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Conflito entre Israel e Irã gera incertezas e preocupações para a safra 25/26 no Brasil

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O momento geopolítico vivido pelo mundo hoje é considerado “complicado” por especialistas. O conflito entre Israel e Irã, iniciado recentemente, pode inclusive trazer impactos negativos para a safra 2025/26 no Brasil, apertando ainda mais a margem do produtor rural.

Pesquisador do Cepea/Esalq – USP, Mauro Osaki, recorda que o produtor rural brasileiro só conseguiu não ter margens tão apertadas no início do conflito entre Rússia e Ucrânia em 2022, quando os preços dos fertilizantes decolaram, visto naquele ano a produção agrícola ter registrado preços favoráveis.

“Um cenário diferente da situação atual. [Hoje] nós temos Índia e Paquistão se pegando e, agora, recentemente, Israel e Irã num conflito que pode trazer bastante complicações para nós”.

O especialista foi um dos painelistas do painel Cenários da Produção Brasileira para 2025/26, realizado durante a Abertura Nacional da Colheita – Segunda Safra de Milho nesta quarta-feira (18), em Sorriso, na Fazenda Dois Irmãos/Grupo ABF.

O evento é uma realização do Canal Rural Mato Grosso, afiliada do Canal Rural, da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho) e da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). A ação integra o Projeto Mais Milho que está em sua 9ª temporada.

De acordo com Mauro Osaki, o Irã é um grande produtor de amônia anidra, matéria-prima básica para a produção de nitrogenados.

“Isso dá impacto na oferta mundial. Fora o corredor logístico do Golfo de Omã, que é uma região importante para nós, além de ser um grande comprador do nosso milho. Isso nos preocupa bastante, porque vai encarecer o frete para escoarmos nessa região”.

Ao ano, o Irã importa em torno de 4,5 milhões de toneladas de milho do Brasil.

Outro impacto, citado pelo especialista do Cepea/Esalq – USP, que pode ser gerado pelo conflito entre Israel e Irã é o encarecimento do custo de produção brasileiro, em especial nas culturas que dependem dos nitrogenados.

“Esse conflito regional aumenta a nossa incerteza num momento em que temos uma safra grande, em que estamos tendo uma desvalorização do nosso cereal e nosso poder de compra fica menor e mais preocupante para a temporada 2025/26”.

O pesquisador frisou ainda que “isso torna para nós um sinal de alerta, porque nós podemos caminhar de novo em 2025/26 para um ano de margem apertada, como nós presenciamos nas últimas três safras”.

Foto: Luiz Patroni/Canal Rural Mato Grosso

Muitos desafios para serem estancados

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Diogo Damiani, o produtor vive “num jogo em que temos que pular fases”, mas que em “toda fase que a gente avança ela sempre é mais difícil”.

E a fase safra 2025/26 já conta com indicações que será “uma safra extremamente desafiadora”, principalmente com a guerra no Oriente Médio, que hoje é responsável por 37% da produção de ureia de todo o mundo e boa parte é destinada para a produção agrícola brasileira.

“Sabemos que já houve um aumento de em torno de US$ 50 na ureia. Então, tudo isso acaba influenciando nos custos de produção, assim como a questão do petróleo que teve alta”.

Entre os vários desafios e gargalos, que incluem um custo de produção ainda alto e uma logística, principalmente a ferroviária, ainda deficitária para a demanda, Digo Damiani ressaltou que a entrada em vigor da Reforma Tributária no dia 1º de janeiro de 2026 é outra preocupação dos produtores para o próximo ano.

“É algo que tecnicamente não sabemos como vai impactar o produtor rural. Sabemos que tem uma alíquota de 60% de redução, mas não sabemos qual é o valor dessa alíquota e como vai se comportar, como o produtor vai fazer a migração do imposto atual para o próximo imposto. É mais um custo contábil”.

Biotecnologia precisa de ferramentas para longevidade

O painel Cenários da Produção Brasileira para 2025/26 também debateu as questões em torno da biotecnologia e, conforme a gerente de vendas da Dekalb/Bayer, Luma Oliveira, é preciso lembrar que ela não é uma ferramenta única e exclusivamente individual.

“Sabemos que ela depende de outras práticas. Ela é uma das ferramentas para complementar. Mas, para dar longevidade para essa biotecnologia, precisamos também compor, por exemplo, com a Escala Davis, que é uma forma de você monitorar e ter a entrada efetiva no momento da aplicação, rotações de químicos e o refúgio estruturado”.

Hoje uma biotecnologia leva cerca de 12 a 14 anos para ser lançada no mercado. E, tais ferramentas, ressaltou Luma Oliveira, tais práticas para fazer essa proteção para ter essa longevidade até a chegada de uma nova biotecnologia são essenciais.

“A Bayer trabalha muito com inovação, genética de alta performance, biotecnologia e também proteção de cultivo. Estamos com uma nova biotecnologia para sair. Ela está em aprovação internacional para que consigamos trazer para o mercado brasileiro”.

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Brasil tem potencial para elevar o uso de bioinsumos de 15% para 50%, aponta pesquisadora

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Durante a COP30, em Belém, Pará, a Agrizone (espaço dedicado à agricultura sustentável) abriu um painel sobre bioinsumos e intensificação sustentável, com foco nas estratégias de implementação e ampliação do uso dessas tecnologias no campo.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, o Brasil é atualmente o líder mundial no uso de bioinsumos, crescendo de três a quatro vezes mais do que a média global. Mesmo assim, os produtos biológicos representam apenas 15% do mercado, frente aos químicos.

“Existem soluções prontas que poderiam elevar esse índice para 50%, mas é preciso implementar de forma mais ampla e estratégica. Então, o que nós precisamos é implementar e eu espero que a gente discuta aqui essas estratégias de implementação”, afirma.

Desafios e estratégias

A pesquisadora destacou que um dos principais desafios para ampliar o uso dos bioinsumos no país é garantir acesso aos pequenos e médios produtores rurais. Segundo ela, embora a pesquisa já disponha de soluções prontas e validadas a campo para 80 a 100 espécies vegetais, o setor privado ainda concentra esforços nas grandes culturas, como soja e milho.

“O pequeno, médio agricultor, por exemplo, não tem acesso a pacotes que sejam voltados a propriedade dele. Então, temos que discutir como que vamos conseguir implementar isso, principalmente para o pequeno e médio agricultor”, afirma. 

Cenário futuro e expectativas

Dados da entidade CropLife Brasil, que representa 56 indústrias de bioinsumos e sementes, apontam que a área tratada com esses produtos no país já alcança 156 milhões de hectares. Para a pesquisadora, a expansão entre os produtores de menor porte é essencial.

“Estamos crescendo 15% ao ano, quatro vezes mais do que em outros países. Mas o que eu considero agora fundamental é crescer entre os pequenos e médios produtores, porque eles são extremamente importantes em ocupação territorial, melhoria de qualidade de vida e geração de empregos”, destaca.

Agrizone

A Agrizone, conhecida como a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa, é um dos espaços mais visitados da COP30. Pela primeira vez, a Embrapa leva para o evento internacional um ambiente totalmente voltado ao agronegócio sustentável, com vitrines tecnológicas, demonstrações de sistemas produtivos e práticas de recuperação ambiental.

O espaço, instalado na sede da Embrapa Amazônia Oriental, reúne pesquisadores, representantes do setor produtivo e visitantes interessados em conhecer as soluções sustentáveis desenvolvidas no Brasil.

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Mapa divulga lista com quatro marcas de azeite impróprias para consumo

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) emitiu um alerta aos consumidores sobre a comercialização e o consumo de azeites de oliva fraudados.

Os produtos foram fiscalizados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária (Dipov). De acordo com o órgão, eles não atendem aos padrões de identidade e qualidade estabelecidos pela legislação.  

As amostras coletadas pelo departamento foram analisadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) que confirmaram a presença de outros tipos de óleos vegetais na composição, o que caracteriza fraude.

Com base nos resultados, o ministério determinou o recolhimento dos produtos e reforça que a comercialização desses itens é infração grave. Os estabelecimentos que os mantiverem à venda poderão ser responsabilizados.

Confira as marcas e lotes:

Lista de azeites Mapa
Foto: Mapa/divulgação Agência Brasil

O ministério orienta os consumidores a interromper imediatamente o uso dos produtos, caso tenham adquirido. Lembra, ainda, que é possível solicitar a substituição do produto, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor.

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Mapa deve concluir regulamentação da Lei dos Bioinsumos até dezembro deste ano

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Representantes do governo e do setor produtivo correm contra o tempo para concluir a regulamentação da Lei dos Bioinsumos. A proposta tem que ser concluída até 23 de dezembro e o decreto deve ser publicado no início de 2026. O objetivo é atualizar o modelo regulatório dos produtos biológicos usados na agricultura e na pecuária.

O tema é discutido no Grupo de Trabalho (GT) criado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Segundo Reginaldo Minaré, diretor-executivo da Associação Brasileira de Bioinsumos (Abbins) e integrante do GT, o decreto precisa refletir a lógica inovadora da nova lei.

“Não se trata apenas de ajustar regras, mas de adotar um modelo compatível com a era digital e com as particularidades dos bioinsumos”, afirma.

Mudança de lógica

A Lei dos Bioinsumos unificou regras antes espalhadas por diferentes legislações e abriu espaço para modelos regionais de produção, incluindo a fabricação para uso próprio por cooperativas e associações. O texto também redistribuiu competências entre órgãos públicos e criou novas metodologias para o registro de produtos biológicos.

Minaré destaca que boa parte da antiga regulamentação funcionava como um “puxadinho” da Lei dos Agrotóxicos, de 1989, e já não atendia à realidade atual. Segundo o executivo, a legislação foi feita para uma época diferente e com outra lógica de mercado.

Para o diretor da Abbins, o desafio agora é garantir que o decreto preserve o caráter inovador da nova lei. “A Lei dos Bioinsumos foi construída para o futuro. Se o decreto repetir estruturas antigas, ele já nasce ultrapassado.”

Avanços e próximos passos

Neste sentido, o grupo trabalha na calibração das duas metodologias previstas na lei: o método de análise caso a caso, mais adequado aos produtos da biotecnologia, e o método dogmático, com parâmetros gerais. A combinação deve dar mais agilidade e eficiência ao processo regulatório.

“O método caso a caso é ideal para o universo dos bioinsumos, porque parte de experiências reais para aprimorar os critérios de registro. Já o método dogmático traz uma base geral, útil para situações excepcionais. O equilíbrio entre os dois será decisivo para a eficiência do decreto”, afirma.

Minaré também alerta para a necessidade de o governo focar no funcionamento do setor, e não em disputas internas entre órgãos públicos. De acordo com ele, dinâmicas de poder não podem se sobrepor ao interesse da população em geral.

Sendo assim, a proposta final será encaminhada à Casa Civil após a conclusão dos trabalhos do GT, prevista o fim do ano. Além disso, o texto passará por análise técnica e jurídica antes da assinatura presidencial.

“O Mapa e os demais órgãos envolvidos estão muito empenhados. A participação do setor produtivo traz uma visão prática e ajuda a resolver dúvidas e conflitos. Mesmo que a publicação ocorra só em 2026, teremos um decreto moderno, funcional e alinhado à realidade do mercado de bioinsumos”, conclui.

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