Sustentabilidade
Distribuição da mosca-branca em soja – MAIS SOJA

Com distribuição global (figura 1), a mosca-branca (Bemisia tabaci) é atualmente, uma das principais pragas da soja, possuindo elevada capacidade em causar danos e grande capacidade em se multiplicar.
Figura 1. Distribuição global de mosca-branca (Bemisia tabaci).
O inseto é pequeno e coloniza a face inferior das folhas, os adultos possuem asas brancas e abdômen amarelado. São insetos ágeis, ativos, voam rapidamente e podem se dispersar tanto a curtas quanto a grandes distâncias, deixando-se levar pelas correntes de ar.
A praga realiza a postura na face inferior das folhas, onde os ovos, de coloração amarela e formato de pera, só podem ser visualizados com o auxílio de lentes de aumento (figura 2). As ninfas do primeiro ínstar são móveis e capazes de percorrer pequenas distâncias; posteriormente, fixam-se na folha para o desenvolvimento dos estágios do 2° ao 4° ínstar, que são imóveis. O ciclo de vida, do ovo ao adulto, dura cerca de 20 dias, enquanto a longevidade dos adultos é de aproximadamente 19 dias. A mosca-branca possui alta fecundidade, com fêmeas capazes de ovipositar entre 100 e 300 ovos, dependendo do biotipo, da planta hospedeira e de fatores climáticos como temperatura e umidade relativa do ar (IRAC, 2013).
Figura 2. Ciclo de vida da mosca-branca (Bemisia tabaci).

Distribuição na planta
A distribuição da praga na planta de soja dificulta seu controle. Conforme observado por Pozebon et al. (2019), a maior concentração de ninfas da mosca-branca é observada nos terços médio e inferior da planta, sendo que, cerca de 80% das ninfas ficam concentradas nesses terços, enquanto a maioria dos adultos se concentra no terço superior da planta (figura 3).
Figura 3. Distribuição típica de ninfas e adultos de Bemisia tabaci em folíolos de soja.

Nesse contexto, o controle eficaz das ninfas é dificultado pela localização na face inferior dos folíolos e no terço inferior das plantas, sendo raramente atingidas pelas pulverizações de inseticidas. Assim, mesmo que o controle dos adultos seja eficaz, a população infestante rapidamente se reestabelece.
Atrelado a isso, plantios tardios ou anos mais secos tendem a aumentar a ocorrência da mosca-branca. Visando o controle químico da praga, o nível de ação pré-estabelecido é de 5 a 10 ninfas por folíolo. Estudos desenvolvidos por Arneman e colaboradores (2019) demonstram resultados promissores relacionados ao controle químico da mosca-branca em soja. De acordo com os resultados obtidos pelos autores, a associação entre Ciantraniliprole + Lambda-cialotrina (100 + 7,5 g ha-1) foi a mais eficaz no controle de adultos de B. tabaci, alcançando uma eficiência de 65% e mantendo a infestação abaixo de 6,29 adultos por folíolo.
Para o controle das ninfas, o tratamento com Acetamiprido + Piriproxifen (60 + 30 g ha-1) se mostrou o mais eficiente, com uma eficácia de 67% e uma infestação reduzida a menos de 1,28 ninfas por folíolo. Além disso, a pesquisa destacou que pulverizações sequenciais, iniciadas no começo da infestação, aumentam significativamente a eficiência do controle dessas pragas.
Atualmente, 34 inseticidas apresentam registro junto ao MAPA para o controle da mosca-branca (Bemisia tabaci) em soja (Agrofit, 2025). Vale destacar que, além dos danos diretos causados pela sucção de seiva e injeção de toxinas, o ataque da mosca-branca pode provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta (IRAC, 2013).
Não menos importante, a substância açucarada excretada pelos insetos durante a sucção induz o crescimento do fungo denominado fumagina sobre ramos e folhas, prejudicando o processo de fotossíntese. Entretanto, o dano mais sério causado pelo inseto é por ser vetor de várias viroses com sintomatologia variada. Relata-se que cerca de noventa doenças viróticas são transmitidas pela mosca-branca. Entre estas destaca-se o vírus do mosaico anão e o vírus do mosaico crespo em soja (IRAC, 2013).
Figura 4. Planta de soja com a presença da fumagina.

Sendo assim, o controle eficiente da mosca-branca é determinante para a manutenção do potencial produtivo da soja, especialmente em anos secos, onde as condições climáticas favorecem o desenvolvimento da praga.
Veja mais: Quando controlar Tripes na soja?
Referências:
AGROFIT. CONSULTA ABERTA. Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários, 2025. Disponível em: < https://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons >, acesso em: 31/03/2025.
ARNEMANN, J. MOSCA-BRANCA EM SOJA: OCORRÊNCIA, FASES E MANEJO. Mais Soja, 2019. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=-7nh-wCJ87s&list=RDCMUChW6r7uAYLjkjY5xxKF2hag&index=1 >, acesso em: 31/03/2025.
IRAC-BR. RESISTÊNCIA DE MOSCA-BRANCA A INSETICIDAS. Comitê de Ação a Resistencia aos Inseticidas, IRAC-BR, 2013. Disponível em: < https://www.irac-br.org/_files/ugd/6c1e70_e9a5d8f60a584e02aa5c5152b5a41e78.pdf >, acesso em: 31/03/2025
POZENON, H. DISTRIBUTION OF Bemisia tabaci WITHIN SOYBEAN PLANTS AND ON INDIVIDUAL LEAFLETS. The Netherlands Entomological SocietyEntomologia Experimentalis et Applicata, 2019. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/eea.12798 >, acesso em: 31/03/2025.
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Sustentabilidade
Óleo de soja despenca quase 6% por preocupação com metas de biocombustíveis e grão também cai forte em Chicago – MAIS SOJA

Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) fecharam a quinta-feira em forte baixa, com destaque para a performance negativa do óleo, que puxou também o grão. Após atingir a máxima em 10 meses ontem, o mercado corrigiu em meio às preocupações com as metas de biocombustíveis dos EUA
Segundo a Reuters, as preocupações com a política de biocombustíveis ressurgiram desde quarta-feira, com rumores de que a meta de volume de diesel renovável em discussão para o próximo ano ficará bem abaixo dos 5,25 bilhões de galões propostos por uma aliança entre produtores de petróleo e de biocombustíveis.
A Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja atingiu 190,226 milhões de bushels em abril, ante 194,551 milhões no mês anterior. A expectativa do mercado era de 184,642 milhões. Em abril de 2023, foram 169,436 milhões de bushels.
Os contratos da soja em grão com entrega em julho fecharam com baixa de 26,50 centavos de dólar ou 2,45% a US$ 10,51 1/4 por bushel. A posição novembro teve cotação de US$ 10,35 1/4 por bushel, perda de 26,00 centavos ou 2,44%.
Nos subprodutos, a posição julho do farelo fechou com alta de US$ 4,50 ou 1,54% a US$ 296,40 por tonelada. No óleo, os contratos com vencimento em julho fecharam a 49,32 centavos de dólar, com baixa de 3,00 centavos ou 5,73%.
Fonte: Dylan Della Pasqua / Safras News
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Sustentabilidade
Entendendo os Grupos de maturidade relativa (GMR) – MAIS SOJA

A partir da publicação da Lei de Proteção de Cultivares, em 1997, ocorreu a instalação de programas de melhoramento de soja por empresas privadas no Brasil. Desde então, a tradicional classificação das cultivares de soja em ciclos superprecoce, precoce, médio, semitardio e tardio, passou gradualmente a ser substituída pela nova classificação em grupos de maturidade relativa (GMR) desenvolvida nos Estados Unidos (Alliprandini et al., 2009; Poehlman, 2007).
O GMR representa a duração do ciclo da soja, desde a semeadura até a maturidade fisiológica (em dias), essa duração é influenciada principalmente pela resposta da cultivar ao fotoperíodo, pelas práticas de manejo e pela área de adaptação da cultivar. No estudo de Alliprandini et al. (2009), diversas cultivares comerciais foram avaliadas em múltiplas localidades com diferentes latitudes e longitudes, com o objetivo de quantificar a interação genótipo x ambiente e classificá-las em distintos GMRs.
Esse grupo de cultivares foi denominado de “cultivares padrão” que seriam utilizados como base para classificar as cultivares atualmente disponíveis no mercado de soja. Nessa classificação cultivares com menor GMR (4.5 até 7.) são indicadas para a região subtropical do Brasil, enquanto cultivares com maior GMR (6.5 A 10) são indicadas para regiões tropicais, próximas à linha do Equador. (Figura 1)
Figura 1. Distribuição dos grupos de maturidade relativa para cultivares de soja na América Latina.
De acordo com essa abordagem, se espera que quando cultivares com diferentes GMRs são semeados em uma mesma região, aquelas com maior GMR apresentem ciclos de desenvolvimento mais longos (Zanon et al., 2015) (Figura 2).
Figura 2. Evolução do ciclo de desenvolvimento de cultivares de soja com diferentes grupos de maturidade relativa (GMR) em épocas de semeadura (outubro, novembro, dezembro e janeiro) em Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

Entretanto, o atraso na época de semeadura provoca a redução do ciclo de desenvolvimento, independentemente do GMR. Isso ocorre já desde a fase de semeadura-emergência, que tende a ser mais rápida em épocas de semeadura mais tardias, devido ao aumento da temperatura do solo. Na fase vegetativa (do estádio de emergência até o florescimento – EM a R1), cuja duração é influenciada pelo fotoperíodo e pela temperatura, observa-se uma redução com o aumento da indução fotoperiódica.
Em experimentos no Sul do Brasil (região subtropical), a fase de formação de legumes (R1 – R5) foi a que mais diminuiu com o atraso da época de semeadura. A duração dessa fase foi reduzida em 48, 25 e 15 dias nas semeaduras de setembro (semeadura precoce), novembro (época preferencial) e janeiro (semeadura tardia) para GMR 6.8. Já para GMR 5.5, as reduções foram de 28, 24 e 16 dias, para as semeaduras de setembro, novembro e janeiro, respectivamente. O enchimento de grão (R5 – R8) é a fase que menos apresenta variação entre as épocas de semeadura (Figura 3), pois é comandada predominantemente por características genéticas das cultivares.
Figura 3. Duração das fases de desenvolvimento, em dias, de cultivares de soja com GMR 5.5 e 6.8 em diferentes épocas de semeadura: setembro (A), novembro (B) e janeiro (C) em Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.

Referências Bibliografias.
ALLIPRANDINI, L. F. et al. Understanding soybean maturity groups in Brazil: Environment, cultivar classification, and stability. Embrapa Trigo-Artigo em periódico indexado (ALI-CE), 2009. Disponível em: < https://acsess.onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.2135/cropsci2008.07.0390 >, acesso: 13/05/2025.
GRASSINI, P. et al. Soybean. In: Crop Physiology Case Histories for Major Crops. Academic Press. p. 282-319, 2021. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/348905591_Soybean >, acesso: 13/05/2025.
POEHLMAN, J. M. Breeding field crops, 2007. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/39004563_Breeding_Field_Crops > acesso: 13/05/2025.
TAGLIAPIETRA, E. L. et al. Ecofisiologia da soja: visando altas produtividades. Santa Maria, ed. 2, 2022.
ZANON, A. J. et al. Desenvolvimento de cultivares de soja em função do grupo de maturação e tipo de crescimento em terras altas e terras baixas. Bragantina, v. 74, p. 400-411, 2015. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/brag/a/K4nQRyVDfqvys83YWKn6XLv/ >, acesso: 14/05/2025
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Sustentabilidade
Chicago/CBOT: A soja fechou em leve alta com esperança de uma retomada de negócios com a China – MAIS SOJA

Por T&F Agroeconômica, comentários referentes à 14/05/2025
FECHAMENTOS DO DIA 14/05
O contrato de soja para julho, referência para a safra brasileira, fechou em alta de 0,49%, ou $ 5,25 cents/bushel a $ 1077,75. A cotação de agosto, fechou em alta de 0,40% ou $ 4,25 cents/bushel a $ 1074,50. O contrato de farelo de soja para julho fechou em baixa de -0,48 % ou $ -1,8 ton curta a $ 291,9 e o contrato de óleo de soja para julho fechou em alta de 1,63 % ou $ 0,84/libra-peso a $ 52,32.
ANÁLISE DA ALTA
A soja negociada em Chicago fechou em alta nesta quarta-feira. As cotações reagiram após passar grande parte do dia no campo negativo. As esperanças na retomada do comércio com a China, aliadas a algumas notícias otimistas sobre biocombustíveis, contribuíram para os leves ganhos nos preços neste meio de semana. A soja está agora nos níveis mais altos em mais de nove meses, após a recente alta nos preços.
O mercado climático voltou a ser tema, com a possibilidade de fortes chuvas reduzirem o ritmo do trabalho nos campos no cinturão da soja/milho nos EUA.
NOTÍCIAS IMPORTANTES
EUA-COMITÊ APROVOU 45Z (altista)
A soja completou hoje sua quinta sessão positiva consecutiva em Chicago, novamente impulsionada pela força do óleo de soja, que voltou a subir após a aprovação pelo Comitê de Meios e Recursos da Câmara de um projeto de lei que estende até 2031 os créditos fiscais de 45Z para produtores de matérias-primas usadas na produção de combustíveis de baixo carbono para transporte terrestre e aéreo.
CBOT-A ALTA DO ÓLEO (altista)
A posição de óleo de julho subiu para US$ 18,52 hoje, fechando a sessão em US$ 1.153,44 a tonelada. Nesta semana, acumulou um aumento de 7,72% em relação ao preço de fechamento da última sexta-feira, de US$ 1.070,77. *45Z-EXCLUSÕES IMPORTANTES (altista): Além do apoio fiscal que beneficiaria os agricultores, esse projeto de lei, que ainda tem um longo caminho a percorrer antes de se tornar lei, excluiria o óleo de cozinha usado importado da China e da União Europeia do incentivo financeiro, estimulando assim uma maior demanda por óleo de soja dos EUA para a produção de biodiesel.
EUA-CHUVAS PODEM DIMINUIR O RITMO DE PLANTIO (altista)
A previsão de chuvas muito fortes no cinturão da soja/milho nos próximos sete dias pode diminuir o ritmo do plantio, que também está adiantado em comparação ao mesmo período em 2024.
MAIS RESULTADOS DO ACORDO CHINA-EUA (altista)
Como parte do acordo alcançado no fim de semana pelos Estados Unidos e pela China para reduzir tarifas por 90 dias e negociar um acordo comercial, o Ministério do Comércio da China anunciou hoje a suspensão dos controles de exportação impostos a 28 entidades dos EUA e uma pausa na decisão de colocar 17 empresas dos EUA em uma lista de entidades não confiáveis.
Fonte: T&F Agroeconômica
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