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Consórcio de bactérias no milho reduz custos com fertilizantes

Pesquisadores investigam o uso de microrganismos que podem reduzir impactos ambientais no campo
O nitrogênio, ao lado do potássio e do fósforo, forma a trinca de macronutrientes primários que atuam no desenvolvimento vegetal conhecido como NPK. Entre esses três elementos essenciais, contudo, o nitrogênio costuma ser o mais caro e o que demanda o maior investimento por parte do produtor rural, ao passo que também é o mais exigido pelas plantas, sendo fundamental para o seu crescimento, pelo desenvolvimento das raízes e colaborando diretamente para a fotossíntese.
Se a fertilização nitrogenada é essencial para a maior parte produção agrícola, ela não vem sem um custo. Tendo em vista que sua eficiência raramente supera os 50% em virtude de perdas ocorridas nos processos de lixiviação, volatilização e desnitrificação, o uso do adubo por períodos prolongados ou em doses excessivas pode acarretar em sérios impactos ambientais.
A aplicação dos fertilizantes nitrogenados costuma estar associado à liberação de óxido nitroso, um gás com potencial de aquecimento da atmosfera 265 vezes superior ao de dióxido de carbono e que pode permanecer na atmosfera por mais de cem anos, além de contribuir para a destruição da camada de ozônio. No solo, o excedente de nitrogênio pode ser lixiviado em direção aos corpos d’água, sob o risco de causar a eutrofização de rios e lagos, levando ao crescimento exagerado de algas e plantas aquáticas, desequilibrando o ecossistema e causando mortandade de peixes, por exemplo.
Bactérias reduziram uso de fertilizantes na produção de soja
Nesse contexto, o Brasil se destaca globalmente como um caso bem sucedido de minimização na aplicação de fertilizantes nitrogenados em larga escala nos plantios de leguminosas, como a soja, com redução de custos para o produtor e do impacto ambiental. Essa característica da agricultura brasileira remonta aos anos 60, quando pesquisadores começaram a alcançar excelentes resultados em estudos que avaliavam a substituição desses adubos convencionais por microrganismos que são capazes de fixar o nitrogênio que já está presente na atmosfera e disponibilizá-lo para a planta. Entre as pioneiras desta área de estudo estão as pesquisadoras Johanna Döbereiner e Mariangela Hungria, que em maio de 2025 foi laureada com o Prêmio Mundial da Alimentação, apontado por muitos cientistas das Ciências Agrárias como o “Nobel da Agricultura”.
O sucesso brasileiro no uso de bactérias do gênero Bradyrhizobium para fixação de nitrogênio na cultura de soja foi apontado pela revista Frontiers in Microbiology como um dos 14 exemplos em todo o mundo de sucesso no uso de microrganismos para incrementar a produção agrícola. A publicação celebra, por exemplo, o uso da bactéria fixadora de nitrogênio em 80% da área de soja plantada na safra 2019/2020, uma técnica de manejo que conseguiu evitar o lançamento de 430 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera naquele período.
“Imagine você produzir uma cultura tão importante para o Brasil e para o mundo como a soja e, ao invés de aplicar 400 ou 500 quilos de fertilizante nitrogenado por hectare, você aplica uma bactéria capaz de tirar o nitrogênio da atmosfera e entregar para a planta em troca de alimento e proteção. Isso já acontece no Brasil há muitos anos, não é algo novo”, explica o engenheiro agrônomo Fernando Shintate Galindo, especialista no manejo sustentável de nutrientes. “Nos últimos dez ou quinze anos, contudo, nós temos visto uma evolução em metodologias e técnicas que têm permitido aos pesquisadores entender que existe uma infinidade de microrganismos que podem beneficiar outros cultivos além da soja”, afirma o professor do Departamento de Produção Vegetal da Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (FCAT) da Unesp no câmpus de Dracena.
O pesquisador do câmpus de Dracena vem explorando diferentes tipos de microrganismos que promovam crescimento das plantas, reduzindo a quantidade de fertilizantes, mas mantendo, ou até ampliando, a produção. Em um de seus trabalhos, publicado na revista Plant Biology, da BioMed Central (BMC), Galindo, ao lado de uma equipe de pesquisadores, buscou avaliar os benefícios da inoculação de duas bactérias ao mesmo tempo na cultura do milho: a Azospirillum brasilense, conhecida pela sua capacidade de fixar nitrogênio no solo e no estímulo ao crescimento da planta, e a Bacillus subtilis, promotora do crescimento radicular e capaz de atuar na resistência a pragas e doenças.
O trabalho durou cerca de dois anos e fez parte de um estágio de pós-doutorado com apoio da Fapesp. O ensaio de campo, realizado em três localidades diferentes, envolveu quatro configurações para o plantio do milho: um grupo controle, um grupo que recebeu apenas a aplicação da Azospirillum brasilense, um que recebeu apenas a aplicação de Bacillus subtilis, e por fim, um quarto grupo que recebeu ambos os microrganismos. Além disso, foram testadas diferentes taxas de aplicação de fertilizantes nitrogenados em cada grupo.
Mais produtividade por um custo menor
A partir de então, os pesquisadores acompanharam cada etapa do crescimento dos lotes para poder comparar as respostas fisiológicas e bioquímicas das plantas sob cada um dos cenários, incluindo parâmetros relacionados à fotossíntese, ao estresse oxidativo e ao uso do nutriente, como a sua capacidade de recuperar o nitrogênio do solo e aumentar a eficiência do seu uso.
Entre os principais resultados encontrados pela equipe está a confirmação de que o consórcio de bactérias, mesmo com algumas características distintas, juntamente com uma dose ideal de nitrogênio, foi capaz de melhorar a eficiência no uso do macronutriente, bem como foi capaz de promover o crescimento aéreo e radicular das plantas. A inoculação combinada de Azospirillum brasilense e de Bacillus subtilis também teve efeito sobre parâmetros relacionados à fotossíntese, aumentando a captação e assimilação de CO2, a transpiração e a eficiência do uso da água, enquanto diminuiu o estresse oxidativo.
“Nesse estudo, nós observamos que de fato a inoculação complementa a adubação nitrogenada com excelentes resultados, mas não a substitui. E quando é aplicado muito nitrogênio associado a esses microrganismos, a atuação deles é prejudicada, como uma espécie de overdose”, compara Galindo. “É um balanço em que existe uma faixa ideal para a resposta da planta aos nutrientes e à coinoculação das bactérias”. Os resultados indicaram que a taxa ótima de aplicação de nitrogênio poderia ser reduzida dos convencionais 240 kg N/ha para 175 kg N/ha, reduzindo custos e ainda aumentando a produtividade do milho em 5,2%. Além disso, a fórmula reduziria a emissão de dióxido de carbono em 682,5 kg CO2e/ha.
Segundo o pesquisador do campus de Dracena, a redução de aproximadamente 25% na adubação nitrogenada na cultura do milho traria uma economia para o produtor de aproximadamente R$ 130 por hectare. “Se nós extrapolarmos estes valores para um modelo hipotético considerando toda a área cultivada com milho no Brasil, que atualmente está em torno de 22 milhões de hectares, nós estamos falando de uma economia de cerca de R$ 2,86 bilhões anuais”, projeta o docente. “Isso é o visível, aquilo que conseguimos mensurar. Existem ainda questões ambientais e climáticas que nós ainda não conseguimos mensurar tão bem, mas que precisam ser levadas em consideração”.
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Soja trava no Brasil e mercado fecha semana grandes novidades

O mercado físico da soja encerrou a semana com movimentações pontuais e sem grandes reportes de negócios. De acordo com Rafael Silveira, analista da consultoria Safras & Mercado, a comercialização seguiu restrita, com produtores priorizando a venda do milho. Apesar disso, alguns lotes de soja foram negociados de forma cadenciada, mas sem volumes relevantes.
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Houve registro de operações esporádicas em Goiás, Mato Grosso do Sul e embarques em alguns portos. No entanto, o ritmo geral de comercialização seguiu lento. A pressão sobre os preços foi intensificada por mais uma sessão de queda na Bolsa de Chicago. O mercado internacional agora aguarda os desdobramentos do mês de agosto, quando expira o acordo de 90 dias entre Estados Unidos e China.
Além disso, o clima favorável ao desenvolvimento das lavouras americanas mantém o viés de baixa no curto prazo, podendo levar a novos testes de suporte técnico. Os prêmios seguem firmes, e o dólar teve valorização, o que amenizou o impacto negativo vindo de Chicago. Com isso, os preços da soja apresentaram variações mistas no Brasil.
Preços da soja no Brasil
- Passo Fundo (RS): manteve em R$ 132,00
- Santa Rosa (RS): manteve em R$ 133,00
- Rio Grande (RS): manteve em R$ 139,00
- Cascavel (PR): manteve em R$ 131,00
- Paranaguá (PR): manteve em R$ 138,00
- Rondonópolis (MT): manteve em R$ 120,00
- Dourados (MS): manteve em R$ 122,00
- Rio Verde (GO): manteve em R$ 122,00
Soja em Chicago
Os contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam a sexta-feira em baixa, acumulando perdas ao longo da semana. A pressão veio do clima favorável nos Estados Unidos, com temperaturas elevadas acompanhadas de chuvas no cinturão agrícola, o que mantém boas condições para as lavouras.
Embora haja progresso nas negociações comerciais dos EUA com parceiros como Japão, União Europeia e China, a perspectiva de uma safra cheia e a ampla oferta global seguem pressionando as cotações.
Contratos futuros
O contrato da soja em grão com entrega em agosto caiu 5,50 centavos de dólar, ou 0,54%, para US$ 9,98 3/4 por bushel. A posição novembro recuou 3,25 centavos, ou 0,31%, para US$ 10,21 por bushel. No farelo, o contrato de setembro fechou a US$ 272,20 por tonelada, baixa de US$ 1,70 ou 0,62%. O óleo com vencimento em agosto encerrou a 56,49 centavos de dólar, queda de 0,18 centavo ou 0,31%.
Câmbio
O dólar comercial terminou o dia em alta de 0,76%, cotado a R$ 5,5619 para venda e R$ 5,5599 para compra. A moeda oscilou entre R$ 5,5220 e R$ 5,5735 ao longo da sessão. Na semana, acumulou valorização de 0,27%.
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Como fica o tempo no fim de julho? Previsão aponta contrastes pelo Brasil

Ao longo dos próximos dias, a condição de umidade nas lavouras de soja no Sul do país será benéfica, enquanto a região central seguirá com tempo seco. O cenário deve se manter estável, pois não há previsão de chuva volumosa para essas áreas.
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No Sul, a passagem de uma frente fria deve provocar chuvas, que podem ser fortes especialmente no Rio Grande do Sul, com volumes entre 70 e 80 mm. Essas precipitações são importantes para manter o bom padrão hídrico da região.
No interior, a falta de chuva persiste, o que pode impactar negativamente culturas da segunda safra, como milho, sorgo e algodão. Para quem plantou mais tarde, a ausência de chuva durante a fase de enchimento de grãos pode comprometer a produtividade. Há também relatos de situações semelhantes no Matopiba.
Chuvas nas lavouras de soja de Roraima
Em Roraima, com o avanço do plantio de soja, as chuvas continuam de forma mais frequente. Porém, em alguns cenários, o volume expressivo de água pode não ser tão benéfico, pois o excesso pode prejudicar as lavouras neste momento.
O que o produtor pode esperar do tempo
Na costa leste do Nordeste, a chuva será frequente nos próximos dias. Entre 31 de julho e 4 de agosto, a precipitação se espalhará por diversas regiões do país, como áreas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Entretanto, nesses locais os acumulados de chuva devem ser baixos, insuficientes para uma reposição hídrica adequada, caracterizando uma chuva fraca para a agricultura.
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Diversificação de mercados faz de Mato Grosso o 2º Estado menos impactado por tarifa dos EUA

O fortalecimento das relações comerciais com outros mercados internacionais colocam Mato Grosso como o segundo Estado do país menos impactado pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelos Estados Unidos. Em 2024, apenas 1,5% das exportações mato-grossenses tiveram como destino os Estados Unidos, conforme levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ficando atrás apenas de Roraima, que tem 0,3%.
O resultado é reflexo direto da política de diversificação de mercados e valorização da pauta exportadora promovida pelo Governo de Mato Grosso. O Estado ampliou significativamente suas vendas ao mercado chinês, que é destino de 45,9% das exportações, e, com isso, reduziu sua dependência de parceiros tradicionais.
“Mato Grosso é um exemplo para o mundo e esses dados refletem a solidez da estratégia comercial do Estado. Nossa posição de destaque no comércio exterior se deve à nossa capacidade de diversificar mercados e ampliar a competitividade dos nossos produtos, além de produzir com qualidade, sustentabilidade e preços justos. Em momentos de crise, o produtor mato-grossense sempre encontra um caminho. É essa força que sustenta nosso protagonismo no comércio exterior e garante a resiliência da nossa economia frente a qualquer desafio global”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico, César Miranda.
Mato Grosso exportou US$ 14,69 bilhões no primeiro semestre de 2025 e vendeu produtos para 147 países diferentes. Além da China, os países que tiveram destaque foram: Turquia (5,10%), Espanha (4,20%), Vietnã (3,72%) e Tailândia (3,66%). Os Estados Unidos ficaram na 15ª colocação.
Os produtos mais vendidos por Mato Grosso são soja (57,56%), algodão (11,5%), tortas e resíduos da extração do óleo de soja (9,61%), carne bovina congelada (8,69%) e milho (3,48%).
Novos produtos em alta
A diversificação da pauta exportadora inclui produtos com alta demanda no mercado asiático, como pulses e DDG (grãos secos de destilaria com solúveis). Mato Grosso se destaca como maior produtor nacional de etanol de milho, do qual o DDG é subproduto, utilizado como ração animal.
Já entre os pulses, o destaque é o gergelim, grão do qual Mato Grosso responde por 70% da produção nacional. A China, maior importadora mundial do produto, vem se consolidando como parceira estratégica do estado também nesse segmento, com potencial crescente de demanda por fibras e óleos vegetais.
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