O mercado de carbono vem novamente se posicionando como uma avenida promissora de receita e de transição para um agro mais sustentável, e Mato Grosso, com sua escala produtiva e experiência em práticas de conservação, está no centro desse movimento.
Enquanto empresas buscam compensar emissões e cumprir metas climáticas, muitos produtores rurais passam a enxergar nos créditos de carbono uma fonte adicional de renda e um instrumento para acessar novas cadeias de valor.
De forma simples, o mercado de carbono transforma reduções ou remoções de gases de efeito estufa em unidades negociáveis, os créditos de carbono, que podem ser compradas por governos ou empresas para compensar suas emissões. É um mecanismo que aplica lógica de mercado à mitigação climática, com regras e padrões para garantir que cada crédito represente uma tonelada de CO₂ equivalente realmente evitada ou removida.
Para que uma redução ou remoção vire crédito, é preciso medir, reportar e verificar (MRV) os resultados: sem MRV rigoroso não há mercado. O MRV comprova que a ação ocorreu, quantifica o impacto em tCO₂e e dá transparência ao comprador. Padrões reconhecidos e registries (como os usados por grandes padrões internacionais) fazem a checagem técnica e publicam os créditos emitidos.
Para produtores rurais, o mercado de carbono abre pelo algumas frentes de oportunidade:
O Estado já possui algumas iniciativas que geram receitas financeiras por resultados climáticos, como o Programa REM (REDD Early Movers) Mato Grosso, onde a conservação de florestas, através da comprovada redução do desmatamento e da degradação florestal é remunerada através de um acordo com países europeus.
Conversamos com Charton Locks, COO da Produzindo Certo, para trazer uma explicação prática e direta sobre o mercado de carbono e a realidade dos produtores.
LIVRE – Como você explica, de forma simples, o que é o mercado de carbono e por que ele é importante para o setor agropecuário?
O mercado de carbono é um mecanismo que valoriza financeiramente práticas que reduzem emissões ou removem gases de efeito estufa. Na prática, quem consegue reduzir ou remover carbono da atmosfera, por exemplo, recuperando pastagens degradadas, preservando áreas de vegetação nativa (excedentes ao exigido por lei) ou adotando técnicas agrícolas mais eficientes, pode transformar esse resultado em créditos de carbono. Esses créditos podem ser comprados por empresas que precisam compensar suas emissões.
Para o setor agropecuário, esse mercado poderá ser importante por dois motivos principais: primeiro, ao reconhecer e remunerar os produtores rurais pela conservação ambiental, além das exigências legais, e na adoção de novas práticas sustentáveis; segundo, porque abre novas oportunidades de mercado, conectando o campo às demandas globais de sustentabilidade.”
LIVRE – O quanto os produtores estão preparados, na prática, para aderir a esse mercado?
“Na Produzindo Certo, a nossa experiência mostra que, quando os produtores recebem apoio técnico e informações claras sobre as oportunidades, eles se engajam rapidamente. Existe uma grande disposição para participar, mas é fundamental simplificar os processos e criar mecanismos que deem confiança e segurança tanto para o produtor quanto para o comprador dos créditos.
Uma ressalva importante é que a regra de adicionalidade, central nesse mercado, acaba punindo produtores que já apresentam boa performance ambiental, com baixas emissões ou altos estoques de carbono no solo, pois muitas vezes eles não têm espaço para gerar remoções e reduções adicionais e, consequentemente, ficam de fora das oportunidades de créditos, apesar de serem parte da solução”.
Mato Grosso reúne escala produtiva, experiência em programas de pagamento por resultados (como REM) e um parque de tecnologias e serviços ambientais que podem acelerar a entrada de produtores no mercado de carbono. O desafio é transformar a disposição e o potencial em fluxo real de projetos de qualidade: isso passa por simplificar acesso ao MRV, lidar com a questão da adicionalidade de forma justa e fortalecer canais de comercialização que paguem um preço condizente com a integridade dos créditos.
Quando isso ocorre, o mercado de carbono deixa de ser apenas uma ferramenta de compensação e vira um motor de transição para um setor agropecuário mais resiliente e remunerador.
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