Sustentabilidade
Eficiência de fungicidas para manchas foliares do trigo na Rede de Ensaios Cooperativos, safra 2024 – MAIS SOJA

Resumo
A cultura do trigo (Triticum aestivum) é afetada por um grupo de fungos causadores de manchas foliares, entre os quais se destacam Pyrenophora tritici-repentis (mancha-amarela), Cochliobolus sativus (mancha-marrom) e Parastagonospora nodorum (mancha da gluma). Esses patógenos podem ocorrer de forma isolada ou conjunta, causando perdas de produtividade. O objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes fungicidas para o controle de manchas foliares do trigo no Brasil, através de uma rede multilocal de ensaios cooperativos. Na safra de 2024, foram conduzidos 14 ensaios (sete no Rio Grande do Sul, cinco no Paraná, um em Minas Gerais e um no Distrito Federal), sob infecção natural em campo. Nos ensaios, foram usadas cultivares com diferentes reações de resistência/suscetibilidade às manchas foliares e adaptadas às regiões do ensaio. Os tratamentos fungicidas englobaram diferentes princípios ativos, associados num mesmo produto e/ou em combinação de mais de um produto comercial. Todos os fungicidas testados, nas condições dos ensaios, com três aplicações sequenciais, demonstraram eficácia no controle de manchas foliares no trigo, com destaque para o produto contendo propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem.
Introdução
As manchas foliares do trigo causadas por um grupo de fungos, entre os quais se destacam Pyrenophora tritici-repentis (mancha-amarela), Cochliobolus sativus (mancha-marrom) e Parastagonospora nodorum (syn. Stagonospora nodorum, mancha da gluma), afetam a cultura, levando a perdas significativas de produtividade e de qualidade dos grãos. Esses patógenos podem ocorrer de forma isolada ou compondo o complexo de manchas foliares, quando incidem de forma conjunta na mesma planta e/ou na mesma folha. Sintomas com lesões necróticas são observados no tecido foliar, geralmente com halo clorótico. Em cultivares suscetíveis, ocorre expansão das lesões, que reduzem a área fotossintética ativa da folha afetada, intensificando os danos e as perdas. Comumente, são as primeiras doenças observadas nas lavouras devido à alta habilidade saprofítica, com capacidade de sobrevivência em sementes, em restos culturais (entre uma safra e outra) e em outros hospedeiros, como centeio e triticale (Lau et al., 2020; Maciel et al., 2020).
A mancha-amarela do trigo é, preponderante no complexo de manchas foliares, mais frequente e intensa nas lavouras na Região Sul do Brasil. A mancha-marrom, de ocorrência predominante no norte do Paraná ao Centro-Oeste brasileiro, destaca-se por seu agente patogênico ser mais frequentemente associado às sementes de trigo, enquanto que a mancha da gluma é de menor incidência no Brasil e com maior importância nos Estados Unidos e Austrália (Bertagnolli, 2018; Lau et al., 2020; Maciel et al., 2020).
Anos com precipitações pluviais após semeadura e volumes de chuvas frequentes nas primeiras fases de desenvolvimento do trigo favorecem o aparecimento de manchas foliares. Essa situação pode se agravar se for associada à ausência de tratamento de sementes e ao uso de áreas de monocultura de trigo. No caso de uso de cultivares com suscetibilidade à doença, submetidas a condições climáticas favoráveis, é indispensável o controle químico com aplicações de fungicidas. O controle químico tem a f inalidade de minimizar os danos nas folhas, diminuindo a formação de novas lesões e sua expansão, que podem acarretar em perda de folhas e reduções de produtividade. As estratégias de controle disponíveis atualmente são: diversificação de culturas, uso de cultivares com resistência, uso de sementes sadias e/ou tratamento de sementes, equilíbrio nutricional da planta (evitando deficiência de nitrogênio) e aplicação de fungicidas na parte aérea (Lau et al., 2020; Kuhnem et al., 2021).
A Rede de Ensaios Cooperativos de Trigo reúne diversas instituições de pesquisa e empresas, públicas e privadas, para condução de ensaios de campo com o objetivo de avaliar a eficiência de fungicidas (registrados ou em fase de registro no Ministério da Agricultura e Pecuária – Mapa) em relação ao controle do complexo de manchas foliares, sob infecção natural, nas principais regiões tritícolas do Brasil, em cada safra. A primeira publicação para o controle de manchas foliares foi realizada nas safras 2018 e 2019 (Santana et al., 2021). Desde então, seguiram as publicações das safras 2020 e 2021 (Santana et al., 2024), 2022 (Ferreira et al., 2023) e 2023 (Ferreira et al., 2024). Este documento relata os resultados obtidos nos ensaios cooperativos para controle de manchas foliares de trigo com uso de fungicidas, na safra de 2024.
Os resultados do estudo estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2 e 12 da ONU, pois permitem a escolha de fungicidas mais eficientes no controle de manchas foliares do trigo e a diminuição das perdas das lavouras em decorrência dessa doença. Além disso, possibilitam preservar a renda do produtor e a produtividade da cultura do trigo.
Material e métodos
Na safra de 2024 foram conduzidos 14 ensaios de eficiência de fungicidas para controle de manchas foliares em trigo (sete no Rio Grande do Sul, cinco no Paraná, um em Minas Gerais e um no Distrito Federal) (Figura 1), fazendo uso de cultivares com resistência/suscetibilidade variada às manchas foliares e adaptadas às regiões dos ensaios (Tabela 1). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com nove tratamentos e quatro repetições por tratamento. A área total mínima da parcela experimental foi de 11 m2, com espaçamento entre linhas de 0,17 m e densidade de semeadura de 300 a 350 sementes viáveis m2. Quando necessário, de acordo com as estratégias de manejo de cada local, as sementes foram tratadas com inseticida sistêmico imidacloprido + tiodicarbe (300 mL 100 kg-1 sementes) antes da semeadura. A adubação foi realizada conforme Informações Técnicas para Trigo e Triticale, safras 2024 e 2025 (Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, 2024).
Nos ensaios, foram utilizados tratamentos com fungicidas com distintos ingredientes ativos de diferentes grupos químicos (Tabela 2). Além destes tratamentos, os ensaios contaram com um controle negativo (T1), sem aplicação de fungicida para a doença alvo, e um controle para comparação, com trifloxistrobina + tebuconazol (T2).
Foram realizadas três aplicações sequenciais de fungicidas, sendo a primeira no estádio 31 (primeiro nó visível e segundo nó perceptível — alongamento), a segunda no estádio 49 (folha bandeira totalmente expandida — fim do emborrachamento), e a terceira no estádio 55 (com 25% de florescimento), pela escala de Zadoks et al. (1974), respeitando-se intervalo de, no mínimo, 12 dias e, no máximo, 18 dias. As pulverizações foram realizadas com pulverizador de precisão com pressão constante, volume de calda de 150 L ha-1 e espectro de gotas médias a finas. Fungicidas com Registro Especial Temporário (RET) para experimentação foram utilizados apenas nas empresas credenciadas junto ao Mapa (Tabela 1).
A avaliação da severidade das doenças, na folha bandeira (FB) e na folha bandeira-1 (FB-1), foi realizada seguindo a escala adaptada de Lamari e Bernier (1989) em todas as plantas das três linhas centrais de cada parcela experimental. Para acompanhamento da evolução das doenças, foram realizadas duas avaliações de sintomas: a primeira aos 14 dias após a segunda aplicação de fungicidas, e a segunda, aos 14 dias após a terceira aplicação de fungicidas. A porcentagem de severidade observada 14 dias após a terceira aplicação foi utilizada para análise estatística multilocais. Foi realizada análise estatística e demonstração na forma de diagrama ‘boxplot’.
O rendimento de grãos (kg ha-1) de cada parcela foi estimado com ajuste a 13% de umidade, sendo a área mínima de colheita de 4 m2. A amostragem foi no centro de cada parcela ao final do ciclo da cultura e foi usado para o cálculo de rendimento e do peso do hectolitro (PH).
Os dados foram analisados utilizando-se modelos lineares mistos para avaliar o efeito dos tratamentos fungicidas nas variáveis-resposta: severidade, rendimento e peso do hectolitro (PH) de grãos. Os modelos incluíram efeitos fixos, associados aos tratamentos fungicidas, e efeitos aleatórios para capturar as fontes de variação atribuídas aos blocos, locais e cultivares. Quando necessário, as variáveis-resposta foram transformadas para atender às premissas de normalidade e homogeneidade das variâncias. A comparação das médias estimadas de severidade, rendimento e PH entre os tratamentos foi realizada por meio do teste de Tukey, com nível de significância de 5%. O controle das manchas foliares foi calculado como o percentual de redução da severidade em relação ao tratamento sem aplicação de fungicida (Tratamento 1, controle negativo), utilizando-se a seguinte fórmula:
Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software R (R Core Team, 2024).
Resultados e discussão
Análise das parcelas sem aplicação de fungicidas: a ocorrência natural de manchas foliares em trigo foi registrada em 12 dos 14 locais avaliados, considerando-se as parcelas do tratamento 1, sem aplicação de fungicidas (Tabela 3). Em Cafelândia, não foram observados sintomas, enquanto que, em Capão do Leão, a condução final do experimento foi inviabilizada por condições ambientais desfavoráveis na safra de 2024. A severidade das manchas foliares variou de 1,6% (Planaltina) a 50,0% (Coxilha), com média aritmética geral de 21,0%. Os locais onde as doenças foliares tiveram severidade acima da média geral foram Ponta Grossa (E7), Coxilha (E9), Jaboticaba (E11) e Passo Fundo (E12 e E13). Ponta Grossa e Jaboticaba também estiveram entre os municípios que apresentaram severidade acima da média (28,6%) observado na safra de 2023 (Ferreira et al., 2024).
A média do peso do hectolitro (PH) dos grãos de trigo foi de 69,2 kg hL⁻¹, variando entre 51,1 em Ponta Grossa e 79,8 kg hL⁻¹ em Passo Fundo (E13). Grãos obtidos nos ensaios conduzidos nos municípios de Cafelândia, Guarapuava, Palmeira, Ponta Grossa, Cruz Alta e Passo Fundo (E12) apresentaram PH médio inferior a 72 kg hL⁻¹, sendo classificados como fora do padrão comercial (fora do tipo). Nos municípios de Jaboticaba e Campo Mourão, os grãos apresentaram PH médio de 72 e de 73,8 kg hL⁻¹, respectivamente, sendo classificados como Tipo III. Já os grãos produzidos em Planaltina, Coxilha e Santa Bárbara do Sul apresentaram PH entre 75 e 78 kg hL⁻¹, classificados como Tipo II, destinados principalmente à moagem e outras finalidades. Por outro lado, grãos destinados diretamente à alimentação humana foram obtidos somente no município de Passo Fundo (E13), com PH médio superior a 78 kg hL⁻¹, o mínimo exigido para a classificação como Tipo I (Brasil, 2010).
Os dois ensaios conduzidos em Passo Fundo (E12 e E13) apresentaram discrepâncias significativas na classificação dos grãos, possivelmente relacionadas a fatores como condições específicas da cultivar utilizada, áreas experimentais e ocorrência de doenças. No entanto, a influência de manchas foliares sobre o PH foi descartada, visto que a severidade dessas doenças foi numericamente maior no E13, embora os grãos dessa área tenham obtido a melhor classificação. Em contrapartida, a ocorrência severa de outras doenças, como giberela e brusone, nesses ensaios, podem ter impactado diretamente o PH dos grãos. Estas doenças, que acometem as espigas, estão fortemente associadas ao desenvolvimento inadequado ou limitado dos grãos, mesmo em locais onde a severidade das manchas foliares foi relativamente baixa (Ferreira et al., 2024).
O rendimento médio de grãos foi de 2.538 kg ha⁻¹, com valores variando de 463 em Ijaci (MG), a 5.493 kg ha⁻¹, em Passo Fundo (E13, RS). Não foi observada relação consistente entre a ocorrência de doenças e o rendimento de grãos. Por exemplo, no ensaio E1, conduzido em Planaltina, a baixa produtividade não foi acompanhada por alta severidade de manchas foliares. Ademais, ensaios com altas produtividades, como em Passo Fundo, apresentaram severidade de manchas foliares superior a 25%. Esses resultados corroboram observações feitas na safra de 2023, na Rede de Ensaios Cooperativos de Trigo (Ferreira et al., 2024). Portanto, a avaliação da relação entre a severidade das manchas foliares e o rendimento do trigo em diferentes regiões deve levar também em conta os fatores ambientais e as práticas de manejo agrícola que influenciaram essas interações.
Análise das parcelas com e sem fungicida: a análise da eficácia dos fungicidas não incluiu os ensaios realizados em Cafelândia (ausência da doença) e em Capão do Leão (perda do experimento). Nos demais locais, observou-se que todos os fungicidas testados foram capazes de reduzir a severidade de manchas foliares no trigo, com valores variando de 3,7% para o tratamento à base de propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem (T8) a 8,4% no controle para comparação (T2 – trifloxistrobina + tebuconazol) e comparação ao controle negativo sem aplicação de fungicidas (T1) com 18,9% de severidade (Figura 2A, Tabela 4). A eficácia dos fungicidas oscilou entre 55,6% (T2) e 80,5% (T8, propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem). Entre os fungicidas avaliados, o tratamento T7 à base de pidiflumetofem e azoxistrobina + ciproconazol, e o T8, à base de propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem, foram os mais eficazes no controle da doença, superando significativamente todos os outros tratamentos, exceto o tratamento T6, composto por epoxiconazol + cresoxim-metílico e piraclostrobina + epoxiconazol. O desempenho estatisticamente similar entre os tratamentos T7 e T8 pode ser atribuído ao uso de dois ingredientes ativos em comum, diferindo apenas em um componente. O controle positivo (T2) apresentou desempenho inferior em relação a todos os tratamentos fungicidas testados. Apesar da diferença estatística entre os tratamentos fungicidas, todos apresentaram severidade menor que 8%.
A associação de dois produtos comerciais no tratamento T7 também demonstrou maior eficácia no controle da doença em comparação com os tratamentos T5, T3 e T2. No entanto, o tratamento T7 não apresentou diferença estatística dos tratamentos T4 e T6. O controle para comparação, representado pelo tratamento T2, apresentou desempenho inferior em relação à maioria dos tratamentos testados, exceto ao tratamento T5. Apesar da diferença estatística entre os tratamentos fungicidas, todos apresentaram severidade menor que 8,4%.
O rendimento médio estimado de grãos de trigo nas parcelas sem aplicação de fungicidas foi de 2.100 kg ha⁻¹, valor significativamente inferior ao observado nas parcelas tratadas com fungicidas (Figura 2B, Tabela 5). Nas parcelas tratadas, o rendimento médio variou entre 2.546 kg ha⁻¹, no tratamento T2, e 2.898 kg ha⁻¹ no tratamento T3, resultando em incrementos de produtividade que variaram de 440 a 792 kg ha⁻¹. Observou-se que as parcelas que apresentaram os maiores rendimentos não coincidiram com aquelas que registraram a menor severidade de manchas foliares, o que sugere que outros fatores, além da severidade, também podem ter contribuído para os resultados de produtividade.
Em relação ao peso do hectolitro (PH), o tratamento T1 apresentou valor médio de 69,8 kg hL⁻¹, significativamente inferior aos valores observados nos tratamentos com aplicação de fungicidas, com exceção do T2 (Figura 2C, Tabela 6). Entre os tratamentos avaliados, apenas T3 e T8 produziram grãos com PHs superiores ao do controle para comparação; entretanto, não diferiram estatisticamente dos tratamentos T4, T5, T6 e T7. Contudo, nenhuma das médias estimadas atingiu valores superiores a 75 kg hL⁻¹, limiar necessário para a classificação no Grupo II (Brasil, 2010).
Conclusões
1) Todos os fungicidas testados demonstraram eficácia no controle de manchas foliares no trigo, com destaque para os produtos contendo propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem e pidif lumetofem e azoxistrobina + ciproconazol, que superaram os 76,7%.
2) Além de proporcionarem controle superior da doença, nos tratamentos com esses fungicidas foram observados maiores rendimento de grãos e PH. No entanto, apesar desse desempenho específico, não foi observada relação direta entre a severidade das manchas foliares e o rendimento de grãos nos tratamentos testados.
3) A falta de relação entre rendimento de grãos e severidade de doenças foliares em trigo sugere que outros fatores, como doenças que afetam diretamente as espigas, ou condições ambientais específicas, podem ter desempenhado papel relevante na determinação do rendimento.
Os resultados de controle de manchas foliares de trigo aqui apresentados servem para comparativo entre alguns produtos fungicidas disponíveis para os produtores ou ainda em fase de registro, e a utilização de três aplicações sequenciais do mesmo produto não deve ser tomada como indicação de controle. A alternância de fungicidas com mecanismos de ação distintos deve ser observada como regra, para se evitar o surgimento de variantes mais agressivas de patógenos (Resumo…, 2025).
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Foto de capa: Antunes, Joseani Mesquita
Fonte: Embrapa Trigo
Autor:Embrapa Trigo
Site: Embrapa
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Eficiência de fungicidas para o controle da brusone do trigo na Rede de Ensaios Cooperativos, safra 2024 – MAIS SOJA

Resumo
A brusone do trigo (Triticum aestivum) é uma das principais doenças da cultura, especialmente nas áreas tritícolas do Brasil Central e nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul. Causada pelo fungo Pyricularia oryzae Cavara, tem como condições favoráveis os períodos de chuvas constantes, temperatura entre 24 a 28 ºC e umidade relativa do ar acima de 90%, associados ao estádio de espigamento do trigo. Para evitar danos ao rendimento da cultura, o manejo da doença é fundamental. As principais estratégias de controle são o manejo integrado da doença, com o uso de cultivares resistentes, de sementes sadias, tratamento de sementes, semeadura em época adequada, adubação equilibrada e aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas. O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes fungicidas para o controle de brusone da espiga de trigo em ensaios cooperativos padronizados, na safra 2024, em Palmeira, PR, e Paranapanema, SP, utilizando-se uma cultivar por local, com diferentes reações de resistência/suscetibilidade à brusone. Os ingredientes ativos testados foram: trifloxistrobina; tebuconazol; mancozebe; azoxistrobina; f lutriafol; e tiofanato-metílico, sozinhos ou em misturas. A doença foi registrada nos dois locais avaliados, em baixa intensidade, sem causar dano econômico. Todos os fungicidas avaliados causaram redução da brusone nas espigas, em diferentes níveis de controle da doença.
Introdução
A brusone do trigo (Triticum aestivum), causada pelo fungo Pyricularia oryzae Cavara, é uma das principais doenças da cultura, especialmente em áreas tritícolas do Brasil Central, por limitar a produção de grãos e o avanço da triticultura para regiões de clima tropical (Santana et al., 2019). No entanto, também tem sido relevante nos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, com ocorrência e severidade expressivas. As condições climáticas desempenham função determinante na intensidade e dimensão dos danos causados pela brusone nas lavouras de trigo, podendo chegar até 100%. Períodos de chuvas constantes, de temperatura entre 24 a 28 ºC e alta umidade relativa do ar (> 90%) são favoráveis ao desenvolvimento da doença e, se associados ao estádio de espigamento do trigo, os danos podem ser elevados, principalmente em cultivares mais suscetíveis (Torres et al., 2022; Maciel et al., 2024).
Os sintomas da doença podem aparecer nas folhas na forma de lesão elíptica no sentido das nervuras, de coloração que varia de branco a marrom claro no centro, com margens variando de cinza escuro a marrom avermelhadas e, com o avanço da doença, progride para coloração enegrecida. No entanto, a ocorrência mais comum é nas espigas, onde a infecção é extremamente destrutiva, pois o patógeno provoca o estrangulamento da ráquis, caracterizado pelo surgimento de lesão preta e consequente branqueamento e secamento da espiga a partir do ponto de infecção, inviabilizando o enchimento dos grãos (Lau et al., 2020; Torres et al., 2022).
O controle da brusone está relacionado ao manejo integrado de doenças, com adoção de medidas como uso de cultivares resistentes, uso de sementes sadias, tratamento de sementes, semeadura em época adequada, adubação equilibrada e aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas (Lau et al., 2020).
A Rede de Ensaios Cooperativos de Trigo para controle de doenças reúne diversas instituições de pesquisa e empresas públicas e privadas com o objetivo de avaliar a eficiência de produtos registrados ou em fase de registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os ensaios padronizados de campo iniciaram na safra 2011 e, desde então, vêm sendo conduzidos para avaliar a eficiência de fungicidas no controle de brusone, sob infecção natural, nas principais regiões produtoras de trigo do Brasil (Santana et al., 2021). Considerando o controle químico como estratégia auxiliar no manejo de doenças, este documento relata os resultados obtidos nos ensaios cooperativos para controle de brusone de trigo na espiga, com uso de fungicidas, na safra 2024.
Os resultados do estudo estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU): ODS 2 (Fome zero e agricultura sustentável) e ODS 12 (Consumo e produção responsáveis), uma vez que, contribuirão na escolha de fungicidas mais eficientes no controle de brusone do trigo, proporcionando diminuição das perdas nas lavouras ocasionadas por essa doença.
Material e métodos
Na safra de 2024 foram conduzidos três ensaios, distribuídos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (Figura 1), com datas de semeadura que variaram de março a maio. As cultivares utilizadas são indicadas para cultivo nos locais onde os ensaios foram conduzidos e apresentam reações de resistência (R), moderada resistência (MR) e moderada suscetibilidade (MS) à brusone – Tabela 1; (REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE, 2024).
Nos ensaios foram utilizados tratamentos com fungicidas de diferentes grupos químicos, isolados, em misturas formuladas e/ou associados (Tabela 2). Além desses, o ensaio contou com um controle negativo (que recebeu aplicações apenas para controle de manchas foliares, até o florescimento, e não recebeu aplicação de fungicida para a doença alvo) e um controle para comparação (trifloxistrobina + tebuconazol), utilizado como tratamento comparativo de eficiência entre os fungicidas.
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições para cada tratamento, e área total mínima da parcela experimental de 12 m2, com espaçamento entre as linhas de semeadura de 0,17 m e densidade de semeadura de 300 a 350 sementes viáveis por metro quadrado. Dependendo da necessidade e de acordo com as estratégias de manejo de cada local, as sementes foram tratadas com imidacloprido + tiodicarbe (300 mL 100 kg-1 semente) e triadimenol (250 mL 100 kg-1 semente) antes da semeadura. O controle de doenças foliares foi realizado com aplicação de fungicidas, inclusive no tratamento controle negativo, conforme necessidade, seguindo as orientações das Informações Técnicas para Trigo e Triticale, safra 2024 & 2025 (REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2024).
Foram realizadas três aplicações sequenciais dos fungicidas (tratamentos), sendo a primeira no início da floração (com 25% das espigas totalmente expostas), e as demais em intervalos de 7 a 10 dias. As aplicações foram realizadas com pulverizador de precisão, com pressão constante, ponta 110:02 duplo leque sem indução de ar e vazão de 200 L ha-1. Tratamentos com produtos com Registro Especial Temporário (RET) para experimentação foram realizados apenas nas empresas credenciadas junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) (Tabela 1).
Quando as plantas atingiram a fase de “grãos em massa mole”, estádio 85 da escala de Zadoks et al. (1974), as espigas foram colhidas em um metro linear de cada uma das três linhas de semeadura centrais da parcela, totalizando três metros totais de linha para avaliação da brusone. Das espigas colhidas, foram selecionadas, ao acaso, 100 espigas. Cada espiga foi analisada visualmente e classificada como sintomática (pelo menos uma espigueta com sintoma da doença) ou assintomática; a incidência (I) da doença foi avaliada com base no percentual de espigas sintomáticas. Cada espiga sintomática foi avaliada quanto à severidade (S), estimada visualmente, seguindo a escala específica descrita por Maciel et al. (2013). O índice de doença (ID) foi obtido pela fórmula: 𝐼𝐷=(𝑆×𝐼) 100
em que
ID = Índice de doença.
S = Severidade.
I = Incidência.
O rendimento de grãos (kg ha-1) de cada parcela foi estimado, com ajuste a 13% de umidade, sendo a área mínima de colheita de 4 m2, amostrada no centro de cada parcela ao final do ciclo da cultura, e o peso do hectolitro (PH) de cada parcela foi determinado.
Para análise estatística, os dados foram analisados utilizando-se modelos lineares mistos para avaliar o efeito dos tratamentos fungicidas nas variáveis-resposta: severidade, incidência, índice da doença, rendimento e peso hectolitro (PH) de grãos. Os modelos incluíram efeitos fixos associados aos tratamentos fungicidas e efeitos aleatórios para capturar as fontes de variação atribuídas aos blocos. Quando necessário, as variáveis-resposta foram transformadas para atender às premissas de normalidade e homogeneidade das variâncias. A comparação das médias estimadas de severidade, rendimento e PH entre os tratamentos foi realizada por meio do teste de Tukey, com nível de significância de 5%. O controle da doença foi calculado como o percentual de redução da incidência, severidade e índice em relação ao tratamento sem aplicação de fungicida (Tratamento 2, controle negativo), utilizando-se a seguinte fórmula:
Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o software R (R Core Team, 2024).
Resultados e discussão
Ocorrência de brusone: a ocorrência natural de brusone nas espigas de trigo foi observada em dois dos três municípios onde os ensaios foram conduzidos (Tabela 3). Em Cafelândia, PR, não foram registrados sintomas da doença. Em contraste, em Paranapanema, SP, a doença manifestou-se com severidade de 18,9%, incidência de 28,5% e índice de brusone de 5,4%. Nesse município, as parcelas apresentaram grãos com PH médio de 74,6 kg hL-1 e rendimento de 2.356 kg ha-1. Em Palmeira, PR, a severidade foi de 10,1%, incidência de 15,8% e índice de brusone de 1,6%, com grãos de PH médio de 72,7 kg hL-1 e rendimento de 2.035 kg ha-1.
As parcelas de Cafelândia (E2), onde a brusone não foi observada, apresentaram o maior rendimento, porém a qualidade dos grãos foi comprometida, com PH médio de 63,0 kg hL-1. Nenhuma das parcelas apresentou grãos com PH superior a 72 kg hL-1, o que os classificou como fora do padrão comercial (fora do tipo) (Brasil, 2010). Os resultados indicam que outros fatores, que não a ocorrência de brusone, como fatores climáticos e de manejo, afetaram o desenvolvimento adequado dos grãos.
Eficiência dos fungicidas: para a análise da eficiência dos fungicidas, o ensaio conduzido em Cafelândia, que não apresentou sintomas de brusone, foi excluído das avaliações. Os ensaios dos locais Paranapanema e Palmeira foram analisados separadamente, uma vez que os tratamentos envolvendo fungicidas com Registro Especial Temporário (RET) foram conduzidos apenas em Palmeira, não sendo possível realizar análise estatística conjunta dos dois locais.
Resultados em Palmeira, PR: todos os fungicidas avaliados foram eficazes na redução da incidência de brusone nas espigas, em comparação com o controle negativo (T1, sem aplicação de fungicidas) (Tabela 4, Figura 2A). Neste tratamento, a incidência média foi de 15,8%, enquanto que, nos tratamentos com fungicidas; a incidência variou de 3,5% (T6) a 6,5% (T3). A eficiência dos tratamentos variou entre 58,8 e 77,7%.
A brusone apresentou baixa severidade neste local, com média estimada de 10,1% no controle negativo (T1) (Tabela 5, Figura 2B). Nos tratamentos com fungicidas, a severidade média estimada variou de 0,7% para o tratamento T6, a 4,0% para T3 e o controle T2. A eficiência de controle variou de 93,1 a 60,4%. Todos os fungicidas foram eficazes no controle da severidade, destacando-se as melhores eficiências de controle os tratamentos T5, T8 e T6, com valores acima de 89%.
Ao combinar incidência e severidade para calcular o índice da doença, os resultados mostraram que todos os tratamentos fungicidas foram eficazes no controle da doença (Tabela 6, Figura 2C). Entre os tratamentos avaliados, T5, T6 e T8 destacaram-se como mais eficientes em comparação a T2 e T3.
Em Palmeira, o rendimento de grãos de trigo nas parcelas variou entre 2.035, sem aplicação de fungicida, e 2.609 kg ha-1 no tratamento T6 (Tabela 7, Figura 2D). Entre os tratamentos fungicidas, o aumento de produtividade em relação ao controle negativo (T1) variou de 198, no tratamento T3, a 574 kg ha-1 no tratamento T6. O tratamento T6 apresentou rendimento equivalente ao T5 e ao T8, sendo superior aos demais fungicidas avaliados. As parcelas dos tratamentos T5 e T8 apresentaram produtividade significativamente maior apenas em relação aos tratamentos T3, T2 e T1. Além disso, não foi observada diferença significativa no rendimento entre os tratamentos T3, T2 e T1. Esses resultados sugerem que fungicidas contendo apenas tebuconazol ou a combinação trifloxistrobina + tebuconazol podem não ter proporcionado controle eficaz da brusone, doença que impacta diretamente a produtividade, contribuindo para a menor produção observada no município.
Diferenças significativas para a variável PH foram observadas neste ensaio (Tabela 8, Figura 2E). Os valores de PH variaram de 72,7 no controle T1, a 75,9 kg hL-1 no tratamento T6, que apresentou PH estatisticamente semelhante ao T5 e ao T8, sendo superior aos demais tratamentos. Os fungicidas contendo apenas tebuconazol ou a combinação trifloxistrobina + tebuconazol foram os únicos que não diferiram significativamente do controle negativo (T1).
Cabe ressaltar que, em Palmeira, a pressão da doença foi considerada baixa, e esse cenário pode ser diferente em condições de alta pressão da brusone. Dessa forma, destaca-se a importância da condução de novos ensaios nos próximos anos, realizados pela Rede de Ensaios Cooperativos de Trigo para controle da brusone, a fim de gerar maior robustez nos resultados.
Resultados em Paranapanema, SP: a incidência média no controle negativo (T1) foi de 28,5% (Tabela 9, Figura 3A). Nos tratamentos com fungicidas, a incidência variou de 17,2 (T5) a 28,1% (T6). Contudo, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos, neste local.
A severidade média observada no controle negativo (T1) foi de 18,9% (Tabela 10, Figura 3B). Nos tratamentos com fungicidas, a severidade variou de 8,7, para (T5), a 18,5% para (T6). Entre os tratamentos, apenas a combinação tebuconazol e mancozebe (T5) foi eficaz em controlar a severidade, apresentando severidade média estimada inferior à do controle negativo (T1); no entanto, não diferiu estatisticamente do controle para comparação (T2).
Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos fungicidas e o controle negativo quanto ao índice de brusone em espigas de trigo (Tabela 11, Figura 3C). Entretanto, verificou-se ampla variação na eficiência do controle, que variou de 70,9 (T5) a 5,5% (T6).
Quanto ao rendimento de grãos de trigo em Paranapanema, houve variação de 2.350, nas parcelas do tratamento T2, para 2.929 kg ha-1 nas parcelas do tratamento T3 (Tabela 12, Figura 3D). Apesar dessa variação na produtividade, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos, incluindo o controle negativo (T1). Quanto ao peso do hectolitro, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos (Tabela 13, Figura 3E). Os valores de PH apresentaram variação de 74,6 em T1, a 77,0 kg hL-1, no controle T2.
Conclusões
1) Embora a brusone tenha sido registrada em dois locais, os valores observados não atingiram níveis de dano econômico, corroborando com a baixa intensidade da doença registrada na safra 2024 nesses locais.
2) Essa condição não provocou reduções significativas no rendimento e na qualidade dos grãos no tratamento sem aplicação de fungicida, quando comparados com os demais fungicidas testados.
3) De forma geral, todos os fungicidas avaliados apresentaram redução da brusone nas espigas, com diferentes níveis de controle da doença.
Os resultados de controle de brusone de trigo aqui apresentados servem para comparativo entre alguns produtos fungicidas disponíveis para os produtores, e a utilização de três aplicações sequenciais do mesmo produto não deve ser tomada como indicação de controle. A alternância de fungicidas com mecanismos de ação distintos deve ser observada como regra, para se evitar o surgimento de variantes mais agressivas de patógenos (Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas, 2024).
Confira o Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 130 completo, clicando aqui!
Foto de capa: Flávio Santana
Fonte: Embrapa Trigo
Autor:Embrapa Trigo
Site: Embrapa
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Sustentabilidade
Soja/RS: Área colhida alcançou 99%, produtividade média estimada é de 1.957 kg/ha – MAIS SOJA

A colheita prosseguiu em ritmo menos acelerado, conforme o encerramento do ciclo de lavouras mais tardias, condicionada pela ocorrência de chuvas na Metade Sul do Estado, onde restam cultivos mais extensivos. A área colhida alcançou 99%. Ainda há 1% em maturação. A produtividade média está estimada em 1.957 kg/ha, representando redução de 38,43% nos 3.179 kg/ha projetados antes do início do plantio. As produtividades médias alcançadas variam amplamente entre regiões: de 1.388 kg/ha nas lavouras mais afetadas pela estiagem a 3.225 kg/ha nas menos impactadas.
Nas zonas críticas, principalmente no Centro-Oeste do Estado, além da baixa produtividade, que chegam a 480 kg/ha, os produtores enfrentaram descontos nas cerealistas relacionados a avarias nos grãos e dificuldades em reservar sementes para a próxima safra em razão do estresse fisiológico sofrido pela cultura.
Nas áreas colhidas, onde ocorreu germinação de plantas voluntárias, originadas de sementes remanescentes no solo, observa-se alta incidência de oídio (Erysiphe diffusa), com micélio branco recobrindo a totalidade da superfície foliar dessas plantas, que mantêm o ciclo do patógeno ativo no período entre safras. O fato poderá antecipar a pressão de infecção na próxima safra, especialmente em anos de clima favorável à doença (baixa umidade relativa e temperaturas amenas).
A maior parte das áreas colhidas encontra-se atualmente em pousio, com baixa cobertura vegetal, o que pode aumentar a suscetibilidade à erosão e comprometer a conservação do solo. Alguns produtores aguardam para realizar a implantação de cereais de inverno; outros realizam a de plantas de cobertura ou forrageiras de inverno, como azevém e aveia-preta, com o objetivo de manter a cobertura vegetal.
Em algumas lavouras, estão sendo implantados terraços para controlar a erosão hídrica e promover a conservação do solo. Também foram observadas aplicações de calcário, visando à correção da acidez do solo e à adequação da saturação por bases para o próximo cultivo.
A área plantada no Estado está estimada pela Emater/RS Ascar em 6.770.405 hectares.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, dos 697.310 hectares cultivados restam cerca de 23 mil hectares (3,3%) por colher. A colheita foi concluída em Barra do Quaraí, Maçambará, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, São Gabriel e Uruguaiana. Em São Gabriel, a quebra foi de 50% em relação à estimativa inicial de 2.880 kg/ha. Em Alegrete, o excesso de chuvas, pela segunda semana consecutiva, tem restringido o avanço da colheita, sendo possível o acesso apenas às áreas de coxilhas mais drenadas e solos de textura arenosa. Em São Borja, ainda há cerca de 2% dos 105.000 hectares por colher. As produtividades estão bastante heterogêneas, com médias em torno de 1.080 kg/ha nas áreas de sequeiro e 3.000 kg/ha em áreas irrigadas.
Na Região da Campanha, dos 374.500 hectares cultivados restam cerca de 11 mil hectares por colher (2,94%). O clima no período foi caracterizado por ausência de chuvas e temperaturas amenas, mas a redução do fotoperíodo e a elevada incidência de orvalho têm limitado o tempo efetivo disponível para as operações de colheita. A operação foi concluída em Caçapava do Sul e Candiota. Ainda há áreas de semeadura tardia em Aceguá, Bagé, Dom Pedrito, Hulha Negra e Lavras do Sul, que devem ser colhidas até o final de maio.
Em Hulha Negra, a produtividade média varia em torno de 1.800 kg/ha. Em razão desse desempenho, aliado aos preços pouco atrativos da soja, muitos produtores enfrentarão dificuldades para quitar os compromissos da safra atual, especialmente os que possuem custos com arrendamento e dívidas prorrogadas de safras anteriores. Alguns produtores estão avaliando a entrega de maquinários como forma de amortização de dívidas, o que evidencia uma possível retração na área cultivada com a oleaginosa na próxima safra.
Do ponto de vista agronômico, o principal desafio da safra foi o controle de plantas daninhas, que exigiu elevado investimento em herbicidas. Ainda assim, observam-se áreas com infestação severa e perdas estimadas em até 5 sc./ha por matocompetição. Além das espécies já recorrentes na região, surgiram os primeiros relatos de infestação por vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata), ampliando o espectro de plantas invasoras e, consequentemente, os custos operacionais com o manejo químico. As lavouras localizadas no sul do município apresentaram os melhores desempenhos produtivos, confirmando os relatos de produtores de Aceguá, que registraram médias em torno de 2.280 kg/ha. Diversas áreas superaram 2.700 kg/ha, localizadas em 20 municípios da região administrativa de abrangência da Emater/RS-Ascar.
A colheita foi concluída nas regiões administrativas de Caxias do Sul, de Frederico Westphalen, de Passo Fundo e de Soledade.
Na de Erechim, ainda há algumas áreas a serem colhidas, mas sem expressão estatística. Na de Ijuí, há pouco mais de 1% por colher, correspondente a lavouras de segundo cultivo, implantadas após a colheita do milho. Na de Santa Maria, a colheita foi encerrada na maior parte dos municípios, restando pequenas áreas, sem relevância estatística.
Na de Pelotas, a colheita alcançou 95% da área, e 5% estão em maturação fisiológica e prontas para a colheita. Os municípios com maior proporção de áreas remanescentes são Jaguarão (25%), Rio Grande (20%) e Santa Vitória do Palmar (17%).
Na de Santa Rosa, a colheita atingiu 98% da área cultivada. Restam lavouras semeadas em março.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 1,72%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 121,80 para R$ 119,70.
Confira o Informativo Conjuntural n° 1868 completo, clicando aqui!
Fonte: Emater RS
Autor:Informativo Conjuntural 1868
Site: EMATER/RS
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Sustentabilidade
Milho/RS: Colheita alcançou 95%, produtividade média estimada para o estado é de 6.857 kg/ha – MAIS SOJA

A colheita de milho no período evoluiu apenas 1%, alcançando 95%. Embora as precipitações tenham limitado momentaneamente a colheita, não há atrasos, uma vez que algumas lavouras, estabelecidas em cultivos tardios ou de safrinha, ainda não completou seu ciclo, e outra parcela permanece armazenada a campo para uso escalonado nas propriedades.
Ainda há 3% de lavouras maduras ou em maturação e 2% em enchimento de grãos. A reposição de umidade e as temperaturas amenas, com elevação às tardes, têm favorecido o desenvolvimento do milho tardio, cultura fortemente dependente da acumulação de graus-dia. O aspecto geral dos cultivos está dentro da normalidade, com bom potencial produtivo.
A produtividade no Estado está estimada pela Emater/RS-Ascar em 6.857 kg/ha, representando redução de 3,6% em relação à projeção inicial de 7.116 kg/ha, realizada antes do início do plantio. A área cultivada está estimada 706.909 hectares.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita ocorre ainda na Região da Campanha, e o avanço foi limitado pela predominância do cultivo para autoconsumo. Em algumas propriedades, utilizam-se colhedoras destinadas à soja, o que resulta em perdas significativas. Além disso, persiste a prática da colheita manual, realizada de forma escalonada, conforme a demanda por alimentação animal. Em Caçapava do Sul, a colheita alcança 80% de 1.500 hectares cultivados; em Hulha Negra, 25% de 1.600 ha; em Lavras do Sul, 15% de 200 ha; e em Candiota, 10% de 900 ha.
Na de Caxias do Sul, a colheita supera 90%. O restante corresponde a áreas que ainda não atingiram o ponto ideal de colheita, ou que tradicionalmente são deixadas por mais tempo a campo para serem colhidas, quando o teor de umidade do grão está próximo de 14%, ponto ideal para o armazenamento na propriedade.
Na de Pelotas, a colheita atinge 70%; 24% estão em maturação fisiológica; e 6% em enchimento de grãos.
Na de Santa Rosa, 95% foram colhidos; 3% estão em maturação; 2% em enchimento de grãos. As lavouras de safrinha apresentam bom estado fitossanitário e perspectivas favoráveis de produtividade.
Na de Soledade, 78% da área foi colhida. A maior parte dos cultivos remanescentes encontra-se nas fases de enchimento de grãos (13%), e 9% em maturação fisiológica.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 1,70%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 65,48 para R$ 64,37.
Confira o Informativo Conjuntural n° 1868 completo, clicando aqui!
Fonte: Emater RS
Autor:Informativo Conjuntural 1868
Site: EMATER RS
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