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Especialistas apontam manejo sustentável como chave para rentabilidade na produção de algodão no Brasil

Diferente dos EUA e da Austrália, o Brasil lida com a alta incidência de pragas, como o bicudo-do-algodoeiro. Manter a produtividade elevada exige estratégias que combinem MIP, sementes de alto rendimento e planejamento que integrem outras culturas
São Paulo, julho de 2025 – Consolidado como líder mundial na exportação de algodão em pluma, o Brasil enfrenta um cenário complexo no manejo de pragas que o diferencia de grandes produtores como os Estados Unidos e a Austrália. A agricultura tropical exige um Manejo Integrado de Pragas (MIP) adaptado para garantir resiliência e sustentabilidade à cotonicultura. Essa é a percepção compartilhada por especialistas sobre os desafios e as soluções para o manejo de pragas no país.
“A produção de algodão no Brasil enfrenta desafios em comparação com a Austrália e com os EUA. Aqui, a cultura atua como hospedeira de pragas da soja e do milho. Na Austrália, o MIP é focado no algodão, principal cultura local, com a colaboração de toda a cadeia. Já nos EUA, a menor sobreposição geográfica e o período de inverno em muitos estados interrompem o desenvolvimento das pragas”, explica o professor Celso Omoto do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq/USP.
Além disso, segundo o professor, plantios sucessivos de culturas são negativos para a cotonicultura, pois servem como fonte contínua de alimentos para as pragas e podem impedir o restabelecimento do equilíbrio do sistema produtivo.
Em visita recente ao Brasil, Dominic Reisig, professor da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA) e doutor em Proteção de Plantas e Manejo Integrado de Pragas e Entomologia, acrescenta que a alternância de culturas, a disponibilidade de hospedeiros durante todo o ano e o clima tornam o manejo de culturas Bt mais desafiador no Brasil do que nos Estados Unidos.
Uma dificuldade adicional ao controle de pragas no Brasil é a presença do bicudo-do-algodoeiro, praticamente erradicado nos Estados Unidos e ausente na Austrália. “O que vi no Brasil foi uma lavoura de algodão incrível, mas com altíssimo uso de insumos. Uma grande dificuldade para reduzir esse consumo de defensivos é o bicudo. Embora esteja sob controle, ele domina o manejo de pragas. Será difícil focar em outras pragas com o inseto presente”, pontua o professor da Universidade Estadual da Carolina do Norte.
Papel da indústria na cadeia
A indústria tem um papel crucial em ofertar soluções que contribuam com o sistema produtivo. “Em 2024, a Bayer investiu globalmente mais de 2,6 bilhões de euros em pesquisa e desenvolvimento para novas sementes, biotecnologias, produtos de proteção de cultivos e ferramentas digitais com foco no manejo integrado e na sustentabilidade de lavouras de diversas culturas ao redor do mundo”, afirma o diretor-executivo de algodão da divisão agrícola da companhia no Brasil, Fernando Prudente.
Ao longo dos anos, para aumentar a sustentabilidade da cultura do algodão, a Bayer desenvolveu biotecnologias como a Bollgard®, voltadas ao controle de pragas e de plantas daninhas, além de sementes Deltapine adaptadas a diferentes regiões do Brasil e soluções para proteção de cultivos e tratamento de sementes.
A intervenção química é uma ferramenta complementar no manejo do algodão para preservação da produtividade. “Uma opção eficaz é o inseticida Curbix®️, que se destaca pela alta eficácia contra diversas pragas, entre elas o bicudo”, explica o executivo da Bayer.
Importância das áreas de refúgio no manejo integrado
O professor Celso Omoto do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq/USP ressalta ainda que o manejo da entressafra é fundamental para reduzir a pressão desses insetos.
“Com base nas experiências dos EUA e da Austrália, é necessário estabelecer políticas públicas para a implementação efetiva de programas de Manejo Integrado de Pragas, aumento da fiscalização da destruição de restos culturais e obrigatoriedade do plantio de áreas de refúgio para preservar a tecnologia Bt”, acrescenta.
A adoção de áreas de refúgio para preservar a eficácia das tecnologias Bt no controle de pragas já é uma prática consolidada nas áreas de algodão do Brasil. A técnica consiste em manter parte da lavoura sem biotecnologia para criar um ambiente que dificulta a seleção de insetos resistentes, garantindo maior longevidade para as soluções genéticas utilizadas na cotonicultura.
“Ao reservar 20% da lavoura com sementes convencionais, próximas à área com biotecnologia, até 800 metros, reduz-se a proliferação de insetos resistentes, o que contribui para a sustentabilidade do cultivo e eficácia da tecnologia. Para essas áreas, há variedades como a DP 1786 RRFlex, com boa produtividade e qualidade de fibra, indicadas para o plantio no refúgio”, complementa Fernando Prudente.
Sobre a Bayer
A Bayer é uma empresa global com competências essenciais nas ciências da vida nos setores de agronegócios e saúde. Seus produtos e serviços são projetados para ajudar as pessoas e o planeta a prosperar, apoiando os esforços para superar os principais desafios apresentados por uma população global em crescimento e envelhecimento. A Bayer está comprometida em impulsionar o desenvolvimento sustentável e gerar um impacto positivo em seus negócios. Ao mesmo tempo, o Grupo pretende aumentar o seu poder de ganho e criar valor por meio da inovação e do crescimento. A marca Bayer representa confiança, confiabilidade e qualidade. O Brasil é a segunda maior operação da companhia no mundo. Mais informações no site.
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À espera por cotações melhores, produtores de soja focam no plantio; confira os preços do dia

O mercado brasileiro de soja começou a semana com baixa oferta e poucas indicações de negócios. Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Rafael Silveira, os produtores permanecem concentrados no plantio da nova safra e mais cautelosos nas vendas, à espera de cotações mais atrativas.
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Silveira explica que não houve grandes movimentações nem no porto e nem na indústria, com prêmios praticamente estáveis. A leve alta registrada na Bolsa de Chicago (CBOT) limitou-se a ajustes técnicos, sem força para alterar o cenário doméstico. “Os preços tiveram apenas pequenas oscilações”, resume o analista.
Preços de soja no Brasil
- Passo Fundo (RS): manteve em R$ 133,00
- Santa Rosa (RS): manteve em R$ 134,00
- Cascavel (PR): caiu de R$ 135,00 para R$ 134,00
- Rondonópolis (MT): manteve em R$ 126,00
- Dourados (MS): caiu de R$ 126,00 para R$ 125,00
- Rio Verde (GO): manteve em R$ 126,00
- Paranaguá (PR): manteve em R$ 138,00
- Rio Grande (RS): manteve em R$ 139,00
Soja em Chicago
Os contratos futuros da soja fecharam em leve alta na Bolsa de Chicago (CBOT) nesta sexta-feira. Após a queda expressiva do pregão anterior, o mercado reagiu a declarações mais conciliatórias do presidente Donald Trump e do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, que amenizaram o tom das tensões comerciais com a China.
A recuperação, no entanto, foi limitada pelo cenário fundamental, ou seja, avanço da colheita norte-americana e boas condições para o plantio no Brasil. A paralisação parcial do governo americano segue no radar e afeta a divulgação de dados importantes de oferta, demanda e embarques.
Contratos futuros
O contrato de novembro subiu 1,00 centavo de dólar (0,09%), fechando a US$ 10,07 ¾ por bushel. A posição janeiro encerrou a US$ 10,25 ¼, com ganho de 2,00 centavos (0,19%).
Nos subprodutos, o farelo para dezembro caiu US$ 0,90 (0,32%), a US$ 274,10 por tonelada, enquanto o óleo fechou a 50,60 centavos de dólar por libra-peso, com alta de 0,63 centavo (1,26%).
Câmbio
O dólar comercial encerrou o dia em queda de 0,80%, cotado a R$ 5,4593 para venda e R$ 5,4573 para compra, após oscilar entre R$ 5,4412 e R$ 5,4997.
Agro Mato Grosso
Como os pulgões vencem as defesas naturais das plantas I MT

Pesquisa revela estratégias moleculares e comportamentais para neutralizar compostos tóxicos produzidos por culturas agrícolas
Estudo detalhou como os pulgões superam os compostos tóxicos defensivos produzidos por plantas. Esses compostos, chamados metabólitos secundários (PSMs), deveriam funcionar como uma barreira natural contra pragas. Mas os pulgões desenvolvem mecanismos de resistência que reduzem a eficácia das substâncias.
Pesquisadores da Universidade de Yangzhou, na China, apresentaram revisão sobre os mecanismos fisiológicos, bioquímicos e comportamentais que permitem aos pulgões sobreviver, se multiplicar e continuar a transmitir vírus mesmo sob pressão de defesas vegetais complexas.
Enzimas contra venenos
As plantas produzem compostos químicos como terpenoides, fenóis e alcaloides que atuam como inseticidas naturais. Em resposta, os pulgões ativam enzimas de desintoxicação, como as citocromo P450, transferases de glutationa (GSTs) e UDP-glicosiltransferases (UGTs), capazes de neutralizar os efeitos tóxicos desses compostos.
O processo ocorre em três fases.
Primeiro, as toxinas sofrem transformações químicas para se tornarem mais solúveis.
Em seguida, essas substâncias são ligadas a outras moléculas que facilitam sua eliminação.
Por fim, o organismo excreta os resíduos por transportadores de membrana celular, como os ABC transporters.

A pesquisa destaca que as enzimas antioxidantes também ajudam os pulgões a suportar o estresse oxidativo causado pelos metabólitos das plantas. Essa combinação bioquímica contribui para a sobrevivência e reprodução dos insetos, mesmo em ambientes hostis.
Bactérias aliadas
Os pulgões também contam com bactérias simbióticas que potencializam suas defesas. Algumas dessas bactérias, como Hamiltonella defensa e Regiella insecticola, interferem nas defesas hormonais das plantas, reduzindo a produção de compostos tóxicos ou neutralizando a resposta do sistema vegetal.
Em experimentos, pulgões com determinadas bactérias simbióticas demonstraram maior sobrevivência em cultivares naturalmente tóxicos. Em casos mais extremos, essas bactérias são capazes de metabolizar inseticidas sintéticos e compostos naturais presentes em folhas e caules.
Efeito viral
Além das enzimas e das bactérias, os pulgões também se beneficiam da ação de vírus que transmitem às plantas.
Muitos desses vírus enfraquecem as defesas vegetais ao suprimir vias hormonais importantes, como as de ácido jasmônico e ácido salicílico.
O resultado é duplo: plantas menos resistentes e maior atratividade para novos pulgões. Em testes com plantas infectadas por vírus como o Turnip mosaic virus ou o Potato leafroll virus, os insetos apresentaram aumento na fecundidade e maior tempo de permanência sobre a planta.
Comportamento estratégico
O comportamento dos pulgões também contribui para o sucesso da infestação. Eles evitam tecidos vegetais ricos em compostos tóxicos e preferem variedades com menor teor de PSMs. Essa seleção ocorre durante a alimentação, quando os insetos sondam os tecidos com seus estiletes e recuam diante de sinais químicos indesejáveis.

Certas linhagens ou haplótipos de pulgões mostram preferência por cultivares específicas. Essa seleção reflete não apenas adaptação fisiológica, mas também uma capacidade comportamental refinada para escapar de defesas vegetais mais eficazes.
Sequestro químico
Em algumas espécies, os pulgões acumulam compostos tóxicos das plantas sem sofrer efeitos adversos. O sequestro de metabólitos secundários, como glucosinolatos e alcaloides, pode inclusive servir como mecanismo de defesa contra predadores.
O pulgão Brevicoryne brassicae, por exemplo, armazena compostos de mostarda em seu corpo e libera substâncias tóxicas quando atacado.
Esse comportamento transforma o inseto em uma espécie de “bomba química ambulante”.
Em outras espécies, como Acyrthosiphon pisum, o sequestro de compostos como L-DOPA mostrou efeitos antioxidantes e até reparação tecidual.
Outras informações em doi.org/10.1093/hr/uhaf267
Agro Mato Grosso
Sistema CNA/Senar lança cartilha para tirar dúvidas sobre segurança e saúde no trabalho rural

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) lançaram uma cartilha com respostas às perguntas frequentes (FAQ) dos produtores e trabalhadores rurais sobre os principais pontos da Norma Regulamentadora (NR) nº 31.
A norma traz as regras sobre segurança e saúde no trabalho da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura.
O documento elaborado pela CNA está disponível no portal Senar Play, com informações que explicam o que são as NR’s, para que servem, e responde dúvidas mais complexas sobre obrigações do empregador e do trabalhador rural.
A cartilha traz ainda detalhes sobre o Programa de Gerenciamento de Riscos no Trabalho Rural, o Serviço Especializado em Segurança no Trabalho Rural e a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio do Trabalho Rural (Cipatr), além de esmiuçar o uso correto do Equipamento de Proteção Individual (EPI) e as condições sanitárias e de conforto no trabalho rural.
É necessário fazer o cadastro no portal Senar Play para acessar a cartilha. Além do FAQ, o portal traz cursos de curta e média duração e outros materiais sobre a temática. Saiba mais em senarplay.org.br .
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