O Brasil deu um passo estratégico para se consolidar como referência mundial em sustentabilidade agrícola e combate às mudanças climáticas. Foi anunciada nesta quinta-feira (23) a criação da Rede de Inteligência em Agricultura e Clima (Riac), uma aliança independente que reúne os principais centros de pesquisa e think tanks do setor, com o objetivo de orientar políticas públicas e promover a transição para a agricultura tropical regenerativa (ATR) — modelo que une produtividade, conservação ambiental e inclusão social.
Entre as instituições que fazem parte da rede estão a Agroicone, FDC Agroambiental, FGV Agro, Insper Agro Global, Instituto Equilíbrio e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). A Riac conta ainda com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS) e da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, reforçando a articulação entre ciência, política e setor produtivo.
A Agricultura Tropical Regenerativa é apresentada como o eixo central da proposta. O conceito busca restaurar a saúde do solo, reduzir emissões de carbono, proteger a biodiversidade e ampliar a rentabilidade dos produtores, especialmente os pequenos e médios.
Segundo Ludmila Rattis, pesquisadora da Fundação Dom Cabral (FDC) e do Ipam, a rede nasce com a missão de alinhar o agronegócio brasileiro às metas globais de sustentabilidade. “Com esta rede, unimos instituições de excelência técnico-científica para construir um caminho viável, inclusivo e de grande impacto, beneficiando desde a agricultura familiar até a balança comercial do país”, afirmou.
A Riac baseia-se em quatro pilares: ciência, neutralidade política, convergência para ação transformadora e internacionalização das discussões. O foco é construir consensos entre governo, produtores e sociedade civil, criando soluções práticas e replicáveis.
No lançamento, a rede apresentou o estudo “Diagnóstico e reposicionamento político-estratégico da agricultura tropical”, elaborado pelo Insper Agro Global. A pesquisa revela que os países tropicais concentram 40% das terras aráveis e 52% da água doce do planeta, reforçando o papel do Brasil como protagonista na segurança alimentar global.
O coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, destacou que o país tem a oportunidade de liderar uma agenda positiva. “O Brasil é hoje uma potência agrícola global. Nosso desafio é reposicionar a agricultura tropical como solução competitiva e sustentável para o planeta.”
Para o ex-ministro da Agricultura e embaixador da FAO Roberto Rodrigues, a criação da Riac chega “no momento certo”. Segundo ele, “por muito tempo o debate ficou preso à falsa dicotomia entre produzir e conservar. Esta rede propõe uma terceira via, baseada em ciência e cooperação”.
O estudo propõe três eixos de atuação interligados: ambiental, tecnológico e internacional. O primeiro prioriza a recuperação de áreas degradadas e a integração entre conservação e produtividade. O segundo destaca o desenvolvimento de tecnologias adaptadas à agricultura tropical e o fortalecimento da extensão rural. Já o terceiro defende maior integração entre países tropicais e protagonismo nas discussões da COP30, transformando a região em referência mundial em sustentabilidade e segurança alimentar.
A RIAC planeja lançar novos relatórios ainda este ano sobre segurança alimentar, adaptação climática, financiamento verde e biocombustíveis, fortalecendo a ponte entre conhecimento científico e políticas públicas.
Para Ludmila Rattis, o sucesso da Riac dependerá da união entre ciência, setor produtivo e sociedade. “A agricultura tropical não é parte do problema, mas o coração da solução climática. Sem ela, corremos riscos de ampliar crises de fome, migração e instabilidade social”, destacou.
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