A agropecuária do Rio Grande do Sul segue pressionada por perdas climáticas, alto endividamento e dificuldades no acesso ao crédito. O cenário deve continuar impactando o ciclo 2025/26.
O diagnóstico foi apresentado pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), nesta terça-feira (16), em Porto Alegre. O evento trouxe dados consolidados e projeções para o setor.
O clima tem sido o principal fator de pressão sobre a produção gaúcha nos últimos anos. Entre as safras de 2020 e 2025, o Rio Grande do Sul deixou de colher quase 48,6 milhões de toneladas de soja, milho, trigo e arroz.
Segundo a Farsul, esse volume equivale a quatro vezes e meia o trajeto entre o Oiapoque ao Chuí. As perdas representaram um impacto estimado de R$ 373 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do estado.
De acordo com o presidente da Farsul, Gedeão Pereira, cerca de 0,5% do PIB deixou de circular na economia. Ele destacou que o impacto vai além do campo e atinge também a economia urbana.
“O Rio Grande do Sul é um estado agro. Quando o agro perde, toda a sociedade sente, mesmo que isso não seja percebido de forma imediata”, afirmou.
O ciclo 2025/26, que está em andamento, também deve registrar perdas. A projeção da entidade é de uma redução de 6% na produção, considerando o cenário climático atual.
Além do clima, o acesso ao crédito é apontado como outro entrave relevante. Os juros elevados dificultam o financiamento da atividade, em um momento de forte endividamento dos produtores.
Em outubro, a inadimplência no setor chegou a 6,15%, o maior patamar já registrado, segundo dados apresentados pela Farsul.
O economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, alertou que o nível de endividamento compromete o fluxo financeiro dos produtores nos próximos anos.
Segundo ele, mesmo com uma ou mais safras cheias, grande parte da renda deverá ser direcionada ao pagamento de dívidas. O cenário exige equilíbrio financeiro e dependência de condições climáticas favoráveis.
“Há muita dívida para ser paga. O produtor precisa de clima ajudando e de um ambiente econômico mais favorável para conseguir se reorganizar”, avaliou.
Além do clima e do crédito, questões de mercado também pesaram sobre a atividade agropecuária no Estado. Setores como arroz e leite enfrentaram preços baixos ao longo do ano, com reflexos sobre a produção.
No caso do arroz, a área plantada deve recuar entre 8% e 12%. A redução é considerada necessária para diminuir os estoques e aliviar a pressão sobre os preços.
No leite, a produção no ano passado foi a menor dos últimos 14 anos. Para este ano, a expectativa é de crescimento de 8%, mas o setor segue em alerta devido à alta das importações e aos baixos preços pagos ao produtor.
O cenário impõe desafios à próxima gestão da entidade. Domingos Velho Lopes, que assume a presidência da Farsul a partir de janeiro, destacou a necessidade de fortalecer o diálogo entre o campo e a cidade.
Segundo ele, tanto no leite quanto no arroz, o foco passa por ampliar o consumo interno, buscar novos mercados internacionais e diversificar o uso dos produtos.
“O produtor não vive de uma única atividade. Precisamos reduzir essa alavancagem financeira e avançar nas questões institucionais e de mercado”, afirmou.
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