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Sustentabilidade

Como o estádio das daninhas interfere na eficácia do controle? – MAIS SOJA

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Para reduzir a competição das plantas daninhas com as culturas agrícolas por água, radiação solar e nutrientes do solo, o controle efetivo das populações infestantes é indispensável tanto no período pré-semeadura, quanto no período pós-semeadura. O estabelecimento da cultura “no limpo” (livre da presença de populações infestantes) é crucial para o bom estabelecimento e desenvolvimento inicial das lavouras.

Dependendo da espécie e densidade da população da planta daninha e do período de convivência com a cultura agrícola perdas expressivas de produtividade podem ser observadas, chegando a ultrapassar 70% como ocorre com infestações de caruru (Amaranthus palmeri) em soja (Gazziero & Silva, 2017).

Considerando a expressão econômica de algumas espécies daninhas e a dificuldade em controla-las em função dos casos de resistência a determinadas moléculas de herbicidas, o posicionamento dos herbicidas quanto ao princípio ativo e época de aplicação exerce importância direta no sucesso do manejo e controle das populações infestantes. Para tanto, deve-se conhecer as populações infestantes, as espécies com resistência e monitorar as áreas de cultivo a fim de definir o melhor período para o controle.

De modo geral, plantas jovens são mais facilmente controladas por herbicidas pós-emergentes do que plantas adultas. Plantas em estádio de desenvolvimento entre 3 a 4 folhas apresentam boa área foliar para absorção de herbicidas, e também menor capacidade a resistir a ação desses herbicidas, sendo efetivamente melhor controladas.

Figura 1. Estádio recomendado para o controle de caruru em pós-emergência.

Conforme observado por Bianchi (2020), espécies daninhas de difícil controle, como a cravorana, apresentam maior suscetibilidade quando manejadas nos estádios iniciais de desenvolvimento (até 15 cm de altura). O autor destaca que, em fases mais avançadas, são necessárias doses mais elevadas de herbicidas para que se obtenha um controle eficaz.

Resultados de pesquisas realizadas pela CCGL demonstram que controles iguais ou superiores a 90% da cravorana no período inicial do seu desenvolvimento (± 20 cm) são obtidos com aplicações únicas com glifosato+2,4-D+saflufenacil (35 g ha-1)+imazetapir, glifosato+2,4-D+flumioxazina+imazetapir e com glifosato+2,4-D+saflufenacil (35 g ha-1)+ diclosulam; enquanto que, para cravorana com ± 35 cm de altura as opções de controle são limitadas, sendo necessário em muitas vezes, realizar aplicações sequenciais para que um controle satisfatório seja observado (Bianchi, 2020).



Resultados similares foram observados por Schneider; Rizzardi; Bianchi (2019), demonstrando a importância do estádio de desenvolvimento para o sucesso do controle químico das plantas daninhas. Com o objetivo de avaliar alternativas químicas para o controle da buva resistente ao glifosato, Schneider; Rizzardi; Bianchi (2019) conduziram um estudo utilizando herbicidas com diferentes mecanismos de ação, aplicados isoladamente ou em associação com glifosato. Biotipos de buva foram classificados em três classes de estatura, até 5 cm (estatura I), entre 6 e 15 cm (estatura II) e entre 16 e 25 cm (estatura III),  permitindo analisar a influência do tamanho das plantas na eficiência dos tratamentos herbicidas.

Conforme resultados observados pelos autores, as plantas de buva com menor estatura (no máximo 5 cm e de 6 cm e 15 cm) são melhor controladas, sendo que, para essas plantas, os tratamentos herbicidas glifosato + saflufenacil, diquate e amônio glufosinato demonstraram resultados satisfatórios de controle (tabela 1).

Tabela 1. Controle (%) de Conyza spp. aos 21 e 28 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT).
Adaptado: Schneider; Rizzardi; Bianchi (2019)

Com base nos resultados supracitados, pode-se dizer que independentemente do herbicida utilizado, plantas de menor estatura (jovens), não mais facilmente controladas em comparação a plantas adultas.

No entanto, uma das principais dificuldades no posicionamento de herbicidas em pós-emergência, considerando o estádio de controle das plantas daninhas, está associada à diversidade de espécies e aos diferentes fluxos de emergência. Essa variabilidade reduz a acurácia na definição do momento ideal para a pulverização, o que pode impactar diretamente a eficácia do controle.

Figura 2.  Amaranthus hybridus em diferentes estádios de desenvolvimento.
Fonte: Fundação ABC (2020).

Nessas situações, a pulverização sequencial (dessecação sequencial) pode ser uma interessante estratégias de manejo. Mesmo que plantas remanescentes persistam em áreas dessecadas, normalmente essas plantas apresentam certa debilitação após a aplicação dos herbicidas. Nesse momento, a pulverização com herbicidas de diferentes princípios ativos ou mecanismo de ação, possibilita o controle efetivo das plantas persistentes.

A dessecação sequencial, além de controlar populações já estabelecidas de plantas daninhas, contribui significativamente para a redução dos fluxos de emergência dessas plantas, especialmente quando associada ao uso de herbicidas pré-emergentes. De acordo com  Brunetto et al. (2023), a aplicação de produtos como Imazethapyr + Flumioxazin (Zethamaxx®) proporciona controle total (100%) do caruru-roxo (Amaranthus hybridus) aos 21 dias após o tratamento, evidenciando a eficácia dos herbicidas pré-emergentes na supressão de novos fluxos de emergência e reforçando sua importância no manejo integrado de plantas daninhas.

Referências:

BIANCHI, M. A. DESSECAÇÃO DE LOSNA-DO-CAMPO (Ambrosia elatior). CCGL, Boletim Técnico, n. 83, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/Boletim%20T%C3%A9cnico%2083%20(M.Bianchi,%202020).pdf >, acesso em: 06/08/2025.

GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa soja, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1069527/1/Doc384OL.pdf >, acesso em: 06/08/2025.

SCHNEIDER, T.; RIZZARDI, M. A.; BIANCHI, M. A. DESEMPENHO POR ESTATURA: NO CONTROLE QUÍMICO DA BUVA RESISTENTE AO GLIFOSATO, O RESULTADO DA APLICAÇÃO DE HERBICIDAS PODE VARIAR DE ACORDO COM O TAMANHO DA PLANTA DANINHA. Revista Cultivar, 2019. Disponível em: < https://upherb.com.br/ebook/desempenho_por_estatura.pdf >, acesso em: 06/08/2025.

 

 

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Sustentabilidade

Após cair por ampla oferta, Chicago segue dólar fraco e fecha em alta no milho – MAIS SOJA

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A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o milho fechou a sessão de hoje com preços altos. O mercado chegou a cair no início do dia, em linha com o quadro fundamental de ampla oferta, mas a fraqueza do dólar frente a outras moedas reverteu este cenário. Além disso, compras por parte de fundos especuladores associadas a fatores técnicos também contribuíram para os ganhos.

Na sessão, os contratos com entrega em dezembro de 2025 fecharam com alta de 0,54%, ou 2,25 centavos, cotados a US$ 4,13 por bushel. Os contratos com entrega em março de 2026 fecharam com avanço de 2,00 centavos, ou 0,46%, cotados a US$ 4,29 1/4 por bushel.

Fonte: Pedro Diniz Carneiro – Safras News



 

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Sustentabilidade

Intervalo entre a dessecação e a semeadura: qual o tempo ideal? – MAIS SOJA

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O controle das plantas daninhas na pré-semeadura das culturas agrícolas é crucial para reduzir a matocompetição inicial, e assim reduzir a interferência das espécies daninhas no desenvolvimento inicial das lavouras. Dentre as estratégias de manejo disponíveis para isso, destacam-se a dessecação pré-semeadura, por meio do emprego de herbicidas químicos.

A dessecação pré-semeadura, ou dessecação antecipada, pode ser compreendida como a aplicação de herbicidas químicos com o objetivo de eliminar plantas daninhas antes da instalação da cultura principal. Além do controle de plantas espontâneas, essa prática também é amplamente utilizada no manejo de culturas de cobertura, favorecendo a formação de um ambiente mais limpo e uniforme para a semeadura e o estabelecimento da cultura sucessora.

Em situações mais complexas, caracterizadas por altas infestações de plantas daninhas e/ou por populações em estádios mais avançados de desenvolvimento, pode ser necessário realizar aplicações sequenciais de herbicidas na pré-semeadura para alcançar um controle eficaz. A escolha do produto deve considerar as espécies presentes, já que diferentes herbicidas apresentam espectros de controle distintos. Além disso, é fundamental avaliar o efeito residual da molécula utilizada, garantindo que não haja interferência negativa na germinação e no desenvolvimento inicial da cultura sucessora.

Figura 1. Plantas de buva remanescentes da dessecação pré-semeadura.

Determinados herbicidas utilizados na dessecação pré-semeadura da soja podem exercer influência negativa sobre o desenvolvimento das plântulas, caso as recomendações de manejo quanto ao intervalo entre pulverização e semeadura não sejam respeitadas. Esse efeito é oriundo da residualidade do herbicida no solo, fato popularmente conhecido como carryover. O carryover é o efeito residual prolongado no solo, que consiste na persistência do produto em níveis que podem prejudicar o desenvolvimento de culturas subsequentes.

O herbicida 2,4-D por exemplo, apresenta elevado potencial em causar danos á soja, caso seja indevidamente manejado na dessecação pré-semeadura (figura 2). Para mitigar os danos, recomenda-se que o intervalo entre a aplicação do 2,4-D e a semeadura da soja não seja inferior a  7-10 dias. Tais recomendações são importantes, para proporcionar um controle eficiente das plantas daninhas, sem causar danos a cultura da soja (Martin et al., 2022).

Figura 2. Injuria durante a emergência da cultura da soja. Sintomas de fitotoxidade por mimetizadores de auxina 2,4-D, Dicamba, Garlon, Tordon, etc. (Folhas deformadas).
Fonte: Werle & Oliveira (2018)

de fitotoxicidade em soja. Para evitar esse efeito, deve-se seguir as orientações quanto a dose, condições climáticas e ambientais para pulverização e época de aplicação, especialmente no sistema plante-aplique, em que esses herbicidas são aplicados após a semeadura da soja.

Embora o intervalo entre a dessecação pré-semeadura e a semeadura varie conforme o herbicida utilizado e a dose aplicada, de acordo com Hermani (2021), recomenda-se realizar a dessecação pré-semeadura da soja pelo menos de 15 a 20 dias antes da semeadura. Esse período permite que as plantas daninhas alcancem o estágio ideal para um controle eficiente, potencializando a eficácia do herbicida e reduzindo a competição inicial com a cultura.



Contudo, é fundamental destacar que cada herbicida possui um intervalo de segurança específico que deve ser rigorosamente respeitado entre a aplicação e a semeadura. Para algumas moléculas, como Mesotrione, Atrazina e Iodosulfuron, esse intervalo pode ser significativamente maior, chegando a até 90 dias, a fim de evitar fitotoxicidade e garantir o estabelecimento adequado da soja. Logo, o tempo ideal entre a dessecação e a semeadura varia de acordo com o(s) herbicida(s) utilizado(s).

Tabela 1. Intervalo entre a aplicação de herbicidas e a semeadura das culturas do milho, trigo, soja e feijão.

Tabela 2. Intervalo entre a aplicação de herbicidas e a semeadura das culturas do milho, trigo, soja e feijão.

Nesse contexto, posicionar adequadamente os herbicidas no manejo pré-semeadura é determinante não só para um controle eficiente das plantas daninhas, como também para evitar a fitotoxicidade oriunda dos herbicidas. Além disso, deve-se atentar para o histórico de aplicações de herbicidas nas áreas agrícolas, considerando a residualidade dos herbicidas utilizados no programa de manejo e as culturas sucessoras, evitando o cultivo de culturas sensíveis após a aplicação de herbicidas de longa residualidade. Sendo assim, deve-se sempre seguir as orientações técnicas presente na bula do herbicida e as orientações de manejo para a cultura.

 Referências:

HERMANI, L. C. SISTEMA PLANTIO DIRETO: SUBSISTEMA SOJA. Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/tematicas/sistema-plantio-direto/agrossistemas/sistema-santanna/producao/subsistema-soja?_ga=2.52221152.813319080.1701776449-1900144807.1687386007 >, acesso em: 13/10/2025.

MARTIN, T. N. et al. INDICAÇÕES TÉCNICAS PARA A CULTURA DA SOJA NO RIO GRANDE DO SUL E EM SANTA CATARINA, SAFRAS 2022/2023 E 2023/2024. 43° Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul. Editora GR, Santa Maria – RS, 2022. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1lKQ3TVyZpKwIuWd9VbFHAyhDRKn0itT0/view >, acesso em: 13/10/2025.

WERLE, R.; OLIVEIRA, M. C. Chave para Identificação de Injúrias Causadas por Herbicidas. University of Wisconsin-Madison UW-Extension, WiscWeeds, 2018. Disponível em: < https://maxweeds.rbind.io/pt/post/chave_id-herbicida/2018-herb-pt.pdf >, acesso em: 13/10/2025.

 

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Sustentabilidade

Chuvas em MT? Sojicultores aguardam precipitações para avançar no plantio

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Os produtores de Querência, no leste de Mato Grosso, iniciaram, nesta semana, o plantio da safra 2025/26 de soja. Agora, a expectativa é que o ritmo dos trabalhos avance rapidamente na região. 

Segundo o Sindicato Rural do município, cerca de 10% da área estimada em 450 mil hectares já foi plantada após o retorno das chuvas irregulares.

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De acordo com o presidente do Sindicato, Osmar Frizo, o plantio de soja está com um atraso de cinco dias em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, com a previsão de novas precipitações a partir do dia 20, a expectativa é de que os produtores consigam compensar a lentidão.

Se as condições climáticas permanecerem favoráveis, Frizo acredita que a região poderá registrar um rendimento médio próximo ao obtido em 2024/25, de 3.900 quilos por hectare.

Plantio de soja em MT

Um levantamento da consultoria Safras & Mercado indica que o plantio da safra 2025/26 em Mato Grosso deve alcançar 12,83 milhões de hectares, um aumento de 1,7% frente aos 12,62 milhões de hectares cultivados na temporada passada.

Até sexta-feira (19), o avanço era de 1% da área no estado. No mesmo período do ano passado, o plantio ainda não havia começado, enquanto a média dos últimos cinco anos para a data é de 1,3%.

Produção esperada

A produção esperada de soja no estado é de 49,787 milhões de toneladas em 2025/26, uma queda de 2,1% em relação às 50,855 milhões de toneladas da safra 2024/25. O rendimento médio projetado é de 3.900 quilos por hectare, abaixo dos 4.050 quilos por hectare colhidos na temporada anterior.

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