Agro Mato Grosso
Área de lavouras com seguro pode cair ao menor nível em sete anos

Congelamento de R$ 445 milhões do orçamento do programa de subvenção deve fazer extensão cair para menos de 5 milhões de hectares
Sem a garantia de recursos para a subvenção, a comercialização de apólices para a safra de verão está quase paralisada. O cenário de juros altos e margens espremidas no campo também afeta a venda de seguros, cuja contratação fica inviável para muitos produtores.
Seguradoras já estimam perdas de receita de 30% a 40% do previsto para 2025 com a arrecadação de prêmios com seguro rural. Para piorar o cenário, o governo ainda não pagou R$ 129 milhões relativos a apólices do ano passado, o que atrapalha o fluxo de caixa das companhias em um momento em que já precisam desembolsar sinistros de geadas na safra de inverno.
Glaucio Toyama, presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), diz que o setor se programou para cobrir até 20 milhões de hectares em 2025, com aporte de capital de risco das resseguradoras, mas os planos foram frustrados. A área segurada deve ficar entre 4 milhões e 5 milhões de hectares, desempenho semelhante ao de 2018 (4,6 milhões de hectares).
“Se não tiver o descontingenciamento, com certeza esse será o pior ano para o mercado de seguro rural depois que as coisas começaram a se encaixar”, afirma. Em 2021, a área segurada chegou a 13,6 milhões de hectares. Nos últimos anos, porém, ficou em torno de 7 milhões.
O orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) em 2025 era de R$ 1,06 bilhão. Desses, R$ 67 milhões foram usados para pagar apólices contratadas em 2024. Dos R$ 992 milhões restantes, houve congelamento de R$ 445 milhões em junho, diante da necessidade do governo de controlar gastos.
O Ministério da Agricultura ainda não sabe se o recurso do seguro será liberada após melhora nas contas do governo. “As informações sobre o desbloqueio deverão ser divulgadas pelo Ministério do Planejamento e Orçamento após o dia 30 de julho”, disse, em nota.
A verba disponível para aplicação até agosto é de R$ 547,7 milhões, sem previsão de recursos para os grãos de verão, como a soja, principal produto atendido pelo programa. Em 2024, dos 7,1 milhões de hectares segurados, 4,7 milhões foram da oleaginosa.
Tarifaço dos EUA, custos de produção em alta, margens apertadas e juros nas alturas foram a “espiral negativa” para o mercado segurador, nas palavras de Toyama. “O custo do seguro é a última linha do produtor. Se tiver que abrir mão de algo e tomar risco, ele não compra o seguro”, diz.
Baixa aderência
Na avaliação do vice-presidente da Newe Seguros, Rodrigo Motroni, as seguradoras vão sentir um “baque” neste ano. “A contratação de seguro para a safra de verão está pífia. Todo mundo está muito assustado com a baixa aderência”, diz. Segundo ele, o mercado já considera como definitivo o corte na subvenção.
Os R$ 445 milhões congelados no orçamento poderiam alcançar até R$ 37 bilhões em importância segurada se fossem destinados apenas para seguro de soja no segundo semestre, cuja taxa de prêmio é de 6%, calcula Motroni.
Para ele, o corte na subvenção vai limitar a receita das seguradoras a 60% ou 70% do projetado no início do ano. De janeiro a maio, a arrecadação de prêmios de seguro agrícola e pecuária já caiu quase 18%, para R$ 1,6 bilhão, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg).
Empecilhos
Outro problema é a dívida de R$ 129 milhões que o governo tem com apólices contratadas em 2024 com subvenção. “Nunca vimos um prazo tão dilatado de pendência de pagamentos. Isso afeta e desestimula toda a cadeia”, diz Toyama. A subvenção de R$ 179 milhões para apólices contratadas para a safra de inverno também não foi paga até agora.
Também há preocupação com a janela de contratação do seguro. Para o verão, as vendas começam em maio e vão até meados de setembro. “Há um atraso na comercialização. Deveria estar no auge e está só no começo, justamente pela falta de subvenção, que afeta a decisão do produtor”, diz Leonardo Paixão, CEO da Sombrero Seguros. A empresa esperava alcançar até 400 mil hectares por ano. “Esse patamar vai diminuir. A competição está mais acirrada. Todo mundo vai perder um pouco”. A subvenção federal banca entre 20% e 40% do valor do prêmio.
Outro problema para este ano é a “anti-seleção” que a escassez de recursos para a subvenção causa, afirma Toyama. A percepção de agentes financeiros é que produtores menos tecnificados e com menor nota de crédito precisam da proteção. O cenário aumenta o risco das seguradoras. Ao mesmo tempo, agricultores do Centro-Sul “machucados” com as perdas das últimas safras tentarão garantir suas apólices, com produtos mais baratos e menos cobertura.
O Ministério da Agricultura disse que “as contratações continuam, pois há expectativa de desbloqueio do orçamento” até o fim do ano. A Pasta prevê quitar os pagamentos pendentes de 2024 até agosto. Sobre os R$ 179 milhões de subvenção de apólices da safra de inverno, não há previsão de desembolso para as seguradoras.
Agro Mato Grosso
Harpia é solta no Pará após passar por tratamento e reabilitação em Mato Grosso

A ave foi avaliada e tratada em Sorriso, em uma clínica conveniada da Sema; a reabilitação do animal ocorreu no Santuário dos Elefantes
Uma harpia que foi resgatada no Pará e passou por tratamento em Mato Grosso voltou nesta quarta-feira (30.7) para o Estado de origem após passar por reabilitação e treinar habilidade de caça. A ave foi avaliada e tratada no município de Sorriso, em uma clínica conveniada da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). O órgão ambiental também auxiliou na reabilitação do animal.
Ela foi resgatada na BR-163, no sul do Pará, pela Via Brasil e levada para o recinto médico veterinário em Sorriso, uma vez que a empresa tem autorização para operar nos dois Estados e a clínica também é conveniada à concessionária. O trajeto até Sorriso foi de aproximadamente mil quilômetros.
A ave apresentava alteração nas garras e o tratamento foi feito com medicamentos e acupuntura para auxiliar na recuperação do movimento. Após a boa resposta ao tratamento, foi levada a um recinto de treinamento no Santuário de Elefantes Brasil, em Chapada dos Guimarães, onde desenvolveu a musculatura e habilidades suficientes para ser reintegrada à natureza novamente.
A harpia chegou a Sorriso no dia 29 de maio muito debilitada. “Ela não tinha nenhum tipo de movimentação e sensibilidade nos pés e nós realizamos a primeira intervenção emergencial devido ao estado crítico. Diante da estabilização do paciente, começamos as investigações e exames hematológicos, bioquímicos e de imagem, onde foi descartado patologias. Assim, iniciamos um tratamento paliativo a fim de recuperar a movimentação. O tratamento foi bastante efetivo e em 15 dias já tinha recuperado a sensibilidade e movimentação dos membros inferiores” explicou a médica veterinária Lilian Medeiros, responsável pelo tratamento.
Após a alta médica, Lilian solicitou o apoio da Sema para a reabilitação da ave, que foi destinada para o Santuário de Elefantes no dia 19 de junho, permanecendo até esta semana. Após o treinamento de voo e a certeza de que a ave poderia ser devolvida ao habitat natural, ela foi solta no Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, por decisão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), visto que o local abrange o Projeto Harpia.
A ação também contou com o apoio da Ampara Silvestre para a recaptura técnica da ave, no recinto em que ela estava treinando voo, no Santuário dos Elefantes. Por ser um recinto bem alto, mais ou menos 8 metros de altura, a recaptura exigiu procedimentos específicos feitos por equipe técnica especializada.
“A Sema auxiliou na reabilitação deste animal através de uma área de soltura cadastrada, o Santuário de Elefantes Brasil. Também realizou o transporte seguro e aclimatado dentro do Estado de MT através da van climatizada utilizada exclusivamente para o transporte de animais silvestres. É uma parceria muito importante, no qual diversos órgãos se articularam para que o animal ficasse assistido e que fosse solto adequadamente, contribuindo para a conservação desta espécie, que é muito imponente e topo de cadeia”.
Veja o vídeo da soltura:
Agro Mato Grosso
Tarifaço de Trump: produtores de MT deixam EUA fora da rota de exportação da carne bovina e buscam novos países

Segundo o Sindicato dos Frigoríficos de Mato Grosso, a estratégia é manter a produção e ampliar as parcerias comerciais. Atualmente, Mato Grosso exporta cerca de 12% de carne bovina aos Estados Unidos.
A produção da carne bovina mato-grossense que seria exportada aos Estados Unidos deverá ser redirecionada para outros países após o presidente Donald Trump assinar o decreto que eleva a tarifa sobre produtos brasileiros para 50%, nesta quarta-feira (30). De acordo com o Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo), a estratégia é manter a produção e ampliar parcerias comerciais com a Coreia do Sul, Vietnã e Japão (entenda mais abaixo).
Atualmente, Mato Grosso exporta cerca de 12% de carne bovina aos Estados Unidos. O país norte-americano fica atrás apenas da China, principal comprador internacional, que concentra mais de 40% das aquisições.
No primeiro semestre deste ano, os Estados Unidos foram o segundo maior destino da carne bovina brasileira, com 13,69% do volume total exportado. Em relação a Mato Grosso, 7,20% das exportações de carne tiveram como destino o mercado americano, o que corresponde a quase 37 mil toneladas e cerca de 119 milhões de dólares em faturamento.
Novas negociações
À imprensa vice-presidente do Sindifrigo, Luiz Antonio Freitas Martins, informou que as indústrias frigoríficas de Mato Grosso, em articulação com o Governo Federal e Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), estão em negociação com novos mercados internacionais.
“Essas são alternativas que a gente vai correr atrás para compensar esse volume que vamos perder com os Estados Unidos. Basicamente, com um tarifaço de 50%, inviabiliza totalmente a operação”, explicou.
De acordo com o vice-presidente, Vietnã, Coreia do Sul e Japão ainda não importam carne bovina do Brasil. Isso ocorria porque o país não era reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação, o que impedia as exportações para esses mercados.
No entanto, essa barreira foi superada há dois meses, com o Brasil sendo reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação. Com isso, o setor vê a possibilidade de avançar nas negociações e abrir esses mercados, considerados estratégicos e importantes para o país.
A produção destinada especificamente ao mercado norte-americano, que possui características diferentes, foi interrompida há cerca de 10 dias, antes do fim do prazo, evitando excedentes nos frigoríficos.
“Vamos buscar novos mercados, aumentando a participação e share em um mercado para compensar esse volume que a gente perdeu. Então, o primeiro momento é esse impacto, mas eu acredito que no médio curto e médio prazo a gente consiga reverter e recuperar esse volume em outros mercados”, ressaltou.
Movimentação no mercado interno
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, apesar de o Brasil exportar para diversos países, não há outro mercado capaz de absorver, sozinho, as 400 mil toneladas previstas para os EUA. Parte da produção será redirecionada para o mercado interno ou outros destinos, mas com dificuldades logísticas e preços menos vantajosos.
“Brasil exporta para diversos países, mas nessa quantidade, cerca de 400 mil toneladas que nós íamos exportar esse ano e o produto específico que nós estávamos pensando em exportar, não existe nenhum mercado que absorva tudo isso. Então, uma parte ficará no mercado interno, outra enviamos para outros destinos mas com dificuldades de preço e logística, que era um mercado tão atrativo como era os Estados Unidos”, pontuou.
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Aumento no preço da carne bovina — Foto: Mary Winchester/Unsplash
Agro Mato Grosso
Fungicidas mostram resultados positivo contra mofo-branco na soja em 2024/25

Ensaios cooperativos da Embrapa, safra 2024/25, indicam eficácia de controle químico
A doença, causada por Sclerotinia sclerotiorum, reduz a produtividade em até 17,2 kg/ha por ponto percentual de aumento na incidência. Nas áreas com mofo-branco sem controle, a perda média de produtividade chegou a 24,4%.
Cinco locais apresentaram níveis adequados da doença para análise conjunta: Mauá da Serra, Ponta Grossa, Passo Fundo, Montividiu e Formosa. A média de incidência nas áreas sem fungicida foi de 47,7%.

Além do fluopiram, outros ingredientes ativos como procimidona, fluazinam e picoxistrobina mostraram eficiência, com controle entre 47% e 54%. A maior produtividade foi registrada com fluopiram: 4.435 kg/ha. A testemunha (sem controle) produziu 3.353 kg/ha.
Na produção de escleródios, estruturas reprodutivas do fungo, o destaque foi para a picoxistrobina, com 84% de redução. Fluopiram, fluazinam e procimidona também tiveram desempenho relevante, com reduções entre 71% e 77%.
Os autores do estudo destacam a importância da rotação de fungicidas com diferentes modos de ação para evitar resistência. O controle químico deve ser integrado a práticas culturais e biológicas, com foco no período crítico da soja: do florescimento à formação das vagens.
A pesquisa envolveu instituições públicas e privadas e adotou rigor estatístico com modelos lineares mistos e análise de variância. A metodologia incluiu pulverizações sequenciais e avaliação de incidência, produtividade e massa de escleródios.

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