Mato Grosso há muito tempo é o celeiro do Brasil, produzindo volumes recordes de soja, milho e gado. Mas agora, outra “safra” está crescendo rapidamente na região: a tecnologia. Nos últimos anos, as agritechs (startups focadas em inovação agrícola) começaram a transformar a maneira como se faz agricultura no coração do país.
De drones que monitoram lavouras a decisões de plantio baseadas em dados e análises de solo com inteligência artificial, Mato Grosso vive uma revolução digital silenciosa, porém poderosa. No centro dessa transformação está Cuiabá, onde empreendedores locais, universidades e investidores estão ajudando a impulsionar a economia regional rumo ao futuro.
Um dos destaques dessa nova onda é a BovControl, uma startup que utiliza tecnologia blockchain para melhorar a rastreabilidade da cadeia produtiva, o controle de qualidade e a inteligência de mercado. Sua plataforma ajudou a aumentar a eficiência da pecuária em até 20%, oferecendo aos pecuaristas melhores ferramentas para gerenciar seus rebanhos e atender a padrões internacionais.
Ainda assim, apesar do tamanho do rebanho, Mato Grosso fica atrás de alguns concorrentes globais em produtividade. Um exemplo marcante vem do estado americano de Nebraska, que produz mais carne bovina que Mato Grosso com um rebanho quase seis vezes menor. Enquanto Nebraska abateu 6,9 milhões de cabeças em 2022,
Mato Grosso processou apenas 5,7 milhões, mesmo tendo um rebanho de 34 milhões de cabeças, contra 6,5 milhões em Nebraska. Isso destaca a necessidade urgente de inovação e de maior eficiência na pecuária brasileira.
A combinação única de vastas áreas agrícolas e o aumento do acesso à internet no estado está criando um terreno fértil para que essas soluções digitais floresçam.
O avanço das agritechs não é apenas sobre inovação, é uma questão de sobrevivência e sustentabilidade. Nos últimos anos, os produtores mato-grossenses enfrentaram desafios crescentes: clima imprevisível, custos de produção em alta e pressão cada vez maior por responsabilidade ambiental.
A tecnologia oferece respostas concretas. Ferramentas como sensores de solo conectados à internet (IoT), mapeamento remoto por drones e sistemas de rastreabilidade baseados em blockchain estão ajudando os produtores a se tornarem mais eficientes e a reduzir desperdícios.
Mas o caminho à frente ainda tem obstáculos. O acesso à venture capital é limitado no interior do Brasil, e muitas propriedades familiares ainda enfrentam dificuldades com infraestrutura básica, como internet de qualidade e capacitação em ferramentas digitais.
À medida que os mercados se tornam mais competitivos, o Brasil já não concorre apenas consigo mesmo. Países como Estados Unidos, Austrália e até mesmo o Uruguai estão adotando agritechs em ritmo acelerado, tornando seus sistemas de produção mais enxutos, inteligentes e lucrativos. Sem investimentos semelhantes em inovação e eficiência, regiões como Mato Grosso correm o risco de perder espaço no comércio internacional, especialmente em mercados que exigem rastreabilidade, sustentabilidade e qualidade constante.
Essa pressão competitiva tornou-se hoje um dos principais impulsionadores da transformação digital no campo, envolvendo tanto o setor público quanto a iniciativa privada no Brasil.
Com o avanço contínuo das agritechs, Cuiabá está prestes a se tornar não apenas um portal de entrada para o Cerrado, mas um portal para o futuro da agricultura brasileira. Com o apoio certo de instituições públicas, investidores e centros de pesquisa, startups locais podem liderar o país rumo a um modelo agrícola mais sustentável e baseado em dados.
E para uma região que ajuda a alimentar milhões, isso é mais do que um bom negócio, é uma missão.
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