — como país, precisamos mostrar as mudanças que estamos promovendo a curto, médio e longo prazo”, afirmou Packer.

Ciência e inovação como base do avanço
O painel “Prioridades para o desenvolvimento sustentável” abriu o ciclo de debates, destacando a valorização dos bioinsumos na agricultura e as linhas de pesquisa em andamento no país. Moderado por João Adrien (SRB), o painel reuniu Eduardo Bastos (IEAg/ABAG), Guilherme Bastos (FGVAgro) e Rodrigo Mendes (Embrapa Meio Ambiente).

Os especialistas enfatizaram a necessidade de investimentos contínuos em pesquisa, inovação e políticas públicas que estimulem a adoção de bioinsumos nas lavouras brasileiras. Mendes ressaltou o papel da pesquisa básica como ponto de partida para inovações capazes de transformar o campo. “A pesquisa aplicada é vital, mas é a pesquisa básica que fornece o alicerce para descobertas científicas com impacto real na agricultura”, afirmou Mendes.

Cooperativismo e comunicação como motores de crescimento
Em seguida, o painel “Modelos de Negócios, Gestão e Marketing” destacou a importância do cooperativismo, da capacitação profissional e da comunicação estratégica para o fortalecimento do setor. Moderado por Francisco Matturro (Rede ILPF/ABAG), o debate reuniu Matheus Kfouri Marino (Coopercitrus), Marco Vinholi (Sebrae-SP), o jornalista José Luiz Tejon e Camila Macedo Soares (Biomarketing).

Os participantes defenderam que a organização coletiva e a comunicação eficiente são fatores-chave para ampliar a presença dos bioinsumos no mercado e melhorar a percepção pública sobre a sustentabilidade do agronegócio.

A mesa sobre regulamentação discutiu os avanços e desafios da Lei dos Bioinsumos, abordando os entraves técnicos e jurídicos que ainda limitam o desenvolvimento do setor. O debate, mediado por Roberto Betancourt (Fiesp), reuniu Carlos Goulart (Mapa), Artur Soares (Abinbio), Roberto Levrero (Abisolo), Eduardo Martins (GAAS), Amália Borsari (CropLife Brasil) e Lídia Jorge dos Santos (Sindiveg).

Os painelistas convergiram sobre a importância de um marco legal claro, moderno e alinhado às práticas internacionais, capaz de garantir segurança jurídica, estimular investimentos e dar escala à produção de bioinsumos no país.

Visão estratégica e papel do Brasil na agenda global
No encerramento, Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV e envoy do agro brasileiro para a COP30, destacou que o Brasil tem condições únicas de se tornar referência mundial em sustentabilidade agrícola. Para ele, o uso de bioinsumos sintetiza a capacidade do país de produzir de forma mais limpa e eficiente, aliando produtividade à conservação ambiental.

Os pronunciamentos finais foram feitos por Alberto Amorim (Secretaria de Agricultura de SP) e Roberto Betancourt (Fiesp), reforçando o compromisso das instituições com a integração entre pesquisa, política pública e setor produtivo.

O 2º Fórum Bioinsumos no Agro consolidou-se como um espaço essencial de diálogo sobre o futuro da agricultura brasileira. As discussões apontaram que, para além das metas climáticas, os bioinsumos representam uma oportunidade estratégica de inovação, competitividade e sustentabilidade — pilares que devem orientar o agro nacional nas próximas décadas.

Fonte: Cristina Tordin – Embrapa Meio Ambiente



 

FONTE

Autor:Cristina Tordin/Embrapa Meio Ambiente

Site: Embrapa

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