Sustentabilidade
Consórcio de leguminosas com gramíneas alia produtividade e qualidade na safrinha – MAIS SOJA

Durante o Showtec 2025, evento de tecnologia agropecuária realizado em Mato Grosso do Sul, o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), apresentou os avanços e os benefícios do consórcio entre leguminosas e gramíneas no sistema de produção agrícola. A proposta visa aliar alta produção de biomassa com qualidade da palhada, elemento essencial para o sucesso do Sistema Plantio Direto.
“Os capins são protagonistas na geração de matéria seca em grande volume, tanto na parte aérea quanto nas raízes, o que contribui diretamente para a melhoria do solo. Mas as leguminosas agregam qualidade a essa biomassa, com benefícios como a fixação biológica de nitrogênio e o controle de nematoides”, explica Garcia.
Entre as leguminosas de destaque, estão as crotalárias (em especial a Crotalaria ochroleuca e C. juncea) e o feijão-guandu, incluindo sua versão anã. Essas espécies, quando combinadas com gramíneas como Brachiaria ruziziensis, B. brizantha (cv. Xaraés, Piatã), ou mesmo com panicum como o capim-aruana, resultam em um consórcio com alto potencial para cobertura de solo, controle biológico e alimentação animal.
Oportunidade durante a safrinha
A recomendação do pesquisador é que o produtor utilize parte da área da safrinha, em Mato Grosso do Sul, para o cultivo dessas plantas de cobertura, especialmente a partir do final de fevereiro, quando os riscos climáticos aumentam e o potencial produtivo do milho diminui.
“O custo do milho safrinha é alto e os riscos são maiores nessa época. Por isso, deixar de 20% a 25% da área para coberturas é uma estratégia inteligente. Em poucos anos, o produtor consegue rodar toda a área e melhorar o solo, o sistema como um todo e ainda potencializar a cultura da soja que vem na sequência”, orienta o pesquisador.
Segundo Garcia, em áreas de pousio durante a safrinha no estado, principalmente em solos arenosos ou em regiões com menor histórico de uso agrícola, o uso de plantas de cobertura é uma alternativa viável, econômica e de baixo risco.
Integração com a pecuária
O consórcio também pode ser integrado à pecuária, desde que as leguminosas escolhidas não sejam tóxicas aos animais. “Espécies como a Crotalaria spectabilis e C. breviflora são tóxicas e não podem ser pastejadas. Mas a C. ochroleuca e a C. juncea são seguras e ainda melhoram a alimentação do gado, fornecendo proteína e contribuindo para o ganho de peso”, ressalta o pesquisador.
Pesquisa em expansão
A Embrapa Agropecuária Oeste conduz pesquisas nessa linha desde 2016. O trabalho envolve o desenvolvimento de combinações de espécies, estratégias de manejo, métodos de implantação e soluções para desafios técnicos, como o controle de plantas daninhas e da soja voluntária.
“O setor privado também tem avançado nessa linha, com oferta de mixes de cobertura que reúnem três ou quatro espécies. A lógica é a mesma: diversificar e explorar sinergias entre plantas com características complementares para fortalecer o sistema produtivo”, finaliza o pesquisador.
Embrapa no Showtec
A Embrapa marca presença na 28ª edição do Showtec como uma das instituições apoiadoras do evento. Durante os três dias da feira, a empresa apresenta tecnologias voltadas à resiliência dos sistemas produtivos e ao enfrentamento das mudanças climáticas. Entre os destaques estão o consórcio milho safrinha com braquiária, o software Guia Clima, o sorgo granífero para produção de etanol, o consórcio de gramínea com leguminosa, a integração lavoura-pecuária-floresta, além dos sistemas Antecipasto e Diamantino.
Nesta edição, participam três Centros de Pesquisa da Embrapa: Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Gado de Corte (Campo Grande, MS) e Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).
Quatro dessas soluções — Consórcio Milho Safrinha com Braquiária, Guia Clima (nas versões aplicativo e site), Sistema Antecipasto e Sistema Diamantino — também integram a “Jornada pelo Clima”, iniciativa que reúne 150 ativos tecnológicos da Embrapa e estarão no estande da instituição durante a COP30, que será realizada em Belém, PA.
Jornada pelo Clima
A Embrapa lidera a Jornada pelo Clima, iniciativa que visa debater e esclarecer os desafios e as soluções para uma agricultura de baixo carbono, inclusiva e resiliente à mudança do clima, nos diferentes biomas. A ação busca promover a ciência e as práticas sustentáveis no ano em que o Brasil sedia a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, em Belém (PA).
Fonte: Silvia Zoche Borges/Embrapa Agropecuária Oeste
Autor:Silvia Zoche Borges/Embrapa Agropecuária Oeste
Site: EMBRAPA
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Sustentabilidade
Eficiência de fungicidas para o controle da brusone do trigo na Rede de Ensaios Cooperativos, safra 2024 – MAIS SOJA

Resumo
A brusone do trigo (Triticum aestivum) é uma das principais doenças da cultura, especialmente nas áreas tritícolas do Brasil Central e nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul. Causada pelo fungo Pyricularia oryzae Cavara, tem como condições favoráveis os períodos de chuvas constantes, temperatura entre 24 a 28 ºC e umidade relativa do ar acima de 90%, associados ao estádio de espigamento do trigo. Para evitar danos ao rendimento da cultura, o manejo da doença é fundamental. As principais estratégias de controle são o manejo integrado da doença, com o uso de cultivares resistentes, de sementes sadias, tratamento de sementes, semeadura em época adequada, adubação equilibrada e aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas. O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes fungicidas para o controle de brusone da espiga de trigo em ensaios cooperativos padronizados, na safra 2024, em Palmeira, PR, e Paranapanema, SP, utilizando-se uma cultivar por local, com diferentes reações de resistência/suscetibilidade à brusone. Os ingredientes ativos testados foram: trifloxistrobina; tebuconazol; mancozebe; azoxistrobina; f lutriafol; e tiofanato-metílico, sozinhos ou em misturas. A doença foi registrada nos dois locais avaliados, em baixa intensidade, sem causar dano econômico. Todos os fungicidas avaliados causaram redução da brusone nas espigas, em diferentes níveis de controle da doença.
Introdução
A brusone do trigo (Triticum aestivum), causada pelo fungo Pyricularia oryzae Cavara, é uma das principais doenças da cultura, especialmente em áreas tritícolas do Brasil Central, por limitar a produção de grãos e o avanço da triticultura para regiões de clima tropical (Santana et al., 2019). No entanto, também tem sido relevante nos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, com ocorrência e severidade expressivas. As condições climáticas desempenham função determinante na intensidade e dimensão dos danos causados pela brusone nas lavouras de trigo, podendo chegar até 100%. Períodos de chuvas constantes, de temperatura entre 24 a 28 ºC e alta umidade relativa do ar (> 90%) são favoráveis ao desenvolvimento da doença e, se associados ao estádio de espigamento do trigo, os danos podem ser elevados, principalmente em cultivares mais suscetíveis (Torres et al., 2022; Maciel et al., 2024).
Os sintomas da doença podem aparecer nas folhas na forma de lesão elíptica no sentido das nervuras, de coloração que varia de branco a marrom claro no centro, com margens variando de cinza escuro a marrom avermelhadas e, com o avanço da doença, progride para coloração enegrecida. No entanto, a ocorrência mais comum é nas espigas, onde a infecção é extremamente destrutiva, pois o patógeno provoca o estrangulamento da ráquis, caracterizado pelo surgimento de lesão preta e consequente branqueamento e secamento da espiga a partir do ponto de infecção, inviabilizando o enchimento dos grãos (Lau et al., 2020; Torres et al., 2022).
O controle da brusone está relacionado ao manejo integrado de doenças, com adoção de medidas como uso de cultivares resistentes, uso de sementes sadias, tratamento de sementes, semeadura em época adequada, adubação equilibrada e aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas (Lau et al., 2020).
A Rede de Ensaios Cooperativos de Trigo para controle de doenças reúne diversas instituições de pesquisa e empresas públicas e privadas com o objetivo de avaliar a eficiência de produtos registrados ou em fase de registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os ensaios padronizados de campo iniciaram na safra 2011 e, desde então, vêm sendo conduzidos para avaliar a eficiência de fungicidas no controle de brusone, sob infecção natural, nas principais regiões produtoras de trigo do Brasil (Santana et al., 2021). Considerando o controle químico como estratégia auxiliar no manejo de doenças, este documento relata os resultados obtidos nos ensaios cooperativos para controle de brusone de trigo na espiga, com uso de fungicidas, na safra 2024.
Os resultados do estudo estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU): ODS 2 (Fome zero e agricultura sustentável) e ODS 12 (Consumo e produção responsáveis), uma vez que, contribuirão na escolha de fungicidas mais eficientes no controle de brusone do trigo, proporcionando diminuição das perdas nas lavouras ocasionadas por essa doença.
Material e métodos
Na safra de 2024 foram conduzidos três ensaios, distribuídos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (Figura 1), com datas de semeadura que variaram de março a maio. As cultivares utilizadas são indicadas para cultivo nos locais onde os ensaios foram conduzidos e apresentam reações de resistência (R), moderada resistência (MR) e moderada suscetibilidade (MS) à brusone – Tabela 1; (REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE, 2024).
Nos ensaios foram utilizados tratamentos com fungicidas de diferentes grupos químicos, isolados, em misturas formuladas e/ou associados (Tabela 2). Além desses, o ensaio contou com um controle negativo (que recebeu aplicações apenas para controle de manchas foliares, até o florescimento, e não recebeu aplicação de fungicida para a doença alvo) e um controle para comparação (trifloxistrobina + tebuconazol), utilizado como tratamento comparativo de eficiência entre os fungicidas.
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições para cada tratamento, e área total mínima da parcela experimental de 12 m2, com espaçamento entre as linhas de semeadura de 0,17 m e densidade de semeadura de 300 a 350 sementes viáveis por metro quadrado. Dependendo da necessidade e de acordo com as estratégias de manejo de cada local, as sementes foram tratadas com imidacloprido + tiodicarbe (300 mL 100 kg-1 semente) e triadimenol (250 mL 100 kg-1 semente) antes da semeadura. O controle de doenças foliares foi realizado com aplicação de fungicidas, inclusive no tratamento controle negativo, conforme necessidade, seguindo as orientações das Informações Técnicas para Trigo e Triticale, safra 2024 & 2025 (REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2024).
Foram realizadas três aplicações sequenciais dos fungicidas (tratamentos), sendo a primeira no início da floração (com 25% das espigas totalmente expostas), e as demais em intervalos de 7 a 10 dias. As aplicações foram realizadas com pulverizador de precisão, com pressão constante, ponta 110:02 duplo leque sem indução de ar e vazão de 200 L ha-1. Tratamentos com produtos com Registro Especial Temporário (RET) para experimentação foram realizados apenas nas empresas credenciadas junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) (Tabela 1).
Quando as plantas atingiram a fase de “grãos em massa mole”, estádio 85 da escala de Zadoks et al. (1974), as espigas foram colhidas em um metro linear de cada uma das três linhas de semeadura centrais da parcela, totalizando três metros totais de linha para avaliação da brusone. Das espigas colhidas, foram selecionadas, ao acaso, 100 espigas. Cada espiga foi analisada visualmente e classificada como sintomática (pelo menos uma espigueta com sintoma da doença) ou assintomática; a incidência (I) da doença foi avaliada com base no percentual de espigas sintomáticas. Cada espiga sintomática foi avaliada quanto à severidade (S), estimada visualmente, seguindo a escala específica descrita por Maciel et al. (2013). O índice de doença (ID) foi obtido pela fórmula: 𝐼𝐷=(𝑆×𝐼) 100
em que
ID = Índice de doença.
S = Severidade.
I = Incidência.
O rendimento de grãos (kg ha-1) de cada parcela foi estimado, com ajuste a 13% de umidade, sendo a área mínima de colheita de 4 m2, amostrada no centro de cada parcela ao final do ciclo da cultura, e o peso do hectolitro (PH) de cada parcela foi determinado.
Para análise estatística, os dados foram analisados utilizando-se modelos lineares mistos para avaliar o efeito dos tratamentos fungicidas nas variáveis-resposta: severidade, incidência, índice da doença, rendimento e peso hectolitro (PH) de grãos. Os modelos incluíram efeitos fixos associados aos tratamentos fungicidas e efeitos aleatórios para capturar as fontes de variação atribuídas aos blocos. Quando necessário, as variáveis-resposta foram transformadas para atender às premissas de normalidade e homogeneidade das variâncias. A comparação das médias estimadas de severidade, rendimento e PH entre os tratamentos foi realizada por meio do teste de Tukey, com nível de significância de 5%. O controle da doença foi calculado como o percentual de redução da incidência, severidade e índice em relação ao tratamento sem aplicação de fungicida (Tratamento 2, controle negativo), utilizando-se a seguinte fórmula:
Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o software R (R Core Team, 2024).
Resultados e discussão
Ocorrência de brusone: a ocorrência natural de brusone nas espigas de trigo foi observada em dois dos três municípios onde os ensaios foram conduzidos (Tabela 3). Em Cafelândia, PR, não foram registrados sintomas da doença. Em contraste, em Paranapanema, SP, a doença manifestou-se com severidade de 18,9%, incidência de 28,5% e índice de brusone de 5,4%. Nesse município, as parcelas apresentaram grãos com PH médio de 74,6 kg hL-1 e rendimento de 2.356 kg ha-1. Em Palmeira, PR, a severidade foi de 10,1%, incidência de 15,8% e índice de brusone de 1,6%, com grãos de PH médio de 72,7 kg hL-1 e rendimento de 2.035 kg ha-1.
As parcelas de Cafelândia (E2), onde a brusone não foi observada, apresentaram o maior rendimento, porém a qualidade dos grãos foi comprometida, com PH médio de 63,0 kg hL-1. Nenhuma das parcelas apresentou grãos com PH superior a 72 kg hL-1, o que os classificou como fora do padrão comercial (fora do tipo) (Brasil, 2010). Os resultados indicam que outros fatores, que não a ocorrência de brusone, como fatores climáticos e de manejo, afetaram o desenvolvimento adequado dos grãos.
Eficiência dos fungicidas: para a análise da eficiência dos fungicidas, o ensaio conduzido em Cafelândia, que não apresentou sintomas de brusone, foi excluído das avaliações. Os ensaios dos locais Paranapanema e Palmeira foram analisados separadamente, uma vez que os tratamentos envolvendo fungicidas com Registro Especial Temporário (RET) foram conduzidos apenas em Palmeira, não sendo possível realizar análise estatística conjunta dos dois locais.
Resultados em Palmeira, PR: todos os fungicidas avaliados foram eficazes na redução da incidência de brusone nas espigas, em comparação com o controle negativo (T1, sem aplicação de fungicidas) (Tabela 4, Figura 2A). Neste tratamento, a incidência média foi de 15,8%, enquanto que, nos tratamentos com fungicidas; a incidência variou de 3,5% (T6) a 6,5% (T3). A eficiência dos tratamentos variou entre 58,8 e 77,7%.
A brusone apresentou baixa severidade neste local, com média estimada de 10,1% no controle negativo (T1) (Tabela 5, Figura 2B). Nos tratamentos com fungicidas, a severidade média estimada variou de 0,7% para o tratamento T6, a 4,0% para T3 e o controle T2. A eficiência de controle variou de 93,1 a 60,4%. Todos os fungicidas foram eficazes no controle da severidade, destacando-se as melhores eficiências de controle os tratamentos T5, T8 e T6, com valores acima de 89%.
Ao combinar incidência e severidade para calcular o índice da doença, os resultados mostraram que todos os tratamentos fungicidas foram eficazes no controle da doença (Tabela 6, Figura 2C). Entre os tratamentos avaliados, T5, T6 e T8 destacaram-se como mais eficientes em comparação a T2 e T3.
Em Palmeira, o rendimento de grãos de trigo nas parcelas variou entre 2.035, sem aplicação de fungicida, e 2.609 kg ha-1 no tratamento T6 (Tabela 7, Figura 2D). Entre os tratamentos fungicidas, o aumento de produtividade em relação ao controle negativo (T1) variou de 198, no tratamento T3, a 574 kg ha-1 no tratamento T6. O tratamento T6 apresentou rendimento equivalente ao T5 e ao T8, sendo superior aos demais fungicidas avaliados. As parcelas dos tratamentos T5 e T8 apresentaram produtividade significativamente maior apenas em relação aos tratamentos T3, T2 e T1. Além disso, não foi observada diferença significativa no rendimento entre os tratamentos T3, T2 e T1. Esses resultados sugerem que fungicidas contendo apenas tebuconazol ou a combinação trifloxistrobina + tebuconazol podem não ter proporcionado controle eficaz da brusone, doença que impacta diretamente a produtividade, contribuindo para a menor produção observada no município.
Diferenças significativas para a variável PH foram observadas neste ensaio (Tabela 8, Figura 2E). Os valores de PH variaram de 72,7 no controle T1, a 75,9 kg hL-1 no tratamento T6, que apresentou PH estatisticamente semelhante ao T5 e ao T8, sendo superior aos demais tratamentos. Os fungicidas contendo apenas tebuconazol ou a combinação trifloxistrobina + tebuconazol foram os únicos que não diferiram significativamente do controle negativo (T1).
Cabe ressaltar que, em Palmeira, a pressão da doença foi considerada baixa, e esse cenário pode ser diferente em condições de alta pressão da brusone. Dessa forma, destaca-se a importância da condução de novos ensaios nos próximos anos, realizados pela Rede de Ensaios Cooperativos de Trigo para controle da brusone, a fim de gerar maior robustez nos resultados.
Resultados em Paranapanema, SP: a incidência média no controle negativo (T1) foi de 28,5% (Tabela 9, Figura 3A). Nos tratamentos com fungicidas, a incidência variou de 17,2 (T5) a 28,1% (T6). Contudo, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos, neste local.
A severidade média observada no controle negativo (T1) foi de 18,9% (Tabela 10, Figura 3B). Nos tratamentos com fungicidas, a severidade variou de 8,7, para (T5), a 18,5% para (T6). Entre os tratamentos, apenas a combinação tebuconazol e mancozebe (T5) foi eficaz em controlar a severidade, apresentando severidade média estimada inferior à do controle negativo (T1); no entanto, não diferiu estatisticamente do controle para comparação (T2).
Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos fungicidas e o controle negativo quanto ao índice de brusone em espigas de trigo (Tabela 11, Figura 3C). Entretanto, verificou-se ampla variação na eficiência do controle, que variou de 70,9 (T5) a 5,5% (T6).
Quanto ao rendimento de grãos de trigo em Paranapanema, houve variação de 2.350, nas parcelas do tratamento T2, para 2.929 kg ha-1 nas parcelas do tratamento T3 (Tabela 12, Figura 3D). Apesar dessa variação na produtividade, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos, incluindo o controle negativo (T1). Quanto ao peso do hectolitro, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos (Tabela 13, Figura 3E). Os valores de PH apresentaram variação de 74,6 em T1, a 77,0 kg hL-1, no controle T2.
Conclusões
1) Embora a brusone tenha sido registrada em dois locais, os valores observados não atingiram níveis de dano econômico, corroborando com a baixa intensidade da doença registrada na safra 2024 nesses locais.
2) Essa condição não provocou reduções significativas no rendimento e na qualidade dos grãos no tratamento sem aplicação de fungicida, quando comparados com os demais fungicidas testados.
3) De forma geral, todos os fungicidas avaliados apresentaram redução da brusone nas espigas, com diferentes níveis de controle da doença.
Os resultados de controle de brusone de trigo aqui apresentados servem para comparativo entre alguns produtos fungicidas disponíveis para os produtores, e a utilização de três aplicações sequenciais do mesmo produto não deve ser tomada como indicação de controle. A alternância de fungicidas com mecanismos de ação distintos deve ser observada como regra, para se evitar o surgimento de variantes mais agressivas de patógenos (Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas, 2024).
Confira o Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 130 completo, clicando aqui!
Foto de capa: Flávio Santana
Fonte: Embrapa Trigo
Autor:Embrapa Trigo
Site: Embrapa
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Sustentabilidade
Soja/RS: Área colhida alcançou 99%, produtividade média estimada é de 1.957 kg/ha – MAIS SOJA

A colheita prosseguiu em ritmo menos acelerado, conforme o encerramento do ciclo de lavouras mais tardias, condicionada pela ocorrência de chuvas na Metade Sul do Estado, onde restam cultivos mais extensivos. A área colhida alcançou 99%. Ainda há 1% em maturação. A produtividade média está estimada em 1.957 kg/ha, representando redução de 38,43% nos 3.179 kg/ha projetados antes do início do plantio. As produtividades médias alcançadas variam amplamente entre regiões: de 1.388 kg/ha nas lavouras mais afetadas pela estiagem a 3.225 kg/ha nas menos impactadas.
Nas zonas críticas, principalmente no Centro-Oeste do Estado, além da baixa produtividade, que chegam a 480 kg/ha, os produtores enfrentaram descontos nas cerealistas relacionados a avarias nos grãos e dificuldades em reservar sementes para a próxima safra em razão do estresse fisiológico sofrido pela cultura.
Nas áreas colhidas, onde ocorreu germinação de plantas voluntárias, originadas de sementes remanescentes no solo, observa-se alta incidência de oídio (Erysiphe diffusa), com micélio branco recobrindo a totalidade da superfície foliar dessas plantas, que mantêm o ciclo do patógeno ativo no período entre safras. O fato poderá antecipar a pressão de infecção na próxima safra, especialmente em anos de clima favorável à doença (baixa umidade relativa e temperaturas amenas).
A maior parte das áreas colhidas encontra-se atualmente em pousio, com baixa cobertura vegetal, o que pode aumentar a suscetibilidade à erosão e comprometer a conservação do solo. Alguns produtores aguardam para realizar a implantação de cereais de inverno; outros realizam a de plantas de cobertura ou forrageiras de inverno, como azevém e aveia-preta, com o objetivo de manter a cobertura vegetal.
Em algumas lavouras, estão sendo implantados terraços para controlar a erosão hídrica e promover a conservação do solo. Também foram observadas aplicações de calcário, visando à correção da acidez do solo e à adequação da saturação por bases para o próximo cultivo.
A área plantada no Estado está estimada pela Emater/RS Ascar em 6.770.405 hectares.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, dos 697.310 hectares cultivados restam cerca de 23 mil hectares (3,3%) por colher. A colheita foi concluída em Barra do Quaraí, Maçambará, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, São Gabriel e Uruguaiana. Em São Gabriel, a quebra foi de 50% em relação à estimativa inicial de 2.880 kg/ha. Em Alegrete, o excesso de chuvas, pela segunda semana consecutiva, tem restringido o avanço da colheita, sendo possível o acesso apenas às áreas de coxilhas mais drenadas e solos de textura arenosa. Em São Borja, ainda há cerca de 2% dos 105.000 hectares por colher. As produtividades estão bastante heterogêneas, com médias em torno de 1.080 kg/ha nas áreas de sequeiro e 3.000 kg/ha em áreas irrigadas.
Na Região da Campanha, dos 374.500 hectares cultivados restam cerca de 11 mil hectares por colher (2,94%). O clima no período foi caracterizado por ausência de chuvas e temperaturas amenas, mas a redução do fotoperíodo e a elevada incidência de orvalho têm limitado o tempo efetivo disponível para as operações de colheita. A operação foi concluída em Caçapava do Sul e Candiota. Ainda há áreas de semeadura tardia em Aceguá, Bagé, Dom Pedrito, Hulha Negra e Lavras do Sul, que devem ser colhidas até o final de maio.
Em Hulha Negra, a produtividade média varia em torno de 1.800 kg/ha. Em razão desse desempenho, aliado aos preços pouco atrativos da soja, muitos produtores enfrentarão dificuldades para quitar os compromissos da safra atual, especialmente os que possuem custos com arrendamento e dívidas prorrogadas de safras anteriores. Alguns produtores estão avaliando a entrega de maquinários como forma de amortização de dívidas, o que evidencia uma possível retração na área cultivada com a oleaginosa na próxima safra.
Do ponto de vista agronômico, o principal desafio da safra foi o controle de plantas daninhas, que exigiu elevado investimento em herbicidas. Ainda assim, observam-se áreas com infestação severa e perdas estimadas em até 5 sc./ha por matocompetição. Além das espécies já recorrentes na região, surgiram os primeiros relatos de infestação por vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata), ampliando o espectro de plantas invasoras e, consequentemente, os custos operacionais com o manejo químico. As lavouras localizadas no sul do município apresentaram os melhores desempenhos produtivos, confirmando os relatos de produtores de Aceguá, que registraram médias em torno de 2.280 kg/ha. Diversas áreas superaram 2.700 kg/ha, localizadas em 20 municípios da região administrativa de abrangência da Emater/RS-Ascar.
A colheita foi concluída nas regiões administrativas de Caxias do Sul, de Frederico Westphalen, de Passo Fundo e de Soledade.
Na de Erechim, ainda há algumas áreas a serem colhidas, mas sem expressão estatística. Na de Ijuí, há pouco mais de 1% por colher, correspondente a lavouras de segundo cultivo, implantadas após a colheita do milho. Na de Santa Maria, a colheita foi encerrada na maior parte dos municípios, restando pequenas áreas, sem relevância estatística.
Na de Pelotas, a colheita alcançou 95% da área, e 5% estão em maturação fisiológica e prontas para a colheita. Os municípios com maior proporção de áreas remanescentes são Jaguarão (25%), Rio Grande (20%) e Santa Vitória do Palmar (17%).
Na de Santa Rosa, a colheita atingiu 98% da área cultivada. Restam lavouras semeadas em março.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 1,72%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 121,80 para R$ 119,70.
Confira o Informativo Conjuntural n° 1868 completo, clicando aqui!
Fonte: Emater RS
Autor:Informativo Conjuntural 1868
Site: EMATER/RS
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Sustentabilidade
Milho/RS: Colheita alcançou 95%, produtividade média estimada para o estado é de 6.857 kg/ha – MAIS SOJA

A colheita de milho no período evoluiu apenas 1%, alcançando 95%. Embora as precipitações tenham limitado momentaneamente a colheita, não há atrasos, uma vez que algumas lavouras, estabelecidas em cultivos tardios ou de safrinha, ainda não completou seu ciclo, e outra parcela permanece armazenada a campo para uso escalonado nas propriedades.
Ainda há 3% de lavouras maduras ou em maturação e 2% em enchimento de grãos. A reposição de umidade e as temperaturas amenas, com elevação às tardes, têm favorecido o desenvolvimento do milho tardio, cultura fortemente dependente da acumulação de graus-dia. O aspecto geral dos cultivos está dentro da normalidade, com bom potencial produtivo.
A produtividade no Estado está estimada pela Emater/RS-Ascar em 6.857 kg/ha, representando redução de 3,6% em relação à projeção inicial de 7.116 kg/ha, realizada antes do início do plantio. A área cultivada está estimada 706.909 hectares.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita ocorre ainda na Região da Campanha, e o avanço foi limitado pela predominância do cultivo para autoconsumo. Em algumas propriedades, utilizam-se colhedoras destinadas à soja, o que resulta em perdas significativas. Além disso, persiste a prática da colheita manual, realizada de forma escalonada, conforme a demanda por alimentação animal. Em Caçapava do Sul, a colheita alcança 80% de 1.500 hectares cultivados; em Hulha Negra, 25% de 1.600 ha; em Lavras do Sul, 15% de 200 ha; e em Candiota, 10% de 900 ha.
Na de Caxias do Sul, a colheita supera 90%. O restante corresponde a áreas que ainda não atingiram o ponto ideal de colheita, ou que tradicionalmente são deixadas por mais tempo a campo para serem colhidas, quando o teor de umidade do grão está próximo de 14%, ponto ideal para o armazenamento na propriedade.
Na de Pelotas, a colheita atinge 70%; 24% estão em maturação fisiológica; e 6% em enchimento de grãos.
Na de Santa Rosa, 95% foram colhidos; 3% estão em maturação; 2% em enchimento de grãos. As lavouras de safrinha apresentam bom estado fitossanitário e perspectivas favoráveis de produtividade.
Na de Soledade, 78% da área foi colhida. A maior parte dos cultivos remanescentes encontra-se nas fases de enchimento de grãos (13%), e 9% em maturação fisiológica.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 1,70%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 65,48 para R$ 64,37.
Confira o Informativo Conjuntural n° 1868 completo, clicando aqui!
Fonte: Emater RS
Autor:Informativo Conjuntural 1868
Site: EMATER RS
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