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professor faz do campo sua nova sala de aula

Um professor universitário que sempre quis viver a rotina do campo conseguiu transformar essa vontade em realidade. Com muita dedicação, busca por conhecimento e capacitação, Jackson Marques Pacheco hoje produz queijos artesanais diferenciados, reconhecidos com prêmios nacionais e internacionais, direto da Fazenda Campo Alegre, em Santo Antônio de Leverger, a poucos quilômetros de Cuiabá.
As construções que margeiam o Rio Cuiabá formam a área urbana de Santo Antônio de Leverger, município com parte do território inserido no bioma Pantanal. Ali está a propriedade de 100 hectares do “seo” Jackson, onde ele dedica tempo, alma e coração a cada detalhe.
“No tempo de criança, as férias escolares eram de três meses, diferente de hoje”, conta Jackson ao programa Senar Transforma desta semana. As férias longas daquela época, lembra ele, eram um convite para passar meses em propriedades rurais do Pantanal, em Paranatinga ou Barra dos Bugres, mesmo sem a posse das terras — pois a família da mãe tinha forte ligação com o campo.
O gosto pelo campo vem desde a infância. “Fui criado no mato, no campo. Então isso aí desperta em algumas pessoas o interesse pela área rural, que foi o meu caso”, afirma o produtor.
Da sala de aula ao campo
Apesar da paixão pelo campo, a carreira acadêmica de Jackson foi totalmente distinta. “Minha área acadêmica é professor universitário na área de engenharia, não tinha nada a ver com o campo”, explica a reportagem do Canal Rural Mato Grosso. Mas o sonho de um dia deixar a cidade e morar na fazenda seguia. “Eu comprei a propriedade aqui tem 30 e poucos anos. Tudo foi construído pensando nisso. Hoje o senhor está realizado”.
Para garantir que a fazenda fosse financeiramente sustentável, o ex-professor buscou formas de gerar renda, focando em valor agregado mesmo sendo uma pequena propriedade.
“Eu trabalhei com gado de corte, produção de gado PO (puro origem), mas não era viável. Porque você tem de concorrer com os grandes produtores de raça. O leite é uma forma de agregar valor com menor quantidade de cabeça. Agora, o leite tem outro problema. No preço que ele está para o pequeno produtor também fica difícil, a não ser que não compute a mão de obra dele. Aí entra a história do queijo como forma de agregar valor ao pequeno produtor. Essa foi a lógica que eu adotei”.
O desafio e a paixão pela produção de queijos
Com a decisão de migrar para o leite, veio um outro problema. O produtor não sabia fazer queijo — “só sabia comer, comer com bolo de queijo, com um café” —, mas, mesmo assim, decidiu começar a desenvolver queijos fora do padrão tradicional. A primeira tentativa foi há cerca de oito anos.
“Como optamos por fazer queijos diferenciados, que fogem desse queijo tradicional, perdemos muito leite. Quando não alcançava o padrão, descartava e não vendia, pois a nossa preocupação era entregar ao consumidor um produto com qualidade e sanidade”, relata.
Para driblar a falta de conhecimento prático, o professor virou aluno. “Fiz vários cursos. Já fiz mais de oito cursos, inclusive pelo Senar”.
Ele reforça a importância da capacitação: “Se você quiser alcançar seu objetivo, a primeira coisa que você tem que fazer é se capacitar. Não adianta você querer trocar os pés pelas mãos. Primeiro capacita, que é importante, para depois você começar a produzir”.

O sabor que conquistou o Pantanal
A dedicação deu resultado. Entre estudos, testes, falhas e acertos, Jackson chegou à fórmula ideal de sabor, consistência, textura e aroma para seus queijos. O curioso é que mesmo adotando o queijo tipo Canastra como referência, ele descobriu em uma ligação que tinha em mãos o produto diferenciado que tanto buscava.
“Ele disse: ‘Seu queijo não tem nada a ver com Canastra, mas a qualidade do seu queijo não perde em nada para o Canastra. Então, eu vou te dar uma sugestão. Muda de nome, porque se não a pessoa prova o queijo e fica aquela ideia, aquele sabor para ter região de Canastra. E não é. É diferente. Esse daí tem o sabor da região. Então, põe nome regional’”, conta Jackson.
E, assim nasceu o queijo Pantanal, com variações como Pantanal Ouro, Flor do Pantanal e Seminino — este último, nome regional que significa “garoto”.
O queijo regional ganhou destaque em concursos, acumulando prêmios, incluindo internacionais. “O primeiro queijo que fizemos, já ganhamos uma medalha internacional”. Em um concurso em Blumenau (SC), o produtor levou três queijos e os três foram premiados. Em Mato Grosso, quatro queijos foram premiados em um concurso estadual.
“Esse ano nós levamos em Blumenau e tivemos duas premiações. E, também tivemos uma premiação a nível nacional em Brasília. Então já são 10 prêmios”, orgulha-se.

Produção artesanal e qualidade do leite
A ordenha é mecanizada, feita por colaboradores da fazenda. A produção diária gira entre 300 e 380 litros de leite. A fabricação de queijo, segundo Jackson, ocorre uma ou duas vezes por semana, utilizando cerca de 250 litros por vez, o que resulta em aproximadamente 40 quilos de queijo.
O rebanho é composto principalmente por vacas da raça Jersey, cerca de 90%, escolhidas pela qualidade e sabor do leite, mesmo produzindo menos que outras raças. A alimentação segue um padrão com cevada, capim-açu e milho para manter a uniformidade do leite.
“O que diferencia o queijo é o leite. Mas, depois do leite tem alguns fatores que influenciam. Primeiro, nosso leite é pasteurizado. Isso aí já muda, porque muda a estrutura do leite. Depois colocamos as bactérias que vão trabalhar e dar sabor aquele queijo que você quer. Depois de pronto, a maturação, a umidade e a temperatura vão se diferenciar e dar aquele tipo de queijo diferente”.
Hoje, o queijo do “seo” Jackson é comercializado a cerca de R$ 130 o quilo e tem como público pessoas que apreciam degustar queijos seja acompanhado de vinho, cerveja ou em pratos especiais. “Ele serve para dar sabor a alguns pratos específicos, tanto que entre os nossos clientes estão restaurantes. Os melhores restaurantes de Cuiabá”.
O sinal verde para a comercialização dos queijos foi outra conquista do produtor. A propriedade foi a primeira em Mato Grosso a obter o registro do CAPP, já estampado no rótulo do produto. O Serviço de Inspeção Agroindustrial de Pequeno Porte é um programa do governo estadual com foco em impulsionar a geração de renda e segurança alimentar, além de promover a legalização de alimentos artesanais.
Capacitação: o combustível para a transformação
A busca incessante por conhecimento marca a trajetória de Jackson. O professor que virou mestre na arte de produzir queijos não se acomoda com o que já alcançou. A mobilizadora do Sindicato Rural de Santo Antônio de Leverger, Gleice Kelly Alves da Silva, destaca a importância da capacitação para os produtores locais.
“A capacitação é um ponto primordial para os nossos produtores rurais e um meio de influenciá-los até a procurar o Sindicato Rural para estar se qualificando e entrar em nossos programas de assistência técnica e gerencial”, comenta Gleice ao Canal Rural Mato Grosso.
Jackson tem feito diversos treinamentos e cursos, inclusive na área de laticínios, e pretende participar do programa de Assistência Técnica Gerencial (ATeG) do Senar Mato Grosso, que oferece acompanhamento por até três anos para grupos de produtores.
Rodrigo Gonçalves, supervisor regional do Senar Mato Grosso, ressalta que o conhecimento abre a mente e gera motivação para aprender cada vez mais. “O Senar oferece uma esteira com mais de 200 cursos para capacitar produtores, ajudando a reduzir custos e melhorar a produção”.
Planos para o futuro
Com mais de 30 anos na propriedade e oito anos produzindo queijo, o ex-professor universitário, hoje produtor rural, projeta crescimento para os próximos anos. “Quero continuar me capacitando e chegar a dois mil litros de leite produzidos por dia, que é o limite da legislação para esse padrão. Quero chegar a dois mil litros daqui a dois anos mais ou menos”.
Ele reafirma ao programa do Canal Rural Mato Grosso que o sonho é tornar a fazenda produtiva em termos de qualidade e financeiramente rentável, transmitindo esse conhecimento para o estado e o município. “O papel do educador não é só saber fazer, é saber transmitir”, finaliza.
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Volume de café exportado cai, mas receita aumenta

O volume de café exportado pelo Brasil caiu em setembro, refletindo a menor disponibilidade do grão no País. Isso é o que apontam os dados analisados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Essa menor disponibilidade se deu frente à colheita de uma safra reduzida e a problemas no beneficiamento, os estoques domésticos ajustados e também as tarifas impostas pelo governo norte-americano às importações do café brasileiro.
Ao todo, o escoamento atingiu 3,75 milhões de sacas de 60 kg em setembro, representando uma redução de 18,4% frente ao mesmo mês de 2024. Apesar disso, o maior preço pago pelo produto brasileiro garantiu aumento na receita, de 11,1%, para US$ 1,369 bilhão.
Em relação ao desenvolvimento da safra brasileiras, levantamento do Cepea mostra que fim de semana trouxe a retomada das chuvas nas regiões produtoras. O aumento na pluviosidade era bastante esperado, já que, no fim de setembro, uma boa florada havia sido registrada em muitas áreas.
*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo
Business
BASF recebe aprovação para fungicida Zorina nos Estados Unidos

Produto oferece controle em soja, canola e feijão
A BASF anunciou a aprovação do fungicida Zorina pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). O produto, voltado ao controle do mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), poderá ser comercializado assim que receber as autorizações estaduais.
Zorina une o desempenho do Endura (Boscalida) ao controle prolongado e de amplo espectro do Revysol (Mefentrifluconazol).
Segundo Erick Garcia, gerente sênior de produtos da BASF Agricultural Solutions, Zorina foi desenvolvido para oferecer controle específico do mofo-branco com alta performance e residual prolongado.
A empresa considera o produto uma solução completa para proteção de lavouras em regiões do Meio-Oeste e das Grandes Planícies, onde o patógeno causa os maiores prejuízos.
Para melhores resultados, a aplicação deve ser preventiva no florescimento pleno das culturas: estádio R2 em soja e feijão, e entre 30% e 50% de florescimento na canola. O objetivo é impedir a colonização por ascósporos do fungo, evitando perdas de rendimento.
Agro Mato Grosso
Safra recorde; Conab aponta para uma colheita de 354,7 milhões de toneladas de grãos na safra 2025/26

O primeiro levantamento para a safra de grãos 2025/26 indica mais um ciclo de crescimento na agricultura brasileira. De acordo com a pesquisa realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a primeira estimativa indica uma produção total de 354,7 milhões de toneladas de grãos para a nova safra, volume 0,8% superior ao obtido em 2024/25, e um crescimento na área a ser semeada de 3,3% em relação ao ciclo anterior, sendo estimada em 84,4 milhões de hectares na temporada 2025/26. Os dados estão no 1º Levantamento de safra do novo ano agrícola, divulgado nesta terça-feira (14) pela estatal.
Neste novo ciclo, há uma expectativa de crescimento de 3,6% na área semeada para soja se comparada com 2024/25, estimada em 49,1 milhões de hectares. Com isso, a Conab estima uma colheita de 177,6 milhões de toneladas na safra 2025/26 frente à colheita de 171,5 milhões de toneladas da temporada anterior. As precipitações ocorridas em setembro nos estados do Centro-Sul do país permitiram o início do plantio com 11,1% da área já semeada, índice ligeiramente superior ao ocorrido até o mesmo momento do ciclo passado, Nos maiores estados produtores de soja do país, Mato Grosso e Paraná, nos primeiros 10 dias de outubro, registravam 18,9% e 31%, respectivamente, da área semeada.
Assim como a soja, é esperada uma maior área plantada para o milho em 2025/26, podendo chegar a 22,7 milhões de hectares, com uma expectativa de produção de 138,6 milhões de toneladas somadas as 3 safras do grão. Apenas na primeira safra do cereal, a Companhia prevê um incremento na área semeada em torno de 6,1%, com estimativa de colher 25,6 milhões de toneladas, crescimento de 2,8% em relação à safra passada. No Rio Grande do Sul, onde a semeadura tem início a partir do final de agosto, em 11 de outubro, já havia 83% da área semeada, 84% no Paraná e 72% em Santa Catarina. Já no Centro-Oeste e nos demais estados, o plantio ainda não foi iniciado.
Já para o arroz, a primeira estimativa para o ciclo 2025/26 indica uma redução de 5,6% na área a ser semeada, projetada em 1,66 milhão de hectares, sendo que na área irrigada a queda está prevista em 3,7% e na de sequeiro a diminuição pode chegar a 12,5%. Com a menor área destinada à cultura, a produção de arroz pode chegar a 11,5 milhões de toneladas. Na região Sul, principal produtora do grão, os produtores intensificam os trabalhos de preparo do solo e do plantio.
No caso do feijão, por ser uma cultura de ciclo curto, a tendência é que a safra 2025/26 mantenha-se próxima da estabilidade. Somada as três safras da leguminosa, a produção está estimada em 3 milhões de toneladas. A área da primeira safra do grão deverá ter redução de 7,5% em comparação com o primeiro ciclo da temporada 2024/25, totalizando uma previsão de plantio em 840,4 mil hectares. A semeadura foi iniciada na região Sudeste do país, com 100% da área semeada em São Paulo, e em andamento nos demais estados da região. Na Bahia, terceiro maior produtor da leguminosa, e nos demais estados, o plantio ainda não foi iniciado.
Culturas de inverno
Com cerca de 40% das lavouras de trigo colhidas, a previsão aponta para uma produção em 2025 de 7,7 milhões de toneladas, 2,4% abaixo da safra 2024. Principal produto dentre as culturas de inverno, a redução prevista para a colheita decorre, principalmente, da retração de 19,9% na área cultivada, motivada por condições menos favoráveis ao cultivo no momento de decisão da implantação da atual safra.
Mercado
As primeiras projeções da Conab para a safra 2025/26 apontam um incremento nas exportações de milho. Enquanto os embarques do grão do ciclo 2024/25 estão estimados em 40 milhões de toneladas, para a nova temporada a Conab prevê uma comercialização de 46,5 milhões de toneladas. Também é esperado um incremento no consumo interno, que passa de 90,5 milhões para 94,5 milhões de toneladas, impulsionado principalmente pela maior demanda de milho para produção de etanol. Ainda assim, a estimativa é que os estoques de passagem ao final da safra 2025/26 permaneçam próximos da estabilidade.
Para a soja, a previsão de redução nas exportações dos Estados Unidos e o aumento da procura global, aliados à expansão da produção brasileira, permitem prever um crescimento nas exportações brasileiras. Assim, o país deve manter-se, mais uma vez, como o maior exportador mundial da oleaginosa, podendo ultrapassar as 112,11 milhões de toneladas exportadas. Além disso, a previsão de aumento na mistura de biodiesel ao diesel e a crescente procura por proteína vegetal indicam que o volume de esmagamento de soja poderá atingir 59,56 milhões de toneladas em 2026.
No caso do arroz, mesmo com a redução na área semeada, há expectativa de manutenção de boa oferta do grão no mercado interno. Diante deste cenário, o país deverá ampliar o volume exportado do grão, alcançando 2,1 milhões de toneladas na safra 2025/26 frente a uma estimativa de embarque de 1,6 milhão de toneladas na safra 2024/25. Já as importações e o consumo no mercado doméstico deverão permanecer estáveis, em torno de 1,4 milhão de toneladas e 11 milhões de toneladas respectivamente. Com isso, para a safra 2025/26, a expectativa é de leve redução de 11,4% nos estoques de passagem, estimados em 1,82 milhão de toneladas em fevereiro de 2027, embora ainda em patamar elevado.
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