Business
Preço do arroz atinge menor nível em 14 anos e preocupa produtores

Com o plantio avançando sobre 18% da área prevista para a safra 2025/26 no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do país, o preço do arroz em casca atingiu o menor patamar em 14 anos. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a saca é negociada a R$ 59,17, o valor mais baixo desde setembro de 2011, uma queda de 50,3% em apenas um ano.
Em entrevista ao Rural Notícias, do Canal Rural, Evandro Oliveira, consultor da Safras & Mercado, explicou que o setor enfrenta uma crise de liquidez e rentabilidade causada pelo excesso de oferta.
“Depois de o arroz ultrapassar R$ 120 por saca, logo após a pandemia, houve estímulos e expansão de áreas em várias regiões do país. Isso resultou em uma produção nacional superior a 12,3 milhões de toneladas. Agora, o desafio é encontrar demanda para todo esse volume”, afirmou.
O especialista destaca que o escoamento da produção é um dos principais gargalos. A demanda interna está retraída e as exportações enfrentam forte concorrência com a safra norte-americana, que domina os mercados do hemisfério norte. “O Brasil segue com dificuldades, e o problema está longe de acabar”, avalia Oliveira.
De acordo com levantamento da Conab, a próxima safra ainda deve ultrapassar 11 milhões de toneladas, mesmo com a leve redução de área projetada, cerca de 920 mil hectares, queda de 5%. Para o consultor, esse volume ainda é alto e mantém o mercado pressionado. “O equilíbrio viria com uma produção nacional ajustada ao consumo, em torno de 10,5 milhões de toneladas. Só assim poderíamos ter um 2026 mais confortável”, explicou.
O mercado também sofre com novos entraves logísticos e de custos. “Nas últimas semanas tivemos o impacto do tabelamento dos fretes, o que afastou os poucos compradores que restavam. O mercado segue travado e com muita incerteza”, disse.
Oliveira reforça que a competitividade internacional do arroz brasileiro depende de avanços estruturais. “Demanda existe, mas o ‘custo Brasil’ tira a nossa vantagem. Pedágios, fretes caros, burocracia e altos custos de produção reduzem a margem e impedem o país de competir com grandes exportadores como Estados Unidos, Uruguai, Argentina e Paraguai”, destacou.
Atualmente, o preço de equilíbrio para o produtor, o ponto em que cobre os custos de produção, seria entre R$ 70 e R$ 75 por saca na fronteira oeste gaúcha, principal região produtora. No entanto, as cotações atuais estão bem abaixo desse patamar, variando entre R$ 55 e R$ 56. “É uma situação muito preocupante, que coloca em risco o planejamento de novos plantios”, concluiu o consultor.
Agro Mato Grosso
Produtores de MT estocam grãos após superlotação em principal porto usado para transporte da soja

Produção cresceu mais que capacidade de estocagem e pressiona o sistema logístico nacional. Especialistas apontam necessidade de triplicar o ritmo de expansão dos armazéns para equilibrar fluxo até o porto.
Em Mato Grosso, maior produtor de soja do país, a capacidade de armazenagem não tem acompanhado o ritmo acelerado da produção. A cada safra, o campo colhe mais do que consegue guardar. O resultado é um efeito dominó que chega até o Porto de Santos, principal saída da oleaginosa para o mercado internacional.
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a produção de grãos no estado cresce cerca de 10% ao ano, enquanto a capacidade de armazenagem avança apenas 3,3%. Para equilibrar essa conta até 2034, seria necessário triplicar o ritmo atual de expansão dos silos.
Em entrevista à TV Centro América, o coordenador de inteligência de mercado do IMEA, Rodrigo Silva, informou que o estado precisaria crescer 11% ao ano para compensar o déficit atual e acompanhar o aumento da produção nos próximos anos.
Segundo o diretor de operações da Ferrovia Interna do Porto de Santos, Edson Citelli, com a falta de espaço para estocar, muitos produtores são obrigados a escoar a soja durante a colheita. Isso gera um pico de demanda por transporte e embarque, sobrecarregando a estrutura logística
.O impacto é sentido especialmente entre março e maio, quando o volume de grãos descarregados e embarcados atinge o auge.
“Quando a safra chega, vem como uma avalanche. Todo mundo precisa entregar ao mesmo tempo. Isso desestabiliza o sistema. A falta de regularidade dificulta o planejamento e aumenta o risco de gargalos”, afirmou.
Armazenagem em fazenda gera economia e maior estratégia
Para quem consegue investir em estrutura própria, os benefícios vão além da logística. O agricultor Marino Franz informou que estocar o grão na propriedade permite negociar melhores preços e reduzir custos com frete.
“Se você tiver caixa para segurar a soja até o segundo semestre, normalmente consegue um preço melhor. O mesmo vale para o milho”, disse.
De acordo com o coordenador operacional de armazém, César de Oliveira, a estocagem ajuda também no reaproveitamento de resíduos da pré-limpeza — como pedaços de vagem e películas — e ajuda a reduzir custos com energia e alimentação dos animais.
O coordenador de armazém, Jorge Luis Kleen, disse que para manter a boa qualidade da safra no armazém, os produtores contam com ajuda de tecnologias como monitoramento de temperatura e umidade, ventilação e repouso, que se tornam essenciais para estocar o grão, antes do carregamento.
“Se detectamos aquecimento, fazemos aeração para esfriar. Se não resolver, removemos o produto”, contou.
🛥️Santos busca soluções integradas
Em entrevista, o diretor da RUMO —- uma empresa brasileira de infraestrutura ferroviária, João Marcelo Alves, disse que o Porto de Santos está se adaptando com empresas de trading que estão investindo em novos armazéns para atender à demanda crescente.
“A modernização acompanha a demanda. A ideia é oferecer uma solução logística integrada, com armazenagem, transporte e posicionamento estratégico. O Porto de Santos vai ser sempre a melhor alternativa. Então cabe a nós discutirmos a solução interna que vai viabilizar isso”, afirmou.
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A logistica procura novas formas de lidar com a sobrecarga das safras de MT nas estruturas Ferroviarias — Foto: TVCA/Reprodução
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Governo entrega equipamentos para impulsionar agricultura familiar em Várzea Grande

Aporte de R$ 2,8 milhões fortalece 23 comunidades rurais de Várzea Grande
Mais de R$ 2,8 milhões em máquinas, equipamentos e veículos foram entregues nesta quarta-feira (15) pelo Governo de Mato Grosso à Prefeitura de Várzea Grande, em mais uma ação voltada ao fortalecimento da agricultura familiar. Os investimentos, realizados por meio da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf-MT) e Assembleia Legislativa, beneficiam 1,8 mil famílias de 23 comunidades rurais do município, garantindo melhores condições de produção, renda e qualidade de vida no campo.
Com essa nova entrega, Várzea Grande soma R$ 7 milhões em investimentos estaduais nos últimos seis anos e dez meses, resultado de um trabalho contínuo de fomento à produção de pequena escala, incentivo à autonomia dos agricultores e modernização da infraestrutura rural.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável recebeu dois caminhões truck caçamba basculante (12m³), avaliados em R$ 638 mil cada; uma pá carregadeira (R$ 333 mil); um perfurador de solo (R$ 960); uma Pick-up Hilux (R$ 230 mil); uma Pick-up Montana (R$ 130 mil); duas retroescavadeiras (R$ 303 mil cada) e um trator cabinado de 110 cv (R$ 262 mil), totalizando R$ 2,84 milhões em investimentos diretos.
Os equipamentos atenderão comunidades como Sadia I e III, Dorcelina Folador, Rio dos Peixes, São José da Vista Alegre, Capão das Antas, Umuarama, Limpo Grande, Passagem da Conceição, Manto Verde, Capão Grande, Pai André e Santana, entre outras.

O vice-governador Otaviano Pivetta ressaltou que a agricultura familiar é uma das prioridades do Governo do Estado e que investir em equipamentos é investir em pessoas. “O objetivo do Governo é entregar as máquinas para que os municípios possam direcionar onde elas são mais necessárias. É uma forma de impulsionar a agricultura familiar, dar condições para que o empreendedor do campo possa trabalhar melhor, produzir mais e melhorar de vida”, destacou.

A secretária de Estado de Agricultura Familiar, Andréia Fujioka, destacou que cada entrega representa um passo a mais na transformação social das famílias rurais. “Esses investimentos significam dignidade e esperança. Cada trator, caminhão ou equipamento entregue representa mais produtividade e renda para quem vive da terra. Nosso compromisso é continuar levando políticas públicas que valorizem o pequeno produtor e fortaleçam o campo com assistência técnica, crédito e apoio contínuo”, afirmou.
O diretor-presidente da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Suelme Fernandes, reforçou que a ação integra uma política de Estado voltada à permanência das famílias no campo e ao fortalecimento das cadeias produtivas locais. “A Empaer tem trabalhado lado a lado com a Seaf e os municípios para que cada comunidade rural tenha condições reais de crescer e se desenvolver. Não é apenas sobre máquinas, é sobre garantir que o produtor tenha meios de prosperar e permanecer na sua terra com orgulho”, afirmou.
Desde 2019, a Seaf já havia destinado R$ 3,9 milhões em investimentos para Várzea Grande, com a entrega de dois caminhões refrigerados, um caminhão basculante, três veículos pick-up, patrulhas mecanizadas, hortas solidárias e a implantação do viveiro do Centro Ecológico Municipal de Recreação e Lazer Bernardo Berneck.
Business
Brasil projeta safra recorde de soja, mas La Niña exige atenção

O Brasil deve colher safra recorde de 178,7 milhões de toneladas de soja em 2025/26, estimou Ana Luiza Lodi, analista da StoneX, durante seminário online nesta quarta-feira (15). O número considera 48,3 milhões de hectares de área plantada e recuperação de produtividade no Rio Grande do Sul, que teve perdas nas últimas temporadas. “Temos esse potencial de uma safra recorde, mas tudo vai depender do clima”, disse.
O fenômeno La Niña foi confirmado no Oceano Pacífico e deve persistir até o início de 2026, com fraca intensidade e curta duração. O padrão climático tende a reduzir as chuvas no sul da América do Sul nos meses de novembro e dezembro.
“Pode chover um pouco menos do que o normal em novembro e dezembro na Argentina, Uruguai e algumas áreas do Brasil. Mas são períodos que chove muito, então mesmo se chover menos não seria um grande problema. É um ponto a ser monitorado”, afirmou Lodi.
Para janeiro e fevereiro, meses críticos para o enchimento de grãos, a previsão indica maior normalidade nas precipitações no sul do continente. “Aí a gente tem o sul da América do Sul mais dentro da normalidade. De repente pode chover um pouco menos em outras partes do Brasil, mas são previsões muito longas que podem mudar bastante”, comentou.
Segundo Lodi, o La Niña não implica necessariamente perdas para a soja brasileira. As chuvas podem ficar abaixo da média no Sul, mas o fenômeno também tende a trazer temperaturas mais amenas, o que pode reduzir o impacto da menor umidade. Outras regiões do País podem ter volumes de precipitação acima do normal.
O plantio da soja avança dentro da janela ideal na maior parte das regiões, com ritmo mais acelerado que o registrado no ciclo passado. O clima segue favorável para o desenvolvimento inicial das lavouras, e as condições serão determinantes para a confirmação da estimativa recorde.
“O clima vai determinar se a nossa safra vai ser recorde no Brasil e dentro do esperado na Argentina, garantindo que o balanço global de soja continue sem maiores ameaças”, concluiu.
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