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. . . . . . . . . . . . . . . 13 de May de 2025

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Como guerras e crises moldaram o preço das commodities nos últimos 120 anos

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Ao longo dos últimos 120 anos, os preços das commodities agrícolas viveram uma verdadeira montanha-russa. Muito além das variáveis climáticas e safras abundantes ou frustradas, foram os grandes eventos históricos — guerras, colapsos financeiros e transformações geopolíticas — os principais responsáveis por sacudir esses mercados (veja detalhes no gráfico abaixo).

A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) provocou escassez de alimentos na Europa e impulsionou os preços agrícolas, especialmente nos países exportadores como os Estados Unidos, o Canadá e a Argentina. O Brasil se beneficiou com o café, mas o fim da guerra trouxe uma forte retração da demanda.

A Crise de 1929, com o colapso da Bolsa de Nova York, mergulhou o mundo em uma depressão. Os preços das commodities agrícolas despencaram. O café brasileiro, por exemplo, foi estocado e até queimado para conter a superoferta.

gráfico flutuação commodities agrícolas
Foto: Elaboração própria

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) novamente elevou a demanda por alimentos e fibras. O trigo e o algodão dispararam, impulsionados pela logística militar. Mas no pós-guerra, a reconstrução europeia e o Plano Marshall reordenaram os fluxos comerciais, favorecendo a mecanização agrícola e o aumento da oferta global.

Os anos 1970 marcaram outro período de volatilidade. O choque do petróleo de 1973 gerou inflação global e levou investidores a buscar refúgio nas commodities. A crise do trigo e do açúcar marcou a década, com países estocando alimentos por segurança.

A década de 2000 trouxe uma nova dinâmica: a ascensão da China e da Índia no consumo global. A soja virou protagonista, impulsionada pela demanda asiática por ração animal. Crises como a de 2008 (subprime) e, mais recentemente, a pandemia da Covid-19 e a Guerra da Ucrânia, também tiveram efeitos explosivos: interrupção de cadeias logísticas, pânico nos mercados e novos picos de preços.

O fator especulação financeira ganhou força nas últimas décadas. A entrada de fundos de investimento e algoritmos de alta frequência nas bolsas de commodities aumentaram a sensibilidade dos preços a notícias macroeconômicas, como decisões de juros nos Estados Unidos ou tensões entre potências.

E o futuro?

Um novo risco sistêmico começa a ganhar corpo: a possível perda da hegemonia econômica dos Estados Unidos e do dólar como moeda central do comércio global. Se confirmada, essa transição pode abalar profundamente o sistema de precificação das commodities.

Uma multipolaridade monetária — com yuan, euro ou moedas digitais soberanas disputando espaço — traria incertezas cambiais, fragmentação de mercados e enfraquecimento das bolsas americanas como referência global.

Em outras palavras: um cenário de alta volatilidade, menos previsibilidade e mais riscos para produtores e investidores.

É importante destacar que o comportamento das commodities agrícolas é um espelho do mundo: reflete não apenas o clima nos campos, mas, sobretudo, os humores da geopolítica e das finanças globais.

E, agora, diante da instabilidade do império que moldou essas regras por mais de um século, o mercado agrícola poderá enfrentar sua maior prova: sobreviver ao fim da era do dólar como âncora.

Miguel DaoudMiguel Daoud

Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.

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Governo do Maranhão suspende taxa sobre grãos e reduz alíquota a partir de agosto

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Após reunião entre produtores, empresários e representantes do governo do Maranhão, ficou acertado que a Contribuição Especial de Grãos (CEG) — taxa de 1,8% incidente sobre a saída de soja, milho, sorgo e milheto destinados à exportação ou à entrada desses produtos no estado — será suspensa até o mês de agosto de 2025.

O acordo prevê que, a partir de agosto, a alíquota passe a ser de 0,5%, e, em 2026, será fixada em 1%. Também ficou definida a criação de um conselho com a participação de todas as entidades envolvidas, que será responsável por deliberar sobre a aplicação dos recursos arrecadados. Inicialmente, os investimentos devem se concentrar na área de logística.

A decisão foi tomada durante a Agrobalsas 2025, realizada na Fazenda Sol Nascente, no município de Balsas, no sul do Maranhão.

Instituída pela Lei nº 12.428/2024, a CEG tem como finalidade financiar o Fundo Estadual de Desenvolvimento Industrial. A taxa incide sobre o valor da tonelada dos grãos, com base nos valores de referência definidos pelo Poder Executivo.

O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB) — que também é produtor rural — afirmou que compreende tanto as dificuldades enfrentadas pelo setor quanto os desafios fiscais do estado. “Houve um ano atípico em relação ao clima, e nós resolvemos abrir mão desse imposto”, justificou.

Segundo Brandão, a cobrança de taxas semelhantes ocorre em boa parte dos estados produtores de grãos. Com o novo entendimento, o Maranhão passará a ter o menor percentual do país. “Foi o acordo que fiz com eles, principalmente em função do verão com poucas chuvas. Neste momento, precisamos ser parceiros”, declarou.

Ele também destacou a importância dos conselhos que acompanharão a execução dos recursos. “Transparência é a melhor coisa que existe. Por isso, estou muito tranquilo com a participação deles nesse grande conselho.”

O presidente da Aprosoja Maranhão, Gesiel Dal Pont, afirmou que a decisão representa um marco para o setor. “Há alguns meses estamos tratando dessa demanda, diante da iminência da cobrança de um novo imposto, sem ouvir a palavra do produtor. Unimos todas as entidades e chegamos, junto com o governo, a um denominador comum, sem precisar judicializar a questão.”

Dal Pont também ressaltou a relevância do momento. “É um passo importante. Só prosperaremos com união, inteligência e parceria entre a iniciativa privada e o governo. Muitas vezes, vamos discordar, mas o importante é que isso não gere atrito.”

O presidente da Fapcen — organizadora da Agrobalsas —, Paulo Roberto Kreling, também comentou os desdobramentos positivos da negociação. “Ele (Carlos Brandão) nos surpreendeu com a redução das taxas sobre o transporte de grãos, algo que ninguém esperava. É com parceria e diálogo que vamos atingir nossos objetivos, que são o desenvolvimento do estado”, concluiu.

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Manga apresenta forte alta nos preços

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A última semana no Vale do São Francisco, região produtora de frutas, foi marcada por forte alta nos preços da manga. Isso é o que apontam os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

De acordo com o instituto, a média de preço nas negociações da manga palmer na última semana ficaram entre R$ 3,16/kg, na região. Isso representa um avanço de 9% no comparativo com o período anterior.

A variedade Tommy sofreu uma variação ainda mais intensa, chegando a R$ 3,63/kg, um aumento de 21% com relação à média da semana passada. 

De acordo com o Cepea, a movimentação é reflexo da baixa oferta na região e nas demais praças produtoras do semiárido.

Assim, a previsão para as próximas semanas é de que os preços continuarão em alta, uma vez que a oferta deverá seguir sendo limitada.

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produtores voltam as atenções para o campo

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No Paraná, que é o segundo maior produtor de trigo nacional, o plantio já superou 26% da área esperada. Isso de acordo com dados divulgados no dia 6 pela Secretaria de Abastecimento do estado. 

Por outro lado, os preços nas negociações do cereal vem sofrendo leves oscilações. Os levantamentos do Cepea mostram que os valores atingidos em abril foram os maiores dos últimos dois trimestres. 

Assim, para maio, os compradores do cereal vem apresentando resistência em conceder reajustes positivos na compra de novos lotes. Outro fator que também incentiva esta postura por parte dos demandantes são as recentes desvalorizações do trigo no mercado externo.

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