Agro Mato Grosso
Projeto autoriza uso de fundos para renegociar dívidas rurais

Texto autoriza uso de até R$ 30 bilhões de recursos do Fundo Social do Pré-Sal para criação de linha de crédito para quitação dos débitos
O deputado Afonso Hamm (PP-RS) incluiu no seu substitutivo ao projeto de lei 5.122/2023, que trata da renegociação de dívidas dos produtores rurais, a autorização para uso de até R$ 30 bilhões de recursos do Fundo Social do Pré-Sal para criação de linha de crédito para quitação dos débitos, principalmente de agricultores e pecuaristas do Rio Grande do Sul.
O relatório, antecipado ao Valor, prevê também o uso de recursos dos fundos constitucionais do Centro-Oeste (FCO), do Norte (FNO) e do Nordeste (FNE) e do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para as dívidas de produtores dessas regiões.
A Câmara dos Deputados deve votar o projeto nesta semana. A votação não estava no radar do governo federal, que foi pego de surpresa com a inclusão na pauta. Os termos estavam em negociação com os ministérios da Agricultura e Fazenda e com o Banco Central. Nesta terça-feira (8/7), Hamm vai se reunir com o Ministério do Planejamento e Orçamento. Ainda não há previsão de articulação com a Casa Civil.
“Temos pressa para pacificar, se conseguir esse milagre [de aprovar na Câmara] o Senado também vai votar depois do recesso”, disse o deputado.
A medida proposta agora é para uso dos fundos como fonte de recursos para linhas especiais de financiamento destinada à quitação das dívidas, com critérios para seleção dos produtores. Serão incluídos débitos bancários e privados, inclusive aqueles já renegociados, contratados até 30 de junho de 2025.
“Não é todo mundo, tem critérios, não é trenzinho”, afirmou Hamm. “Temos consistência da demanda verdadeira, criamos um critério nacional”, completou.
De acordo com o projeto, poderão ser quitadas operações de crédito rural e de Cédulas de Produto Rural (CPRs) de produtores prejudicados duas ou mais vezes entre 2020 e 2025, em todo o país, por eventos climáticos adversos. Serão contempladas CPRs emitidas em favor de instituições financeiras, cooperativas de produção, fornecedores de insumos ou compradores da produção, desde que estejam registradas.
O deputado defende que a lei 12.351/2010 já autoriza o uso de recursos do Fundo Social para ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. “A proposta de substitutivo apenas operacionaliza finalidade expressamente contemplada no diploma instituidor do Fundo Social”, diz o relatório.
De acordo com Hamm, as regras vão abarcar 1,2 mil municípios brasileiros, de acordo com os eventos adversos comprovados e homologados na Defesa Civil. “Incluímos 92% do Rio Grande do Sul”, relatou Hamm. Ele ressaltou a importância do critério para estabelecer três anos de carência que poderá dar “fôlego” aos produtores, caso o projeto avance.
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Segundo o deputado Afonso Hamm (PP-RS), entre 2020 e 2025, os municípios beneficiados devem ter apresentado ao menos duas quebras de safra — Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Critérios
O produtor terá que atender a uma série de critérios para acessar o crédito. Eles devem estar em municípios que tenham declarado estado de calamidade pública ou situação de emergência reconhecidos pelo Poder Executivo Federal em pelo menos dois anos no período de 2020 a 2025. Nesses municípios, o percentual do somatório de dívidas de crédito rural com atraso superior a 90 dias e dívidas de crédito rural renegociadas devem superar 10%, em 30 de junho de 2025, de acordo com dados do Banco Central do Brasil.
O deputado também menciona que, entre 2020 e 2025, os municípios devem ter apresentado ao menos duas quebras de safra. É considerada quebra “a ocorrência de perda de produção igual ou superior a 20% do rendimento médio municipal de, no mínimo, uma cultura agrícola ou atividade pecuária, apurada pela diferença entre o maior e o menor rendimento médio anual da respectiva cultura ou atividade, conforme dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) ou da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”.
Esses municípios deverão também ter registrado perdas de duas ou mais safras de, no mínimo, 30% da produção em pelo menos uma cultura. O dado deve ser comprovado por laudo emitido por profissional habilitado.
A linha de crédito terá limite global de R$ 30 bilhões. O limite por produtor rural será de R$ 10 milhões. Associações, cooperativas de produção e condomínios poderão acessar até R$ 50 milhões.
O prazo de pagamento será de dez anos, acrescidos de até três anos de carência, de acordo com a capacidade de pagamento. Casos “extraordinários” poderão ter prazo de até 15 anos.
As taxas serão de 3,5% ao ano para pequenos produtores, beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf); 5,5% para os médios, beneficiários do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e 7,5% para os demais.
Os recursos da linha especial de financiamento deverão ser repassados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou a instituições financeiras por ele habilitadas, que assumirão os riscos das operações, incluído o risco de crédito, para a contratação dos financiamentos junto aos produtores rurais, diz o projeto.
O projeto prevê ainda a constituição de fontes adicionais de recursos para a linha especial de financiamento, como doações realizadas por entidades nacionais e internacionais, públicas ou privadas; empréstimos de instituições financeiras nacionais e internacionais; reversão dos saldos anuais do Fundo Social não aplicados; recursos oriundos de juros e amortizações de financiamentos; rendimentos auferidos com a aplicação dos recursos do Fundo Social; e recursos de outras fontes.
Demais regiões
Os parlamentares gaúchos tentavam, até então, criar uma securitização para as dívidas, conforme previam propostas em tramitação na Câmara e no Senado. O termo deverá ser deixado de lado. A bancada gaúcha “pegou um atalho” ao buscar a relatoria do PL 5.122/2023, do deputado Domingos Neto (PSD-CE), mais antigo e que já estava com a urgência aprovada. Com isso, o texto vai direto ao Plenário. Outro ponto que “ajudou” é o fato de o projeto ser “nacional”.
No substitutivo, Hamm incluiu uma autorização para uso de limites do FCO, FNE, FNO e Funcafé, nas suas áreas de abrangência, para assumir os custos de “operações originalmente lastreadas nos seus respectivos recursos, em recursos mistos desses fundos com outras fontes ou em outras fontes de recursos” e em demais tipos de financiamentos, com setor privado, por exemplo.
Quando esgotadas as possibilidades de uso desses fundos nessas regiões, o Fundo Social também poderá ser usado, diz o projeto.
A proposta ainda suspende o vencimento, as cobranças administrativas, as execuções extrajudiciais, judiciais e fiscais, a inscrição em cadastros negativos de crédito, bem como os respectivos prazos processuais, referentes às parcelas renegociadas nos termos da lei proposta.
O texto é um substitutivo a oito projetos de lei que tramitam na Câmara e que tratam da renegociação de dívidas rurais.
Agro Mato Grosso
Como os pulgões vencem as defesas naturais das plantas I MT

Pesquisa revela estratégias moleculares e comportamentais para neutralizar compostos tóxicos produzidos por culturas agrícolas
Estudo detalhou como os pulgões superam os compostos tóxicos defensivos produzidos por plantas. Esses compostos, chamados metabólitos secundários (PSMs), deveriam funcionar como uma barreira natural contra pragas. Mas os pulgões desenvolvem mecanismos de resistência que reduzem a eficácia das substâncias.
Pesquisadores da Universidade de Yangzhou, na China, apresentaram revisão sobre os mecanismos fisiológicos, bioquímicos e comportamentais que permitem aos pulgões sobreviver, se multiplicar e continuar a transmitir vírus mesmo sob pressão de defesas vegetais complexas.
Enzimas contra venenos
As plantas produzem compostos químicos como terpenoides, fenóis e alcaloides que atuam como inseticidas naturais. Em resposta, os pulgões ativam enzimas de desintoxicação, como as citocromo P450, transferases de glutationa (GSTs) e UDP-glicosiltransferases (UGTs), capazes de neutralizar os efeitos tóxicos desses compostos.
O processo ocorre em três fases.
Primeiro, as toxinas sofrem transformações químicas para se tornarem mais solúveis.
Em seguida, essas substâncias são ligadas a outras moléculas que facilitam sua eliminação.
Por fim, o organismo excreta os resíduos por transportadores de membrana celular, como os ABC transporters.

A pesquisa destaca que as enzimas antioxidantes também ajudam os pulgões a suportar o estresse oxidativo causado pelos metabólitos das plantas. Essa combinação bioquímica contribui para a sobrevivência e reprodução dos insetos, mesmo em ambientes hostis.
Bactérias aliadas
Os pulgões também contam com bactérias simbióticas que potencializam suas defesas. Algumas dessas bactérias, como Hamiltonella defensa e Regiella insecticola, interferem nas defesas hormonais das plantas, reduzindo a produção de compostos tóxicos ou neutralizando a resposta do sistema vegetal.
Em experimentos, pulgões com determinadas bactérias simbióticas demonstraram maior sobrevivência em cultivares naturalmente tóxicos. Em casos mais extremos, essas bactérias são capazes de metabolizar inseticidas sintéticos e compostos naturais presentes em folhas e caules.
Efeito viral
Além das enzimas e das bactérias, os pulgões também se beneficiam da ação de vírus que transmitem às plantas.
Muitos desses vírus enfraquecem as defesas vegetais ao suprimir vias hormonais importantes, como as de ácido jasmônico e ácido salicílico.
O resultado é duplo: plantas menos resistentes e maior atratividade para novos pulgões. Em testes com plantas infectadas por vírus como o Turnip mosaic virus ou o Potato leafroll virus, os insetos apresentaram aumento na fecundidade e maior tempo de permanência sobre a planta.
Comportamento estratégico
O comportamento dos pulgões também contribui para o sucesso da infestação. Eles evitam tecidos vegetais ricos em compostos tóxicos e preferem variedades com menor teor de PSMs. Essa seleção ocorre durante a alimentação, quando os insetos sondam os tecidos com seus estiletes e recuam diante de sinais químicos indesejáveis.

Certas linhagens ou haplótipos de pulgões mostram preferência por cultivares específicas. Essa seleção reflete não apenas adaptação fisiológica, mas também uma capacidade comportamental refinada para escapar de defesas vegetais mais eficazes.
Sequestro químico
Em algumas espécies, os pulgões acumulam compostos tóxicos das plantas sem sofrer efeitos adversos. O sequestro de metabólitos secundários, como glucosinolatos e alcaloides, pode inclusive servir como mecanismo de defesa contra predadores.
O pulgão Brevicoryne brassicae, por exemplo, armazena compostos de mostarda em seu corpo e libera substâncias tóxicas quando atacado.
Esse comportamento transforma o inseto em uma espécie de “bomba química ambulante”.
Em outras espécies, como Acyrthosiphon pisum, o sequestro de compostos como L-DOPA mostrou efeitos antioxidantes e até reparação tecidual.
Outras informações em doi.org/10.1093/hr/uhaf267
Agro Mato Grosso
Sistema CNA/Senar lança cartilha para tirar dúvidas sobre segurança e saúde no trabalho rural

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) lançaram uma cartilha com respostas às perguntas frequentes (FAQ) dos produtores e trabalhadores rurais sobre os principais pontos da Norma Regulamentadora (NR) nº 31.
A norma traz as regras sobre segurança e saúde no trabalho da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura.
O documento elaborado pela CNA está disponível no portal Senar Play, com informações que explicam o que são as NR’s, para que servem, e responde dúvidas mais complexas sobre obrigações do empregador e do trabalhador rural.
A cartilha traz ainda detalhes sobre o Programa de Gerenciamento de Riscos no Trabalho Rural, o Serviço Especializado em Segurança no Trabalho Rural e a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio do Trabalho Rural (Cipatr), além de esmiuçar o uso correto do Equipamento de Proteção Individual (EPI) e as condições sanitárias e de conforto no trabalho rural.
É necessário fazer o cadastro no portal Senar Play para acessar a cartilha. Além do FAQ, o portal traz cursos de curta e média duração e outros materiais sobre a temática. Saiba mais em senarplay.org.br .
Agro Mato Grosso
Com apoio da Aprosoja MT, 6º Encontro Mulheres do Agro reúne mais de 400 participantes em Lucas do Rio Verde

Evento organizado pelo Comitê Mulher Agro Detalhes celebrou o protagonismo feminino no campo e contou com palestra da jornalista Kellen Severo
Nesta sexta-feira (10.10), a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) participou do 6º Encontro de Mulheres do Agro, realizado em Lucas do Rio Verde. O evento, promovido pelo Comitê Mulher Agro Detalhes, do Sindicato Rural, reuniu mais de 400 mulheres ligadas ao agronegócio.
Durante o evento, a delegada coordenadora do núcleo da Aprosoja MT de Lucas do Rio Verde, Taisa Botton, destacou o papel estratégico que a mulher ocupa dentro e fora da porteira. Além disso, enfatizou o incentivo que a entidade faz por essa participação, não apenas na formação de lideranças entre produtoras rurais, mas também dentro do seu próprio quadro de colaboradores, que hoje é composto majoritariamente por mulheres. “A Aprosoja MT é uma importante patrocinadora, não apenas desse evento, sobretudo dentro do agronegócio em que a mulher está atuando não apenas nas decisões, mas em todo o setor e estratégias, dentro da gestão e efetivamente no campo. Para nós é extremamente importante estar em eventos como esse, que valorizam e expõem a nossa força dentro do campo e fora dele”, afirma Taisa.
O destaque da programação foi a palestra da jornalista e especialista em agronegócio Kellen Severo, com o tema “Mulheres no Agro: Ousadia para Crescer”, que exaltou a relevância da participação feminina e o crescimento do setor. “Vir para Mato Grosso é sempre um grande privilégio, porque a cada nova visita eu vejo as transformações acontecendo. Já na chegada, um aeroporto completamente renovado, duplicações de rodovias, investimentos enormes em etanol de milho. É o agro futuro, o agro pujante acontecendo que a gente vê na prática. Não há nada melhor do que o exemplo e a realidade para mostrar essa revolução que o setor traz e por onde ele passa, e Mato Grosso é um exemplo disso. A medida que esse setor cresce, crescem também os desafios, por isso a importância de associações como a Aprosoja MT e de eventos como esse, com 400 mulheres juntas para aprender, evoluir e trocar. Estou muito honrada por estar aqui”, ressalta Kellen.
A produtora rural e presidente do Comitê Mulher Agro Detalhes, Denise Hasse, também destacou a importância do apoio da entidade para o fortalecimento da rede de mulheres do agro. “É um prazer receber aqui a Aprosoja MT, ter mais um ano a entidade sendo a nossa patrocinadora, acreditando na nossa missão, no nosso propósito de trazer o protagonismo, a força da mulher dentro do seu negócio. E esse evento faz parte de toda essa nossa missão, fortalecer a mulher, fazer ela se conectar, aprender, se divertir, e também levar para o seu negócio informações sobre economia, agronegócio e o futuro que vem por aí”, aponta.
O apoio e participação da Aprosoja Mato Grosso no 6º Encontro Mulheres do Agro reforça o compromisso da associação com a valorização da mulher no campo, promovendo debates, formações e conexões que contribuem para um agro mais forte, inovador e representativo.
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