Após colher a maior safra de milho da história – 55 milhões de toneladas –, Mato Grosso deve reduzir a produção no próximo ciclo. Contudo, o cereal não deixa de atrair investimentos. Um exemplo, é a usina de etanol de milho anunciada em Rondonópolis recentemente, cuja previsão de investimento é de R$ 2,5 bilhões, considerado o maior já realizado no município.
A primeira projeção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) para a safra 2025/26 de milho aponta uma produção de 51,7 milhões de toneladas no estado, uma queda de 6,7% em relação ao ciclo anterior. Na produtividade, a estimativa é de 116,6 sacas por hectare, redução de 8,38%.
Na avaliação do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, a projeção representa cautela, uma vez que não se sabe ainda como o clima se comportará no próximo ano.
“O Imea está agindo correto, sendo conservador, porque esse ano o clima correu muito melhor que a média, ou seja, nós tivemos uma alta produtividade no estado o que contribuiu para termos uma safra recorde. Mas, o normal não é que se repita esse mesmo padrão e teremos uma safra mais ajustada com a realidade das médias dos anos anteriores”, diz Lucas Beber ao projeto Mais Milho.
Em relação a área o Imea prevê um aumento de 1,83%, devendo ser destinados para o milho no próximo ciclo 7,39 milhões de hectares. O destaque, conforme o Instituto, é a região nordeste do estado, onde parte dos produtores devem trocar o gergelim pelo cereal.
“A área de gergelim vai se ajustar, mesmo porquê você não pode ficar plantando só uma cultura. É bom rotacionar. Então o produtor vai partir para esse lado do sorgo, do milho”, comenta o presidente do Sindicato Rural de Canarana, Lino Costa, ao Canal Rural Mato Grosso.
Ainda conforme o presidente da Aprosoja, a demanda por milho continua aquecida, o que também estimula um aumento de área. Ele destaca que os Estados Unidos têm sido o maior exportador mundial, mas que o Brasil em alguns momentos já superou o país norte-americano e que com as tarifas impostas em 2025 pode gerar uma oportunidade para a comercialização da produção brasileira.
“A demanda por milho ainda continua aquecida. Ela é uma cultura que tem complementado a renda do produtor de soja. E o milho também melhora a nossa produtividade de soja”, frisa Lucas Beber.
Mesmo abaixo do recorde da safra 2024/25, Mato Grosso deve colher quase 10% a mais do que o observado na safra 2023/24 e segue como o maior produtor do país. Tal força também puxa novos investimentos. Na última semana, como comentado pelo Canal Rural Mato Grosso, a Amaggi e a Inpasa anunciaram a criação de uma joint venture para a construção de ao menos três usinas de etanol de milho. A primeira delas, com aporte de R$ 2,5 bilhões, será construída em Rondonópolis.
A previsão é que a obra gere dois mil empregos e após concluída cerca de 350 empregos diretos. A planta é considerada o maior investimento já realizado no município localizado na região sudeste de Mato Grosso. A unidade deverá produzir 900 milhões de litros de etanol por ano, além de DDG, óleo e energia, movimentando logística, pecuária e comércio, garantindo mais receita para a cidade, cuja estimativa da prefeitura é de R$ 60 milhões por ano.
“É uma notícia muito positiva para a cidade neste momento em que o país passa por uma dificuldade econômica. Vem muito ao encontro do que a gente sonhava para Rondonópolis”, diz o prefeito Cláudio Ferreira.
Para o presidente executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, a união das duas empresas é mais um novo grande player de mercado que pode influenciar tanto na cadeia primária da produção quanto na comercialização.
“É uma união de dois gigantes do agronegócio que tem muita sinergia e essa parceria tem tudo para ser longeva e de grande sucesso, uma vez que passa a contar ainda com mais um novo player no mercado podendo influenciar tanto a cadeia primária da produção e comercialização do milho, quanto o grande ofertante fruto dessa produção, o etanol, farelo de milho, o óleo ao mercado. Essa indústria vem com a oportunidade de transformar isso em empregos, em rendas em valor agregado”, pontua Guilherme Nolasco.
O presidente da Aprosoja-MT ressalta que o estado possui vocação para industrializar o milho que produz, pois “tem um potencial industrial muito forte”.
“Nós temos aqui excesso de oferta, grande produção e longa distância dos portos, ou seja, a vocação de Mato Grosso é industrializar esse milho e a tendência é que novas indústrias venham se instalar aqui já que somos o maior produtor de etanol de milho”.
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