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Agro Mato Grosso

Rondonópolis e o agro: uma relação de acolhimento e expansão

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No entroncamento das BR-163 e 364, Rondonópolis vive uma relação de acolhimento e expansão entre a produção agropecuária e a vida urbana. “Mãe” das principais entidades do setor produtivo e capital do bitrem, é a cidade mais populosa do interior do estado com cerca de 260 mil habitantes, conforme estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujo crescimento populacional a cada ano é atribuído ao desenvolvimento econômico da região, com destaque para o agronegócio e a indústria.

A cidade é um importante polo logístico e industrial, atraindo moradores de diversas partes do país. Exemplo disso é a família do empresário no ramo de materiais para a construção Alexandro Hillesheim que chegou a Rondonópolis em 1978, vindo de Palmas no Paraná.

“Vimos esta cidade crescer. Porém, foi a partir das primeiras lavouras de soja e milho que a cidade realmente expandiu, vindo com isso indústrias, comércios, pessoas, investimentos. Sem o agro iria se estagnar, pois não tem outras fontes com o mesmo potencial”, diz o empresário.

A cidade de Rondonópolis foi fundada em 10 de dezembro de 1953, completando 72 anos de emancipação político-administrativa em 2025. “Rondonópolis e toda a região sul do Estado gira em torno do agronegócio, pois é a principal atividade. É dele que vem a receita para o município, o estado e as empresas manterem seus investimentos”, salienta Alexandro ao Canal Rural Mato Grosso.

Comércio de Rondonópolis. Foto: Ednilson Aguiar/Prefeitura de Rondonópolis

Comércio fortalecido pelo campo

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Rondonópolis, Leonardo Resende, o agronegócio é a base de toda a engrenagem econômica do município. Ele lembra que a produção agropecuária gera a riqueza original, que depois é potencializada pela indústria e, por fim, movimenta o comércio.

“Se nós não tivéssemos um agro forte aqui na região, se não tivéssemos um posicionamento geográfico muito privilegiado, a infraestrutura poder concentrar essas pessoas ao entorno da cidade, nós não teríamos um comércio forte”, afirma.

O comércio local, segundo Leonardo, tem papel fundamental ao fazer essa riqueza circular. “O comércio dá a propulsão sim. Ele pega essa riqueza e gira”. Ele ressalta que o empresariado rondonopolitano aposta na cidade como lugar para viver e investir. “O empresário rondonopolitano ele acredita e aposta sempre na cidade. Ele faz o seu investimento aqui, ele quer ficar aqui. Isso consequentemente ajuda esse ciclo virtuoso”.

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Foto: Viviane Petroli/Canal Rural Mato Grosso

A conexão entre cidade e campo também é destacada por Lucindo Zamboni, presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis. Para ele, a cidade é mais do que produtora de grãos. “Rondonópolis já está há um passo adiante do resto do Estado. Todo esse pessoal que trabalha nas indústrias, todas as revendas, toda essa gama de serviços pós e antes da lavoura estão em Rondonópolis”, afirma à reportagem do Canal Rural Mato Grosso.

Ele contesta quem diz que a cidade deixou de ser agro. “Não! Ela é 100% agro, porque o campo começou e as indústrias, o pós-soja, pós-algodão, pós-semente são feitos dentro de Rondonópolis”.

Segundo Lucindo, a cidade se transformou nos últimos anos a partir dos investimentos vindos do campo. “O agro vai gerando riquezas e essas riquezas são investidas na cidade. Se você pegar Rondonópolis há 10 anos atrás e vinha para o Parque de Exposição era campo baldio. Hoje, a cidade já chegou e passou do Parque de Exposição”.

Ainda que a área plantada de soja e milho diretamente no município não seja tão expressiva, com cerca de 80 mil hectares, Rondonópolis concentra moradores e investidores de toda a região sul de Mato Grosso, como Itiquira, Pedra Preta e Primavera do Leste. “A maioria do pessoal que planta em Itiquira, que cultiva cerca de 300 mil hectares, mora aqui. É uma cidade polo”, afirma Zamboni.

Para ele, embora o crescimento populacional seja mais discreto, o impacto econômico é robusto. “Rondonópolis é uma cidade aconchegante. Ainda que não tenha crescido pelo número de pessoas, mas os números são muito grandes. Nós somos a segunda maior economia do estado. Temos vários pontos em que somos a maior economia”.

Em 2025, a Aprosmat completou 45 anos de fundação. Dela, outras instituições se originaram em Mato Grosso como Aprosoja Mato Grosso, Ampa e o IPA. Foto: Divulgação/Aprosmat
Em 2025, a Aprosmat completou 45 anos de fundação. Dela, outras instituições se originaram em Mato Grosso como Aprosoja Mato Grosso, Ampa e o IPA. Foto: Divulgação/Aprosmat

Tradição e acolhimento

Com mais de quatro décadas de atuação em Rondonópolis, a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) nasceu na cidade com foco na pesquisa voltada para a soja e ajudou a consolidar outras importantes instituições do agro mato-grossense, como a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja Mato Grosso) e a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), assim como o Instituto Pensar Agro (IPA).

O presidente da entidade, Nelson Croda, lembra que o vínculo entre Rondonópolis e o setor produtivo vai além da economia. “Rondonópolis acolhe o agro, assim como o agro acolhe Rondonópolis”.

O gaúcho de Palmeiras das Missões, que hoje lidera a entidade, afirma que o desenvolvimento promovido pela agricultura foi expressivo e contínuo. “É um desenvolvimento populacional, social e de qualidade de vida”, resume.

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Foto: Viviane Petroli/Canal Rural Mato Grosso

Berço da pesquisa e da liderança agrícola

A história do agro em Mato Grosso passa por Rondonópolis, inclusive no campo da pesquisa. Para o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Lucas Costa Beber, o município foi pioneiro na produção agrícola e também na geração de conhecimento. “A pesquisa também iniciou aqui e se expandiu para o resto de Mato Grosso”, pontua.

Ele destaca que os primeiros grandes líderes do agronegócio no estado surgiram na cidade. “As grandes lideranças, os grandes nomes que surgiram no início da soja de Mato Grosso, a grande maioria saiu daqui e daqui se difundiu para todo o estado com a chegada de mais imigrantes do sul”.

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Foto: Leandro Balbino/Canal Rural Mato Grosso

Investimentos públicos reforçam papel estratégico

Além da força da iniciativa privada, Rondonópolis também vem recebendo aportes significativos do poder público. Em visita ao município em junho de 2025, o governador Mauro Mendes destacou que mais de R$ 1,2 bilhão já foram investidos na cidade desde o início de sua gestão. As áreas de saúde, educação, segurança e infraestrutura têm sido beneficiadas.

Outro marco importante nos últimos tempos para a região têm sido a Ferrovia Estadual de Mato Grosso. Em junho foi entregue a primeira ponte da ferrovia. A Ponte Ferroviária sobre o Rio Vermelho, com 460 metros de extensão, é a maior do tipo no estado e faz parte do projeto da primeira ferrovia estadual do Brasil. A ferrovia, cuja largada foi dada em Rondonópolis em 2022, contará com 743 quilômetros de trilhos, conectando a cidade a Cuiabá, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, além de se integrar à malha nacional com acesso ao Porto de Santos.

No primeiro semestre de 2025, Rondonópolis foi o segundo município de Mato Grosso que mais contratou no período. Foto: Viviane Petroli/Canal Rural Mato Grosso
No primeiro semestre de 2025, Rondonópolis foi o segundo município de Mato Grosso que mais contratou no período. Foto: Viviane Petroli/Canal Rural Mato Grosso

Geração de empregos impulsionada por múltiplos setores

Rondonópolis gerou 29.483 empregos com carteira assinada no primeiro semestre de 2025, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O saldo entre admissões e desligamentos no período foi positivo, com 2.380 novas vagas formais criadas.

O município foi o segundo que mais contratou no período, representando 8,18% das admissões no estado, ficando atrás apenas de Cuiabá que se destacou por totalizar 70.309 novos postos de trabalho, 19,5% do total.

Em Rondonópolis, o setor de serviços foi o maior responsável pela geração de empregos formais no primeiro semestre, com 13.487 contratações. Na sequência, estão o comércio (7.582 admissões), construção (3.575), indústria (3.496) e agropecuária (1.343).

Em 2024, Rondonópolis gerou 55.986 empregos com carteira assinada, conforme o Caged. O saldo entre admissões e desligamentos no período foi positivo, com 2.269 novas vagas formais criadas.

Entre os setores econômico, o setor de serviços foi o maior responsável pela geração de empregos formais no ano passado, com 23.992 contratações, seguido do comércio (14.378 admissões), construção (8.488), indústria (7.078) e agropecuária (2.050).


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Governo de MT licita mais R$ 233 milhões em obras de infraestrutura

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As melhorias para a população serão realizadas em diversas regiões do Estado

A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) está com dez processos de licitação abertos para realização de obras em diversas regiões do Estado. O investimento previsto é de R$ 233 milhões para asfaltar rodovias, construir pontes, recuperar estradas e também para asfalto urbano.

No total, serão asfaltados 91,8 quilômetros de rodovias, recuperados 22,9 km e quatro novas pontes de concreto serão construídas, sendo a maior delas com 80 metros de extensão.

O Governo de Mato Grosso vai asfaltar 33,5 km da MT-130 nos municípios de Nova Ubiratã e Feliz Natal. O projeto prevê que as obras sejam realizadas entre a ponte sobre o Rio Ronuro e o entroncamento com a MT-225.

A obra representa mais um passo para transformar a MT-130 em um dos principais corredores logísticos de Mato Grosso. A licitação para contratar a empresa responsável será realizada no dia 21 de outubro, com investimento previsto em R$ 81,9 milhões.

Outra licitação em andamento é para asfaltar 39,9 km da MT-199 em Vila Bela da Santíssima Trindade. Com um orçamento de R$ 57,3 milhões, a obra vai levar o asfalto até a divisa com a Bolívia. A licitação será realizada no dia 15 de outubro.

Também está aberta a licitação para asfaltar 12 km da MT-440, em Comodoro, com um custo estimado em R$ 29,6 milhões. Já o valor da licitação que vai asfaltar 6,33 km da do Anel Viário de Paranatinga, unindo a MT-020 até a MT-130 é de R$ 13,7 milhões. Essas licitações estão marcadas para os dias 21 e 22 de outubro.

A Sinfra-MT ainda vai restaurar 22,9 km da MT-412, que liga o município de Canabrava do Norte até a BR-158, sendo o principal acesso da cidade. A concorrência está marcada para o dia 17 de outubro e o valor estimado é de R$ 57,3 milhões.

Construção de pontes

As quatro pontes previstas em licitação serão construídas em diversas regiões do Estado. A maior delas, com 80 metros de extensão, está localizada sobre o Rio Tanguro, na MT-110, na divisa entre Canarana e Querência. O valor da obra é de R$ 6 milhões, com o certame agendado para o dia 15 de outubro.

Há ainda licitações marcadas para construir uma ponte de 30,5 metros sobre o Córrego Bisca, na MT-340 em Araguainha (R$ 3 milhões), outra de 33,5 sobre o Córrego Piçarras na MT-244 em Chapada dos Guimarães (R$ 3,6 milhões) e mais uma com 65 metros sobre o Rio Branco, na MT-491, em Ipiranga do Norte (R$ 5,3 milhões).

Asfalto em bairros

A última licitação é para asfaltar ruas do bairro Aroldo Fanaia em Cáceres. Está previsto também a execução da drenagem das águas de chuva, sinalização e construção de calçadas. O valor desta obra está estimado em R$ 4,2 milhões, com a licitação marcada para o dia 23 de outubro.

Todas as concorrências públicas serão realizadas por meio do Sistema de Aquisições Governamentais (Siag).

As informações sobre o edital e os documentos podem ser encontrados no site da Sinfra-MT.

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Casal deixa vida urbana e transforma chácara em modelo de produção agroecológica com apoio da Seaf e Empaer

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Ex-servidores públicos Gebrair Pinheiro e Márcia Krindgies investiram no sonho de viver da terra

O casal Gebrair Pinheiro e Márcia Krindgies deixou a vida de servidores públicos em Lucas do Rio Verde para investir no sonho de viver da terra. Há três anos, eles adquiriram o Sítio Nossa Senhora das Graças, em Tapurah, e transformaram a antiga área de vegetação nativa em um modelo de produção agroecológica, com destaque para o cultivo de abacaxi. A propriedade é uma das 28 beneficiadas com kits de irrigação entregues pela Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf) e conta com assistência técnica da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).

Instalados em uma propriedade de 4 hectares, sendo 2,4 hectares destinados ao cultivo, o casal se dedica à produção de alimentos orgânicos como abacaxi, mandioca e batata-doce. O carro-chefe é o abacaxi, que já alcançou a impressionante marca de 18 mil pés plantados.

O início foi despretensioso. “Tínhamos um dinheiro guardado e pensamos em comprar uma chácara apenas para lazer. Mas meu esposo ganhou 300 mudas de abacaxi e decidiu plantar. Aos poucos, fomos gostando e tomando gosto pela produção”, contou a Dona Márcia.

Gebrair relembra com orgulho os primeiros passos: “Aqui era tudo mato. Da primeira vez colhi, replantei e fui aumentando. Hoje temos uma produção consolidada”, destacou.

Segundo o técnico da Empaer de Itanhagá, Alfredo Neto, que atende o casal em Tapurah, a história da família é um caso de sucesso. “Eles seguem as orientações, fazemos as análises de solo e, sob nossa orientação, eles utilizam caldas agroecológicas e têm uma participação ativa. É um exemplo de como o apoio técnico e o trabalho familiar caminham juntos para o desenvolvimento rural sustentável”, ressaltou.

Os kits de irrigação entregues pela Seaf foram instalados com apoio da prefeitura, garantindo segurança hídrica e manutenção da produção durante o período de estiagem.

“Esse kit de irrigação nos ajuda muito. Produzir sem água é quase impossível. Agradecemos ao Governo do Estado e à Seaf por esse apoio. Nosso desejo é que mais famílias sejam beneficiadas”, agradeceu o casal.

Hoje, o Sítio Nossa Senhora das Graças gera uma renda média de R$ 4 mil líquidos por mês, exclusivamente da produção agrícola. Além disso, o casal participa do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), ampliando o acesso a mercados institucionais e garantindo a comercialização de seus produtos e também do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

“Eu era motorista e já falei para minha esposa, o resto da nossa vida será aqui”, afirmou Gebrair. “Eu encontrei na agricultura familiar a realização dos meus sonhos”, completou dona Márcia.

O secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Meio ambiente, Marozan Ferreira Barbosa, destaca a atuação articulada entre governo estadual entre associações e cooperativas.  “Temos uma cadeia produtiva muito bem organizada em Tapurah. Desde apicultura até o cultivo de frutas, os projetos têm sido atendidos com o apoio da Seaf. É gratificante ver resultados como o do casal Gebrair e Márcia, que são exemplo de que a agricultura familiar é sinônimo de desenvolvimento e sustentabilidade”, ratificou o secretário.

Investimentos do Estado na agricultura familiar de Tapurah

Entre 2019 e 2025, o Governo de Mato Grosso, por meio da Seaf, investiu mais de R$ 2,6 milhões em ações voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar em Tapurah. Foram entregues máquinas, veículos, kits de irrigação, tanques resfriadores de leite, barracas de feira, além do fomento de programas como o Proleite e a distribuição de sêmen bovino, que beneficiam diretamente as famílias do campo.

O município conta com 803 propriedades rurais familiares, que representam 53% da área produtiva da agropecuária local, um indicador claro da importância da agricultura familiar para a economia e o abastecimento alimentar da região.

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Robô usa luz para diagnóstico precoce de doença em algodão e soja

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Um sistema robótico independente, que opera à noite, batizado de LumiBot, é capaz de gerar dados que permitem a construção de modelos para fazer o diagnóstico precoce de nematóides em plantas de algodão e soja antes mesmo do aparecimento dos sintomas. Desenvolvido pela Embrapa Instrumentação (SP) em parceria com a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro), de Mato Grosso, o LumiBot emite luz ultravioleta-visível sobre as plantas e analisa a fluorescência capturada nas imagens das folhas, com câmeras científicas.

A cotonicultura e a sojicultura têm enorme relevância econômica para o País, com previsão de recorde de safra no período 2025/26, com 4,09 milhões de toneladas de pluma e 177,67 milhões de toneladas de grãos de soja, segunda estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, as duas culturas enfrentam a ameaça da parasita microscópica de 0,3 a 3 milímetros de comprimento.

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Foto: Wilson Aiello

Taxas de acerto acima de 80%

O robô é um protótipo, mas já registra resultados promissores no diagnóstico de infecção por nematoides em experimentos realizados em casa de vegetação, com cerca de sete mil imagens coletadas em três anos de pesquisa.

“Conseguimos gerar dados e modelos com taxas de acerto acima de 80%, além de diferenciar as doenças do estresse hídrico”, conta a pesquisadora Débora Milori , coordenadora do estudo e do Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf).

A próxima etapa do estudo será o desenvolvimento de um equipamento para operação em campo, como, por exemplo, adaptar o aparelho óptico em um veículo agrícola do tipo pulverização gafanhoto ou veículo rover.

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Apresentação do robô durante o Siagro

O LumiBot será apresentado no Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária (Siagro), que será realizado de 14 a 16 de outubro, no Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre), localizado no Campo Experimental em Automação Agropecuária, da Embrapa Instrumentação , em São Carlos (SP).

Menos químicos na lavoura

De acordo com a pesquisadora, o método convencional de controle de nematoides baseia-se na aplicação de nenematicidas aplicados no solo ou nas sementes, antes do plantio. Esses produtos estão diminuindo a população de nematóides próximos às raízes. Entretanto, essa aplicação tem custo elevado, pode causar impacto ambiental e eficácia variável dependendo das condições do solo. Outras estratégias de controle são através do controle biológico, rotação de culturas e desenvolvimento de cultivares resistentes.

“Uma alternativa mais eficiente e econômica seria o monitoramento da área plantada, com a aplicação de estratégias de controle apenas nas regiões eventualmente infestadas. No entanto, ainda não existem equipamentos comerciais capazes de detectar precocemente a presença da doença nas plantas. Nesse contexto, o uso de técnicas fotônicas surge como uma solução promissora”, declara o coordenador do estudo.

Para o consultor da Comdeagro, Sérgio Dutra, o diagnóstico precoce de doenças é fundamental para que os agricultores possam agir rapidamente e de forma localizada. “Com isso, evita-se o uso excessivo de produtos químicos defensivos e a redução do impacto ambiental, um avanço importante para a agricultura de precisão no Brasil. É possível ainda melhorar a qualidade da fibra e garantir maior rentabilidade para o produtor”, garante o especialista.

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Foto: Wilson Aiello

Como funciona a tecnologia para detecção de doenças

O LumiBot leva embarcado a técnica fotônica de Imagem de Fluorescência Induzida por LED (diodo emissor de luz). A LIFI, na sigla em inglês, é uma técnica não destrutiva que permite uma aquisição rápida de dados de processos fisiológicos da planta por meio de uma imagem. “A imagem obtida resultado da condução das folhas com luz ultravioleta-visível, que induz compostos moleculares, como a clorofila e alguns metabólitos secundários, a emitirem luz por meio do processo de fluorescência”, explica Milori.

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Foto: Wilson Aiello

O robô coleta os dados, que são processados ​​por algoritmos treinados para verificação de padrões em imagens, a partir dos quais são construídos modelos associados a doenças específicas.

A captura das imagens, realizada em apenas sete segundos e de forma simultânea à iluminação, ocorre em ambiente escuro para evitar a atividade fotossintética da planta e eliminar interferências de outras fontes de luz no sinal de fluorescência registrado pelas câmeras.

O robô se desloca por meio de trilhos presos no piso entre as fileiras dos pés de algodão, avaliando as folhas com um feixe de luz de alta intensidade. De acordo com Débora Milori, a técnica indica diferentes tipos de estresse biótico (fungos, bactérias e vírus) ou abióticos, como deficiências nutricionais e falta de água, por exemplo.

“As imagens captadas pela câmera em cada posição da amostra são gravadas em um dispositivo externo (SSD) portátil, onde ficam armazenadas e disponíveis para análise. Cada amostra recebe uma identificação única, explicada o pós-doutorando Tiago Santiago.

Ele é responsável pela análise de dados, das imagens e pelo treinamento de modelos de aprendizado de máquina. A equipe é composta por estudantes de diferentes áreas do conhecimento e por atuações distintas dentro do projeto.

Vinícius Rufino é graduando em engenharia física e atua na instrumentação e análise de dados, Julieth Onofre, doutora em Física, cuida da área da instrumentação óptica, Gabriel Lupetti, graduando em biotecnologia e responsável pelo acompanhamento do desenvolvimento dos nematoides, a inoculação e processamento das espécies vegetais, Kaique Pereira, biólogo responsável pela manutenção das plantas, a inoculação e concentração de nematoides.

Prova de conceito

O LumiBot tem o suporte da Embrapii Itech-Agro (Integração de Tecnologias Habilitadoras no Agronegócio) da Embrapa Instrumentação, que busca desenvolver o protótipo do equipamento para minimizar custos e alavancar a cadeia produtiva da soja e do algodão. A Embrapii é uma organização social que conecta empresas e instituições de pesquisa para desenvolver inovações, como o LumiBot.

O projeto envolve o desenvolvimento de uma prova de conceito para diagnóstico precoce de doenças com técnicas fotônicas em sistemas produtivos de algodão, em parceria com a Comdeagro.

O projeto físico e de automação foi desenhado em parceria entre a Embrapa Instrumentação e a empresa Equitron Automação, de São Carlos (SP), sob medida para o funcionamento na casa de vegetação.

A fotônica é um ramo da física que estuda aplicações de luz, sua geração, manipulação e detecção. As técnicas são largamente aplicadas em várias áreas pela sua sensibilidade, precisão e alto potencial de portabilidade.

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Foto: Wilson Aiello

Os nematoides

Nematoides são vermes microscópicos abundantes no solo, água doce e salgada e muitas vezes são parasitas de animais, insetos e também de plantas, segundo a Embrapa. Eles atacam as raízes, trazendo a absorção de água e nutrientes, o que resulta em redução do crescimento da planta e perdas de produtividade.

O experimento para diagnóstico da praga está sendo prolongado com 400 plantas em vasos em casa de vegetação, separados em quatro grupos de 100 – controle, estresse hídrico, inoculadas com o nematoide Aphelenchoides besseyi, e inoculadas com o nematóide Rotylenchulus reniformis, espécies mais comuns encontradas nas lavouras.

Segundo Kaique Pereira, o nematoide Rotylenchulus reniformis causa o comprometimento das plantas, reduzindo os rendimentos da plantação, sendo frequente em regiões tropicais e subtropicais do país, enquanto o Aphelenchoides besseyi é responsável pelos sintomas de pressa verde, retenção foliar e deformações de tecidos da planta, comuns em ambientes quentes e úmidos, fatores essenciais para seu desenvolvimento.

“Os nematóides são um problema muito sério no cultivo do algodão e resultam em muitas perdas para os agricultores, principalmente para o Estado do Mato Grosso”, diz Sérgio Dutra, consultor da Comdeagro.

O pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Rafael Galbieri, diz que não se sabe ao certo quanto a produtividade está sendo perdida na função dos nematóides em Mato Grosso.

“O fato é que existem localidades onde há perdas expressivas e outras onde o problema é menor. Há relatos de perdas de 50% a 60% em casos extremos, com média de até 10% a 12% em determinadas regiões. Estima-se uma perda anual superior a 4 bilhões de reais na cultura do algodoeiro em função de problemas relacionados a nematoides. Existem vários exemplos de áreas de produção que são inviáveis ​​pela infestação dessas parasitas”, relata o doutor em agricultura tropical.

Com a soja não é diferente. O prejuízo é de R$ 27,7 bilhões, de acordo com estudo da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), Syngenta e consultoria Agroconsult.

“Geralmente, as perdas mais expressivas associadas aos nematóides são observadas em culturas como soja e algodão. No entanto, já é possível constatar que esses patógenos afetaram a produtividade de praticamente todas as culturas agrícolas do País, muitas vezes de forma ainda mais acentuada do que nas grandes culturas”, afirma a presidente da SBN, Andressa Cristina Zamboni Machado.

Segundo ela, o Brasil abriga diversas espécies de nematóides altamente prejudiciais, disseminadas amplamente por todas as regiões agrícolas e responsáveis ​​por extensas perdas econômicas no agronegócio. “Entretanto, esses organismos nem sempre são corretamente revelados ou gerenciados, o que agrava ainda mais seus efeitos sobre a produção”, conta.

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