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a transformação da Fazenda Aricá em Mato Grosso

A virada da Fazenda Aricá, em Diamantino (MT), começou quando Lucas Konageski e seu irmão decidiram apostar no milho como alternativa para reerguer a propriedade, que vinha de um período de dificuldades financeiras. Até então, o grão era utilizado apenas para consumo interno, mas, com as mudanças no mercado e a chegada de granjas e exportadores, virou peça-chave para a recuperação e expansão.
“O milho mudou o perfil da fazenda inteira”, resume Lucas Konageski ao Especial Mais Milho, do Canal Rural Mato Grosso. “Hoje plantamos quase 10 mil hectares. Quando começamos, tudo o que tínhamos valia 30 mil sacas de soja”, completa ele ao recordar o valor que o pai “cobrou” dele e do irmão.
A história da família no campo começou com Pedro Konageski, pai de Lucas, que deixou o Rio Grande do Sul em 1984 e comprou as primeiras terras em Mato Grosso. Vindo de uma família de 12 irmãos, herdou o espírito empreendedor do pai, que usava o dinheiro da venda de caminhões de porco para comprar terras no sul do país.
“Meu avô tinha uma serraria e criava porcos com milho plantado na matraca. Quando vendia um caminhão, comprava uma colônia de terra e dava aos filhos conforme iam casando”, conta Lucas.
O campo que vira escola
Com apenas 14 anos, Lucas foi deixado, junto com um funcionário, pelo pai em uma fazenda para aprender, na prática, a lidar e viver da terra. “Ele me largou com uma lata de banha, arroz, feijão, farinha e falou: ‘Se quiser comer, faça. Se não quiser, passe fome’. E eu, tipo assim, tenho que agradecer a ele por ter tido essa coragem de ter me deixado lá. Ficava o dia inteiro na roça e voltava só à noite”.
Já o irmão mais novo seguiu para a faculdade, enquanto Lucas mergulhava cada vez mais na lida da roça.
“Na época em que meu pai comprou aquela fazenda eram férias escolares e quando foi para retornar a minha mãe foi me buscar e eu falei que não ia mais estudar com tanto serviço importante que tinha para fazer e não fui mais. Mas, foi um aprendizado para mim. Foi uma escola. Não há vitória sem a guerra”.

Nos anos 2000, diante da baixa valorização da soja e da falta de perspectivas em Mato Grosso, Lucas foi para o Piauí, onde os preços estavam mais atrativos. Montou uma fazenda do zero, com estrutura completa. Mas uma disputa judicial comprometeu tudo, e ele precisou vender a área para não perder uma terra que havia recebido do pai em Mato Grosso. “Vendi tudo lá para proteger a matrícula daqui”.
Ao retornar em 2004, encontrou uma situação crítica, assim como em todo o estado e país. Era o ano em que o setor produtivo viveu uma inversão cambial, dando origem posteriormente à movimentos como o Grito do Ipiranga.
Com propriedades arrendadas, inadimplentes e o pai já sem ânimo para continuar, Lucas decidiu assumir “as contas e tocar” as propriedades da família com o irmão. Aos risos, ele lembra ainda que as terras não foram dadas pelo pai.
“Na época tinha um equipamento, ele anotou na agenda, somou tudo, dava umas 30 mil sacas de soja que não valia nada e falou: ‘vocês vão pagando isso aí por ano para mim e eu quero o arrendamento para eu ir pagando as securitizações’. Então, a gente assumiu todas aquelas dívidas. Na época eram impagáveis aquelas dívidas”.

Entre 2004 e 2010, os dois quitaram todas as dívidas e iniciaram uma nova fase.
O milho, que antes não era nem considerado uma commodity no país, começou a ganhar espaço na propriedade a partir de 2005. “Plantava só para as galinhas e porcos. Mas com o surgimento de granjas e interesse de empresas, começamos a plantar mais. Foi ali que o milho virou commodity e decidimos investir de verdade”.
Essa virada exigiu mudança completa na forma de produção. “Antes a gente fazia uma safra só. Com o milho, começamos a estruturar o solo: adubação, gesso, calcário, correção, eliminação de compactação. Isso mudou tudo”.
Hoje, mesmo com limitações climáticas, uma vez que na região de Diamantino as chuvas costumam cortar em abril, a fazenda espera uma produtividade média entre 130 e 140 sacas por hectare nesta temporada 2024/25.
Lucas acredita que, com o avanço tecnológico e genético, o Brasil pode aumentar cada vez mais a sua produção de milho. Questionado se seria possível o país atingir médias de 170, 180 sacas por hectare, ele frisa que “isso não está longe”.
“A tecnologia está evoluindo muito rápido. Isso se deu pelas cultivares. Porque as cultivares que tinham antigamente não tinham potencial. Hoje com a melhoria da genética, você vê que tem potencial. Você pega os Estados Unidos e lá produz quanto? Claro que isso depende da chuva. Aqui, depois de abril, para de chover. O limitante é a água. Mas com solo bem estruturado, o potencial é grande. Já tivemos talhão de 195 sacas”.

Gestão familiar é chave de sucesso e expansão
Além do milho, os irmãos também apostaram no algodão. O avanço nos preços das terras e o aumento dos custos de arrendamento exigiram uma decisão: alugar as áreas para terceiros ou entrar na cultura. Optaram por investir.
“Montamos uma algodoeira aqui em Diamantino. É a primeira da cidade. Já está pronta e pensamos em atender terceiros. Foi um dos maiores investimentos. O outro foi em maquinário. Mas tudo começou com investimento em solo, que é o principal”.
A gestão familiar é dividida com equilíbrio. “Meu irmão cuida mais do escritório, é mais cauteloso. Eu sou mais agressivo e fico no campo. A gente se completa”. Parte das terras foi adquirida pelos dois ao longo dos anos, e cerca de 60% das áreas seguem arrendadas. “Nada disso seria possível sem nossa equipe. Sozinho, ninguém faz nada.”
Mas Lucas garante que o verdadeiro segredo está além da técnica. “Plantar e colher é um dom de Deus. Você tem que ter amor naquilo que você está fazendo. E oração. Pedir que Deus mande a chuva ou sol na hora certa, porque o homem pode fazer o que ele quiser, que se não vem a água, o sol, não tem produção. Então é esse carinho, esse ambiente familiar onde todo mundo se coloca no lugar do outro para poder a coisa andar, para as coisas acontecerem”.
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Frango tem hormônio? | Canal Rural

A dúvida ainda é comum, mas é hora de esclarecer: frango de corte não recebe hormônio. O desenvolvimento acelerado das aves que chega à sua mesa é fruto de anos de melhoramento genético, aliada a alimentação balanceada e manejo adequado.
A dieta dos frangos é ajustada para cada fase do crescimento, com rações ricas em proteínas, vitaminas e minerais. Esse cuidado garante um desenvolvimento saudável e natural, sem necessidade de qualquer tipo de hormônio sintético.
Bem-estar animal e ambientes controlados
Nas granjas, as condições de criação seguem padrões rigorosos de bem-estar animal, com ambientes monitorados, controle de temperatura, ventilação e acesso contínuo à água e alimento.
Essas práticas não só garantem a saúde das aves, como também a qualidade do produto final que chega à mesa do consumidor.
Pode ficar tranquilo: o frango consumido no Brasil é criado com responsabilidade e sem hormônios
Por que ainda existe esse mito?
A ideia de que frangos crescem rápido por causa de hormônio é antiga, mas infundada. No Brasil, o uso de hormônios em aves é proibido por lei e fiscalizado por órgãos como o Ministério da Agricultura e Pecuária.
O que vemos hoje é resultado de tecnologia, genética e profissionalismo no campo.
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Importadores de manga dos EUA estão prontos para receber, mas Brasil não entregará

A sobretaxa às exportações brasileiras imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, coloca em risco 77 mil toneladas de frutas que teriam o mercado norte-americano como destino.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho, o caso da manga é o que mais aflige o setor.
Isso porque a cada 100 contêineres exportados com a fruta, 92 saem da região do Vale do São Francisco, maior polo produtor do país. “A gente tem nos Estados Unidos uma safra com vários países que participam, então é uma safra compacta, com duração de três meses, período em que chegamos a enviar 2.500 contêineres, mais ou menos 12 milhões de caixas”, detalha.
Coelho ressalta que o México forneceu aos norte-americanos a variedade de manga tomy durante os meses de maio, junho e julho. Na sequência, seguindo o curso natural do setor, seria a vez do Brasil.
“É importante dizer que a colheta da manga ainda não começou, não tem contêiner em porto, não tem nada disso ainda. Está tudo programado como há décadas para começar na primeira semana de agosto.”
Contudo, as incertezas a respeito da viabilidade da venda aos Estados Unidos tem colocado em risco um cronograma que o setor segue à risca há anos.
De acordo com o presidente da Abrafrutas, a caixaria, ou seja, embalar a fruta de acordo com cada estabelecimento de destino, sejam supermercados ou distribuidores, é o primeiro passo. Essa etapa já é previamente organizada por conta do curto período de operacionalização da venda externa.
Coelho conta que os importadores nos Estados unidos também já estão organizados para receber os contêineres e fazer a logística das frutas para distribui-las. Entretanto, com a tarifa de 50%, fica inviável exportar. “É colher para ter prejuízo”, resume.
Manga para outros destinos?
A respeito da possibilidade de realocar o destino da manga, o presidente da Abrafrutas diz ser inviável por conta do tamanho da produção. “A Europa é um grande cliente, mas já está abastecida. Além disso, não recebem a mesma variedade de frutas que vendemos aos Estados Unidos”, conta.
De acordo com ele, despachar a manga ao mercado interno também não é viável devido à alta quantidade de fruta para consumo em curto espaço de tempo. “Vamos abarrotar o país, o preço vai desabar, nós vamos encher o mercado de manga e o custo para produzir, digamos, um quilo de manga será maior do que o preço de venda”, contextualiza.
Apesar do momento crítico, Coelho ainda acredita em uma flexibilização no prazo para o início da tarifa e que, nesse intervalo, Brasil e Estados Unidos cheguem a um acordo.
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Santa Catarina prorroga redução de ICMS sobre insumos agropecuários, diz Ocesc

A Organização das Cooperativas de Santa Catarina (Ocesc) informou que a Assembleia Legislativa do Estado (Alesc) aprovou o Projeto de Lei 403/2024, que prorrogou para dezembro de 2025 a redução de 60% do ICMS cobrado sobre os insumos agropecuários na venda para outros Estados.
O PL foi elaborado pelo Sistema Ocesc com a Frencoop/SC. “Essa medida evita impactos retroativos, protege os resultados dos exercícios anteriores e dá fôlego para que as cooperativas se adaptem com responsabilidade às novas exigências fiscais”, disse em nota o coordenador Contábil e Tributário da Ocesc, João Antônio Zerbielli.
Conforme a entidade, outros seis projetos de lei que afetam o cooperativismo catarinense também foram aprovados:
- PL 412/2025, que prorroga até o final de 2028 o crédito presumido de ICMS para fabricantes de farinha de trigo, de mandioca e derivados;
- PL 415/2025, que zera a alíquota do ICMS em produtos da cesta básica nas operações internas até abril de 2026;
- PL 433/2025, que possibilita a transferência de crédito presumido de ICMS acumulado para abatedores de suínos e aves que compram animais produzidos em Santa Catarina;
- PL 435/2025, com remissão de ICMS devido pelos produtos de leite;
- PL 472/2025, que institui o Programa Estrada Boa Rural; e
- PL 426/2025, que define a Secretaria do Meio Ambiente e da Economia Verde (SEMAE) como responsável pela execução do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
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