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Brasil pode liderar o movimento global da agricultura regenerativa

O uso de microrganismos, plantas de cobertura e práticas regenerativas foi destaque no 5º Fórum Brasileiro de Agricultura Regenerativa, em Sinop, médio-norte de Mato Grosso, nesta semana. O encontro teve como objetivo mostrar que o Brasil já reúne condições para liderar um movimento global de produção sustentável.
Nas propriedades rurais, cresce a adoção de bioinsumos e biofábricas instaladas dentro das fazendas. Fungos e bactérias são multiplicados para aplicação direta no campo, ajudando a reduzir químicos, fortalecer o solo e ampliar a competitividade.
Para o presidente do Grupo de Agricultura Sustentável (GASS), Eduardo Martins, as práticas regenerativas já comprovam resultados. “Consegue reduzir custos, você consegue aumentar a capacidade da lavoura resistir à falta de água, você cria um ambiente que a gente chama de supressivo, que repele pragas e doenças”.
Ele lembra que a estratégia pode ser aplicada em propriedades de qualquer porte. “Essas práticas podem ser adotadas em propriedades de qualquer tamanho e em qualquer cultura”, afirma.
Segundo Martins, hoje entre 5% e 7% dos agricultores brasileiros já adotam sistemas que vão além do plantio direto, incluindo bioinsumos e manejo complementar de fertilidade. “São em torno de 3,8 milhões de hectares que a gente consegue influenciar de forma mais direta”.
As alternativas, conforme o pesquisador Pablo Hardoim, são cada vez mais acessíveis ao produtor, mas que “precisa de capacitação”. “Essa capacitação não existe hoje em nível acadêmico. É muito difícil termos profissionais formados no sistema de alta produtividade, conforme está sendo demandado pelas fazendas. Então vamos ter que criar modelos que permitam que essa tecnologia seja adotada de forma segura”.
Solo vivo e manejo integrado
O recado em Sinop foi claro: o solo precisa ser tratado como organismo vivo. A professora Virgínia Damin, da UFG, lembra que mais de 50% da biodiversidade do planeta está abaixo dos nossos pés. “Quando a gente equilibra esses organismos, a gente tem mais sanidade dos cultivos e consegue reduzir o uso de pesticidas”.
Para ela, o olhar precisa ser individualizado. “Dentro de uma propriedade você tem diferentes tipos de solos. O ponto inicial é entender essas diferenças para definir quais práticas são mais adequadas para cada área”.
O diretor técnico do GASS, Ivo Claudino Flare, reforça que a lógica também mudou. “Antigamente falávamos de manejo químico, físico e biológico. Hoje falamos biológico, físico e químico. A química vem por último”.
Resultados no campo
Entre os produtores, há exemplos práticos de que o sistema funciona. Em Mato Grosso, José Eduardo Macedo Soares adotou o plantio direto ainda nos anos 1980 e desde então expandiu o manejo com milheto, braquiária, rotação de culturas e bioinsumos.
Ele afirma que a agricultura regenerativa se mostrou decisiva em safras desafiadoras. “Ano muito crítico como foi a safra 2023/24 mostrou que quem tinha raiz mais profunda e maior retenção de água no solo colheu acima da média”.
O produtor resume a filosofia do sistema. “Nós fizemos uma intervenção muito grande na natureza para produzir alimentos em escala. Então nós tivemos que fazer essa regeneração do solo por isso chamamos de agricultura regenerativa. A grande chave foi quando nós vimos que precisávamos fazer uma agricultura tropical, imitando a natureza”.

Desafio regulatório
Especialistas também destacaram durante o evento a importância da legislação. O microbiologista Leonardo Braúna aponta que o Brasil saiu na frente ao aprovar uma lei específica para bioinsumos. Conforme ele, a Europa, que é muito restritiva nisso, estaria querendo “copiar a nossa legislação”.
Para Reginaldo Minaré, diretor-executivo da Associação Brasileira de Bioinsumos (ABBINS), o próximo passo é regulamentar. “A lei foi aprovada, está em vigor, mas precisamos de um decreto e de revisões nas portarias do Ministério da Agricultura para garantir os direitos já previstos”.
Na visão do vice-presidente da Famato, Ilson José Redivo, os cálculos já são favoráveis. “Quando você coloca na balança as vantagens versus custos e as vantagens são superiores, é uma prova de que se pode adotar com toda certeza”.
Caminho sem volta
Com ciência, capacitação e segurança regulatória, o Fórum em Sinop mostrou que a transição para a agricultura regenerativa já está em andamento no Brasil. O desafio é ampliar a escala e acelerar a transformação no campo.
Como resume o produtor José Eduardo Macedo Soares: “Solo sadio, planta sadia e ser humano sadio. Temos que cuidar do solo para todos nós termos saúde e alimento à vontade”.
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Amaggi e Inpasa encerram parceria que criava joint-venture em Mato Grosso

A Amaggi e a Inpasa anunciaram nesta terça-feira (14) o fim da formação de uma joint-venture voltada para a produção de etanol de milho em Mato Grosso. A parceria previa a implantação de três plantas fabris no estado, das quais a primeira seria erguida em Rondonópolis com previsão de investimento na ordem de R$ 2,5 bilhões.
A criação da joint-venture entre as duas empresas havia sido anunciada em 29 de agosto deste ano durante reunião com o prefeito de Rondonópolis, Cláudio Ferreira, conforme destacado pelo Canal Rural Mato Grosso na época.
Além de Rondonópolis, haviam estudos para a implantação de unidade fabril em Campo Novo do Parecis e Querência.
As plantas teriam capacidade inicial para processar aproximadamente dois milhões de toneladas de milho cada.
Em nota encaminhada nesta terça-feira (14), a Amaggi e a Inpasa afirmam que o encerramento das tratativas para a formação da joint-venture foi uma decisão tomada “após ambas as empresas concluírem que possuem visões distintas quanto à estrutura e à governança do projeto, optando por seguir caminhos próprios neste momento”.
Confira nota na íntegra:
A AMAGGI e a Inpasa informam aos públicos de interesse e ao mercado em geral que, de comum acordo, decidiram encerrar as tratativas para a formação de uma joint-venture voltada à produção de etanol de milho.
A decisão foi tomada após ambas as empresas concluírem que possuem visões distintas quanto à estrutura e à governança do projeto, optando por seguir caminhos próprios neste momento. O processo foi conduzido de forma transparente, colaborativa e com total alinhamento aos princípios de boa governança corporativa.
As companhias reafirmam o respeito e admiração mútua, e permanecerão abertas a avaliar futuras oportunidades de cooperação em áreas de interesse comum.
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Efapi expõe potência econômica e cultural de SC

A Efapi do Brasil 2025, em Chapecó, Santa Catarina, espera um público de 500 mil pessoas de 10 a 19 de outubro. A organizadora da feira multissetorial, a prefeitura da cidade, estima movimentar R$ 800 milhões em negócios fechados e prospectados.
O evento também registrou um crescimento de expositores de 25% este ano, totalizando 625 unidades em 45 mil metros quadrados. Entre as atrações estão o Salão do Imóvel, Salão do Automóvel, Feira do Comércio, Artesanato, Exposição de Máquinas Pesadas e Máquinas Agrícolas, Parque de Diversões, Rodeio Country, Exposição Nacional da Raça Angus, Etapa Nacional do Gado Jersey, Etapa Nacional do Gado Holandês, Pavilhão da Piscicultura e 22 shows musicais nacionais.
Autoridades locais, estaduais e nacionais prestigiaram a abertura da Efapi do Brasil, realizada no dia 10 de outubro. Na ocasião o prefeito de Chapecó, João Rodrigues, lembrou dos pioneiros que criaram a Efapi, entre eles Valmor Lunardi, que dá nome ao Parque de Exposições. “Nunca deixem de sonhar e empreender. Este parque foi sonhado pelos pioneiros. Eles e muitos que nos sucederam ajudaram a transformar essa cidade na capital do turismo de negócios. Tivemos um crescimento de 130% no turismo no último ano. Somos o maior polo mundial da indústria da transformação. Mesmo com dificuldades em logística, como da BR-282, exportamos para o mundo. Aqui geramos emprego que atraem migrantes e imigrantes”, disse Rodrigues.
O presidente da Aurora, Neivor Canton, falou em nome dos patrocinadores. “A Efapi tornou-se um patrimônio imaterial de Chapecó e região. Ela exibe nossas potencialidades e cultura. Em seu caráter multissetorial permite a integração de vários atores da economia. Ela é referência para o Brasil e países do Mercosul”, disse Canton.
O presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia, falou em nome do legislativo estadual: “O Oeste é muito bem representado. E se somos um estado desenvolvimento devemos muito ao Oeste se Santa Catarina. É um momento de reconhecer tudo o que o Oeste representa para o nosso estado”, disse Garcia. Também esteve presente o governador do estado, Jorginho Mello, entre outras autoridades.
Serviço:
Efapi do Brasil 2025
Parque de Exposições Valmor Ernesto Lunardi - Chapecó – SC
10 a 19 de outubro
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Planta proporciona 11 vezes mais rentabilidade que a soja, aponta estudo

O cânhamo, planta da variedade Cannabis sativa com menos de 0,3% de THC (sem efeito psicoativo), pode gerar um retorno líquido até 11 vezes maior que o da soja, conforme estudo da empresa de inteligência Kaya Mind.
De acordo com o levantamento, no cultivo para flores (CBD), o retorno chega a R$ 23.306,80 por hectare, enquanto a oleaginosa entrega R$ 2.053,34 por hectare na média Brasil e o milho R$ 3.398,34 por hectare.
A Kaya Mind reforça que a produção do cânhamo pode ser integrada aos sistemas já existentes, desde que o produtor utilize maquinário adaptável e promova rotação de culturas e recuperação do solo.
“Além da lucratividade, o cânhamo também se destaca pela capacidade de gerar empregos no campo. Na Colômbia, estima-se a criação de 17,3 empregos por hectare cultivado, reforçando o potencial da cultura como ferramenta de desenvolvimento rural e diversificação da produção agrícola”, diz a empresa, em nota.
Em março deste ano, durante audiência pública organizada pela Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial, a pesquisadora Daniela Bittencourt, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, ressaltou que o cânhamo pode ser usado em mais de 25 mil produtos – de fibras têxteis a bioplásticos, cosméticos e materiais de construção.
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) trabalha para atender à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reconheceu o direito de importar sementes da planta, bem como de semear, cultivar e comercializar o cânhamo industrial para fins medicinais e farmacêuticos.
Segundo o diretor-relator do tema, Thiago Campos, a discussão sobre o limite percentual de THC é um dos pontos centrais que devem ser analisados no processo regulatório, de forma que não se torne um obstáculo à pesquisa e ao desenvolvimento de novos medicamentos.
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