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Sem fiscalização, o Banco Central responde a quem?

O Banco Central é, talvez, a instituição mais poderosa da economia brasileira. Decide a taxa básica de juros, define regras que impactam o crédito, regula o sistema financeiro e influencia diretamente a vida de milhões de brasileiros. Ganhou autonomia formal em 2021, com a promessa de blindar sua atuação contra pressões políticas. Mas autonomia não pode ser confundida com isolamento. A pergunta que incomoda é simples: sem fiscalização, o Banco Central responde a quem?
Hoje, os diretores da instituição são indicados pelo Executivo e sabatinados pelo Senado. Passada essa etapa, tornam-se praticamente intocáveis. Não há instrumentos claros para responsabilizá-los em caso de condutas que contrariem o interesse público. Esse vácuo de fiscalização alimenta a percepção de que o BC é autônomo para se proteger do governo, mas vulnerável à captura de interesses privados. Não faltam exemplos de diretores que deixam seus cargos e, em seguida, assumem posições milionárias em bancos, fundos e corretoras.
Foi para enfrentar esse dilema que surgiu, em março de 2021, o Projeto de Lei Complementar 39. A proposta estabelece um rito legislativo qualificado para a exoneração de diretores em situações de incompatibilidade com os interesses nacionais. Não se trata de abrir a porta para pressões políticas de ocasião, mas de criar um mecanismo robusto de responsabilização. Pela regra proposta, a Câmara precisaria aprovar o pedido por maioria absoluta e o Senado confirmar a decisão, também por maioria absoluta. É um processo exigente, que eleva a régua de controle democrático sem comprometer a autonomia técnica.
Esse modelo aproxima o Banco Central da governança já consolidada nas agências reguladoras. Desde a Lei 13.848/2019, essas autarquias funcionam com mandatos fixos, sabatina no Senado, relatórios periódicos ao Congresso e quarentenas para dirigentes, evitando tanto a exoneração arbitrária quanto a sensação de impunidade. O BC, como autarquia de regime especial, deve trilhar caminho semelhante: independência combinada com prestação de contas.
O ponto central é que autonomia não pode ser confundida com blindagem. O Banco Central precisa de liberdade para tomar decisões técnicas, mas precisa também de mecanismos claros de accountability. Quem defende diretores sem qualquer possibilidade de fiscalização precisa admitir: não está defendendo a instituição, mas sim o privilégio de poucos.
Agro Mato Grosso
Indústrias chinesas destacam qualidade da soja mato-grossense e reforçam parceria com o Brasil

Farelo de soja produzido em Mato Grosso alimenta milhões de suínos na China e é considerado essencial para a segurança alimentar do país asiático.
Nos maiores complexos industriais da China, onde são produzidas cerca de 7 milhões de toneladas de ração por ano, a soja brasileira, onde a maior parte vem do campo mato-grossense, é responsável por essa produção.
O grão, que passa por um rigoroso processo de higienização e desinfecção antes de entrar na linha de produção, é considerado estratégico por empresas chinesas que atuam na criação de suínos e na fabricação de óleo vegetal.
Segundo Ren Jianbo, diretor de pesquisa e desenvolvimento de rações para suínos, o farelo de soja é a principal fonte de proteína para os animais.
“Temos quatro granjas e mais de 10 mil suínos. Acompanhamos o peso individual de cada um e, com base nesses dados, conseguimos estimar o orçamento aplicado. O farelo de soja é extremamente importante para toda nossa alimentação animal”, afirmou.
Ainda segundo Ren, a expectativa das indústrias chinesas é de que o Brasil continue fornecendo soja de qualidade e com estabilidade.
“Atualmente, o uso desse alimento está diretamente ligado à quantidade de soja brasileira importada pela China”, informou
🚢 Brasil é principal fornecedor
O Brasil, os Estados Unidos e a Argentina são os três maiores produtores de soja do mundo. A China, apesar de ocupar a quarta posição, é o maior consumidor global da oleaginosa. Mais de 70% da soja exportada pelo Brasil tem como destino o país asiático.
Em alguns portos chineses, mais de 20 navios vindos do Brasil atracam todos os anos. Cada embarcação pode transportar até 70 mil toneladas de soja. Em uma das indústrias visitadas pela equipe do Mais Agro, há 30 silos com capacidade para armazenar 7 mil toneladas cada, todos abastecidos, em grande parte, por soja brasileira.
🏭 Indústria automatizada e dependente do Brasil
A indústria, Nantong Yide Industry, que atua na produção de óleo e farelo de soja, logística e armazenagem de grãos, possui 60 mil metros quadrados de área construída.
O gerente-geral da empresa, He Xian, destacou a dependência da matéria-prima brasileira, já que todos os anos são importados cerca de 100 milhões de toneladas de soja. Quase 80% vem de fora. E o Brasil, que hoje é o maior produtor do mundo, é o principal parceiro da china.
O vice-gerente Liu Yi disse que de todas as commodities, a soja é a mais importante para o chinês. O farelo e o óleo de soja que eles fornecem, fazem parte da produção diária.
🍽️ Soja na mesa dos chineses
Além da ração animal, o óleo de soja também é amplamente utilizado na culinária chinesa. Kong Li Jun, a vice-presidente da revista China Record, afirmou que o alimento é nutritivo e saboroso.
“As frituras são uma delícia. O óleo de soja ajuda a baixar o colesterol, não é gorduroso e é fácil de digerir”, contou.
O diretor de trading da Shangai Goodsoy, Ken Wu, explicou que a tradição alimentar chinesa é baseada em vegetais e fibras, e por isso, a proteína da soja é uma fonte importante na dieta chinesa, tornando-a bastante especial.
Para o gerente de comércio internacional, Hou Kun, a proteína da soja pode até substituir a carne. Para ele é uma opção muito saudável e rico em proteína.
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A soja brasileira é transformada em oléo de soja que é considerado produção diária da China — Foto: TVCA/Reprodução
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Plantio de soja 25/26 atinge 36% no Brasil, indica AgRural

A área de soja da safra 2025/26 atingiu 36% do plantio no Brasil até a última quinta-feira (23), segundo levantamento da AgRural, contra 24% na semana anterior e igual ao registrado no mesmo período do ano passado. A consultoria ressalta que, embora o clima tenha favorecido a semeadura na última semana, a irregularidade das chuvas e o calor no Centro-Oeste seguem como preocupação, especialmente com a previsão de tempo seco para os próximos dias.
“De um modo geral, o clima foi favorável à semeadura na semana passada, mas há pontos de atenção no Centro-Oeste do país por causa da irregularidade das chuvas e do calor. A maior preocupação, no momento, é a previsão de tempo seco e quente nesta semana”, comentou a AgRural, em nota.
Milho
No milho verão 2025/26, o plantio atingiu 55% da área estimada para o Centro-Sul do país até quinta-feira, comparado a 51% na semana anterior e 53% no mesmo período do ano passado.
Com a semeadura praticamente finalizada no Sul, o foco agora está no desenvolvimento das lavouras e no início do plantio nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde os trabalhos começaram recentemente.
Agro Mato Grosso
Conheça a jornada da soja do campo de Mato Grosso até o Porto de Santos

Com 12 milhões de toneladas embarcadas em 2024, a ferrovia que liga Rondonópolis ao Porto de Santos se consolida como eixo estratégico na exportação da soja mato-grossense.
A cada safra, milhões de toneladas de soja colhidas em Mato Grosso percorrem milhares de quilômetros até alcançar o litoral paulista. Em 2024, cerca de 28% da exportação do grão no estado foi escoada pela malha ferroviária, com destaque para o terminal de Rondonópolis, que embarcou aproximadamente 7 milhões de toneladas rumo ao Porto de Santos.
Além do grão in natura, os vagões transportam também o farelo de soja, resultado do esmagamento realizado nas indústrias da região.
Segundo o diretor de terminais da Rumo, João Marcelo Alves da Silva, foram 12 milhões de toneladas entre soja e farelo embarcadas pelo terminal, representando 60% de tudo que chegou ao porto paulista vindo do estado.
🚛Da lavoura ao trilho: o papel dos caminhoneiros
O processo logístico começa na lavoura ou em armazéns de comercializadoras. Após a emissão da nota fiscal, os caminhões entram no sistema de agendamento. O motorista Paulo Luiz Gonçalves de Almeida contou que fazem o caregamento, o elonamento e depois tem que ahuardar no pátio.
“Assim que sai a nota, somos chamados pela balança, pegamos a nota e seguimos viagem. Depois de descarregar e receber a nota carimbada, voltamos em busca de nova carga”, disse.
O terminal de Rondonópolis tem capacidade para descarregar cerca de 1,5 mil caminhões por dia, garantindo agilidade no fluxo de entrada dos grãos.
🚆 A jornada ferroviária até o litoral
Ainda segundo o João Marcelo, após a chegada ao terminal, os grãos são avaliados e direcionados aos comboios ou silos. Entre sete e oito composições partem diariamente para Santos, levando cerca de 80 horas para completar o trajeto.
Ronaldo Pereira, condutor de uma das locomotivas contou que durante o percurso, são feitos várias trocas de maquinistas em pontos estratégicos.
“O trem sai de Rondonópolis e há em média seis trocas. Em Bugoacsu é a penúltima, e em Paratinga eu assumo para levar até a entrada do Porto”, explicou.
O maquinista Felipe Pinheiro, responsável pelo trecho final, disse que a função dele é trazer a carga desde a entrada do Porto de Santos até os terminais, onde o produto é descarregado e embarcado nos navios rumo ao exterior.
⚓ Santos: destino final e ponto de retorno
O diretor de operações da ferrovia interna do porto, Edson Citelli, informou que o Porto de Santos movimenta cerca de 100 milhões de toneladas de graneis por ano, sendo 30 a 35% proveniente da soja, e que Mato Grosso representa entre 70% e 80% dessa soja.
Ainda de acordo com o Edson, além da soja, o porto também recebe fertilizantes. Na margem esquerda, no Guarujá, são cerca de 120 vagões por dia; na margem direita, 20. Após a descarga, os vagões são limpos e recarregados com fertilizantes para o interior.
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